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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEO ofício assinado pelo delegado Bartolomeu Ferreira de Melo e encaminhado ao DOPS na mesma data da morte do camponês fala de atossubversivos praticados por Luiz Inocêncio Barreto e seus adeptos. O documento diz, ainda, que foram apresentados os cadáveres de SeverinoFernando da Silva e José Inocêncio Barreto ao IML. Os legistas José Marcos Ionas Pereira Barbosa e Lúcio José Rodrigues apontaram comocausa mortis“ hemorragia interna e externa, decorrente de ferimentos transfixantes da cabeça, tronco e membros causados por projéteis dearma de fogo”.Na CEMDP o requerimento foi deferido por unanimidade em julgamento realizado em 1º/12/2004. Os familiares de Severino não apresentaramrequerimento à CEMDP. Estranhamente os nomes de Severino Fernandes da Silva e José Inocêncio Barreto constam dos livros de Carlos AlbertoBrilhante Ustra, ex-comandante do DOI-CODI/SP, como tendo sido mortos, em 6/10/72, por “terroristas durante agitação no meio rural”.AMARO FELIX PEREIRA (1929-1972)Número do processo: 105/03Filiação: Caitana Maria da Conceição e Félix Pereira da SilvaData e local de nascimento: 10/05/1929, Rio Formoso (PE)Organização política ou atividade: PCRData e local do desaparecimento: 1971/1972Relator: Maria Eliane Menezes de FariasDeferido em: 02/02/2006 por unanimidadeData da publicação no DOU: 10/02/2006Os filhos de Amaro Félix Pereira possibilitaram que a CEMDP resgatasse a história de um líder dos trabalhadores rurais de Pernambuco quenunca constou das listas de mortos e desaparecidos políticos: Amaro Félix Pereira, pernambucano de Rio Formoso. Conhecido como Procópioem sua militância no Partido Comunista Revolucionário (PCR), foi preso em 1964, 1966 e 1969. Casou-se com Maria Júlia Pereira em1951, em sua terra natal. Tiveram 10 filhos e nove deles apresentaram o requerimento à CEMDP. O mais novo nasceu em abril de 1972.Em 20/1/1970, Amaro Félix foi recolhido à Casa de Detenção de Recife, para cumprir condenação de um ano de prisão. Uma certidão daABIN, datada de 11/3/2005, informa que foi libertado em 24/11/1970. Não há registro de outra prisão, tendo sido seqüestrado e desaparecidono segundo semestre de 1971 ou em 1972.Em 1963, Amaro já era filiado ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barreiros, o primeiro sindicato organizado na região a ser reconhecidopelo Ministério do Trabalho. Era presidente do sindicato o legendário líder camponês Júlio Santana. Amaro atuava entre os trabalhadoresrurais do canavial e da Usina Central da cidade de Barreiros, onde era funcionário. Ali exerceu as funções de apontador e ferreiro doSuprimento Agrícola. Trabalhou também no Engenho Soledade e Engenho Tibiri, ambos em Barreiros.Na documentação que foi possível reunir a respeito de Amaro Félix, seu último depoimento foi prestado em 07/07/1970, ainda preso naCasa de Detenção, e é com base em suas declarações que se compõe esta rápida biografia.Em 1966 tentou candidatar-se a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barreiros, mas a candidatura não teria sido aceitapor estar fora do prazo legal, concorrendo apenas seu opositor. Em sinal de protesto, não votou, mas acompanhou o pleito. Ao término, foipreso, acusado de ‘agitar’ as eleições, que não alcançaram o quorum necessário. Ficou recolhido por três dias e, ao retornar à Usina ondetrabalhava quase desde criança, foi demitido. Passou a viver de miudezas e da horta que plantava no quintal de casa.No ano seguinte, foi candidato a vereador pelo MDB, a convite do ex-deputado Miguel Mendonça, que se candidatava a prefeito, masnenhum dos dois se elegeu. Em 1969, trabalhava no sítio de propriedade de Amaro Luís de Carvalho, no engenho Constituinte. Amaro Luís,conhecido como Capivara, era dirigente do PCR e foi morto na Casa de Detenção de Recife em agosto de 1971.| 312 |

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