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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEO livro Desaparecidos Políticos, de Reinaldo Cabral e Ronaldo Lapa, transcreve depoimento do preso político Paulo Roberto Jabour, escritoem 20/2/1979, quando se encontrava recolhido ao Presídio Milton Dias Ferreira, no Rio de Janeiro. Jabur reporta que “Durante o períodoinicial da minha prisão, tive algumas indicações sobre a prisão e morte de Paulo e Sérgio. Citarei aqui três delas:1 – Já transferido para o 1º Batalhão de Guardas, em São Cristóvão, fui chamado, certo dia, no começo de agosto de 1972, à presença de umelemento pertencente aos órgãos de segurança que, de posse de uma fotografia de Paulo, pediu que eu o identificasse como sendo o militanteque usava o codinome Luís, pois isto, segundo ele, melhoraria a situação de Paulo, seria melhor para ele. Presenciou esta entrevista o majorDiogo, S-2 do citado quartel.2 – Ainda no começo de agosto e no mesmo quartel, fui chamado a prestar depoimento no IPM instaurado para apurar as atividades do MR-8. A certaaltura deste depoimento, o encarregado do inquérito, major Oscar da Silva (com o qual eu havia tido o meu primeiro encontro ainda no DOI-CODI, no1º Batalhão de Polícia do Exército, na rua Barão de Mesquita, durante a fase de torturas) insistiu para que eu nomeasse os militantes do MR-8 queeu conhecia. Tendo eu, em resposta a isso, apenas nomeado os companheiros dados publicamente como mortos ou sabidamente desaparecidos (...),o citado major, à guisa de intimidação, perguntou se eu não gostaria de incluir o nome de Sérgio Landulfo nesta lista.3 – Respondendo a vários processos, tive que comparecer inúmeras vezes ao DOPS para prestar depoimento. Assim, pude constatar, duranteo segundo semestre de 1972, que era voz corrente neste órgão repressivo que Sérgio Landulfo, o Tom, tinha sido morto. Idêntica constataçãopode fazer Nelson Rodrigues – também conduzido freqüentemente ao DOPS. A Nelson, o escrivão chamado Bioni confirmou a veracidade danotícia da morte de Sérgio”.A morte de Sérgio Landulfo Furtado também foi assumida na já mencionada entrevista que um general estreitamente vinculado aos órgãosde segurança do regime militar concedeu à Folha de S. Pauloem 28/01/1979.ISMAEL SILVA DE JESUS (1953-1972)Número do processo: 002/96Filiação: Jandyra Jesus da Silva e Ismail Augusto da SilvaData e local de nascimento: 12/08/1953, Palmelo (GO)Organização política ou atividade: PCBData e local da morte: 9/08/1972, Goiânia (GO)Relator: Suzana Keniger LisbôaDeferido em: 18/01/1996 por unanimidadeData da publicação no DOU: 25/01/1996Militante do PCB, Ismael era estudante secundarista do Colégio Pedro Gomes, em Goiânia (GO), quando foi preso no dia 08/08/1972 e levadopara o 10° Batalhão de Caçadores, comandado pelo Major Rubens Robine Bigenil (atual 42° BIM-Batalhão de Infantaria Motorizada).Sob interrogatórios, morreu no dia seguinte, três dias antes de completar 19 anos. Seu corpo foi entregue à família com evidentes sinaisde sevícias e a justificativa de que ele havia se suicidado por se envergonhar da prisão. O atestado de óbito registra como causa da morteenforcamento/asfixia mecânica, ocorrida no 10º Batalhão de Caçadores. Assinaram o laudo de necropsia os legistas Antonio Carlos Curadoe Jerson Cunha. A família enterrou Ismael no cemitério Rio Park, em Goiás.Fotos de perícia localizadas em 1991 evidenciaram que era falsa a versão oficial. Ismael aparece sentado junto à parede, tendo uma daspontas de uma fina corda de persiana amarrada ao redor do pescoço, enquanto a outra ponta aparece amarrada a um porta-toalhas delouça, preso à parede. A persiana e o pequeno porta-toalhas encontram-se intactos. No corpo de Ismael são perceptíveis evidentes sinaisde espancamento, um grande hematoma no olho e sangue pelo corpo.No livro Dos Filhos Deste Solo, de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio, é apresentada a seguinte informação: “Um irmão de Ismael, Jorge Eliasda Silva, observou no velório que o corpo tinha as orelhas machucadas e que o olho direito estava vazado, além de estar com marcas roxasnos dedos dos pés e das mãos e na altura da virilha”. Esse livro também transcreve matéria da revistaVejaquestionando a possibilidade de| 306 |

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