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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSem hipótese alguma, tinha participação em atividades de resistência armada. Segundo sua viúva, ele tinha idéias pacifistas. Depoimentofeito por Osvaldo Lima Filho o classifica como apolítico.Em 08/03/1972, Miriam Lopes Verbena, amiga de infância, pediu-lhe emprestado o carro, um Volkswagen. Ela e o marido, Luís Alberto Andradede Sá e Benevides, eram militantes do PCBR e morreram nas circunstâncias já referidas quando da apresentação de seus casos. Doisdias depois, Ezequias e a esposa foram presos em Recife, quando chegavam à própria residência. Encapuzados, foram levados para localignorado. Guilhermina foi colocada em uma cela e Ezequias foi para a sala de interrogatórios. Mais tarde, carregado por policiais, Ezequiasfoi levado para perto da cela da esposa.É de Guilhermina, o relato sobre o ocorrido: “Quando ele passou por mim, carregado por policiais, parecia um farrapo humano, havia sangue portodas as partes do seu corpo. Não conseguia nem ficar em pé. Eu pensei: será que está morto? Com muito esforço perguntei a ele como estava sesentindo. Perguntei muitas vezes para que pudesse obter uma resposta dada com voz forçada: ‘Estou bem, meu amor, tenha calma’. Deve ter desmaiadodepois disso porque não ouvi mais nenhum som vindo de lá. Foi esta a última vez que vi e ouvi o meu marido”. Guilhermina foi liberada nodia seguinte. Dois dias depois, a imprensa informava que no município de Escada (PE), na barragem do Bambu (Engenho Massauassu), havia sidoencontrado um corpo totalmente mutilado, com inúmeros sinais de tortura. De acordo com as características físicas parecia ser Ezequias, mas afamília não pode ver o cadáver, por impedimento da polícia, que dizia tratar-se de pessoa já identificada.Em março de 1991, o governador de Pernambuco, Carlos Wilson, instituiu a Comissão de Pesquisa e Levantamento dos Mortos e DesaparecidosPolíticos, que analisou os prontuários do DOPS do Recife, inclusive o de Ezequias. Essa Comissão localizou ofício que encaminhava umcorpo ao IML de Recife, procedente de Escada–PE, sendo que no verso constavam as impressões digitais do morto. A Comissão de Pesquisasolicitou ao Secretário de Segurança Pública que fossem confrontadas, por meio de perícia, as impressões digitais constantes no ofício comas de Ezequias. Sendo idênticas as impressões digitais do corpo encontrado e as da carteira de identificação de Ezequias, ficou comprovadasua morte sob torturas e a ocultação de seu cadáver.No Relatório do Ministério da Aeronáutica de 1993, consta que sua prisão aconteceu no dia 11/03/1972, pelo DOI/IV Exército. Na noitedaquele dia teria sido conduzido para a região da Cidade Universitária (BR/232) e, nessa ocasião, resgatado por seus companheiros e conduzidonum Volkswagen 1300 branco, placa não identificada, apesar de todas as tentativas dos agentes de segurança no sentido de detê-lo.Teria ocorrido um tiroteio, mas não havia dados que comprovassem se estava morto ou desaparecido. O Relatório do Ministério do Exército,do mesmo ano, repete a informação. Mas nem mesmo esta falsa versão oficial foi divulgada na época pelos órgãos de segurança e Ezequiassempre constou da lista de desaparecidos políticos.ANTÔNIO MARCOS PINTO DE OLIVEIRA (1950-1972)Número do processo: 035/96Filiação: Heloíza Pinto de Oliveira e Januário de Almeida de OliveiraData e local de nascimento: 16/02/1950, Rio de Janeiro (RJ)Organização política ou atividade: VAR-PalmaresData e local da morte: 29/03/1972, no Rio de Janeiro (RJ)Relator: João Grandino RodasDeferido em: 08/02/1996 por unanimidadeData da publicação no DOU: 06/03/1996| 291 |

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