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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEO relatório do Ministério da Marinha, de 1993, registra: “Morta em 25/10/74”. Pelo que se sabe Walquíria foi a última guerrilheira a sermorta na região do Araguaia. Moradores da região contam em depoimentos que estava magra e quase sem ter o que vestir quando foi presapelo Exército. O ex-colaborador do Exército, Sinésio Martins Ribeiro lembrou, em depoimento ao Ministério Público Federal, prestado emSão Geraldo do Araguaia, em 19/07/01, “(...) que viu a Valquíria viva dentro da base de Xambioá; que a Valquíria contou aos militares queestava com o Osvaldão quando este foi morto; que a mesma perdeu a espingarda nesta vez, pois a mesma ficou enganchada num pau; (...) quena base de Xambioá viu ela ser levada por um soldado do Exército para o rumo do jatobá; que o ‘carrasco’ (sic) levava uma arma curta; que aarma era ‘surda’ e não se escutava o tiro; que atrás ia outro soldado levando uma lata grande de bolacha com cal virgem; que dias depois eleperguntou ao soldado por ela e teve como resposta ‘já era’, que esta resposta significava que tinha sido morta(...)”.Depoimento exposto no site www.desaparecidospoliticos.org.br, prestado por Sinvaldo de Souza Gomes, registra “que um ex-soldado doExército conhecido por Raimundo Nonato, que guarnecia a base do Exército em Xambioá, (...) que Raimundo Nonato assistiu a prisão deValquíria, guerrilheira, sendo que ele ficou três dias vigiando a prisioneira, que estava amarrada numa árvore conhecida como Jacarandá,quando chegaram dois tenentes do Exército que pediram para que Raimundo Nonato cavasse um buraco no chão e após saísse do local porpelo menos uma hora; que quando Raimundo Nonato retornou Valquíria não estava mais no local e o buraco já estava tapado com terra”.Em A Lei da Selva, Hugo Studart escreve: “Em reportagem da revista Época, de 1 MAR 04, o ex-soldado Josean Soares contou que também viu Walkí-ria viva em Xambioá. Contou ainda que foi executada com três tiros e enterrada em um buraco atrás do refeitório da base”. O jornalista acrescenta ainformação do Dossiê Araguaia, contraditória em relação ao Relatório da Marinha, apontando 30 de setembro como data da morte.ANTÔNIO ARAUJO VELOSO (1934-1976)Número do processo: 341/96 e 123/04Filiação: Andrelina Araújo da Conceição e José VelosoData e local de nascimento: 04/12/1934, Bertulina (PI)Organização política ou atividade: lavradorData e local da morte: 31/08/1976Relator: Luís Francisco Carvalho Filho (1º) e Suzana Keniger Lisbôa (2º)Deferido em: 02/08/2005 por unanimidade (fora indeferido em 17/10/96)Data da publicação no DOU: 22/08/2005Antônio Araújo Veloso, camponês piauiense radicado na região do Araguaia, conhecido como Sitônio, foi preso em abril de 1972, durante aprimeira campanha militar de repressão à guerrilha. Por sua convivência e amizade com os guerrilheiros, foi submetido a brutais torturas,que resultaram em seqüelas permanentes, resultando em sua morte em 31/08/1976, aos 41 anos. Seu nome nunca constou do Dossiê dosMortos e DesaparecidosPolíticos.Sua viúva, Maria Raimunda da Rocha Veloso, conhecida como Maria da Metade, líder da organização das trabalhadoras rurais do Araguaia apartir da redemocratização, tornou-se um símbolo da luta dos familiares de mortos e desaparecidos, em especial pela dedicação no resgateda história dos guerrilheiros e na busca das sepulturas clandestinas.O primeiro requerimento apresentado à CEMDP foi instruído com declarações de moradores de São Domingos do Araguaia (PA), informandoque a morte ocorreu quatro anos após a prisão e decorreu dos maus tratos recebidos. O atestado de óbito indicava “morte natural, semassistência médica”. Posteriormente, foi anexada ao processo uma declaração de Danilo Carneiro, um dos poucos militantes do PCdoB aser preso no Araguaia e sobreviver. Em seu depoimento, conta que morava na casa de Antônio Araújo Veloso e que, depois de preso porintegrantes do Exército, viu o amigo Sitônio também preso, “barbaramente ferido na cabeça, ouvidos e boca, por onde sangrava abundantemente”,aparentando estar com fraturas no corpo.| 264 |

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