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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADENacional de Informações, ESNI, e um dos líderes da inteligência militar na época. Os soldados metralharam a área em que quatro guerrilheirosse escondiam. Dois morreram na hora e um terceiro, apanhado ferido, morreu mais tarde. Dina disparou um tiro que feriu o capitão Álvaro noombro. Ela escapou, com um arranhão de bala no pescoço”.O Relatório da Marinha, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, assim descreve a atuação de Dina no início de 1973: “entreos dias 30 JAN e 02 FEV/73, acompanhada por outros elementos, percorreu várias casas de caboclos da região de Pau Preto, onde foi comprado arroze distribuído um manifesto do PCdoB, prometendo aos elementos da região que após a derrubada do governo seriam instalados na mata escolas ehospitais. Na ocasião, foi notado que o grupo de Dina portava armas semelhantes às usadas pelo Exército, e que a mesma portava uma atravessadano peito que aparentava ser automática. A Dina comentou que o grupo estava preparado para vingar os companheiros mortos durante as operaçõesmilitares ocorridas em SET 72”. E o relatório conclui informando a data de sua morte: “JUL/74, teria sido morta em Xambioá”.Segundo depoimentos contraditórios de moradores da região, Dina teria sido presa na Serra das Andorinhas em estado adiantado degravidez, versão que é reforçada, sem certeza, pelo coronel-aviador Pedro Corrêa Cabral no depoimento prestado à Comissão de <strong>Direito</strong>sHumanos da Câmara dos Deputados. Em diferentes versões, ora se afirma que Dina foi presa junta com Lia (Telma Regina Cordeiro Corrêa),ora com Tuca (Luiza Augusta Garlippe).Sobre sua morte, Hugo Studart apresenta um relato bastante detalhado, no livro A Lei da Selva, com destaque para o fato de apontar claramenteo nome do autor da execução sumária: “A subcomandante Dina foi presa na selva por uma patrulha de guerra do Exército (...), emjunho de 1974, numa localidade chamada Pau Preto, entre o Rio Gameleira e o Igarapé Saranzal. Estava em companhia da guerrilheira LuizaAugusta Garlippe, codinome Tuca, integrante do Destacamento B”. Em nota de pé-de-página, o autor do livro escreve: “O Dossiê registra amorte de Tuca em julho daquele ano, mesma época da morte de Dina. Informações de militares dão conta de que Tuca teria sido executada nomesmo dia de Dina, em ações separadas. In: Depoimento oral de Louro (codinome), em 21 de setembro de 2002”.Retomando o relato de Studart sobre a morte de Dina, segue a narrativa: “Levada para interrogatório em Marabá, permaneceu por cerca deduas semanas nas mãos de uma equipe de inteligência militar. Estava fraca, desnutrida, havia quase um ano sem comer sal ou açúcar. Porcausa da tensão, fazia seis meses que não menstruava. No início de julho, o capitão Sebastião de Moura, codinome Dr. Luchini (Dr. Curió),retirou Dina. Levaram-na de helicóptero para algum ponto da mata espessa, perto de Xambioá. Um sargento do Exército, Joaquim Artur Lopesde Souza, codinome Ivan, chefiava a pequena equipe, três homens.(...)‘Vou morrer agora?’, perguntou a guerrilheira.‘Vai, agora você vai ter que ir’, respondeu Ivan.‘Eu quero morrer de frente’, pediu.‘Então vira pra cá’.Ela virou e encarou o executor nos olhos. Transmitia mais orgulho que medo – relataria mais tarde o militar aos colegas de farda. Ele se aproximou daguerrilheira, parou a dois metros de distância e lhe estourou o peito com uma bala de pistola calibre 45. O tiro pegou um pouco acima do coração. Oimpacto jogou Dina para trás. Levou um segundo tiro na cabeça. Foi enterrada ali mesmo”. Hugo Studart complementa em novo pé-de-página: “Seucorpo foi inicialmente enterrado no local da execução. Em 1975 teria sido exumado e levado para a cremação em outro local”.PEDRO CARRETELEmbora não exista certeza sobre sua identidade civil, há registros de que seu nome completo seria Pedro Matiasde Oliveira. Pedro Carretel, era posseiro na região e se incorporou ao movimento guerrilheiro do Araguaia. Estevepreso em Bacaba, juntamente com Joana Almeida, sua esposa. Segundo Joana, a última vez que ela viu o marido,foi quando lhe tiraram da cela dizendo que seria levado para Brasília, no início de 1974.| 258 |

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