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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSÁUREA ELIZA PEREIRA (1950–1974)Número do processo: 069/96Filiação: Odila Mendes Pereira e José PereiraData e local de nascimento: 06/04/1950, Monte Belo (MG)Organização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: 13/06/1974Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Áurea passou a infância com sua família na Fazenda da Lagoa, município de Monte Belo, no sul de Minas Gerais, onde seu pai era administrador.Entre os 6 e os 14 anos, estudou no Colégio Nossa Senhora das Graças, em Areado, concluindo ali o curso ginasial. Mudou-seem 1964 para o Rio de Janeiro e foi cursar o segundo grau no Colégio Brasileiro, em São Cristóvão. Aos 17 anos, prestou vestibular para oInstituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde pretendia se especializar em Física Nuclear.Na Universidade, participou do Movimento Estudantil no período de 1967 a 1970, tendo sido membro do Diretório Acadêmico de sua escola,juntamente com Antônio de Pádua Costa e Arildo Valadão, ambos também desaparecidos no Araguaia. Áurea casou-se com Arildo Valadãono dia 06/02/1970, no Rio de Janeiro e, no dia seguinte, realizou a cerimônia religiosa na Basílica de Aparecida do Norte, em São Paulo. Nosegundo semestre de 1970, mudou-se junto com Arildo e Antônio de Pádua para o Araguaia, sendo os três militantes do PCdoB, indo viverna região de Caianos. Ali trabalhou como professora e ingressou no Destacamento C, comandado por Paulo Mendes Rodrigues.No início de 1974, já viúva de Arildo, foi vista no 23° Batalhão de Infantaria da Selva, pelo preso Amaro Lins, ex-militante do PCdoB, queprestou depoimento sobre isso no 4° Cartório de Notas de Belém (PA). Amaro relata também que ouviu um policial dizer a Áurea que arrumassesuas coisas, pois iria “viajar”. Viajar era o termo utilizado por policiais para designar execução.No relatório do Ministério da Marinha consta como, “morta em 13/06/74”. O Relatório do Exército não fala na morte, mas informa que“Durante a guerrilha do Araguaia, chefiou um grupo de terroristas armados de revólveres cal.38 e espingardas cal.20 que participou, em 4AGO 73, de uma festa na Fazenda Sapiência”. Segundo depoimento de uma moradora de Xambioá, que não quis se identificar, Áurea teriasido vista sem vida na delegacia da cidade e seu corpo estaria enterrado no cemitério local.Em Operação Araguaia, os jornalistas Taís Morais e Eumano Silva descrevem: “Querida por todos, trabalhou como professora no povoado deBoa Vista e esbanjava simpatia. Dois mateiros a prenderam no início de 1974 e a entregaram à repressão. Amarrada, muito magra, faminta edoente, vestia apenas um pedaço de sutiã. As roupas rasgaram em meses seguidos de fuga pela mata úmida e cheia de espinhos. Foi encontradajunto com Batista, morador da região recrutado pela guerrilha, também debilitado pelas dificuldades de sobrevivência na mata. Áureafoi vista viva, depois de presa, na base de Xambioá”.Elio Gaspari, descrevendo o mecanismo de recompensas em dinheiro para quem matasse guerrilheiros, apresenta em A Ditadura Escanca-radamais uma importante informação: “ Adalberto Virgulino, que capturou a guerrilheira Áurea (Áurea Eliza Valadão), recebeu oitocentoscruzeiros e um maço de cigarros”.Hugo Studart aponta outra data para a morte de Áurea, com base no Dossiê Araguaia, mas acrescenta novos dados: “Dossiê registra suamorte a 1 JAN 74. Um militar que a interrogou relata que teria ocorrido debate entre os militares sobre a necessidade de executá-la. Ao final,decidiu-se cumprir a ordem de Brasília de não deixar nenhum guerrilheiro sair da região, mesmo que já não oferecesse perigo para o regime,como alguns militares avaliavam o caso de Áurea”.Em 18 e 19 de março de 2004, o jornalista Adriano Gaieski, da Agência Brasil, produziu matéria sobre novos depoimentos tomados demoradores da região pelo Ministério Público Federal, com as seguintes informações: “A terceira testemunha, cujo nome o Ministério PúblicoFederal manteve em sigilo, foi identificada apenas como Ferreira. (...) ele confirmou os maus tratos sofridos pelos soldados, a violência e as| 255 |

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