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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSTRÊS GUERRILHEIROS PRESOS JUNTOSSão bastante coincidentes os depoimentos de moradores do Araguaiainformando que Antônio Ferreira Pinto, Lúcio Petit da Silvae Uirassu Assis Batista foram presos juntos, possivelmente em21/04/1974. Segundo declarações prestadas por Margarida FerreiraFélix, em São Domingos do Araguaia, em 03/07/01, ao MinistérioPúblico Federal, “no dia 21 de abril de 1974, os três últimosguerrilheiros foram presos na casa do Manezinho das Duas, quandoeles vieram pedir um pouco de sal; que os guerrilheiros eram oBeto (Lúcio Petit da Silva), Antônio (Antônio Ferreira Pinto) e Valdir(Uirassu de Assis Batista); que os soldados do Exército enganaramos guerrilheiros, simulando que estavam pousando um helicópterona casa da declarante, mas na verdade uma equipe de soldados foipara a casa do Manezinho das Duas, e lá prenderam os três; que omarido da declarante ajudou a embarcar os três guerrilheiros vivosem um helicóptero do Exército; (...)”Também em declaração prestada ao Ministério Público Federalem 06/07/2001, Antônio Félix da Silva, conhecido na regiãocomo Tota, contou que, “(...) servi como guia do Exército, nãopodíamos falar nada, nem pras nossas esposas. Eu vi quandopegaram o Valdi, o Beto e o Antônio e levaram embora numhelicóptero. Eles estavam vivos e o Valdi com um “lexo” (leishmaniose)na perna, que não podia nem andar. Mesmo assimele ouvia uma música num rádio que tocava e alegre batucavacom a perna, mesmo sabendo que ia morrer. Foi no dia 21 deabril de 1974”.ANTÔNIO FERREIRA PINTO (1932–1974)Número do processo: 323/96Filiação: Manoel Ferreira Pinto e Leopoldina Maria de JesusData e local de nascimento: 16/07/1932, Lagoa dos Gatos (PE)Organização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: 21/04/1974Relator: Suzana Keniger LisbôaDeferido em: 27/08/1996 por 4x2 (votos contrários do general Oswaldo Pereira Gomes e de Paulo Gustavo Gonet Branco).Data da publicação no DOU: 29/08/1996Conhecido no Araguaia como Antônio Alfaiate, era pernambucano de Lagoa dos Gatos. Viveu na Baixada Fluminense, onde trabalhava comoalfaiate, tornando-se dirigente do Sindicato dos Alfaiates do Estado da Guanabara. Participou dos movimentos populares pré-1964 emDuque de Caxias (RJ), contra a sonegação especulativa de gêneros alimentícios, incluindo ocupação de supermercados e açougues onde osprodutos estavam sendo escondidos para alcançar maiores preços.Militante do PCdoB, foi viver na localidade de Metade, no Araguaia, em 1970. Era franzino, de gênio alegre e gostava de cantar e dançarmúsicas nordestinas. Pertencia ao Destacamento A. Seu nome não consta do Anexo da Lei nº 9.140/95 porque só era conhecido pelo apelido”Antônio Alfaiate”. O requerimento de seus familiares foi aprovado na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos em agostode 1996, primeiro ano de funcionamento desse colegiado.Antônio Felix da Silva, o mesmo morador que prestou depoimento aos procuradores do Ministério Público Federal, deu informações comoAlfaiate foi preso: “em abril de 1974, poucos militares ainda andavam na mata; que os militares achavam que apenas três ou quatro guerrilheirosainda estavam vivos; que os militares pousaram em uma clareira perto de sua casa e foram a pé até a casa de Manezinho das Duas e seesconderam em um bananal próximo da casa; que no dia seguinte, pela manhã, o declarante foi até a casa do Manezinho das Duas, conformedeterminação dos militares; que lá chegando, por volta das 7 horas da manhã, do dia 21/04/1974, o declarante viu Antônio, Valdir e Beto sentadosem um banco na sala da casa, com os pulsos amarrados para trás com uma corda fina, parecendo ser de nylon; que o declarante viu ummilitar se comunicando pelo rádio; que, por volta das 9 horas da manhã, chegou o helicóptero que levou os militares e os três prisioneiros”.| 251 |

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