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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEADRIANO FONSECA FILHO (1945–1973)Número do processo: 042/96Filiação: Zeli Eustáquio Fonseca e Adriano FonsecaData e local de nascimento: 18/12/1945, Ponte Nova (MG)Organização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: entre 28/11 e 03/12/1973Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Nascido de uma família presbiteriana, em Ponte Nova (MG), era o segundo filho entre cinco irmãos. Fez o curso primário nessa cidade e,aos dez anos, transferiu-se para Belo Horizonte onde estudou como interno no Colégio Batista. Fez o curso científico na cidade de Lavras(MG), no Instituto Gammon, também em regime de internato.Aos 17 anos, Adriano mudou-se para o Rio de Janeiro. As atividades no Movimento Estudantil levaram-no a reduzir a freqüência com quevisitava a família, mas sempre que voltava à terra natal levava livros e orientava os irmãos. Morava num apartamento em Ipanema, quecompunha uma espécie de república de estudantes, intelectuais e artistas. Trabalhava no Tribunal Super Eleitoral, além de dedicar-se aoteatro, encenando e escrevendo peças teatrais. Uma das peças em que atuou como ator foi montada no Teatro Tereza Rachel.Fez o pré-vestibular do Centro Acadêmico Edson Luís (CAEL) e foi aprovado para o curso de Filosofia da UFRJ, em 1969. O começo do cursomarca também seu ingresso na militância do PCdoB. A repressão militar, a partir do AI-5, fez com que entrasse na clandestinidade. No finalde 1970, início de 1971, participou da Comissão Organizadora da Juventude Patriótica, movimento criado por iniciativa do PCdoB. Viveudurante um ano e meio no sótão de um prédio antigo no Leblon. Do bairro carioca, foi para a região da Gameleira, no Araguaia, onde passoua integrar o Destacamento B, assumindo o nome Chicão e sendo conhecido também pelo apelido Queixada, devido ao queixo grande.Ângelo Arroyo registrou em seu relatório a respeito da morte de Adriano: “dia 28/29 de novembro, o grupo acampou nas cabeceiras da grotado Nascimento. Chico (Adriano) recebeu um tiro, caindo morto. Eram 17h. Em seguida, ouviram-se mais seis tiros”. O relatório do Ministériodo Exército diz que Adriano teria morrido em combate com as forças de segurança na guerrilha do Araguaia, onde atuava no DestacamentoC. Já o relatório do Ministério da Marinha registra que ele foi “morto na região do Araguaia em 03/12/1973”.O livro de Taís Morais e Eumano Silva sustenta que Adriano morreu quando caçava jabuti para alimentação dos guerrilheiros e acrescenta“Uma equipe do Exército segue pela mata por volta das cinco da tarde. O oficial comandante da missão apresenta-se como Doutor Silva. Omateiro Cícero e outro morador, Raimundo Severino, guiam a patrulha. Em uma curva do caminho, aparece um guerrilheiro. Raimundo apontaa espingarda e puxa o gatilho. Chico recebe o tiro no peito, leva a mão ao rosto e solta um gemido profundo. O lamento de dor e desesperoecoa pela mata e faz Cícero estremecer. Chico morre na hora.Orientado pelo Doutor Silva, Raimundo Severino avança com um facão na direção do corpo. A lâmina corta o pescoço e separa a cabeça docombatente. O sangue quente do comunista escorre pelo chão do Araguaia.(...)Doutor Silva manda Cícero colocar a cabeça do guerrilheiro em um saco e carregar até outro ponto da floresta. Com os nervos abalados pelacena, o mateiro tem a sensação de carregar um corpo inteiro”.Já no livro A Lei da Selva, Hugo Studart aventa a possibilidade de Adriano ter permanecido vivo durante três dias, mas informa que tambémno Dossiê Araguaia a data da morte é 3 de dezembro.| 224 |

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