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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEpecializado em perfis de DNA, para identificação a partir de comparaçãocom amostras de material genético colhidas de familiaresconsangüíneos próximos.Famílias buscam corposEm outubro de 1980, um grupo de familiares dos desaparecidos noAraguaia percorreu a região em busca de informações a respeito depossíveis locais de sepultamento dos restos mortais de seus parentes.Nessa primeira caravana para colher dados, os familiares constataramindícios de corpos enterrados no cemitério de Xambioáe da existência de uma vala clandestina numa área denominadaVietnã, próxima à cidade. Colheram depoimentos também sobre aexistência de cemitérios clandestinos em Bacaba, São Raimundo,São Geraldo, Santa Isabel, Caçador e Oito Barracas.Em abril de 1991, com apoio da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocesede São Paulo e de representantes da Câmara dos Deputados,os familiares promoveram escavações no cemitério deXambioá, onde encontraram duas ossadas: a de uma mulher jovemenvolta em tecido de pára-quedas e de um homem idoso. Umaequipe de peritos da Unicamp, chefiada pelo legista Badan Palhares,participou das escavações e transportou as ossadas para oDepartamento de Medicina Legal da Unicamp. Em janeiro de 1993,familiares voltaram mais uma vez à região e foram à Fazenda OitoBarracas em busca dos restos mortais de Helenira Resende de SouzaNazareth, sem obter resultados.A partir de 28/04/1996, o jornal O Globo publicou uma série dereportagens sobre o conflito do Araguaia. As matérias trouxeramfotos inéditas de guerrilheiros presos e mortos, informandoainda sobre a localização de sete cemitérios clandestinos. Combase nisso, os familiares solicitaram à Comissão Especial sobreMortos e Desaparecidos Políticos, recém-instalada, uma investigaçãoabrangente. Na reportagem de O Globo, Laura Petit,irmã de Maria Lúcia Petit da Silva, a identificou na foto de umajovem morta, envolta em pára-quedas. Com os dados da foto,os legistas da Unicamp retomaram as investigações e identificarama ossada exumada em 1991 como sendo de Maria LúciaPetit, morta em 16/06/1972.Entre 7 e 11/05/1996, a CEMDP promoveu a missão de busca solicitada,baseando-se nas informações de O Globoe do Relatório sobreCemitérios da Região do Araguaia, da Comissão de Familiaresde Mortos e Desaparecidos Políticos. Participaram dessa missão oantropólogo forense Luiz Fondebrider, da Equipe Argentina de AntropologiaForense, Cristiano Morini, assistente da CEMDP, e Criméiade Almeida, assessora da Comissão Especial e ex-guerrilheirado Araguaia. A equipe localizou e preservou três áreas de prováveiscemitérios clandestinos: no cemitério municipal de Xambioá, noDNER de Marabá e na Fazenda Fortaleza, próxima à cidade de SãoDomingos do Araguaia.Nova viagem para realizar escavações nos sítios demarcados e paralocalizar outros cemitérios clandestinos foi organizada pela CEMDPentre 29/06 e 24/07/1996. No cemitério de Xambioá, foram encontradastrês ossadas, mas somente uma apresentava característicascompatíveis com a busca. Tal ossada já havia sido encontrada eabandonada ali mesmo pela equipe de Badan Palhares, em 1991.Em São Raimundo, na reserva indígena dos Suruís, foram recuperadosrestos de duas ossadas de prováveis guerrilheiros. A sepulturahavia sido violada anteriormente, tendo sido retirada a maior partedos ossos. Esses fragmentos de ossos foram encontrados em condiçõesbastante deterioradas, tornando difícil a identificação. Seobtidas informações de participante das forças repressivas sobrequais são os dois militantes enterrados naquele local, o laboratóriopoderá tentar realizar comparação com o perfil genético dosfamiliares, tentando assegurar aos familiares o direito de sepultarseus entes queridos. Nas demais áreas investigadas — São Geraldo,Caçador, Oito Barracas, Serra das Andorinhas, DNER e FazendaBrasil-Espanha — ainda não foi possível localizar esqueletos.Boa parte das informações acerca dos desaparecidos do Araguaiaestá registrada no já mencionado Relatório Arroyo. O dirigentedo PCdoB conseguiu sair da região, provavelmente em janeiro de1974, e produziu um relatório detalhado sobre os acontecimentos.Esse documento é, até hoje, mais de 30 anos passados, uma dasmais importantes fontes de dados sobre os mortos e desaparecidosda Guerrilha do Araguaia. Ainda não foi publicado outro documentoque é muito mencionado, de autoria atribuída a MaurícioGabrois: o diário do velho Mário. Esse manuscrito teria sido encontradopelos seus executores, no Natal de 1973, sendo produzidauma cópia datilográfica, cercada de dúvidas no que tange à suaautenticidade, existindo também notícias de que será publicadoproximamente. Algumas outras informações inéditas foram encontradasnos relatórios produzidos, em 1993, pelas três Armas, apedido do ministro da Justiça Maurício Correa. O site www.desaparecidospolíticos.org.br/araguaiamantém amplo acervo de informaçõessistematizando tudo o que foi possível colher através dedepoimentos de companheiros de militância, familiares, entidadesda área <strong>Direito</strong>s Humanos, bem como do estudo de documentos localizadosnos arquivos secretos já disponibilizados para consultas– muitos deles entregues à Comissão de Representação Externa daCâmara Federal e a jornalistas.Inúmeros livros de jornalistas e pesquisadores, bem como matériasque foram divulgadas pela imprensa em mais de 20 anos, servemcomo base consistente para reconstituir o mosaico do que aconteceu| 200 |

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