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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSOTONIEL CAMPOS BARRETO (1951-1971)Número do processo: 274/96Filiação: Adelaide Campos Barreto e José de Araújo BarretoData e local de nascimento: 11/04/1951, Brotas de Macaúbas (BA)Organização política ou atividade: MR-8Data e local da morte: 28/08/1971, Brotas de Macaúbas (BA)Relator: Luís Francisco Carvalho FilhoDeferido em: 19/11/1996 por 4x2 (votos contra de Paulo Gustavo Gonet Branco e do general Oswaldo Pereira Gomes)Data da publicação no DOU: 21/11/1996Ambos foram mortos no lugarejo de nome Buriti Cristalino, município de Brotas de Macaúbas (BA), no dia 28 de agosto de 1971. Nascidonessa localdade do sertão baiano, Otoniel era camponês, irmão de José Campos Barreto, o “Zequinha”, que seria morto junto com Lamarcano mês seguinte. Na mesma operação em Buriti também foram presos um terceiro irmão, Olderico, baleado no rosto, bem como o pai, Josede Araújo Barreto, de 65 anos, imediatamente torturado.Nascido de uma família pobre de Inhambupe (BA), Luiz Antonio estudara no Colégio Municipal Joselito Amorim, em Feira de Santana, ondepresidiu o Grêmio Estudantil. Trabalhou como tipógrafo na Gazeta do Povo, onde começou sua prática política. Em 1967, passou a militarna dissidência baiana do PCB, um dos núcleos de militantes que formariam o MR-8. Já atuava na clandestinidade desde 1969, depois deenfrentar uma primeira prisão, na onda repressiva que se seguiu ao AI-5. Foi o primeiro militante do MR-8 a ser deslocado para aquela região.Chegou no Buriti Cristalino como sendo Roberto, o professor. Hospedado na casa de José Barreto, pai de Zequinha, Otoniel e Olderico,trabalhava diariamente com essa família na roça. Era um bom jogador de futebol e foi visto como craque na pequena localidade.Sua tarefa era formar uma escola de alfabetização no povoado carente, onde poucos sabiam ler. Todas as tardes, a casa de JoséBarreto se enchia de crianças e adultos para ouvir o professor Roberto. Chegou a montar uma encenação teatral sobre as dificuldadessentidas pela população local, como pobreza e cobrança de impostos. Lamarca ajudou Santa Bárbara a escrever o texto, que foiensaiado com entusiasmo pelos alunos.Na CEMDP, o primeiro relator do caso Santa Bárbara, em sessão de 17/10/1996, votou pelo indeferimento por considerar não comprovadasua morte em local que se pudesse definir como “dependência policial ou assemelhada”. O relator do outro processo, referente a Otoniel,pediu vistas para que ambos os casos fossem analisados em conjunto.Essas mortes ocorreram no escopo da chamada Operação Pajuçara, organizada com o objetivo de capturar ou destruir Lamarca e seu grupo,conforme constou em documentos oficiais. Dela chegaram a participar 215 pessoas, escolhidas a dedo entre integrantes da Marinha, Aeronáutica,Polícia Federal, Polícia Militar da Bahia, DOPS de São Paulo, CODI/6, e 19º BC, conforme descreve o relatório elaborado pelo IVExército. Todos os seus integrantes atuaram à paisana. A Companhia de Mineração Boquira forneceu avião, carros e funcionários para quea ação pudesse ser mantida em sigilo. Também colaborou a empresa Transminas.O relatório oficial da Operação Pajuçara não descreveu os embates ocorridos em Buriti, limitando-se a informar que, na madrugadadaquele dia, os agentes cercaram e investiram contra o local, onde acreditavam que estaria o capitão perseguido. Registra apenasque a operação “redundou nas mortes de Luiz Antônio Santa Bárbara, ‘Merenda’; Otoniel Campos Barreto, bem como ferimentos eprisão de Olderico Campos Barreto”.| 177 |

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