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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSSapateiro de profissão, maranhense de Patos Bons, Epaminondas Gomes de Oliveira morreu aos 68 anos, no Hospital da Guarnição doExército em Brasília, no dia 20/08/1971. Foi preso por agentes da repressão política do regime militar no dia 09/08/1971, no garimpo deIpixuna (PA) e levado para a cidade de Jacundá (PA), depois para Imperatriz (MA), e finalmente para Brasília. Nos autos do processo juntoà CEMDP, constam depoimentos de três companheiros, dois dos quais testemunhando que estiveram presos com ele. Um terceiro declarouque, sob tortura, foi forçado a indicar a localização de Epaminondas.Na tramitação do processo junto à Comissão Especial, registrou-se a informação de que ele seria militante do PCB. Documentos e depoimentosposteriores, no entanto, apontaram que ele seria, na verdade, militante do PRT, dissidência da AP que teve como principais lídereso padre Alípio Cristiano de Freitas, Vinicius Caldeira Brandt e o legendário líder camponês goiano, ex-deputado estadual José Porfírio, esteúltimo, integrante da lista de 136 desaparecidos políticos reconhecidos pela Lei nº 9.140/95. Segundo o depoimento da esposa de Epaminondas,a aposentada Avelina da Rocha, de 83 anos, os militares “não tiveram a coragem” de entregar o corpo, dizendo apenas que ele haviasido enterrado em Brasília, pois ficaria muito caro transportá-lo até sua terra natal. O médico legista Ancelmo Schuingel determinou comocausa da morte “coma anêmico, desnutrição e anemia”.O general Oswaldo Pereira Gomes pediu vistas do processo ao relator Paulo Gustavo Gonet Branco e elaborou um parecer pelo deferimentoda indenização, “por se tratar de morte de pessoa acusada de participação em atividades políticas, causa não natural, de elemento preso emorganização militar”. Novos dados sobre o caso seriam divulgados sete anos depois de ser tomada essa decisão unânime pela CEMDP. Ma-térias publicadas no Correio Braziliense, em agosto de 2003, com assinaturas dos jornalistas Eumano Silva, Thiago Vitale Jaime e MatheusLeitão, descreveram com detalhes o conteúdo de documentos secretos da Operação Mesopotâmia, desencadeada pelo Exército entre 2 e 12de agosto de 1971, sob o comando do general Antonio Bandeira, para localizar e deter subversivos em vários municípios da divisa trípliceentre Pará, Maranhão e Goiás (hoje Tocantins).Nesse furo de reportagem, os jornalistas explicam que se tratava de uma ampla operação militar de investigação, que priorizou a localizaçãode qualquer pessoa sobre a qual houvesse indícios de serem ligadas a distintas organizações de esquerda, como o PRT, AP, VAR, ALN,PCB e PCdoB, oito meses antes de se iniciar o enfrentamento aberto contra militantes desse último partido, que vinham sendo deslocadospara aquela região desde 1966, conforme será relatado mais adiante neste livro-relatório, ao tratar da Guerrilha do Araguaia. As matériasjornalísticas trazem duas passagens que provavelmente se referem ao caso em questão: “Ao lado do nome de Epaminondas, outra descriçãomuito detalhada. ‘Velho, baixo, orelhas caídas, magro, moreno, cabelos lisos, mesclados de branco, usa chapéu de couro com abas lateraisviradas para cima, olhos amarelados, tem uma chácara em Porto Franco. É militante antigo’, afirma o relatório”.A reportagem acrescenta outras informações contidas no documento inédito: “9 de agosto de 1971. Prisão do último dos treze ‘elementos’durante a Operação Mesopotâmia e descoberta de mais um aparelho”. Agrega ainda: “A seguir, na mesma lista, vêm os nomes do Padre Alipio(Mário ou Batista), além de Augusto e David, cujos nomes completos não foram descobertos pelos militares. O relatório aponta ainda os lídereslocais supostamente doutrinados pelos guerrilheiros: Epaminondas Gomes de Oliveira (Luiz de França), Pedro Morais, José da Marcelina(José Alecrim), João Ferreira Guimarães e Benedito”.AMARO LUIZ DE CARVALHO (1931 – 1971)Número do processo: 027/96Filiação: Maria Soares de Carvalho e José Luiz de CarvalhoData e local de nascimento: 04/06/1931, Joaquim Nabuco (PE)Organização política ou atividade: PCRData e local da morte: 22/08/1971, Recife (PE)Relator: Nilmário MirandaDeferido em: 08/02/96 por unanimidadeData da publicação no DOU: 12/02/96| 175 |

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