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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADESua vida foi retratada em livro por Judith Patarra e, parcialmente, também no filme dirigido por Sérgio Rezende sobre Lamarca, baseadoem livro de Emiliano José e Oldack Miranda. Em ambos, a versão oficial de suicídio, divulgada pelos órgãos de segurança, é aceita comoverdadeira. Na tradição judaica os suicidas devem ser enterrados numa quadra específica do cemitério e com os pés próximos à lápide, nãoa cabeça como no caso dos outros mortos.Apenas em 22/09/2003, encerrando 13 anos de ações judiciais mantidas pelos familiares, com apoio do advogado e deputado Luiz EduardoGreenhalgh, o corpo de Iara foi finalmente exumado e retirado da ala dos suicidas do Cemitério Israelita de São Paulo, na medida em queo Poder Judiciário curvou-se aos argumentos jurídicos ressaltando as inúmeras contradições presentes na versão oficial dos órgãos desegurança, bem como no suspeito desaparecimento de laudos referentes à sua morte. As circunstâncias em que morreu Iara são cercadasde dúvidas e contradições, como também ocorreu em vários outros processos analisados pela CEMDP. Mas há, nesse caso, um componentemaior de mistério, não só por ser ela a companheira de Lamarca, mas pelo fato de que a própria versão oficial só foi divulgada um mês apósa morte, em escassas linhas, juntamente com o anúncio da execução de Lamarca e José Campos Barreto no sertão da Bahia.Mesmo dentre os relatórios elaborados pelas Forças Armadas em 1993, há divergências nas versões apresentadas. Enquanto o da Marinharegistra “foi morta em Salvador/BA, em ação de segurança”, o da Aeronáutica afirma que “suicidou-se em Salvador/BA em 06/08/1971, nointerior de uma residência, quando esta foi cercada pela polícia”. O Exército menciona a morte no relatório oficial da chamada OperaçãoPajuçara: “No dia 19/08/1971 foi montada uma operação pelo CODI/6 para estourar este aparelho, o que ocorreu ao amanhecer do dia 20,resultando na prisão de Adriana, Jaileno Sampaio Filho, Raimundo, Orlando e de Nilda Carvalho Cunha. Iara Iavelberg, a fim de evitar suaprisão e sofrendo a ação dos gases lacrimogêneos, suicidou-se”.Mais intrigante ainda é o desaparecimento do laudo necroscópico de Iara. No IML Nina Rodrigues, da Bahia, não há sequer o registro deentrada do corpo de Iara no necrotério, muito menos o laudo. A CEMDP buscou exaustivamente os documentos relativos à morte de Iara.Nilmário Miranda esteve pessoalmente em Salvador e colheu diversos depoimentos. Em contatos telefônicos com o diretor do IML/BA, em1971, Lamartine Lima, este informou que havia duas vias do laudo de Iara, uma entregue à Polícia Federal e outra ao comando da 6ª RegiãoMilitar. O Diretor do IML em 1997 afirmou, em ofício para a CEMDP, que o órgão não dispõe de cópia e que o laudo original fora entregueà Polícia Federal, enviando à Comissão Especial cópia dos rascunhos feitos por Charles Pitex por ocasião da necropsia.O empenho da Comissão Especial para obter documentos relativos à morte de Iara, reproduzidos pela imprensa, resultaram na entrega aoministro da Justiça Nelson Jobim, pela Polícia Federal, de documentos e álbum com fotos dos corpos de Iara e de Lamarca. Foram acrescentados,ainda, muitos depoimentos de testemunhas. Mas importantes perguntas não encontraram ainda uma resposta definitiva: por quenão foi realizada a perícia de local, com fotos da arma utilizada para o suicídio, nem exames papiloscópicos para comprovar o suicídio? Porque limparam o pequeno banheiro onde teria se suicidado tão procurada guerrilheira, antes de tirar as fotos com que se tenta demonstraro local de suicídio? Por que não foi recolhido o projétil, único que teoricamente deveria estar no interior do banheiro? Por que o relatóriodetalhado do que aconteceu em Pituba nunca foi apresentado?EPAMINONDAS GOMES DE OLIVEIRA (1902-1971)Número do processo: 250/96Filiação: Ângela Gomes de Oliveira e José Benício de SouzaData e local de nascimento: 16/11/1902, Pastos Bons (MA)Organização política ou atividade: PRT ou PCBData e local da morte: 20/08/1971, Brasília (DF)Relator: Paulo Gustavo Gonet Branco, com vistas do general Oswaldo Pereira GomesDeferido em: 17/10/96 por unanimidadeData da publicação no DOU: 22/10/96| 174 |

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