11.07.2015 Views

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSO processo na CEMDP foi protocolado intempestivamente, numa primeira vez, sendo indeferido. Com a reabertura do prazo, em 18/09/2002,a Comissão Especial recebeu novo pedido da família. Em seu voto, o relator registrou que nos autos do processo verificava-se uma intensadiscussão em torno dos motivos da morte de Raul, preso sob suspeita de exercer atividades consideradas ilegais, durante uma operação detrânsito efetuada pela polícia no Rio de Janeiro. De acordo com o relator, o parecer insuspeito do renomado legista Paulo César Papaleoalertava para o fato de que Raul sofrera agressões que provocaram as lesões que motivaram sua morte, e que ele apresentava perfeitacondição de saúde física e mental antes da prisão: existia, assim, relação de causa e efeito entre as lesões apresentadas e a morte.Segundo o relator, a documentação dispensava maiores diligências para uma conclusão, até porque a matéria já havia sido exaustivamenteanalisada na Ação Declaratória nº 241.0087/99, proposta pela mãe de Raul, julgada na 9ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro, e cujasentença não deixava margem a qualquer dúvida quanto ao rumo dos acontecimentos que culminaram com a morte do engenheiro nasdependências do Hospital Central do Exército.IARA IAVELBERG (1944-1971)Número do processo: 253/96 e 071/02Filiação: Eva Iavelberg e David IavelbergData e local de nascimento: 07/05/1944, São Paulo (SP)Organização política ou atividade: VPR/MR-8Data e local da morte: 20/08/1971, Salvador (BA)Relator: Suzana Keniger LisbôaDeferido em: 01/12/2004 por unanimidade (fora indeferido em 05/05/1998)Data da publicação no DOU: 07/12/2004Durante muito tempo prevaleceu a versão de que Iara Iavelberg se matou, disparando contra o próprio coração para evitar as torturas a que certamenteseria submetida se apanhada viva no apartamento da Pituba, Salvador (BA), em 20/08/1971, onde estava encurralada pelos órgãos desegurança, entre eles agentes do DOI-CODI/RJ deslocados para aquele Estado na perseguição final a Carlos Lamarca, morto no mês seguinte.Na própria CEMDP foi aprovada num primeiro julgamento, em 1998, por apertada maioria de votos, uma interpretação que aceitava a versãodas autoridades do regime militar, o que resultou em indeferimento. Reapresentado em 2002, o caso foi deferido por unanimidade apósa ampliação dos critérios da Lei nº 9.140/95, que na redação introduzida pela Lei nº 10.875, de 2004, passou a admitir a responsabilidadedo Estado nas mortes em que a pessoa cometeu suicídio na iminência de ser presa. Mas a Comissão Especial não adotou posicionamentoformal rechaçando a versão de suicídio, embora alguns integrantes do colegiado tenham se manifestado explicitamente nesse sentido.No momento de sua morte, Iara Iavelberg era uma das pessoas mais procuradas pelos órgãos de repressão política em todo o país, namedida em que já era conhecida a sua relação amorosa com Carlos Lamarca, inimigo número 1 do regime militar naquele momento. Namesma operação de cerco, foi presa Nilda Carvalho Cunha, de 17 anos, que morreria em novembro do mesmo ano, logo após ser solta comprofundos traumas decorrentes das torturas.Nascida em uma família judia estabelecida no bairro do Ipiranga, em São Paulo, Iara Iavelberg sempre foi tida como pessoa muito inteligentee precoce, tendo interesse por diversificadas áreas da vida cultural, além de ser valorizada pela beleza física. Estudou na Escola Israelitado Cambuci, na capital paulista, casou-se pela primeira vez aos 16 anos e ingressou, em 1963, com 20 anos, na Faculdade de Filosofia,Ciências e Letras da USP, na rua Maria Antônia, para cursar Psicologia. Durante as mobilizações estudantis de 1968, Iara já era psicólogaformada e trabalhava como assistente na própria faculdade. Mesmo não sendo uma dirigente do Movimento Estudantil naquele ano, mantinhaimagem de verdadeiro mito entre as lideranças dos estudantes. Foi militante da Polop, da VAR-Palmares e da VPR, tendo ingressadono MR-8 poucos meses antes de morrer. Na VPR, participou de treinamentos de guerrilha no Vale do Ribeira, interior de São Paulo.| 173 |

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!