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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSque confirmaram a versão oficial de morte em tiroteio. Em laudo do Instituto Carlos Éboli , os peritos registram: “os pulsos da vítimaapresentavam hematomas em toda a sua extensão”. Na foto de seu corpo, a olho nu, se pode perceber a marca evidente das algemas queprendiam os pulsos de José Raimundo.José Raimundo foi uma das vítimas do agente infiltrado José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo. Esse fato foi comprovado por documentolocalizado no arquivo do DOPS/SP, onde Anselmo menciona seus encontros com José Raimundo e registra as possibilidades de contatoscom ele. Inês Etienne Romeu, no relatório que escreveu sobre o período em que esteve seqüestrada no sítio clandestino de Petrópolis (RJ),afirma que, em 04/08/1971, ouviu o carcereiro “Laurindo” informar aos agentes policiais “Bruno” e “César” que José Raimundo havia sidopreso numa barreira. Posteriormente, outro carcereiro, “Dr. Pepe”, lhe disse que José Raimundo foi morto 24 horas após sua prisão, numaencenação montada em uma rua do Rio de Janeiro.O relatório para votação final na CEMDP observou que, “considerando-se como provas o depoimento de Inês Etienne Romeu, as evidentesmarcas de algemas nos pulsos, as contradições entre os documentos do Instituto Carlos Éboli /RJ e do DOPS, o laudo com nome falso e o enterrocomo indigente e, acima de tudo, o controle a que estava submetido José Raimundo nos contatos com o agente infiltrado José Anselmoe a necessidade extrema de eliminá-lo para poder dirigir a VPR, fica evidenciado que a versão oficial de tiroteio divulgada pelos órgãos derepressão serviu para encobrir o assassinato sob torturas de José Raimundo da Costa”.Lançado em 2006 e várias vezes premiado, o filme O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburguer, evoca lembranças dodiretor em sua infância, quando seus pais, Amélia e Ernest Hamburguer, professores de Física na USP, foram presos em São Paulo comointegrantes de um grupo de arquitetos, artistas e intelectuais (entre eles Lina Bo Bardi, Augusto Boal, Flávio Império, Sérgio Ferro e outros)que seriam presos ou perseguidos por ajudarem militantes da VPR e da ALN. A principal acusação contra os pais do cineasta foi, exatamente,ter abrigado em sua residência José Raimundo da Costa e sua esposa, em 1970.FRANCISCO DAS CHAGAS PEREIRA (1944-1971)Número do processo: 134/96Filiação: Judite Joventina Pereira e Leôncio Samuel PereiraData e local de nascimento: 02/04/1944, Sumé (PB)Organização política ou atividade: PCBData e local do desaparecimento: 05/08/1971, Rio de JaneiroRelator: Nilmário MirandaDeferido em: 02/04/1996 por unanimidadeData da publicação no DOU: 11/04/1996Este é um caso de desaparecido que não constava anteriormente em nenhuma lista ou dossiê organizado por familiares e entidades ligadasà defesa dos <strong>Direito</strong>s Humanos. A CEMDP teve de decidir com base em informações muito precárias e preferiu desconsiderar, por entendercomo sendo de autenticidade duvidosa, um depoimento que ele teria prestado no consulado brasileiro em Santiago do Chile, em data posteriorao desaparecimento denunciado por sua família.Natural da Paraíba, estudante de <strong>Direito</strong> e militante do PCB, Francisco das Chagas Pereira, foi sargento da PM em seu estado de origem, trabalhouno Banco do Nordeste e, depois, na Embratel do Rio de Janeiro, onde foi admitido por concurso público. Em agosto de 1971, ocorreuum incêndio nas instalações daquela empresa estatal, dirigida na época por um militar, e Francisco passou a ser o principal suspeito.Conforme informações da Polícia Federal, “Francisco das Chagas Pereira, ex-funcionário da Embratel, no antigo Estado da Guanabara,suspeito de distribuir, naquela empresa, material impresso de cunho subversivo e contrário à administração da mesma, tornou-se o maiorsuspeito de ter ateado fogo, em 06/08/1971, em material de expediente da Embratel. (...)Fugiu do pessoal da segurança interna da empresa,| 171 |

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