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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEEsse relatório registra que Denis teria chorado e implorado pela própria vida e foi mostrado pelos policiais a alguns presos, posteriormente,como ameaça de que algo igual poderia acontecer com aqueles que não colaborassem.Na requisição de exame ao IML, assinada pelo delegado do DOPS Alcides Cintra Bueno Filho, não consta o local onde teria sido encontrado ocadáver, e é datada de 19/05, mas informa que o corpo teria entrado no IML no dia anterior. No laudo necroscópico, realizado pelos legistasRenato Cappelano e Paulo Augusto de Queiroz Rocha, está descrita a trajetória dos tiros que teriam matado Denis Casemiro, ocultando-sequalquer referência a marcas de torturas.Dênis foi enterrado como indigente no Cemitério Dom Bosco, em Perus, capital paulista, com os dados pessoais alterados. No livro de registrode sepultamentos, ele teria 40 anos e os demais dados de identificação ignorados. Na realidade, tinha 28 anos e todos os seus dadosconstavam do atestado de óbito. Nenhuma comunicação oficial da morte foi feita pelas autoridades. Sua ossada foi localizada a partir dasinvestigações sobre a Vala de Perus.No dia 13 de agosto de 1991, os restos mortais de Denis Casemiro, Antonio Carlos Bicalho Lana e Sonia Maria de Moraes Angel Jones, exumadosdo mesmo cemitério, foram trasladados. Houve ato na Catedral da Sé, em São Paulo e depois Denis foi velado na Câmara Municipalde Votuporanga, com missa de corpo presente na igreja matriz .MARIANO JOAQUIM DA SILVA (1930-1971)Número do processo: 163/96Filiação: Maria Joana Conceição e Antônio Joaquim da SilvaData e local de nascimento: 02/05/1930, Timbaúba (PE)Organização política ou atividade: VAR-PalmaresData e local do desaparecimento: 31/05/1971, no Rio de JaneiroData da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Dirigente da VAR-Palmares conhecido como Loyola, seu nome também faz parte da lista anexa à Lei nº 9.140/95, que relacionou 136desaparecidos políticos cuja responsabilidade pelas mortes foi assumida automaticamente pelo Estado brasileiro com a publicação da lei.Preso por agentes do DOI-CODI em 01/05/71, na estação rodoviária de Recife, foi levado para o Rio de Janeiro, São Paulo e de volta ao Riode Janeiro, onde desapareceu.Afrodescendente e filho de uma família camponesa pobre, começou a trabalhar aos 12 anos como assalariado agrícola e, em seguida, como operárioda indústria de calçados. Estudou apenas até a 3ª série ginasial. Em 1951, casou-se com Paulina Borges da Silva, com quem teve sete filhos.Militante do PCB a partir de meados dos anos 50, integrou o Comitê Municipal de Recife. Já em 28/10/1954 enfrentou uma primeira experiênciade prisão, em Timbaúba (PE), por “atividade subversiva”, sendo liberado três dias depois. Foi novamente detido em 05/05/1956.Em 1961, foi eleito secretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Timbaúba. Em 1963, era membro do Secretariado Nacional das LigasCamponesas, que ajudou a implantar na Bahia, Rio de Janeiro, Maranhão e Piauí. Em 1963, instalou-se em Brasília, tendo participado noapoio à rebelião dos sargentos da Aeronáutica, ocorrida na capital federal em setembro daquele ano. Após a deposição de João Goulart, emabril de 1964, mudou-se com a família para Goiás, onde trabalhou na agricultura. Em 1966, foi decretada sua prisão preventiva e, desdeentão, passou a viver na clandestinidade. Militou também no PCdoB e ligou-se à AP em 1967, sendo o quadro mais importante de suaComissão de Assuntos Camponeses. Em 1968, sai da AP e mais tarde, incorpora-se à VAR-Palmares, integrando o seu Comando Nacionala partir de 1969.Inês Etienne Romeu, em seu relatório de prisão, afirma que esteve com Mariano no sítio clandestino de Petrópolis (RJ), conhecido como“Casa da Morte”. Inês disse ter estado com Mariano três vezes, duas na presença dos carcereiros e uma a sós. Mariano lhe contou que| 164 |

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