11.07.2015 Views

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSpelas torturas, morte e ocultação do cadáver de Rubens Paiva: coronel Ronald José da Motta Batista Leão, capitão de Cavalaria João CâmaraGomes Carneiro, apelidado na Academia Militar de João Coco, o sub-tenente Ariedisse Barbosa Torres, o major PM/RJ, Riscala Corbage e osegundo-sargento Eduardo Ribeiro Nunes. Em março de 1987, o delegado Carlos Alberto foi assassinado em um duvidoso assalto.Em todos esses anos, surgiram muitas hipóteses a respeito de onde estaria o corpo de Rubens Paiva. Buscas e escavações foram feitas, semqualquer resultado. O caso do parlamentar cassado e desaparecido foi evocado por Ulisses Guimarães no emocionado discurso em que promulgou,em 05/10/1988, na qualidade de presidente da Assembléia Nacional Constituinte, a nova Carta Magna que marcou o reencontrodo Brasil com o Estado Democrático de <strong>Direito</strong>.ADERVAL ALVES COQUEIRO (1937-1971)Número do processo: 244/96Filiação: Jovelina Alves Coqueiro e José Augusto CoqueiroData e local de nascimento: 18/07/1937, Aracatu (BA)Organização política ou atividade: MRTData e local da morte: 06/02/1971, no Rio de JaneiroRelator: Nilmário Miranda, com vistas de Luís Francisco Carvalho FilhoDeferido em: 07/08/1997 por unanimidadeData da publicação no DOU: 13/08/1997Aderval Alves Coqueiro foi um dos 40 presos políticos trocados pelo embaixador alemão Von Holleben, em junho de 1970. Tinha sido presoem São Paulo, em 29/05/1969, como militante da Ala Vermelha, sendo torturado na 2ª Companhia da Polícia do Exército, depois transferidopara o DOPS/SP e, finalmente, Presídio Tiradentes. Banido e enviado à Argélia, de lá se deslocou para Cuba, regressando ao Brasil já integradoao MRT – Movimento Revolucionário Tiradentes, grupo dissidente da Ala Vermelha.Coqueiro morreu no Rio de Janeiro, de acordo com o laudo oficial assinado por João Guilherme Figueiredo, no dia 06/02/1971, no CosmeVelho, em conseqüência de “ferida transfixante do tórax e lesão do pulmão direito”. Seu corpo foi entregue à família posteriormente, sendoenterrado no cemitério de Inhaúma no dia 14.Nascido no município baiano de Brumado, Coqueiro iniciou cedo sua militância política no PCB e foi um dos candangos que trabalhou naconstrução de Brasília, além de ter sido operário da construção civil no estado de São Paulo, onde residiu desde 1961. Ao se desligar do PCB,passou a integrar o Comitê Regional do PCdoB/SP, focando suas atividades na zona rural. Por volta de 1967/1968, desligou-se do PCdoBpara integrar a Ala Vermelha. Vivendo em São Bernardo do Campo e Diadema, trabalhou também como operador de máquinas e vendedorautônomo. Casado com Isaura, tiveram duas filhas. Coqueiro teria retornado ao Brasil em 31/01/1971, valendo-se de um esquema clandestinoda VAR-Palmares, e foi morar no apartamento do bairro Cosme Velho, onde foi morto uma semana depois. Não foi possível localizarperícia de local, fotos e nem o laudo necroscópico.Duas matérias de jornais da época permitiram desqualificar a versão oficial. O Jornal do Brasilde 08/02/1971 referiu-se ao cerco de mais de50 policiais e publicou uma foto de Coqueiro morto, alvejado pelas costas. O Jornal da Tarde, na mesma data, complementa as informaçõescom o depoimento de um oficial que participara da operação, informando que a localização da casa onde estava Coqueiro começara a serfeita um mês antes. Repetindo a tática já costumeira de manchar a imagem dos militantes detidos, esse agente dos órgãos de segurançadisse que a residência teria sido apontada pelo ex-deputado federal Rubens Paiva a um grupo de oficiais da PE antes de ser seqüestradopor companheiros. Tal afirmação levantou indignação na CEMDP, pois Rubens Paiva representa um dos casos mais conhecidos de desaparecimentoocorrido no Brasil, por ser notória a brutalidade do assassinato de um opositor político que, sabidamente, não estava engajadona resistência armada ao regime militar.| 145 |

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!