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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSSpiegner morreu aos 21 anos, em 17/02/1970, no Rio de Janeiro, na rua Joaquim Silva,nº 53, entrada 5, quarto 8, por agentes do DOI-CODI/RJ, onde, segundo a versão oficial, teria ocorrido tiroteio. Seu corpo deu entrada no IML às 12h30min do dia 17/02/1970. No laudode necropsia, assinado pelos legistas Ivan Nogueira Bastos e Nelson Caparelli, consta que, “a morte ocorreu às 05h30min do dia 17. Constana guia que ele foi “perseguido como elemento subversivo por agentes do DOPS, reagiu à bala ferindo policial, e finalmente foi alvejadomortalmente”. O corpo foi enterrado pela família no Cemitério Comunal Israelita de Vila Rosali.O relator do caso na CEMDP, ao analisar o processo, ressaltou a estranha demora de sete horas entre o horário da morte e a entrada no IML. Averdade dos fatos foi obtida do próprio laudo do IML, que detalha os ferimentos no corpo. José Roberto recebeu vários tiros, sendo que dois delescontestam a versão oficial. Examinando as fotos de perícia de local, verifica-se que o corpo fora encontrado em uma sala com o piso acarpetado,onde não havia espaço para que pudesse ter sido atingido, de longe, na coxa. O outro ferimento é sintomático de execução.Afirmou o relator que o laudo descreve “na região temporal direita uma ferida estrelar de bordas escoriadas e queimadas com aspecto das produzidaspor entrada de projétil de arma de fogo disparada com arma encostada a cabeça... ambas as regiões orbitárias estão ligeiramente tumefeitase recobertas por equimoses arroxeadas (...) membro superior esquerdo revela três equimoses arroxeadas no cotovelo (...) duas escoriações pardoavermelhadas no dorso do punho; (...) dedos de ambas as mãos apresentam nas polpas tinta preta da usada para tomar impressão digitais”.Agregou que as equimoses e escoriações descritas não são compatíveis com a versão de tiroteio e que “a forma das lesões localizadas naface direita da cabeça denota claramente execução, e ainda que as escoriações localizam-se em regiões do corpo humano que configuramtortura em pau-de-arara. Há ainda escoriações na região do punho, denotando que José Carlos foi algemado”. Além disso, a identificaçãode José Roberto se deu antes de seu corpo ir para o IML, e mostra que o DOPS já o conhecia.Entre os documentos anexados ao processo na CEMDP, há também um requerimento da 1ª Auditoria da Marinha, do Rio de Janeiro, de03/04/1970, solicitando o laudo ao IML e referindo-se à morte de José Roberto Spiegner “por acidente”. O relator concluiu seu voto afirmandoque José Roberto Spiegner foi morto quando se encontrava detido por agentes dos órgãos de segurança, sob custódia do Estado.ANTÔNIO RAYMUNDO DE LUCENA (1921-1970)Número do processo: 245/96 e 062/02Data e local de nascimento: 11/09/1921, Colina (MA)Filiação: Ângela Fernandes Lima Lucena e José Lucena SobrinhoOrganização política ou atividade: VPRData e local da morte: 20/02/1970, em Atibaia (SP)Relator: Luís Francisco Carvalho Filho com vistas de Suzana Keniger Lisbôa e Belisário dos Santos JúniorDeferido em: 22/04/2004 por unanimidade (fora indeferido em 05/05/98)Data da publicação no DOU: 26/04/2004Maranhense de Colinas, operário e feirante, morreu na cidade de Atibaia (SP), quando o sítio em que residia com a esposa e três filhos foicercado pela polícia, em 20/02/1970. Lucena, desde muito jovem, aprendeu os ofícios de eletricista, pedreiro e mecânico, sendo que perdeua visão do olho direito aos 12 anos. Aos 17 anos, já era mestre de oficina mecânica, além de acumular os cargos de apontador e encarregadode uma pequena estatal.Depois de se casar com Damaris, sua companheira também na militância política, Lucena trabalhou como mestre de serraria. Em 1950, ocasal se mudou para São Paulo e participou ativamente na campanha “O Petróleo é nosso”, nos anos seguintes. Trabalharam ambos comooperários da Jafet, no bairro do Ipiranga, assumindo militância sindical como operários da indústria têxtil. Em 1954, ingressaram no PCB,militando nesse partido até 1964.| 117 |

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