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Número 10 - Escola Profissional Gustave Eiffel

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EDITORIAL 1<strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong><strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>20 Anos ao Serviçodo PaísMudanças no Ensinoe a Valorizaçãoda <strong>Escola</strong>Quando em 1989, um grupo de Engenheiros Técnicos doISEL, decidiu fundar a <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>, foipor considerar que o nosso País tinha uma falta de técnicosintermédios devidamente qualificados e não se podia continuara desperdiçar as expectativas e as capacidades dosjovens que, não pretendendo uma formação superior, ambicionavamser bons profissionais. Verificava‐se, à data, umaenorme falta de pessoas qualificadas de nível intermédio,que pudessem formar a fileira das profissões.Sabíamos que assim se fazia nos países do norte da Europa,os chamados países ricos, que possuíam um ensino secundário,no qual a principal via era a formação vocacional.Assim, convictos de que também Portugal devia seguir essecaminho, resolvemos contribuir para alterar o paradigma doensino secundário, começando a incutir que a via prioritáriae maioritária deveria ser a do Ensino direccionado parao exercício de uma profissão.Tendo em conta a realidade actual do mercado de trabalhodefendemos como necessário que todo o tipo de ensinodeverá conduzir a uma qualificação profissional. Os cursosde cariz humanístico deveriam destinar‐se àqueles que nãodemonstrassem vocação para a via profissionalizante.Este paradigma do ensino secundário implica, necessariamente,uma valorização do ensino profissionalizante e artístico,de modo a acabar, de uma vez por todas, com o estigmada formação profissional. Defendemos que aos alunos daFormação <strong>Profissional</strong> se deveria conferir um diplomado 12.º ano e não um diploma equivalente ao 12º ano.Porquê equivalente?Hoje, quase 20 anos passados sobre a decisão de terminarmoscom as lamentações e passarmos à acção criandouma escola profissional, olha‐se para estas matérias deforma diferente e é com enorme satisfação que verificamosque, finalmente, se estão a fazer as rupturas indispensáveise necessárias para prosseguir no caminho de um Portugalmelhor.Defendemos que, para quebrar o ciclo da pobreza, é necessárioe imprescindível evoluir culturalmente. Todas as profissões,sejam elas quais forem, de electricista a carpinteiroou motorista, para além do conhecimento da profissão, têmque adquirir habilitações académicas e, simultaneamente,uma formação cultural, que lhes permitam abrir novoshorizontes.Aos profissionais com pouco reconhecimento social e comfracos recursos culturais tem que, forçosamente, sucederuma nova geração de profissionais de corpo inteiro, comuma sólida formação cultural, técnica e profissional. Sóassim se quebrará o ciclo de pobreza do País.Criámos uma escola com acesso às novas tecnologias, a inovadorasmetodologias de aprendizagem, que faculta uma


2 EDITORIALformação de qualidade e que é para todos pois, mesmoos que não têm recursos financeiros, têm acesso à nossaescola.É por isso que o grupo <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>, ao qual tenho a honrade presidir, recebeu este ano mais de 1 000 novos alunos,que escolheram a via profissional como 1.ª opção e cercade 2 000 candidatos à formação no Centro Novas Oportunidades<strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>.Sabemos que muitos deles terão, no futuro, empregos quehoje ainda não existem e que vão ter que criar respostasinovadoras para algumas das questões que começam aadquirir maior destaque como, por exemplo, as relativasao clima e ao ambiente. As novas tecnologias continuarãoa levar‐nos por caminhos nunca antes percorridos alterandoo mundo de uma forma difícil de imaginar, e terão de seros jovens a levar esses desafios por diante. Muitos necessitarão,também, de possuir excelentes competências linguísticase interculturais, porque cada vez mais as distâncias seencurtam e as fronteiras se esbatem.Para os que perfilham da crença de que <strong>Escola</strong> Públicaé a “<strong>Escola</strong> do Estado” e de que não deveria haver escolasprivadas, nunca é de mais dizer que os subsistemasde ensino são complementares entre si e que, sendoum desígnio nacional aumentar as qualificações académicasdo povo português, é de uma importância crucialo contributo de todos, quer dos estabelecimentospúblicos quer dos privados. O desenvolvimento doPaís não pode estar dependente de problemas menores eo esforço deve ser colocado na busca incessante de mecanismosque conduzam à Excelência de todo o sistema educativoportuguês.Agora que se aproximam os <strong>10</strong>0 anos da Implementaçãoda República é necessário redobrar esforços emobilizarmo‐nos para cumprir uma das maiores e maisimportantes promessas da República: o acesso universalà escola.Temos a firme convicção que, com o esforço de todos, vamosconseguir.Augusto Ferreira GuedesEngenheiro Técnico CivilPresidente da Cooptécnica <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>


ENTREVISTA 3MargaridaMarquesChefe da Representaçãoda Comissão Europeiaem PortugalLicenciada em Matemática – Estatística, pelaFaculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.Mestre em Ciências da Educação – Educação eDesenvolvimento, pela Faculdade de Ciênciase Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.Foi deputada à Assembleia da Republica. Foisubdirectora geral do Gabinete de EducaçãoTecnológica, Artística e <strong>Profissional</strong> do Ministério daEducação. Funcionária da Comissão Europeia desde1994. Exerceu funções na Direcção Geral Educação eCultura e Direcção Geral Imprensa e Comunicação.Foi membro do Conselho Nacional de Educação, emPortugal. Docente Universitária (Teoria da Decisão eSociologia da Educação). É Chefe da Representaçãoda Comissão Europeia em Portugal, desde Setembrode 2005.Tem dois livros editados: “<strong>Escola</strong>s Profissionais: Umespaço potencial de inovação” e “A Decisão Políticaem Educação. O Partenariado Sócio-educativo comoModelo Decisional” e alguns artigos publicadosprincipalmente sobre políticas educativas e políticaseuropeias.Como caracteriza a formação profissional que hoje sedesenvolve nos países da União Europeia?Começaria por destacar o facto de terem sido feitos enormesprogressos na cooperação europeia no que se refere às políticasde educação e formação profissional. Não posso deixarde referir o Conselho Europeu de Lisboa, em Março de 2000,que lançou um desafio imenso a esta cooperação e representouum passo em frente neste campo. É assumido peloschefes de estado e de governo, no quadro da Agenda deLisboa, a importância que as políticas educativas têmpara o desenvolvimento das economias europeias e dainovação. Estabeleceu-se uma estratégia assente na definiçãode objectivos comuns calendarizados. Definiu-se ummétodo para o desenvolvimento dessa estratégia, o chamadométodo aberto de coordenação. Ou seja, os EstadosMembros fixam, em conjunto, objectivos comuns; cada paísapresenta o seu programa para atingir esses objectivos; háum exercício regular, por parte dos países, de reportar àComissão Europeia e ao Conselho os progressos alcançados.E esta decisão do Conselho Europeu de Lisboa contribuiupara a valorização das políticas de educação/formaçãono contexto europeu. Convém lembrar que não existempolíticas comuns de educação/formação, contrariamente,por exemplo, ao que se passa com a política agrícola, paraa qual existe uma PAC (Política Agrícola Comum) ou como Mercado Interno. O Tratado da União Europeia, no seuartigo 149, prevê que a cooperação assente no desenvolvimentoda mobilidade de alunos e professores, na partilhade experiências, no desenvolvimento de projectos transnacionais.As decisões do Conselho Europeu de Lisboa abrem


Express Bldg., 4th Floor, 14’E’ Road, Churchgate, Mumbai - 400 020.All the other terms and conditions mentioned in the Offer Document of the scheme remain unchanged. This addendum forms an integral part of the Offer Document issuedfor the scheme, read with the Addenda issued from time to time.Addendum dated June 7, 2007Notice is hereby given that the Offer Document of Reliance Growth Fund open-ended scheme of Reliance Mutual Fund (RMF) has been modified pursuant to the guidelinesissued by SEBI vide circular no. SEBI/IMD/CIR No. 7/73202/06 dated August 2, 2006 to incorporate the following with imeediate effect:Additions in the paragraph titled “Exposure for foreign equity securities”:i) The scheme, subject to SEBI guidelines issued from time to time, may have an exposure of upto 50% of its net assets in foreign equity securities. However, theexposure in such foreign equity securities would not exceed the maximum amount permitted from time to time.ii) Such investment shall be disclosed while disclosing half-yearly portfolios in the prescrbed format by making a separate heading “Foreign Securities/overseas ETFs.”Scheme-wise percentage of investments made in such sucurities shall be disclosed while publishing half-yearly results in the prescribed format, as a footnote.All the other terms and conditions mentioned in the Offer Document of the scheme remain unchanged. This addendum forms an integral part of the Offer Document issuedfor scheme, read with the Addenda issued from time to time.Addendum dated August 8, 2007Notice is hereby given that the Trustee of Reliance Mutual Fund has approved the introduction of an Institutional Plan under Reliance Growth Fund open ended diversifiedequity scheme of Reliance Mutual Fund, wherein the minimum amount of initial investment shall be Rs. 5 crores w.e.f. August 8, 2007. The Institutional plan shall havethe same common portfolio, investment objective and asset allocation pattern as that of the respective existing schemes, but will have a different expense structure asshown below. Since the proposed new plan shall be within the existing portfolio, the Fund does not have any target for minimum subscription amount under the said planin the scheme.Consequently, the initial investment below Rs. 5 Crores in each of these schemes. (wherein the minimum subscription amount is Rs. 5000) shall be brought under ‘RetailPlan’, with the existing expense structure remaining unchanged. Accordingly, the above mentioned schemes shall have a ‘Retail Plan’ and an ‘Institutional Plan each of theseplans shall have the existing Growth Plan (Growth & Bonus option) & Dividend Plan (Dividend Payout & Dividend Reinvestment Options).The minimum initial investment amount/subscription amount and the expense / load structure and facilities under both the above referred plans shall be as follows:Name of the Plan Retail Plan Institutional PlanMinimum Initial SubscriptionAmountRs. 5000 per plan per option and in multiples of Re. 1/-thereafterRs. 5 crore per plan per option and in multiples of Re. 1/-thereafterMinimum AdditionalSubcription amountRs. <strong>10</strong>00 per plan per option and in multiples of Re. 1/-thereafterRs. <strong>10</strong>00 per plan per option and in multiples of Re. 1/-thereafterExpense StructureInvestment Management FeeOperational ExpensesMarketing ExpensesTotal1.25%0.25%1.00%2.50%1.25%0.25%0.90%2.40%Load StructureEntry LoadFor Subscription below Rs. 2 Crs-2.25%. For subscription of Rs.2 crs and below 5 crs 1.25% and for Subscriptions of Rs. 5 Crsand above NilExit LoadFor Subscription of less than Rs. 5 Crs,• 1% if redeemed/switched on or before completion of 6months from the date of allotment• 0.5% if redeemed/switched between 6 months 1 day &before completion of 1 year from the date of allotment & NilthereafterFor subscription of Rs. 5 Crs and above no exit load shall bechargedEntry Load : NilExit Load : NilFacilities SIP, STP SWP are available Only SWP shall be available.All the other terms and conditions of the respective Offer Document, read with the addenda issued from time to time will remain unchanged. This addendum forms anintegral part of the Offer Document issued for the scheme as mentioned above, read with the Addenda.Addendum dated February 17, 2008Notice is hereby given that Reliance Mutual Fund (RMF) has decided to introduce/change Exit Load in the Retail Plan of the Scheme of RMF on a prospective basis witheffect from February 20, 2008 as indicated belowExit Load for subscription including SIP investmentsFor subscriptions of less than Rs. 5 Crores per purchase transaction• 1% if redeemed/switched on or before completion of 1 year from the date of allotment• Nil If redeemed/switched after completion of 1 year from the date of allotmentFor subscription of Rs. 5 Crores and above per purchase transaction : NilThe revised exit load as mentioned herein above will not be applicable to redemption of units acquired before February 20, 2008 and units acquired under SystematicInvestment Plan (SIP) where SIP is registered before February 20, 2008. Further, exit load on units acquired through Systematic Transfer Plan (STP) facility remainunchanged as mentioned in the offer document of the scheme read with the addenda issued from time to time.All the other terms and conditions mentioned in the Offier Document of the scheme remain unchanged. This addendum forms an integral part of the Offer Document issuedfor the scheme, read with the Addenda issued from time to time.Addendum dated March 28, 2008Notice is hereby given that pursuant to SEBI’s circular No. SEBI/IMD/CIR No. 14/120784/08 dated March 18, 2008. with effect from April 1, 2008. no entry load orexit load shall be charged in respect of bonus units and of units allotted on reinvestment of dividend in Reliance Growth Fund.Annual Report 2007 - 2008 6


ENTREVISTA 5final do 12.º ano, deve escolher uma via profissional. Nofinal desse ciclo educativo disporá de um diploma de ensinosecundário e de um diploma profissional e poderá entrarno mercado de trabalho, ou continuar estudos.Defende-se o ensino profissional como uma opção educativaigual a tantas outras e não como uma via menor,ou de exclusão. Sente que o ensino profissional, em Portugal,é desvalorizado e/ou rejeitado por muitos?Admito que haja ainda um mito, um estigma, em tornodo ensino profissional. E mais uma vez lembro que, Portugalnão é o único país em que este estigma existe. Maspenso que têm sido feitos progressos. As estratégias quetêm sido seguidas, desde a criação das <strong>Escola</strong>s Profissionais,da valorização destas vias de ensino, colocam hoje, claramente,as vias de ensino e as vias tecnológicas/profissionaisem pé de igualdade de valor, de qualidade e de imagem.Mas esse esforço de valorização das vias profissionais,e sobretudo, hoje, de valorização do reconhecimento socialdestas vias é fundamental. O reconhecimento do idênticovalor dos diplomas do ensino secundário independentementeda via escolhida – via de ensino, cursos tecnológicos,escolas profissionais, sistema de aprendizagem – e osperfis de formação desenhados para os alunos de todasessas vias – a partir de três componentes de formação, formaçãogeral, científica e técnica – foram um valioso contributonesse sentido.Reforçar e promover a aprendizagemao longo da vida, a diversidadelinguística e cultural, a mobilidadee o empenho dos cidadãos europeus,em especial dos jovens, é a missãoda Comissão Europeia no campoda Educação e Formação.Tendo por base o livro escrito por si “A decisão política emeducação: o partenariado sócio-educativo como modelodecisional: o caso das escolas profissionais”, que dimensãoapresenta, actualmente, o ensino profissional em Portugale nos 27 países da U.E?Nesse livro procurei abordar a problemática das relaçõesentre o sistema educativo e os sistemas económico e sociale, nesse contexto, a participação dos parceiros sociais nadecisão política em educação. Desenvolvi o conceito de partenariadosócio-educativo, uma parceria construída para aparticipação dos actores na decisão política em educação.Estudei o caso das <strong>Escola</strong>s Profissionais que, em meu enten‐


6 ENTREVISTAder, é um modelo de formação que se organiza nesta problemáticae incorpora esse conceito. Insere-se numa procurade relações mais estreitas entre o sistema educativo eo sistema económico e social, em que, parceiros não tradicionaisao sistema educativo entram no processo de decisão:de criação das escolas, de identificação de necessidadesde formação, quer no que diz respeito à área de formação,quer nos próprios perfis de formação. Por outro lado, osparceiros sociais, no caso das <strong>Escola</strong>s Profissionais, estãoimplicados na concepção – na construção da ideia, no percursoda ideia ao projecto; na negociação com o Estado dadimensão organizacional, da dimensão curricular, do financiamento,no desenvolvimento do projecto e na sua avaliação.Trata-se de um modelo de formação que assenta numaresponsabilidade partilhada entre o Estado e a SociedadeCivil. Estudei, também, a dimensão da cooperação transnacionalentre as escolas dos diferentes Estados Membrosda União Europeia, de que o desenvolvimento das <strong>Escola</strong>sProfissionais beneficiou. Algumas escolas participaramem redes transnacionais de cooperação na UE que trouxerammuitos contributos quer para as escolas participantes,quer para o modelo em si. Importámos ideias, avaliámolas,adaptámo-las e incorporámo-las. Mas também exportámosideias que foram incorporadas em projectos, noutrosEstados Membros.A cooperação na educação insere-se nesta lógica: napartilha de experiências, na troca de boas práticas, noir ver no terreno as escolas, os seus projectos e a formacomo elas se relacionam e no contexto em que estãoinseridas. Daí a importância da mobilidade e dos programase acções europeus que apoiam e promovem amobilidade como aconteceu no caso do programa Petra emais tarde nos programas Sócrates e Leonardo da Vinci ou,actualmente, no programa europeu Educação ao Longo daVida, Leonardo ou Erasmus, este último dirigido ao ensinosuperior.Que importância atribui aos novos cursos de dupla qualificação,“Educação Formação de Jovens, Educação eFormação de Adultos” e às formações modulares certificadas?Que previsão faz em relação a estes (novos) mecanismosformativos?A promoção deste tipo de alternativas na diversificação daoferta de formação é fundamental para aumentar a procurapor parte dos jovens e adultos. Aproximar mais a oferta dosinteresses das pessoas é melhorar a pertinência porque aaproxima mais das necessidades das pessoas, da economiae da eficácia da formação porque age do lado da oferta edo lado da procura. Por outro lado, certificar todas as formaçõesque as pessoas realizam, qualquer que seja o contexto,faz parte da seriedade com que a formação é encarada,evitando desperdícios e valorizando o esforço das pessoas.Neste exercício de certificação, tem necessariamente, dehaver critérios de rigor e de qualidade acompanhados.Na iniciativa “Novas Oportunidades” é sustentado queo governo pretende que, até 20<strong>10</strong>, 650 mil jovens sejamabrangidos pelos cursos tecnológicos e profissionais,fazendo do 12º ano o referencial mínimo de formação.Como observadora atenta a estes assuntos que comentáriolhe oferece fazer sobre esta medida.É um esforço necessário e que aparece associado à necessidadede valorização das pessoas e do aumento dos níveisde escolarização da população activa, que em Portugal sãoainda bastante baixos. Os jovens continuam a abandonarprematuramente os sistemas de educação/formação. Têmsefeito progressos mas há ainda um caminho a percorrerpara alcançar os objectivos que Portugal se propõe realizar.Eu diria, tem a responsabilidade política de a realizar tendoem conta os compromissos que assumiu nesta matéria, nocontexto Europeu (os chamados objectivos de Lisboa nodomínio da Educação/ Formação). Acompanhei o desenvolvimentodesta iniciativa, por razões que decorrem da minhafunção, juntamente com o Comissário Europeu Jan Fiegel,responsável pelas políticas europeias de Educação, Formação,Cultura e Juventude, em várias reuniões, quer com asenhora Ministra da Educação quer com pessoas e projectosdesta iniciativa. E devo dizer que “Novas Oportunidades”é considerada uma iniciativa de sucesso: tem um objectivomais do que pertinente, estão identificadas as potencialidadese as fragilidades e vulnerabilidades e as primeiras sãoexploradas e as últimas são acompanhadas e controladasde modo a assegurar a qualidade da formação.Vivemos um tempo em que é necessário haver umagrande adaptação do mercado às novas exigências,uma maior flexibilidade do emprego, uma maior mobilidadegeográfica e profissional do trabalhador e umamelhor formação profissional. Queira comentar estaafirmação.Concordo em absoluto com esta afirmação. De facto, a velocidadede mudança e de tornar obsoletos, rapidamente, osinstrumentos e as competências das pessoas gera desafiosimensos aos sistemas de educação/formação. Por isso, falarde educação ao longo da vida é a forma apropriada de nosrelacionarmos, por um lado, com a formação das pessoas epor outro com as necessidades da economia. Normalmente,são as pessoas com níveis de qualificação mais baixos, asque menos recorrem a formações formais ao longo da suavida activa. Por outro lado, continuo a pensar que os parceirossociais, a economia e as empresas têm um papel importanteno desenvolvimento das políticas educativas e de formaçãoprofissional, não só na organização mas também nasua concepção. Uma maior aproximação entre o sistemaeducativo e o sistema económico, em que cada um dê acontribuição que lhe é devida, é fundamental para que a


ENTREVISTA 7educação responda às necessidades da economia e da inovaçãomas que seja também um motor da inovação e daincorporação da inovação pela economia.É de facto com a “mobilidade” que os jovens são confrontadosà saída da escola. A ideia de um emprego para toda avida está, hoje, fora de causa. O mercado de trabalho comque os jovens são confrontados é o mercado de empregoeuropeu, quer pelas oportunidades de saída mas, tambémpela concorrência dos outros europeus que procuram onosso país para trabalhar.A União Europeia, alargada a 27, é cada vez mais umespaço de diversidade cultural. De que forma podemos nossos jovens enriquecer-se e valorizar-se com este“caldo” de culturas?Mobilidade, sejam móveis, viajem e viajem muito. Viagemfísica e viagem virtual. Só assim é possível conhecermos oespaço geográfico e político em que nos inserimos, comodisse, um espaço de diversidade cultural, uma enormeriqueza da União Europeia. A Comissão Europeia põe à disposição,dos jovens e das escolas, programas próprios paraa realização desta mobilidade. O programa Educação aoLongo da Vida 2007-2013 é disso um exemplo. Este programaintegra o Comenius para as escolas do ensino básicoe secundário, o Erasmus para o ensino superior, o Leonardoda Vinci para o ensino profissional, o Grundtvig para a educaçãode adultos. Integra acções transversais focalizados nacooperação sobre a aprendizagem das línguas, das tecnologiasde informação e comunicação e na disseminação eexploração de resultados. Reforçar e promover a aprendizagemao longo da vida, a diversidade linguística e cultural,a mobilidade e o empenho dos cidadãos europeus, emespecial dos jovens, é a missão da Comissão Europeia nocampo da Educação e Formação.A dimensão europeia deveria estar mais presente nas escolas,embora tenham sido tomadas algumas iniciativas porparte do Ministério da Educação que são de louvar. A Representaçãoda Comissão Europeia em Portugal tem cooperadocom o Ministério da Educação no sentido de que a UE estejamais presente nas escolas.A “Primavera da Europa” lançada em 2003, é uma iniciativapara fomentar junto dos cidadãos e das instituiçõesa consciência acerca da União Europeia, promovendo nasescolas a educação para a cidadania europeia, através deactividades tradicionais e suportadas pelas tecnologiasda informação. Que impacto tem tido esta iniciativa e/ouquais as metas alcançadas?A Primavera da Europa oferece uma plataforma pedagógicaque permite às escolas integrar a dimensão europeianas suas actividades e envolver os jovens europeus nos processosde decisão e no exercício de uma cidadania activa.Incentiva e apoia as escolas a realizar um dia europeu dedebate e de reflexão sobre uma temática sugerida pelosorganizadores e que envolve diversas personalidades davida pública.Em Portugal, a iniciativa Primavera da Europa – lançadaem 2003 – tem tido um impacto significativo e tem constituídouma oportunidade real para os jovens estudantesexprimirem as suas opiniões e para se fazerem ouvir.É coordenada pelo Gabinete de Estatística e Planeamentoda Educação (GEPE), do Ministério da Educação que em parceriacom diversas entidades, promove a troca de informaçõesentre o coordenador pedagógico nacional da iniciativae os parceiros, articula, dinamiza e assegura a coordenaçãodo plano de actividades a promover junto das escolas, procurandodisponibilizar os meios por forma a que um maiornúmero de escolas participe, de modo a que as actividadesrealizadas envolvam todos os membros da comunidade.A Representação da Comissão Europeia em Portugal é umdos parceiros-chave para a implementação da iniciativa emPortugal, à semelhança do que acontece em outros paísesda UE.Através dos Clubes Europeus, muitas escolas portuguesastêm participado nesta iniciativa integrando esta actividadeno seu projecto anual. Importa referir alguns números queilustram a implementação da iniciativa Primavera da Europaem Portugal:Integrada no Ano Europeu do Diálogo intercultural, aEdição 2008 da Primavera da Europa, foi subordinadaao lema “Ligando Culturas através do Diálogo”. Em Portugal,223 estabelecimentos de ensino registaram-se eparticiparam, activamente, nas várias actividades e concursosdisponibilizados. Duas escolas portuguesas figuramentre os <strong>10</strong> estabelecimentos europeus premiados,respectivamente: a <strong>Escola</strong> EB1 de Abadias (Figueira daFoz) no concurso “O meu amigo estrangeiro” e a <strong>Escola</strong>EB 2,3/S da Guia (Pombal) no concurso “O meu filme daPrimavera da Europa”.“…os parceiros sociais, a economiae as empresas têm um papelimportante no desenvolvimento daspolíticas educativas e de formaçãoprofissional… Uma maior aproximaçãoentre o sistema educativo e o sistemaeconómico é fundamental…”


FORMAÇÃO 9maior exigência na homologação dos cursos de formação,restringindo-os apenas a entidades idóneas e detentoras demeios adequados, bem como, reforçar as auditorias a essescursos de formação, como meio de garantir a qualidade daformação ministrada.• Técnico Superior de Segurança e Higienedo Trabalho – 540 horas;• Técnico de Segurança e Higiene do Trabalho– 1200 horas.A Cooptécnica <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> possui homologação dos referidoscursos de formação profissional, nível 3 e nível 5, epromove através do seu Centro de Qualificação de Activosa realização dos mesmos, respectivamente:Fernando M. D. Oliveira NunesCoordenador dos Cursos de Segurança e Higiene do TrabalhoProcesso de Reconhecimento, Validaçãoe Certificação de CompetênciasDar legitimidade às competências adquiridas e desenvolvidas ao longo da vida permitindouma justa progressão na carreiraA propósito do Júri de Certificação que se realizou no passadodia 27 de Junho, para o Nível Básico, apraz-me citar oPrémio Nobel da Literatura, José Saramago:Em vez de umas quantas propostas arrojadamente gratuitassobre e para uso do terceiro milénio, que logo ele, mais doque provavelmente, se encarregará de reduzir a cisco, por quenão nos decidimos a pôr de pé umas quantas ideias simples euns quantos projectos ao alcance de qualquer compreensão?Estes, por exemplo, no caso de não se arranjar coisa melhor:a) desenvolver desde a retaguarda, isto é, fazer aproximar dasprimeiras linhas de bem-estar as crescentes massas de populaçãodeixadas atrás dos modelos de desenvolvimento em uso;b) suscitar um sentido novo dos deveres humanos, tornandoocorrelativo do exercício pleno dos seus direitos; c) viver comosobreviventes, porque os bens, as riquezas e os produtos doplaneta não são inesgotáveis; d) resolver a contradição entre aafirmação de que estamos cada vez mais perto uns dos outrose a evidência de que nos encontramos cada vez mais afastados;e) reduzir a diferença, que aumenta em cada dia, entreos que sabem muito e os que sabem pouco. Creio que é dasrespostas que dermos a questões como estas que dependeráo nosso amanhã e o nosso depois de amanhã. Que dependeráo próximo século. E o milénio.”(in Notícias do Milénio, 1999).A referida sessão de Júri contou com candidatos do nívelB3, equivalente ao 9.º ano de escolaridade, que tinhamuma média de idades compreendida entre os 40 e os 45anos, geração designada pelo Dr. Rodrigo Gomes, avaliadorexterno, como a “geração das não oportunidades”, precisamentepor lhes ter sido retirado o direito à educação numtempo em que o 4º ano de escolaridade era considerado,por muitos, mais que suficiente e era suposto começar-seimediatamente a trabalhar, mesmo que essa não fosse avontade do indivíduo.Uma das adultas certificadas neste Júri referiu: Não poderestudar ficou-me atravessado, por isso o processo de reconhecimento,validação e certificação de competências foi muitobom para mim, porque me sinto mais valorizada e com ânimopara continuar a estudar como sempre sonhei.O Dr. Rodrigo Gomes sublinhou que este processo se baseiana IGUALDADE DE OPORTUNIDADES, conferindo legitimidadeàs competências adquiridas e desenvolvidaspelos adultos ao longo da vida e permitindo-lhes ficarem igualdade de circunstâncias perante aqueles quetiveram um diferente acesso à educação, ou seja, permitindo-lhesuma justa progressão na carreira, o queaté aqui não acontecera, não por falta de capacidades,mérito ou competências, mas simplesmente por faltade um certificado.


<strong>10</strong> FORMAÇÃOA determinação que leva os adultos a submeterem-se a esteprocesso é um contributo imprescindível para a valorizaçãodos recursos humanos das instituições/empresascom quem estes adultos colaboram e uma maneirade qualificar a sociedade. Este processo elimina barreirasque, geralmente, conduzem a exclusões diversas e ao subdesenvolvimentoeconómico e social.O referido avaliador externo caracterizou o processo dereconhecimento, validação e certificação de competênciascomo um processo reflexivo e analítico, que conduza uma autodescoberta, pois permite que cada adulto sefique a conhecer melhor, reconhecendo em si mesmo ascompetências adquiridas e desenvolvidas que o valorizame distinguem dos outros, daí que o processo também sejaestruturante.Quanto a nós, equipa que acompanha estes adultos, cabenosreconhecer os ensinamentos que eles nos transmitematravés das suas experiências, escolhas e percursos de vidasingulares, tais como: a consciência ambiental que os levaa reutilizar materiais e objectos para criar novas coisas reciclandoo que era desperdício; a superação de dificuldadesque lhes foram impostas para continuarem os seus percursosescolares; a consciência social que os leva a investigarsobre a vida das crianças de rua, em Angola; os esforços dosmotoristas de transportes públicos que todos os dias tentamcontornar alguma falta de civismo nas nossas estradas; astarefas de uma alfandegária num tempo em que na Europaainda havia “fronteiras”; a adaptação a um país diferente, nasequência da emigração, ou a uma vida urbana, na sequênciados movimentos migratórios constantes, do campo paraa cidade; a gestão eficaz do tempo que permite a polivalênciade dedicar-se a várias coisas ao mesmo tempo.Estas são apenas algumas das competências de alguns adultosque foram evidenciadas e validadas ao longo do seuprocesso. Sem o RVCC estas competências continuariam àmargem de uma certificação, excluídas por uma sociedadeque continua agarrada aos mesmos preconceitos e às mesmasconcepções, uma sociedade que continua a sobrevalorizaros conhecimentos em detrimento das competências.Na verdade, muitos ainda desconhecem que as competênciassão também saberes, mas são-no em acçãoE, convenhamos, do que é que todos precisamos? Nadamais, nada menos, do que acção, porque é necessárioultrapassar modelos de desenvolvimento caducados,criar novos modelos que assentem no exercício pleno dedireitos e deveres, reduzindo as desigualdades sociaisque ainda prevalecem e que por vezes parecem acentuar-se,contra as nossas expectativas. Daí ter citado JoséSaramago pois, passados estes anos, as suas sugestões continuama fazer todo o sentido.É nesta linha de acção e neste grande projecto que nós,equipas dos Centros Novas Oportunidades, nos envolvemosdiariamente, pois acima de tudo este é um processo nãosó justo, mas também necessário ao desenvolvimentoda sociedade e do nosso país.Cláudia ValeFormadora do CNO <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>Formações Modulares CertificadasOportunidade de aprendizagem e qualificação – importante instrumentoque permite complementar as qualificações dos portuguesesAs Formações Modulares Certificadas (FMC), regulamentadasem simultâneo com as novas alterações introduzidasnos cursos de Educação e Formação de Adultos pela Portaria230/2008 de 7 de Março, destinam-se a permitir queos adultos possam adquirir mais competências, saberese conhecimentos, no sentido da obtenção de habilitaçõesescolares e qualificações profissionais, de modo auma maior progressão no mercado de trabalho. Estasformações são capitalizáveis na obtenção das qualificaçõesque constam do Catálogo Nacional de Qualificações, permitindoa realização de percursos flexíveis e adaptados deduração variável.As FMC são promovidas por entidades da mais variada natureza(pública, privada ou cooperativa) desde que integrem arede de entidades formadoras do Sistema Nacional de Qualificações,sendo desenvolvidas nos domínios e áreas de formaçãopara que estão habilitadas pela Direcção-Geral do


FORMAÇÃO 11Emprego e das Relações de Trabalho - DGERT. No caso daCooptécnica - <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>, as mesmas serão desenvolvidasna área da Gestão e Administração, Ciências Informáticase Construção Civil e Engenharia, num projectoque irá abranger um total de 540 adultos com habilitaçãoescolar inferior ao ensino secundário e/ou nível de qualificaçãoprofissional III. A duração destas FMC pode variarentre as 25 e as 600 horas.A organização das FMC é feita a partir dos referenciais deFormação, constantes do Catálogo Nacional de Qualificações,podendo corresponder quer a unidades da componenteda Formação de Base, quer da componente daFormação Tecnológica, sendo emitido um certificado dequalificações com as unidades concluídas com aproveitamento.No caso da formação permitir a obtenção de umaqualificação, o adulto deve dirigir-se a um Centro NovasOportunidades para ser feita a validação final do seu percursode qualificação, perante uma comissão técnica, comvista à emissão do certificado final e do diploma.Qualquer adulto, com um percurso parcialmente certificadoatravés do Processo de Reconhecimento, Validação e Certificaçãode Competências, poderá recorrer às Unidades deFormação Modular para completar o seu percurso, aprendermais e também, ao abrigo do Decreto-lei 357/2007, se tivermenos de 6 disciplinas em atraso, para concluir o ensinosecundário, poderá substituir as mesmas por unidades deFormação Modular Certificada. Em qualquer destes exemplospodem, posteriormente, candidatar-se ao ensino superior,quer através da realização dos exames nacionais, queratravés do processo de acesso destinado aos maiores de23 anos.Assim, as Formações Modulares Certificadas são umimportante instrumento de complemento das qualificaçõesdos portugueses, permitindo também o acessoa novas aprendizagens e modernas competências parao seu desempenho pessoal e profissional.Rute MendonçaDirectora do CNO <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> da AmadoraBolonha e o Ensino SecundárioA “Luz” de Bolonha *O Ensino Secundário deve procurar induzir a progressiva responsabilização do alunoface às suas aprendizagens, sem negligenciar a actividade docente de que depende todoo processo. As estratégias prosseguidas devem ir no sentido de co-responsabilizar o alunopela demonstração das competências adquiridas como forma de obter sucesso em cadauma das unidades do percurso escolar.Um projecto educativo, à luz do que nos diz a Declaraçãode Bolonha, deverá construir um modelo pedagógico quepossa permitir que o processo de transferência de aprendizagenspossa estar efectivamente centrado no aluno e nassuas competências, rompendo com uma prática secular deensino magistral.Para conseguir que as práticas passem a ser centradas noaluno, exigem-se alterações de postura, não só ao nível dadocência, mas também ao nível da discência.* Síntese de trabalho de MestradoQuanto aos alunos, exige-se uma atitude responsável, empenhadano seu próprio processo de aprendizagem, com capa‐


12 FORMAÇÃOcidade de desenvolver trabalho de equipa, envolvendo-seem interacções que procurem uma perspectiva colaborativa.Essa transformação de atitude passiva para activa, passandopara o centro do processo, pressupõe que a automotivaçãoexiste.Quanto aos docentes, o seu comportamento terá que deixarde ser o de “detentor” do saber, antes passando a ser o“facilitador” da aquisição dos saberes pelos alunos. A capacidadede proporcionar aos alunos a aquisição das competênciastorna-se, assim, mais importante que o grau deconhecimento do professor.Relativamente ao processo, as alterações de paradigma referidasanteriormente implicam que as estratégias e as actividadessejam diversificadas, com conteúdos dinâmicos emultifacetados, capazes de despertar o interesse a todosos alunos.Em termos de avaliação, devem avaliar-se competências,sejam elas instrumentais, interpessoais ou sistémicas, aoinvés de conhecimentos.Na organização que acolhe todos os agentes envolvidos noprocesso de ensino/aprendizagem, é imperiosa a dinamizaçãodestes processos, a consciencialização dos agentes,apoiando a sua integração neste novo paradigma.Por onde se deve começar a aplicar“Bolonha”?Independentemente de se tratar de reforma imposta aoensino superior, a preparação para o sucesso faz-se, emminha opinião, no ensino secundário. Não só através daelevação dos níveis cognitivos dos alunos (de que tanto sequeixa o Ensino Superior, em todo o mundo) mas, principalmente,ao nível das respectivas atitudes. Porque Bolonha éum processo que vem, essencialmente, “mexer” nas atitudesperante o Ensino/Aprendizagem.Temos que admitir, todavia, que as faixas etárias dos alunos doensino secundário não estão preparadas em termos de desenvolvimentopessoal para que o ensino possa estar totalmentecentrado nos alunos. Ao longo dos anos verifica-se uma crescente“infantilidade” e imaturidade dos alunos, totalmentedependentes do professor, e sem atitude face ao ensino.O Ensino Secundário deve procurar induzir essa progressivaresponsabilização do aluno face às suas aprendizagens, semnegligenciar a actividade docente de que depende todo oprocesso. Assim, as estratégias prosseguidas devem ir nosentido de co-responsabilizar o aluno pela demonstraçãodas competências adquiridas como forma de obter sucessoem cada uma das unidades do percurso escolar.Daí ser fundamental explicitar, a priori, quais as competênciasque o aluno tem que adquirir para ter sucesso, devendoestar sempre visíveis a todo o momento, obrigando o alunoa “focar-se” nas competências e no seu percurso.O modelo de ensino/aprendizagemPara preparar as pessoas para o sucesso na vida profissional,a <strong>Escola</strong> deve, não descurando os “conteúdos emanadosdo Ministério”, centrar-se na preparação para a aquisiçãodas competências fulcrais (consagradas nos descritoresde Dublin). Aquilo que proponho será provavelmente umaalteração radical no paradigma educacional aplicado aoensino secundário …Os alunos estão habituados a que se lhes dê a resposta... edepressa! Se o professor os “obrigar” a pensar, amuam, peloque as primeiras aulas são, normalmente, traumáticas!Para não dar um exemplo demasiadamente técnico, voureferir-me à disciplina de Português, omnipresente noensino em PortugalNota: Quero deixar antecipadamente claro que ao referir-me àdisciplina de Português não me estou a referir concretamenteà nossa <strong>Escola</strong>, e muito menos a nenhum colega meu, peloque aquilo que escrevo em seguida deve ser entendido em sentidolato.Calculo que o objectivo da disciplina de Português seja queas pessoas sejam proficientes no uso da língua.No entanto, os professores estão, por vezes, tão absortosnos conteúdos que esquecem os objectivos. Os alunos leramCamões e Gil Vicente (sem desprimor para nenhum deles)mas não sabem ler! Muito menos compreender. Então setiverem que ler perante uma plateia, habitualmente, o resultadoé confrangedor!Provavelmente, os professores deviam preocupar-se menoscom os textos literários, antes procurando que os alunosescrevam algo da sua “lavra” pois escrevendo aprende-semais. E, depois, que leiam o que escreveram, em voz alta,perante a turma.Resumindo, é necessário centrarmo-nos menos nos conteúdosimpostos e mais nas competências procuradas. Acreditoque muitos dos problemas de iliteracia e deficiente capaci‐


FORMAÇÃO 13dade de expressão que hoje verificamos seriam atenuadosse esta prática fosse comum no ensino secundário.A forma de implementaçãoEstas “competências transversais”, fulcrais no desenvolvimentopessoal, devem ser suscitadas em todas as disciplinas.Não pode uma disciplina, isoladamente, tentar promovera aquisição dessas competências, sob pena de ser umagota num oceano.Tem que ser um desígnio da <strong>Escola</strong> a promoção da educaçãopara a proficiência. Porque a conjugação das 5 competênciasdos descritores de Dublin resulta em pessoasproficientes e preparadas para os desafios que a vida lhescoloca.Assim sendo, o professor deve ser capaz de “transformarobjectivos educativos em motivações”, algo de que sesente muito a falta. Só nessa altura, ao nível do ensino secundário,estaremos a preparar os jovens para o sucesso.Vejamos esta formulação aplicada concretamente numexemplo, em TIC (<strong>10</strong>º Ano):Enquadramento conceptualObjectivo geralO módulo “Folha de Cálculo” tem como objectivo principalo desenvolvimento da capacidade de utilizar a folha decálculo como instrumento na resolução de problemas decálculo, em qualquer área.Competências visadasO aluno deve demonstrar ter adquirido as seguintescompetências fundamentais:A. Conhecimento e compreensão• Reconhecer as finalidades da folha de cálculo;• Demonstrar conhecer a forma racional e eficaz de utilizaçãoda folha de cálculo;• Evidenciar conhecimento acerca da forma de criar, editare formatar folhas de cálculo;• Identificar a forma de construir expressões que produzemcálculos, utilizando as suas funções;• Demonstrar conhecer a forma de produzir gráficos apartir de dados, integrando-os como objectos noutrasaplicações;B. Aplicação de conhecimentos• Aplicar os conhecimentos sobre a ferramenta naresolução prática de problemas concretos;• Empregar a folha de cálculo na resolução de problemasna área da especialidade (ex: gestão);C. Competências para a tomada de decisão e elaboraçãode juízos• Analisar criticamente os resultados obtidos a partir doscálculos efectuados;• Auto-avaliação: Demonstrar capacidade para avaliar oseu trabalho, em termos de qualidade final, segundotrês parâmetros - correcção, clareza e organização;• Hetero-avaliação: Evidenciar capacidade de ajuizarsobre trabalhos de colegas (sem conhecer a identidadedos autores) produzindo uma grelha de avaliação(com critérios definidos por si) daí resultando umaorganização hierárquica dos trabalhos (numérica ounão);D. Competências de comunicação• Patentear capacidade para trabalhar em grupo,orientando, motivando e mobilizando os colegas paraa resolução colectiva de problemas;• Demonstrar capacidades de comunicação escrita(relatórios de trabalhos) e oral (apresentação intraturma);• Evidenciar capacidade de produzir questões pertinentesrelativas aos problemas suscitados;E. Competências de aprendizagem• Demonstrar capacidade de auto-orientar o seu processode aprendizagem;• Evidenciar capacidade de, autonomamente, construirsoluções para problemas colocados;• Patentear capacidade de aprender em contextos deinteracção (em grupos);Estratégias pedagógicasO professor deve proceder à demonstração do funcionamentoda folha de cálculo fazendo uso do videoprojector.Esta atitude do professor visa sobretudo motivar atitudesinteractivas e indicar caminhos, permitindo aos alunos iniciarprocessos de construção do seu conhecimento.Por outro lado, depois da introdução dos assuntos, deve privilegiaras aulas práticas, estimulando o trabalho de grupo,procurando uma perspectiva colaborativa na abordagemdos assuntos.Estas aulas práticas devem, sempre que possível, direccionarpara exercícios significativos para a realidade dosalunos.


14 FORMAÇÃOActividades dos alunosDeve ser proposta aos alunos uma abordagem faseada emtermos de complexidade e autonomia:1. Iniciação à utilização de aplicações utilizando-se a metodologiada aprendizagem por execução de tarefas. Odocente propõe exercícios/fichas de trabalho, onde estãolistadas as tarefas a executar pelo aluno.2. Descoberta guiada, mediante uma ficha de trabalhocontendo o resultado a obter, sendo indicados algunspassos para a sua obtenção. É solicitado ao aluno queexperimente, descubra os procedimentos em falta, executando-ospara conseguir o resultado pretendido.3. Em seguida busca-se a consolidação dos conhecimentos,confrontando os alunos com a necessidade de utilizara metodologia da resolução de problemas. O métodoé idêntico ao anterior, mas apenas é fornecido o resultadoa atingir, competindo ao aluno a experimentaçãoe a descoberta dos procedimentos que conduzemao resultado pretendido.4. No final, a turma é dividida em grupos sendo propostoum exercício de natureza colaborativa, em que cada gruponecessita do trabalho de outros grupos para elaboraro seu. Este processo fomenta mecanismos de integraçãona turma e reflecte situações reais numa empresa.Para a medição destes critérios de sucesso deverão existiractividades de avaliação contínua, de natureza diagnóstica,formativa ou somativa, reunidas numa grelha de avaliaçãoque permita traduzi-las em classificações.As grelhas serão aferidas/afinadas através da comparaçãoentre a classificação e os critérios.Avaliação - Critérios18 a 20 - Nível excepcional, muito acima do expectável.Demonstra elevado nível de proficiência na resolução dosproblemas na folha de cálculo.Elevada capacidade de resolver, autonomamente, osproblemas suscitados.Consegue rapidamente conceber uma solução,extrapolando a partir dos conhecimentos existentes e dosmecanismos de ajuda do software.Produz relatórios sem erros ortográficos e com escritacoerente e evidencia boa capacidade de expressão oralperante a turma.É capaz de trabalhar em grupo, discutindo a melhorsolução antes de a entregar como trabalho definitivo.Não necessita de incentivos para trabalhar.14 a 17 - Nível bom, acima do esperado.Demonstra boa capacidade de resolver problemas atravésda folha de cálculo, embora necessite ocasionalmente deser ajudado.Embora consiga resolver os problemas, demora algumtempo a consegui-lo, necessitando ocasionalmente daajuda do professor.Consegue, não de forma autónoma, extrapolar soluções apartir dos conhecimentos que detém.Produz relatórios com alguns erros ortográficos eocasionalmente perde a linearidade na escrita, e evidenciarazoável capacidade de expressão oral perante a turma.É capaz de trabalhar em grupo, discutindo a melhorsolução antes de a entregar como trabalho definitivo.Necessita ocasionalmente de incentivos para trabalhar.<strong>10</strong> a 13 - Suficiente, entre o mediano e o mínimoexpectável.É capaz de resolver problemas através da folha de cálculo,embora necessite frequentemente de ser ajudado.Tem alguma dificuldade em resolver os problemas semajuda, embora o consiga fazer quando ajudado.Não detém a capacidade de auto-orientação, nãoconseguindo facilmente extrapolar, de forma autónoma,as soluções para os problemas com que se depara a partirdos conhecimentos que detém.Produz relatórios com bastantes erros ortográficos efrequentemente perde o “fio-da-meada”.Tem algumas dificuldades de expressão oral perante aturma.Tem dificuldade no trabalho de grupo, e tem dificuldadeem cumprir os prazos. Necessita frequentemente deincentivos para trabalhar.0 a 9 - Insuficiente.Não consegue resolver problemas através da folha decálculo, nem com a ajuda do professor na indicação depossíveis caminhos.Não consegue extrapolar, autonomamente, as soluçõespara os problemas com que se depara a partir dosconhecimentos que detém.Produz relatórios “ilegíveis”, sem fio condutor, e dificilmenteconsegue exprimir-se oralmente perante a turma.Tem dificuldade no trabalho de grupo, e não cumpre osprazos.Necessita sempre de incentivos para trabalhar.Pedro Torres BrásProf.º da EPGE


ENSINO PROFISSIONAL 15Técnico de Gestão e Programaçãode Sistemas InformáticosFormação de técnicos que desempenham tarefas específicasde programação, dentro de equipas de projectoOs métodos e estratégias do curso de Técnico de Gestão eProgramação de Sistemas Informáticos visam a formaçãode técnicos que, independentemente do ambiente detrabalho e das ferramentas de desenvolvimento de softwareque utilizem, possam desempenhar tarefas específicasde programação dentro de equipas de projecto.Aos alunos são proporcionadas aprendizagens sólidase aprofundadas nos seguintes domínios: Programação;Desenho e Implementação de Base de Dados; DesenvolvimentoWeb; Sistemas Operativos.O curso de Técnico de Gestão e Programação de SistemasInformáticos visa a formação de profissionais de nívelintermédio que tenham a sua actividade orientada paraa programação de sistemas informáticos ou a assistênciatécnica, em departamentos de suporte a clientes.Este curso, leccionado na <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong><strong>Eiffel</strong> há muitos anos, desenvolveu uma interligação coma comunidade empresarial dos concelhos de Sintra, Cascais,Oeiras, Lisboa e Amadora, o que permite que os nossosalunos tenham, quer ao longo do curso, quer na suaetapa final (Formação em Contexto de Trabalho) a possibilidadede contactarem com o mundo profissional.São ainda estudados aspectos de arquitectura de sistemas,bem como os princípios de redes de comunicaçãode dados. No último trimestre do curso, os alunos realizamuma Prova de Aptidão <strong>Profissional</strong>, que assume doisformatos, por vezes interligados:• Formação em contexto de trabalho;• Desenvolvimento de um projecto de software.As saídas profissionais para estes técnicos são:• Empresas Software-house, fornecedoras de soluçõesinformáticas;• Empresas de qualquer ramo que necessitem de técnicosde suporte aos sistemas informáticos instalados ou dedesenvolvimento de aplicações.Rui FrancoCoordenador do CursoEsta interligação permite que ex-alunos que trabalhamnestas empresas nos “peçam” estagiários, o que é umamais valia para elas visto conhecerem o perfil dos nossosalunos, e permite-nos a nós trazer para o curso epara a escola as experiências e as novas tendências domercado, de maneira a adaptarmos e ajustarmos o perfildos nosso técnicos.A solidez e profundidade dos conhecimentos proporcionados aos alunos, permite garantir que, comofuturos técnicos, terão uma grande capacidade de adaptação à constante evolução das soluções eequipamentos informáticos, característica que se revela fundamental para o sucesso nesta área.


16 ENSINO PROFISSIONALAlunos que concluíram o Curso Técnico de Gestão e Programaçãode Sistemas Informáticos no ano lectivo de 2007-08Mariana PaulosPosso escrever sobre o que o curso proporciona a nível deconteúdos e aprendizagem, sobre quão difícil é cada etapado caminho que leva ao fim do curso, mas para quê preocuparas pessoas numa fase tão verde? E para além do mais,a dificuldade é relativa!Por isso vou escrever sobre a minha experiência na escola ecom o curso, embora cada caminho seja individual, especial,relativo e feito de escolhas. Uma das coisas que o curso teproporciona é o pensamento lógico e o alvedrio.O curso oferece um vasto rol de matérias e conhecimentose até mesmo a experiência de cada professor. Se estiveresminimamente atento, como estive na maior parte dasvezes, consegues tirar um pedacinho daquilo que te rodeia:os devaneios dos colegas (e dos professores), os conselhosdos professores e a matéria em si, mesmo a menos interessante!É sempre um desafio! As relações com os colegas,com os professores, com a matéria. Os testes, os trabalhos…tudo! E é esse o encanto do curso: não ser sempreigual (pelo menos na maior parte das vezes!) e conseguiresficar sempre com qualquer coisa na cabeça! É verdadeque nem sempre tive a melhor postura, mas o que é quese pode fazer? Todos temos dias menos bons!A verdade é que o curso é tão bom quanto tu o fizeres.Claro que vais ter sempre queixas e razões para te queixar.Claro que nem sempre vais gostar do que te estão a tentarensinar, dos métodos, dos professores, dos colegas…E claro, vais ter de deixar de lado a preguiça para conseguirester bons resultados, coisa que nem sempre fiz.Podes pensar que tive sorte com os colegas, com os professorese com o que cada um me trouxe e na realidadeforam-me dadas várias oportunidades para fazer destecurso “o melhor”, mas nem sempre tive a mesma sorte,e nem sempre fiz por isso. O que importa não é só oprestígio da escola, do curso… não é teres sorte com osprofessores e com os colegas, não é seres o melhor daturma, não é fazeres as melhores ou as piores escolhase muito menos o salto que ele te permite dar no futuro,mas tudo o que conseguiste no fim do dia e como issote fez sentir.Foi tudo isso que me fez apreciar e valorizar o curso etambém o que com ele está directa ou indirectamenterelacionado.Por isso, já sabes, aproveita tudo todos os dias!Para finalizar resta apenas dizer que estagiei na empresaEISA – Estudo e Implementação de Sistema Automáticos- e no fim do estágio fui convidada a ficar, o que foimuito bom.Ruben DomingosA minha experiência, como aluno da <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong><strong>Eiffel</strong>, foi muito gratificante.Durante estes três anos de curso, desenvolvi os meus conhecimentosem várias linguagens de programação, entre elaso VB.NET, o C#, o Java e o JavaScript, mas foi no VB.NET quea nossa atenção foi mais focada, devido a ser uma linguagemde grande flexibilidade e de fácil utilização.No segundo ano do curso, com o Projecto Tecnológico, colocámosem prática todos os conhecimentos que tínhamosadquirido até à data numa aplicação Windows. Neste últimoano, para a Prova de Aptidão <strong>Profissional</strong> foi-nos pedido quedemonstrássemos os nossos conhecimentos e capacidadesna área da programação Web.No meu caso, foi-me pedido um sistema de informaçãocom uma aplicação Windows e ligação a uma aplicaçãoWeb. Este projecto foi desenvolvido para ser utilizado numaempresa real e, como tal, todo o projecto e o seu desenvolvimentofoi estruturado e desenvolvido com objectivosreais, tendo sido muito mais interessante e motivadorpor esse facto.No final do curso estive a estagiar, durante dois meses, numaempresa de desenvolvimento de software. Este foi para mimo maior desafio e o mais interessante, pois a linguagemde programação utilizada diferia de todas as que aprendino curso, mas que consegui aprender e dominar, visto terganho muita autonomia ao longo do curso.Este curso permitiu-me obter as bases necessárias,quer a nível técnico, quer em aptidões profissionaisde que vou necessitar para entrar no mercado detrabalho com sucesso e confiança.


ENSINO PROFISSIONAL 17João Paulo Amaroda Costa Luz Carneiroex-aluno, 26 anosCurso: Técnico de Gestão de SistemasInformáticos, concluído em 2002Profissão: Trabalhador e estudanteO que o levou, em 1999, a optar pelo ensino profissional?No ano anterior tinha frequentado o 11.º ano do ensinosecundário, mas o desinteresse pela escola e consequentebaixo aproveitamento levaram-me a tomar a opção deingressar no ensino profissional permitindo-me, assim,continuar a estudar numa área mais específica e de umaforma mais prática, garantindo uma formação especializadae competências técnicas com elevado valor no mercadode trabalho.Porquê a escolha do curso de Gestão de SistemasInformáticos e da <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>(EPGE)?Quando optei pelo ensino profissional não tive qualquerdúvida em relação à área de estudo uma vez que já passavamuitas horas no computador, pelo que segui o que penseiser a minha vocação. A escolha da EPGE baseou-se no factode, na altura, esta ser considerada a melhor escola profissionalna área de informática. A EPGE oferecia três cursosna área de informática, tendo eu escolhido o de Gestão deSistemas Informáticos por ser o mais abrangente cobrindohardware, software e redes.Que aspectos gostaria de realçar da sua passagem pelaEPGE?Recordo, especialmente, o companheirismo, o espírito deentreajuda entre colegas e também uma relação mais próximacom os professores do que é habitual.De que modo os conhecimentos adquiridos na EPGE lheestão a ser úteis?Uma vez que depois da EPGE continuei a trabalhar em simultâneocom o curso universitário no Instituto Superior Técnico,a formação e diploma obtidos na EPGE permitiram-mefacilmente arranjar trabalho como técnico de informática.Concluído o curso profissional, em 2002, está a prosseguirestudos no Ensino Superior.Que curso está a frequentar e de que modo os conhecimentosadquiridos na EPGE estão a ser postos em práticana faculdade?Estou a terminar o mestrado em Engenharia Informática e deComputadores no Instituto Superior Técnico. Nos primeirosanos senti, naturalmente, maior facilidade em cadeiras relacionadascom a informática do que os alunos provenientesdo ensino secundário, no entanto, em contrapartida sentimaior dificuldade nas cadeiras de matemática e física.O seu actual trabalho está relacionado com a suaformação?Sim, trabalho como técnico de informática na Unidade deGestão do Mecanismo Financeiro do Espaço EconómicoEuropeu e estou a concluir a dissertação de mestrado naárea de Redes de Sensores Sem Fios numa empresa chamadaMovensis.Que avaliação faz do mercado de trabalho na sua áreade formação?O mercado de trabalho na área de informática e das novastecnologias está cheio de ofertas e oportunidades. Numaaltura em que o nível de desemprego é o mais alto dasúltimas décadas, a oferta de emprego nesta área continuaa crescer. Um curso técnico-profissional constitui uma boabase de formação, permitindo satisfazer um determinadosector, no entanto, uma formação superior cada vez maisse revela indispensável.Qual é o seu projecto de vida, a nível profissional e queprojectos gostaria de desenvolver no futuro?O projecto que estou a realizar como parte da dissertaçãode mestrado foi o meu primeiro contacto com o mundo dainvestigação. Gostei muito da experiência o que me levoua ponderar a candidatura a um doutoramento onde possajuntar a informática, a minha vocação e área de formação,com a biologia, uma área pela qual sempre tive uma enormepaixão mas que nunca cheguei a desenvolver.


18 ENSINO PROFISSIONALDBG – Gabinete de Aplicações Informáticas, Lda.Software-houseEmpresa acolhedora de estágiosA empresa DBG foi criada em 1987, tendo recentementecomemorado 20 anos de actividade como softwarehouse,ou seja, desenvolve software aplicacional dirigidoa empresas. Dentro desse mercado, a DBG sempreapostou em segmentos muito específicos, como seja porexemplo o software de gestão escolar, fidelizando os seusclientes através do estabelecimento de relações de confiançafornecedor-cliente, através da vontade expressade ir ao encontro das necessidades dos clientes e daprodução de soluções que os pudessem apoiar nas suasnecessidades.Porque controla todos os segmentos do ciclo de desenvolvimentode software, a DBG analisa, produz, implementae assiste todo o software que produz, não estandonunca dependente de terceiros para a prestação dos serviçosao cliente.O seu mais recente projecto de desenvolvimento de software,a aplicação pleon (instalada em mais de 70 entidadesa nível nacional – regiões autónomas incluídas)contou, ao longo do tempo de desenvolvimento - entre2003 e o presente -, com o envolvimento de 7 ex-alunosda <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>, contando actualmentecom o envolvimento a tempo integral de 3 exalunos,que estão perfeitamente integrados na equipade desenvolvimento.É dentro desta filosofia que existe uma parceria com a<strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>, desde há alguns anosa esta parte, tendo a DBG acolhido mais de uma dezenade alunos provenientes da EPGE, proporcionando-lhes ocontacto com a realidade empresarial e com a profissãode programador, integrando esses estagiários em equipasde desenvolvimento de software profissional.É extremamente interessante a facilidade de integraçãodestes alunos na realidade empresarial,levando-nos a crer que a base que os alunos obtêmna <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> os prepara deforma decisiva para um excelente desempenho profissional,seja ao nível das competências seja ao níveldas atitudes.É evidente que nem todos são técnicos excepcionais, masimporta registar que muitos o são. E isso não pode serobra do acaso. Na realidade, acreditamos que a preparaçãoque os alunos trazem ser-lhes-á de extrema importânciapara os percursos seguintes, sejam eles de naturezaescolar ou profissional.Para terminar importa referir que, no presente momento,metade dos funcionários da DBG, todos com contratopor tempo indeterminado, são oriundos da <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong><strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> o que, por si só, corrobora o queatrás mencionámos.


ENSINO PROFISSIONAL 19Técnico de EnergiasRenováveisPara um fututo já presentee urgenteBate o sol na minha aldeiacom várias inclinações.Ângulo novo, nova ideia;outros graus, outras razões.Que os homens da minha aldeiasão centenas de milhões.(excerto do poema “Minha aldeia”, de António Gedeão)Século XXI, Ano de 2008, <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong>Alda Brandão de Vasconcelos – EPAV – emColaresQuando questiono os meus formandos do Curso <strong>Profissional</strong>de Técnico de Energias Renováveis sobre os motivos daescolha do curso, a resposta é invariável: “É o futuro”. Enganam-seos meus formandos: não é o futuro, mas sim o presente,que se prolongará no futuro. E trata-se de um presenteque chegou tardio. Os ângulos novos, as novas ideias,os outros graus e as outras razões demoraram muito tempoa ser compreendidos pelos poderes das muitas aldeiazinhasque formam esta aldeia global.Num planeta que se tem concretizado cada vez mais numaaldeia global graças aos progressos tecnológicos, nomeadamentepor via da comunicação digital, é justo que a globalizaçãoseja, também, a do bem-estar (não confundir comconsumismo), o que implica aumentos significativos dosgastos energéticos.Século XX, Anos 70, Feira do Livro de LisboaSou ainda um teen-ager que compra um livro intitulado “Aface oculta do Sol – Arquitectura e Energia Solar”, de BricoloLezardeur (Via Editora). É nesta época, à distância de umageração, que ocorre o primeiro choque petrolífero, que secomenta que o petróleo um dia acabará e que se erguemas primeiras vozes de alerta sobre as alterações climáticasprovocadas pela queima dos combustíveis fósseis. Os cientistasque dão o alarme e os técnicos que propõem energiasrenováveis são vistos pelos poderes da época (e aindarecentemente) como sonhadores. Certamente, mas não nosentido depreciativo, que os interesses político-económicostentaram dar ao termo. Sonhadores, sem dúvida, daquelesque fazem o mundo pular e avançar, nos versos sábios da“Pedra Filosofal”, do poeta António Gedeão, aliás Rómulode Carvalho, professor de Física.Se, por um lado, é urgente educar para a poupança energética,ainda assim é necessário o recurso a energiasalternativas que sejam renováveis e limpas. A energianuclear, pelos processos actuais, não é nem renovável nemalternativa, devido ao elevado risco ambiental e aos incalculáveiscustos económicos de desmantelamento das centraise de armazenamento dos seus resíduos.Sabemos que as energias renováveis, no estado de desenvolvimentotecnológico actual, não serão ainda suficientespara suprir todas as necessidades presentes e de um futuropróximo. Porém, nesta aldeia global, o Sol bate todos os diascom muitas inclinações, gerando ventos e biomassa. É naproliferação dos pontos de geração de energia renovávele na diversidade das formas de geração, solar térmica oufotoeléctrica, eólica, biológica, marítima (ondas e marés) eoutras que surgirão, que reside a grande força de mudançado modelo energético. Com uma grande vantagem: a possibilidadede produzir localmente, para gastar localmente,


20 ENSINO PROFISSIONALsem as enormes perdas de energia por transporte e comganho de autonomia para as populações.tarefas repetitivas. Para isso fabricaríamos robôs em vezde formarmos pessoas.Para que a proliferação tão desejada das energias renováveisseja um sucesso da humanidade é necessário formartécnicos em quantidade e com qualidade. É neste contextoque o arranque de cursos de formação profissional de nívelsecundário, 3 anos, em diversas escolas portuguesas, constituiuma excelente notícia.Centremo-nos então no perfil de qualidade exigívelaos futuros técnicos: homens e mulheres com consciênciaprofissional e social para os quais, além do “saberser”, do “saber estar” e do “saber fazer”, seja relevanteo “saber aprender”, dado que ao longo da vida profissionalas mudanças tecnológicas no sector vão-se sucedera um ritmo acelerado, obrigando a uma actualizaçãopermanente de conhecimentos e práticas.Alguns formandos queixam-se do peso das disciplinas básicas(científicas e socioculturais) no programa curricular, apesardas cerca de mil e duzentas horas de disciplinas tecnológicas(das quais mais de trezentas em oficina ou laboratório)e das quatrocentas e vinte horas de formação em contextode trabalho (estágios). Teremos de os fazer compreenderque o bom profissional não é aquele que só sabe fazerUm bom profissional tem de saber trabalhar em equipa,respeitar os outros, lidar com clientes e sentir-se integrado,para o que muito contribui a componente formativasociocultural. Também tem de ter um espectro largode conhecimentos científicos de base, quer de Física e Química,para melhor se adaptar à evolução tecnológica permanente,quer de Matemática, disciplina potenciadora dotreino da inteligência e do poder de sistematização dos problemaspara melhor os resolver.O perfil de desempenho associado ao técnico de energiasrenováveis adequa-se totalmente às necessidades actuaisdo mercado de trabalho nesta área, trazendo consigo umoutro perfil extremamente importante e motivador: o dasatisfação por o trabalho a realizar ser útil, não apenas parao seu sustento familiar, mas também para a sua região epara este planeta globalizado a que António Gedeão chamouum dia de “minha aldeia”.Miguel FigueiredoCoordenador do Cursode Energias Renováveis - EPAVCurso de Formação de Motoristade Transporte Colectivo de CriançasReforçar as competências técnicas de condução, de prevençãorodoviária, de primeiros socorros e de competências sociaisO transporte de criança e jovens, até aos 16 anos, emveículos automóveis, tem crescido com a concentraçãoda população em centros urbanos e, simultaneamente,com o aumento das distâncias entre o meio escolar e asactividades complementares. A frequência com que, hojeem dia, se efectuam transportes de crianças, passou aacrescentar, aos lamentáveis números de sinistralidadenacionais, um número crescente de crianças.Assim, e de modo a travar a escalada de sinistros envolvendocrianças em veículos motorizados, foram criadasnovas leis e, em paralelo, lançadas campanhasde sensibilização ao nível da prevenção rodoviáriainfantil.Com a entrada em vigor da Lei 13/2006, de 17 de Abril,e os Decretos-Lei e as Portarias subsequentes, os Motoristasdo Transporte Colectivo de Crianças têm, obrigatoriamente,de frequentar Acções de Formação. Os regulamentosdestacam a necessidade destes profissionaisreforçarem as suas competências técnicas de condução,de prevenção rodoviária, de primeiros socorros e de competênciassociais, cuja componente relacional é um elementoessencial.


ENSINO PROFISSIONAL 21Neste contexto, o Centro de Qualificação de Activos<strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> encontra-se homologado pelo Institutoda Mobilidade e dos Transportes Terrestres(IMTT) para ministrar Cursos de Formação para Motoristado Transporte Colectivo de Crianças.A Formação desenvolve-se segundo padrões de qualidadee rigor, proporcionando um ambiente de excelência,no qual os formandos desenvolvem as suas competênciastécnicas, sociais e pessoais.Os formandos que obtiverem aproveitamento recebemum Certificado, emitido pelo IMTT e válido pelo períodode cinco anos.MódulosLegislação sobre Transporte Colectivo de CriançasPrevenção RodoviáriaLegislação RodoviáriaTeorias e Práticas de ConduçãoRelações InterpessoaisAspectos Psicossociológicos da Função de MotoristaPrimeiros SocorrosObjectivos gerais do curso:TOTALCarga Horária5 h5 h5 h5 h5 h5 h5 h35 h• conhecer as obrigações legais dos motoristas de transporte colectivo de crianças e as contra-ordenações eprocesso subjacente;• conduzir viaturas para o transporte colectivo de crianças no ambiente rodoviário, em condições de segurançae bem-estar;• reconhecer a importância da adopção da prática de condução defensiva, adequada às diversas situaçõesrodoviárias, respeitando as normas de circulação em vigor;• conhecer os procedimentos em caso de acidente e/ou incêndio na viatura;• distinguir aspectos que influenciam a condução e as atitudes dos motoristas;• relacionar-se com as crianças, professores/educadores, vigilantes, entre outros, com assertividade e respeito.Paula SantosResponsável de Formação da Área de Transportes


A NOSSA ESCOLA22 ENSINAR E APRENDERRobCup 2008Campeonato Mundial de RobóticaUma competição que promove a aprendizagem e a convivência entrejovens de países e culturas diferentesrepresentativa e unificadora das respectivas apresentaçõesindividuais, tendo-se chegado ao seguinte consenso: as nossasalunas representavam os aliens (Mal) e os participantesisraelitas representavam os humanos (Bem) que lutam empalco, usando espadas luminosas, assim como os robôs. Nofinal, quando todos morrem e não há vencedores, entra oleão que executa uma dança tradicional chinesa. A mensagemque se pretendeu transmitir foi a de que, na guerra, nãohá vencedores, apenas perdedores e que os seres humanosse devem manter unidos, em prol da paz.Uma equipa da <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> constituídapor alunos dos cursos técnicos de Multimédia, de Electrónica– Automação e Comando e de Animador Socioculturalda EPGE da Amadora, Queluz e Entroncamento respectivamente,viajou até Suzhou, na República Popular da China,para participar na RoboCup 2008. Teve como objectivo competirnas provas de Rescue e Dance no RoboCup Júnior, quedecorreu entre 15 e 19 de Julho, integrada no CampeonatoMundial de Robótica.RoboCup apesar de ser uma competição de robótica tem,como um dos principais objectivos, promover a aprendizageme convivência entre jovens de países e culturas diferentes.No cumprimento deste objectivo, após as participaçõesindividuais de cada equipa em competição, é elaborado umranking e são formadas as denominadas Super Team que, sãoequipas interculturais formadas por várias das equipas individuais,tendo estas que criar uma simbiose para ir a concursocom uma apresentação conjunta, utilizando as premissasdas suas participações individuais.Independentemente dos resultados, importante é participare, ao longo dos últimos anos, temos vindo a fazê-locom grande dignidade, força de vontade e prazer notrabalho desenvolvido.Reforçando esta ideia, recomenda-se a consulta do site http://www.joyahostel.com/bbs/ShowPost.asp?ThreadID=114onde se pode verificar a boa impressão que a equipa daEPGE tem deixado pelos locais por onde tem passado.Nada disto seria possível sem o esforço da nossa equipa eo apoio de várias instituições tais como: Ciência Viva, Ag ê n-c i a pa r a a Cu lt u r a , Ci ê n c ia e Te c n o l o g ia , Farma-APS – ProdutosFarmacêuticos, S.A., TMN – Telecomunicações Móveis Nacionais,S.A., Câmara Municipal do Entroncamento, Junta deFreguesia de São João Baptista (Entroncamento) e Juntade Freguesia da Venteira (Amadora) bem como da Cooptécnica<strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>.Foi já nesta fase da competição que a equipa da EPGEalcançou o seu melhor resultado. Integrada numa SuperTeam com uma equipa de Israel e outra da China, obteveo 1.º lugar da prova de Dance.A nível individual, a equipa da EPGE apresentou uma dançaalusiva ao Bem e ao Mal com inspiração no filme Star Wars(Guerra das Estrelas), a equipa de Israel apelava à paz entreos povos e a equipa da China exibiu uma dança tradicional,representada pelo Leão. Em conjunto, decidiu-se fazer umvídeo para caracterizar as 3 equipas, mais a nível individual,e criou-se uma coreografia conjunta que conseguisse ser


A NOSSA ESCOLAENSINAR E APRENDER 23Projecto Comenius – SOS EARTH e GEN IICom preocupações ao nível do ambiente e da robótica, a EPGE participaem parcerias transnacionais entre estabelecimentos de ensino com vistaao intercâmbio de experiências, boas práticas e inovaçãoPela primeira vez, a <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> vaiestar envolvida em dois projectos Comenius. A qualidadedo trabalho apresentado permitiu-nos ter os dois projectosaprovados.O primeiro projecto, denominado SOS Earth e queenvolve a <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> da Amadora e doEntroncamento, consiste em desenvolver uma série de estudosna área da Ecologia e da Educação Ambiental e desenvolve-seem parceria com outras escolas participantes.Este Projecto decorrerá ao longo de dois anos lectivose terá as seguintes áreas de intervenção: o estudodas formas de energia; a eficiência energética; a iluminaçãoe sua influência no comportamento humano ea influenciada da luz nas rotas migratórias das aves,em 2008/2009. No ano lectivo seguinte será exploradoo tema das alterações climáticas/aquecimento globaldo planeta e os impactos das alterações ambientais nasaúde humana.As escolas participantes são: Grupul Şcolar de Construcţii-Montaj “Mihai Bravu”, Bucareste, Roménia (Coordenadores);Lincoln Christ’s Hospital School, Lincoln, United Kingdom;Saarnilaakson koulu , Espoon kaupunki, Finland; <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong><strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> da Amadora e do Entroncamento.O segundo projecto denominado GEN II envolverá, principalmente,alunos e professores da EPGE da Amadora eacarreta grande responsabilidade para o Núcleo de Investigaçãoe Desenvolvimento (NID), uma vez que se encontramassociadas quatro universidades de diversos países etambém várias escolas.As universidades associadas são: Universidade do Minho,Portugal; Uppsala universitet, Suécia, Technical UniversityGraz, Áustria e Open Univeristy, Reino Unido.As escolas participantes são: <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>,Amadora, Portugal (coordenadores); Simpert-Kraemer-GymnasiumKrumbach, Krumbach, Alemanha; Illertal-GymnasiumVöhringen, Vöhringen ,Alemanha; Bishop Challoner CatholicSchool, Birmingham, Reino Unido;Belvidere School, Shrewsbury,Reino Unido; HTBLA Weiz, Gratz, Áustria e Alsike Skola,Knivsta, Suécia.O sucesso do projecto desenvolvido anteriormente facilitounoso envolvimento destas entidades.Durante os dois próximos anos lectivos, formaremos equipasmultinacionais de futebol robótico utilizando um robôdesenvolvido em conjunto pelas escolas participantes,com vista à participação nos campeonatos nacionais dosdiversos países bem como no RoboCup. Como escola coordenadoraestamos orgulhosos, mas conscientes da enormeresponsabilidade.A primeira reunião preparatória decorre na nossa escola, emNovembro. Além dos professores das escolas envolvidas esperamostambém receber representantes de duas empresas, umafrancesa e outra inglesa, o que demonstra o interesse que esteprojecto suscita.


A NOSSA ESCOLA24 ENSINAR E APRENDERPlataforma de Apoio ao EnsinoInduzir motivações através da utilização de meios tecnológicosque são familiares aos alunosEncontra-se em funcionamento, desde o dia 15 de Setembrode 2008, a Plataforma de Apoio ao Ensino da <strong>Escola</strong><strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>:Baseada no Moodle, um CMS (Course Management System)“open source” de crescente utilização à escala mundial e quepermite a criação de comunidades virtuais de aprendizagem,a plataforma de apoio ao ensino da <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong><strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> pode ser acedida através do endereçohttp://eiffel.webhs.pt (proximamente, será criado um URLmais apropriado e uma ligação a partir da página web da<strong>Escola</strong>, no sentido de facilitar o acesso dos utilizadores).Da informação relativa ao público-alvo constante no estudode caracterização e medição do grau de satisfação dos utentesda <strong>Escola</strong>, designado de “ApQ – avaliar para a qualidade”, disponívelem http://www.gustaveeiffel.pt/home/Relatorio_Preliminar.pdf, verifica-se que 70% dos alunos se encontrana faixa etária entre os 15 e os 18 anos. No entanto, o númerode alunos admitidos no presente ano lectivo, aumenta essapercentagem de forma muito significativa.Essa informação é de extrema importância porque se reconheceque os alunos, nesta faixa etária, se encontram numafase em que o processo de socialização ainda decorre, sendopor isso fundamental a interacção presencial como factoressencial de crescimento e do desenvolvimento do aluno.Assim sendo, a plataforma servirá, essencialmente, comorepositório de materiais, exercícios e testes, sistematizandoe simplificando igualmente o processo de entrega de trabalhose portfolios. Em algumas situações, a plataforma podeigualmente ser utilizada pelos professores para proporcionarfeed-back aos alunos, seja a nível individual seja a nívelmais geral. Curiosamente, ou talvez não, foi já possível verificara ocorrência de situações em que os alunos utilizaramas funcionalidades da plataforma para comunicar entre si,incentivando-se mutuamente, reforçando os laços entre os


A NOSSA ESCOLAENSINAR E APRENDER 25assíncrona (acesso aos materiais e entrega de trabalhos),não sendo de descartar, todavia, a utilização síncrona paramomentos de debate, assim estejam garantidas as condiçõesde igualdade de acesso por parte dos alunos.Neste momento a plataforma conta com 234 utilizadores,17 professores e 217 alunos, tendo registado uma utilizaçãoprogressiva ao longo das últimas 4 semanas e atingidoo máximo de 1336 acessos no dia 15 de Outubro de 2008,dos quais 770 por parte de alunos:Estes dados revelam uma utilização muito significativa, atéao presente momento. Em termos técnicos a plataforma respondeucom eficácia a todas as solicitações, não se tendoregistado nenhum constrangimento de acesso digno deregisto.alunos, designadamente através de emissão de mensagenspara os restantes elementos da turma.Pontualmente, poderá esta plataforma servir, igualmente,de ponto de apoio para actividades colaborativas dos alunos,sempre que os professores considerem que isso poderácontribuir para o enriquecimento das actividades. Assim, autilização desta plataforma será de natureza essencialmenteDurante o ano lectivo, e de forma gradual e progressiva, aplataforma será alargada a todos os professores que manifestemo desejo de a utilizar, qualquer que seja a localizaçãodentro do “Universo <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>”. Não foi estabelecidanenhuma regra de obrigatoriedade de utilização porparte do corpo docente, sendo a adesão absolutamentevoluntária.A plataforma pode ser acedida 24 horas por dia, todos osdias do ano, tendo estado operacional durante o primeiromês de funcionamento em 98,3% do tempo.Pedro Torres BrásProf. o da EPGE


A NOSSA ESCOLA26 ENSINAR E APRENDER<strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>do LumiarA aposta no desenvolvimento de um ensino de qualidade e inovação, a vastaexperiência e uma aspiração antiga, levaram-nos a concentrar e especializaresta escola na área da Construção Civil.A contínua aposta no desenvolvimento de um ensinode qualidade e inovação, a vasta experiência demonstradae uma aspiração já antiga, levaram-nos a concentrare a especializar a EPGE do Lumiar na área da ConstruçãoCivil.Conscientes de que o sector da Construção Civil apresenta,em Portugal, um forte dinamismo e uma importância significativapara o crescimento da economia e do desenvolvimentonacional, investimos num sistema de ensino/aprendizagem de referência, centrado no “saber fazer”, proporcionandoaos alunos um conjunto de saberes e competências,capazes de responder às solicitações do mercadode trabalho.Foi com orgulho que a <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>(EPGE) do Lumiar iniciou o presente ano lectivo em novasinstalações, no “Campus Universitário do ISEC” que permitemaumentar a capacidade de oferta formativa. Actualmentecom cerca de 230 alunos, a criação de um espaçode referência capaz de satisfazer as necessidades formativasde jovens e adultos, no concelho de Lisboa e municípioslimítrofes, tem como objectivo primordial participar activamentena oferta de alternativas dirigidas a um público queprocura uma formação adequada para um exercício profissionalqualificado.O curso profissional de Técnico de Construção Civil aprovadopela Portaria 1276/2006 de 21 de Novembro, assumeuma importância acrescida no sentido de superar a dificuldadeexistente de encontrar, no mercado de trabalho, quadrostécnicos intermédios qualificados e competentes.A Construção Civil é uma área em que a inovação tecnológica,associada à utilização de novos materiais, de novos métodosconstrutivos e novas tecnologias da informação e comunicação,se desenvolve a um ritmo cada vez mais acelerado. Oacompanhamento constante deste processo e a consequenteNo ano lectivo de 2008-2009, a oferta formativa consta dequatro cursos técnicos: Construção Civil, Higiene e Segurançano Trabalho e Ambiente, Comunicação - Marketing,Relações Públicas e Publicidade e Apoio à Infância.O curso de Técnico de Construção Civil com quatro vertentes,afigurou-se, desde sempre, como pilar estratégicoe singular, o que faz justiça ao nome do engenheiro<strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>, símbolo de grandes construçõesum pouco por todo o mundo.


A NOSSA ESCOLAENSINAR E APRENDER 27transformação do perfil de competências dos futuros profissionaisé uma preocupação basilar da nossa escola.Para fazer face a estes desafios torna-se necessário ummodelo pedagógico cada vez mais integrado nos contextosde trabalho. A exigência do desenvolvimento dossaberes adquiridos, a motivação e a orientação dos alunos,caracteriza-se pelos seguintes instrumentos de relevância:participação em aulas práticas de laboratório que permitema demonstração de técnicas construtivas, o manuseamentode materiais, ferramentas e utensílios; participaçãoem palestras/seminários; aquisição de conhecimentos relacionadoscom o software da área de Medições e Orçamentos,bem como de Gestão e Controle de Obra; aquisição desaberes na interpretação e realização de um levantamentoTopográfico e na implementação de obra, entre outros.da Electricidade, obras de pequenos, médios e grandes edifíciosde habitação, edifícios de equipamentos e obras dearte) de modo a permitir aos alunos o contacto com diferentestécnicas de construção e com o ambiente real detrabalho.O curso de Técnico de Construção Civil aposta numa lógicade análise constante aos perfis emergentes de competênciascom o objectivo de formar técnicos aptos a cooperarna elevação da performance e da capacidade competitivadas empresas.No corrente ano lectivo prevê-se o desenvolvimento edinamização de diferentes actividades, tais como: receberempresas da área da Construção Civil, com o objectivo de asenvolver no nosso processo de ensino/aprendizagem e delhes apresentar trabalhos executados pelos alunos; efectuarvisitas de estudo diversas (Museu da Cidade, LNEC, MuseuA EPGE do Lumiar assume, assim, um papel relevanteno investimento em capital humano – qualificação/escolarização– para, consequentemente, contribuir paramelhorar os índices de desenvolvimento, assumindo aeducação e a formação como um investimento necessáriopara a eficiência e qualidade de forma a superar odéfice estrutural, promover o conhecimento científico e estimulara qualidade de emprego, possibilitando a igualdadede oportunidades como factor de coesão social.As variantes deste curso são as seguintes:• Desenho de Construção Civil;• Medições e Orçamentos;• Condução de ObraEdifícios;Infra-estruturas Urbanas;Construção Tradicional Ecoambiental;• Topografia.Patrícia Oliveira – Directora da EPGE do LumiarHugo Deodato – Coordenador do Curso de Construção Civil


28 A PALAVRA AOS ALUNOSDireitos Humanos e Realidade SocialA Declaração Universal dos Direitos do Homem ratificadaem 1948, consistiu num importante passo da humanidadevisando criar mecanismos de respeito e reconhecimentoà dignidade humana, à liberdade, à justiça e à paz nomundo.Infelizmente, tais declarações, princípios e garantias constitucionaissão transgredidos diariamente devido a váriosfactores (capitalismo, globalização, neo‐liberalismo, entreoutros), justificados pela realidade social.A questão dos direitos humanos, possui uma directa relaçãocom o capitalismo e a globalização, uma vez que estemodelo de produção possui um carácter extremamenteindividualista, especulativo e excludente. No mundo ondeos interesses são distintos e antagónicos (direitos humanosx capitalismo), ganha sempre a lógica do capital, do lucro edo consumismo. O cidadão que não possui poder de compra,que não consome, que não teve “oportunidade” de serescravo explorado deste modelo de produção, não possui osseus direitos mínimos garantidos.Nunca na História se falou tanto como hoje em DireitosHumanos, mas estamos longe do efectivo respeito por essesvalores. Todos os anos, 30 milhões de pessoas morrem defome no mundo, 800 milhões de seres humanos sofrem desubnutrição e vivem no limiar da pobreza. São milhões aspessoas que não são reconhecidas como seres humanos,como cidadãos de direito. No mundo globalizado, ondeimpera o mercado, onde reina a competitividade, o egoísmoe o consumismo, os direitos do ser humano ocupama importância de tema de debate.Trata‐se, portanto, de uma grave descaracterização dos valores,que afecta as sociedades contemporâneas: destrói‐se aforça humana que trabalha; destroçam‐se os direitos sociais;brutalizam‐se enormes contingentes de homens e mulheresque vivem do trabalho; torna‐se predatória a relação produção/natureza,criando‐se uma monumental ”sociedade descartável”,que desperdiça tudo o que serviu como “embalagem”para as mercadorias e o seu sistema, mantendo‐se,entretanto, o circuito reprodutivo do capital.Desta forma, considero uma verdadeira falácia e hipocrisiatratar da questão dos direitos humanos sem ver a realidade,(pobreza e miséria) e as transformações do mundo actual.Torna‐se de suma relevância assumiruma nova postura que dê lugar àcoragem de não apenas salientaro que acontece mas sim mostrarindignação e actuar. É vital chamara si a responsabilidade de dar oprimeiro passo e contribuir paraa afirmação e efectivação dosdireitos humanos. A emancipação ecumprimento dos direitos humanosdar‐se‐á quando houver uma rupturano conformismo, na mesquinhez e naindiferença ao sofrimento humano.Afinal, será que existindo uma realidade perversa e desumana,pode haver direitos humanos respeitados? Na perspectivado mercado, da competitividade, da ganância e doegoísmo humano, existem “valores e desejos” que possuemum peso maior face à realização da justiça social.Como se percebe da temática da afirmação dos direitoshumanos existe uma grande preocupação em como fazerque esses direitos essenciais ao ser humano sejam respeitadosfrente à actual conjuntura capitalista e neoliberal.Por outro lado, não deve ser menosprezado o desleixo ebanalização por parte da sociedade e das instituições jurídicasque se acomodam e ignoram o problema. Um dosgrandes desafios face à questão dos direitos humanos nãoconsiste em apenas mencionar a realidade quanto à suaperversidade e a afirmação das violações dos mesmos,mas sim despertar em cada indivíduo o seu papel comoagente de transformação das realidades. É necessário deixarde lado posturas meramente piedosas, ou que apenasdizem que as normas não são cumpridas.Marianela San Millan MarruedoAluna da turma 927Curso de Assistente Comercial Bancário


A PALAVRA AOS ALUNOS 29Híbridos, CNG´s e BiocarburantesA Eco‐Eficiência Sobre RodasEcologia e conforto não são conceitos inconciliáveis. Os automóveispodem ter parâmetros de comodidade e segurança e respeitarem omeio ambiente.Trabalho realizado por alunos do 3.º ano, do cursoTécnico de Animador Sociocultural no âmbito das disciplinasde “Antropologia” e “Área de Estudo da Comunidade”<strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> do Entroncamento (2008)reduzir os impactos deste meio de transporte, reduzindoas emissões de CO2, principal gás responsável pelo aquecimentoglobal.A União Europeia deu um novo passo ao propor umnível de emissão médio de CO2 de 120 gramas por quilómetropercorrido, a partir de 2012, para o parque automóvelnovo. Actualmente, a média europeia situa‐se nos170 gramas.Os automóveis são indispensáveis nos dias de hoje. Sãomáquinas altamente sofisticadas ao serviço do bem‐estare da comodidade dos cidadãos. Permitem uma mobilidadesegura e flexível e são importantes aliados dohomem, na vida urbana moderna. Os automóveis têmsofrido um desenvolvimento extraordinário em termosmecânicos, electrónicos e, até, estéticos. Mas não bastaque a tecnologia esteja ao serviço do conforto do homem.É, também, necessário que o ambiente seja preservado eo seu conforto e segurança igualmente acautelados.Os transportes motorizados são uns dos maiores responsáveispela poluição atmosférica ‐ e consequentemente,pelas alterações climáticas ‐, verificando‐se que,no espaço comunitário, cerca de 80 % dos cidadãos sedeslocam em veiculo próprio. Torna‐se, pois, prioritárioFoi isso que fomos investigar. Realizámos um questionáriocom 8 perguntas, seleccionámos 13 marcas deautomóveis e deslocámo‐nos aos stands de venda paraconhecer os modelos que mais se preocupam com omeio ambiente. As marcas que seleccionámos para onosso estudo foram: Citroen, Ford, Honda, Hunday, LandRover, Kia, Mercedes, Nissan, Opel, Peugeut, Renault, Toyota,Volkswagen.Obtivemos os seguintes resultados: as marcas Ford,Land Rover, Kia, Peugeut, Nissan, Opel, Renault e Hundaynão possuem modelos ecológicos e não dispõem deum modelo integralmente adaptado com tecnologiasambientais, muito embora tenham a preocupação emreduzir as emissões de CO2, adoptando a tecnologia FAP(filtros de partículas). Realçamos, particularmente, as marcasFord, Renault (Eco2) e Peugeut cujos valores de emissãode CO2 se aproximam já das referências da DirectivaEuropeia 1999/<strong>10</strong>0/CE (transporta para o direito nacionalpelo Decreto‐Lei nº 253/2000).


30 A PALAVRA AOS ALUNOSDe entre as marcas que apresentam modelos ou soluçõesamigas do ambiente, passamos a destacar as característicasmais importantes:A Citroen apresenta o modelo C2 1.4. Stop & Start 3DRcom um motor que se desliga automaticamente, permitindopoupança de energia e redução de emissão de carbonoe comercializa, desde o Verão de 2008, o seu primeiroveiculo com biocarburante (abastecimento cometanol) – o C4 BioFlex. Esta tecnologia permite uma reduçãode 40 % de emissão de CO2.A Honda orgulha‐se do seu modelo Honda Civic Hibridque funciona a gasolina e a electricidade com uma emissãode <strong>10</strong>9 g de CO2. Quando o carro está parado notrânsito o motor desliga‐se, voltando a ligar‐se quandose carrega no acelerador. É um veículo muito económicoe pouco poluente que vai já na sua 3ª geração.A Mercedes, fabricante da marca Smart, apresenta umpequeno modelo amigo do ambiente – o Smart Four‐TwoCoupé Hybrid Drive – que é uma alternativa às formas depropulsão convencionais, com um motor stop/start quese desliga quando o carro está parado e se liga quandose carrega no acelerador. Gasta 3,3 litros por <strong>10</strong>0 Kme emite apenas 88 g de CO2 – a menor emissão registadaem todos os modelos analisados nesta reportagem.É de salientar a este propósito que, na emissão de CO2, émuito importante a dimensão e o peso do veículo. Os fabricantesestão, actualmente, apostadas em reduzir o peso dosveículos, aumentando os investimentos nos veículos maispequenos e menos poluentes como é o caso do Smart.A Toyota dispõe do modelo Prius que é um carro híbrido,com motor a gasolina e electricidade. Este automóvel temuma emissão de 99 g de CO2, no circuito extra‐urbano.O modelo existe no mercado desde 1997.A Volkswagen possui o modelo Touran EcoFuel (carrinha)que utiliza como combustível o gás natural (CNG),para além da gasolina (emissão de <strong>10</strong>9 g de CO2). Estaalternativa representa uma redução de 20 % na emissãode CO2.Faça uma boa escolha e conduza com segurança. O planetaagradece!Ecologia e conforto não são, pois,conceitos inconciliáveis.É possível, hoje em dia, adquirir um bomautomóvel com todos os parâmetrosde comodidade e segurança e, ao mesmotempo, respeitador do meio ambientee do ar que respiramos.E já agora deixamos alguns conselhos parauma condução mais ecológica: conduzanuma mudança, a mais elevada possível;mantenha a condução a uma velocidadeconstante e moderada; use o ar condicionadocom moderação, pois aumentacerca de 13 % o consumo de combustível;elimine o peso desnecessário e verifiqueregularmente a pressão dos pneus.Alunos da turma 185 – Curso de Animador SocioculturalFátima Roldão, prof.ª de AntropologiaRui Miguel Belo, prof.º da Área de Estudo da Comunidade


INOVAÇÃO TECNOLÓGICA 31“E-ducação”A perspectiva TecnológicaSustentada no Sistemade Ensino-AprendizagemActualmente, a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação,no sistema de ensino, tem assumido um papel importantíssimo naevolução das mesmas e na inovação das metodologias, quer através dequadros interactivos e projectores multimédia quer mesmo do e-learning(combinação entre o ensino com auxílio da tecnologia e a educação àdistância).No decorrer destes últimos anos, as rápidas e contínuastransformações que a sociedade tem sofrido, são o reflexode uma fuga à sociedade meramente industrial e à eminentenecessidade de emergir numa sociedade de informação.No fulcro destas constantes mutações encontramseas novas Tecnologias de Informação e Comunicação(TIC), que reforçam a ideia de uma sociedade actual, emque o principal meio é a mensagem. Actualmente, a utilizaçãodas TIC nas escolas, tem assumido um papel bastanteimportante na evolução das mesmas e na inovaçãodas metodologias de ensino, uma vez que assente numaperspectiva humanista e centrada no aluno, o conhecimentoé de carácter mais pessoal e que converge, sobretudo,num processo subjectivo de criação de significados,ou seja, o conhecimento transforma-se assim numprocesso construtivo emergente de situações e contextosespecíficos.As tecnologias constituem, tanto um meio fundamentalde acesso à informação (internet, bases de dados)como um instrumento de transformação da informaçãoe de produção de nova informação (texto, imagem, som,dados, modelos matemáticos ou documentos multimédiae hipermédia).Neste sentido e aliando a educação num sistema deensino – aprendizagem com auxílio da tecnologia e combase no ideal da educação à distância surge, o termoe-learning, que de forma progressiva se vai adaptandoe implementando de acordo com as constantes mutaçõeseducativas.Concebendo o e-learning como um processo de educaçãoon-line cujo treinamento fez explodir as possibilidadespara a difusão e compartilha do conheci‐


32 INOVAÇÃO TECNOLÓGICAmento e da informação aos estudantes, facilmente sepercebe o mesmo como uma forma de democratizaro saber para todas as camadas da população, a qualquerhora e em qualquer lugar. Esta partilha em temporeal, seja de carácter síncrono (professor e aluno em aulasimultaneamente – chat, telefone, vídeo e web conferência,entre outros) ou assíncrono (professor e aluno não seencontra em aula ao mesmo tempo – e-mail e fóruns, porexemplo), é pontencializadora, na sua grande maioria evalência, de um processo de interacção entre os participantes,interacção essa para a qual foram disponibilizadosao longo dos tempos, os LMS’s (Learning ManagementSystem), sistemas de gestão de ensino e aprendizagemna web.Embora a sua implementação varie de país para país ede contexto para contexto, o que antes se consideravauma forma especial e invulgar de ensino, tem vindo a tornar-seuma área de generalizado interesse no campo daeducação e da formação, começando por constituir alternativaao sistema de ensino presencial tradicional, tentandodesvincular-se dos objectivos que habitualmentelhe estavam associados.Apesar, e como já foi referido, de ser um expressão jámuito utilizada, a designação e-learning apenas muitorecentemente passou a fazer parte do vocabulário dosprofissionais mais directamente relacionados com a formaçãoprofissional, uma vez que o cepticismo demonstradopelos mesmos pode, efectivamente, ser consideradocom um dos maiores impedimentos à evolução dossistemas e das reformas convenientemente propostas.A utilização destas tecnologias no ensino, também paraadultos, permitirá aos alunos desempenhar um papel maisrelevante no seu processo de aquisição de conhecimentos,ter uma aprendizagem mais rica, mais rápida e com menoscustos e ainda proporcionar-lhes uma maior autonomia.A valorização do indivíduo como agente desta construçãofaz com que, se multipliquem na educação, os apelosà adopção de práticas pedagógicas diferenciadas, demodo a atender às diferenças individuais de aprendizagem.Goreti Carvalho<strong>Profissional</strong> RVC


NOTÍCIAS 33Abertura do Ano LectivoA EPGE abriu o ano lectivo no dia 12 de Setembro, pelas9 horas, no Auditório Brazão Farinha, na Venda Nova, comuma recepção aos novos alunos.Na cerimónia foi entregue o Prémio de Mérito à aluna SandraCunha, do curso Técnico de Gestão de Queluz por ter obtidoas melhores notas, de entre todos os alunos das EPGE. Oprémio foi entregue por um representante do Ministérioda Educação.A cerimónia prosseguiu com as boas vindas dadas peloDirector da <strong>Escola</strong> e dos Coordenadores de Curso e, ainda,com a entrega de um Kit, a todos alunos, composto por umabolsa, um bloco A4, uma caneta e um CD‐ROM interactivocom informação sobre os cursos, os elencos modulares, osemolumentos e o guia do aluno, ou seja, um modo de fornecertoda a informação de forma atractiva e eficaz.Votos de um bom ano lectivo, com muitos sucessos, para professores e alunos.


34 NOTÍCIASCentro Novas Oportunidades<strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> do EntroncamentoA iniciativa Novas Oportunidades foi criada com o propósitode incentivar e melhorar a qualificação geral da populaçãoportuguesa, assumindo uma estratégia que assenta emdois pilares fundamentais: o aumento da procura e ofertade vias profissionalizantes de educação e a elevação da formaçãode base dos activos.Este projecto assume particular pertinência no corrente anode 2008, num momento em que é crucial preparar o capitalhumano do país, porventura o seu bem mais precioso, paraque possa responder, de forma adequada, aos desafios quese adivinham, aumentando a nossa competitividade e capacidadede inovação e de adaptação a novos cenários.Assumindo o seu papel no cumprimento deste desígnionacional, a Cooptécnica <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> actua em diversasfrentes, nomeadamente através da sua ampla oferta formativade dupla certificação, vocacionada para jovens e adultos,através da acção do Centro Novas Oportunidades <strong>Gustave</strong><strong>Eiffel</strong> da Amadora, em funcionamento desde 2006, e, apartir de agora, através da acção do Centro Novas Oportunidades<strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> do Entroncamento. Esta nova estruturafoi formalmente criada pela Agência Nacional para aQualificação I.P. (despacho de autorização de 20 de Maio),encontrando‐se em funcionamento desde o passado mêsde Setembro.Agora, também os adultos da região do Entroncamento têmao seu dispor um serviço gratuito de orientação formativa eeducativa, onde podem encontrar o apoio de uma equipaespecializada em Educação de Adultos na elaboração e concretizaçãodos seus projectos de desenvolvimento pessoal eprofissional. Partindo de um diagnóstico rigoroso, os adultossão encaminhados para os vários percursos formativosdisponíveis ou para um processo de reconhecimento, validaçãoe certificação de competências (RVCC). Este processo,RVCC, permite o reconhecimento social das aprendizagensfeitas pelo adulto ao longo da sua vida, o que lhe poderápermitir aceder ao diploma do ensino básico ou do nívelsecundário.Este é mais um desafio que abraçámos com todo o nossoentusiasmo e empenho, sendo uma honra poder cumprir, noterreno, o que muitos apelidam de um processo de justiçasocial, apresentando novas oportunidades e alternativas atodos aqueles que, por motivos vários, foram precocementeexcluídos da escola ou que dela se distanciaram.Convidamos desde já a população da região a visitar‐nos,para que juntos possamos responder a este desafio!Carla MartinsCoordenadora CNO <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> do Entroncamento


NOTÍCIAS 35Eco‐<strong>Escola</strong>sA atribuição do Galardão “Bandeira Verde 2008” valoriza e incentivaas escolas na continuidade das boas práticas ambientaisO desenvolvimento sustentável do nosso Planeta nãopassa só pelo crescimento económico Mundial, mas tambémpelo crescimento social e ambiental que deve existirem cada um de nós. Pretendemos, por isso, ao longodo ano lectivo 2007‐2008 e enquanto escola, “reeducar” acomunidade escolar e as novas gerações, no sentido daurgente mudança dos padrões de vida traçando percursose executando boas práticas ambientais, para queassim possamos contribuir para travar a galopante degradaçãoambiental e fazer prevalecer a nossa (sobre)vivênciano Planeta.Neste contexto, a EPGE do Lumiar e do Entroncamentodesenvolveram o Projecto “<strong>Escola</strong> Verde” e abraçaram odesafio de procurar garantir, aprender e intervir na preocupaçãoglobal Ambiental através do envolvimento detoda a comunidade escolar. Este projecto culminou coma participação no Programa Internacional Eco‐<strong>Escola</strong>sque tem como objectivo primordial encorajar acções ereconhecer o trabalho desenvolvido pelas <strong>Escola</strong>s, noâmbito da Educação Ambiental/EDS.O plano de acção foi elaborado de acordo com as necessidadesdo nosso público‐alvo e as temáticas contempladasforam as seguintes: Alterações Climáticas, Água, Resíduos,Energia, Ruído e Espaços Exteriores.Como reconhecimento do trabalho desenvolvido, eapós candidatura, foi atribuído o Galardão Eco‐<strong>Escola</strong>s“Bandeira Verde 2008” às duas escolas A entrega doGalardão decorreu em Torres Vedras no dia 26 de Setembro,na Expotorres e contou com a participação do ateliê “Eco –<strong>Eiffel</strong> Lumiar” onde estiveram expostos alguns dos trabalhoselaborados ao longo do ano e onde foi desenvolvida umaactividade sobre a temática “Selecção de Resíduos” destinadaa todas as crianças que visitaram este evento.Houve, ainda, oportunidade para visitar os stands e atelierspatentes na exposição, participar nas conferências e debates,realizar actividades lúdicas relacionadas com as temáticasambientais e conviver com a grande família Eco‐<strong>Escola</strong>sque, neste momento, integra 622 escolas.Para além deste galardão, a EPGE do Entroncamento alcançou,também, o 2.º lugar no concurso “Eco‐Repórter” comas seguintes reportagens: “Do A ao G ‐ o caminho da eficiênciaenergética” e “Híbridos, CNG´s e Biocarburantes ‐ aeco‐eficiência sobre rodas”. Estas reportagens subordinaram‐seàs temáticas da eficiência energética e da mobilidadesustentável.Durante a manhã procedeu‐se à atribuição do prémio doconcurso Eco‐repórter, em que os nossos alunos foramgalardoados, na presença dos representantes da ABAE e dosMinistérios da Educação e do Ambiente. À tarde realizou‐sea cerimónia de entrega das bandeiras, enquadrada por umespectáculo inicial em que algumas Eco‐<strong>Escola</strong>s apresentaramdemonstrações dos seus trabalhos. A EPGE do Entroncamentoem cooperação com a EPGE da Amadora apresentoua Prova de Dança Robótica subordinada ao tema“Alterações Climáticas”.Ângela CalifórniaTécnica do Centro de Recursos da EPGE do LumiarFátima RoldâoProf.ª da EPGE


36 NOTÍCIASAnimação nas Festas do Bodode PombalEntre os dias 24 e 28 de Julho os alunos da turma 204, do Curso Técnico de Animação Sociocultural, da EPGE do Entroncamento,participaram na animação de rua das Festas do Bodo de Pombal. Este grupo teve a seu cargo a animação do recintodas festas com teatro de rua, malabarismo, “sombras” e um desfile de cabeçudos. Para além destas animações, em horáriodiurno, foi também apresentado o espectáculo “Foguearte” durante todos os dias do evento, no estádio Municipal dePombal. O espectáculo de fogo foi apresentado nos vários dias, antes dos concertos dos Blasted Mechanism, da Mariza, daRita Guerra, de Bob Sinclair e dos Anjos.Foi uma experiência extraordinária, de grande responsabilidade e com um impacto positivo, junto do público assistente.Os alunos e professores ficaram amplamente gratificados, sendo o espectáculo muito reconhecido quer pela Câmara Municipalde Pombal, quer pela empresa promotora “Pombal Viva”.


NOTÍCIAS 37<strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>na Arruda dos VinhosCom uma oferta formativa direccionada para as necessidades eanseios da região, esta escola é uma mais valia para toda a populaçãoFoi inaugurada no dia 12 de Setembro, com cerimóniapública, o pólo da EPGE, na Arruda dos Vinhos, após doisanos de parceria entre o CNO ‐ <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong> e a CâmaraMunicipal de Arruda dos Vinhos (CMAV).Situado em instalações, provisoriamente cedidas pelaCMAV, o Pavilhão Multiusos, tem, no seu primeiro ano defuncionamento, duas turmas do Ensino <strong>Profissional</strong>: Técnicosde Gestão de Equipamentos Informáticos e AnimadorSociocultural e duas turmas dos Cursos de Educação e Formação(CEF) ‐ Instalação e Reparação de Computadores,uma formação de nível 2 e tipologia 2 e 3. Actualmente,temos uma população escolar de 71 alunos, 16 docentese 4 funcionários.Dos objectivos que presidem a todas as <strong>Escola</strong>s com a siglaEPGE, saliento a qualidade pedagógica e formativa que sãoapanágio de todos elas, destaco para este Pólo o princípioorientador de enquadrar a sua oferta formativa comas necessidades e anseios que a realidade local e regionalsolicitarem. Seremos uma <strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> na Arruda dosVinhos, mas que assume o desejo de se querer tornar numamais valia para a região onde está inserida, disponibilizando‐sea trabalhar com qualidade formativa e educativa, comtodas as entidades privadas e/ou públicas que queiram tambémassumir este compromisso. Assim, e como passo inicialpara a concretização deste objectivo, neste primeiro ano,será nossa prioridade desenvolver o maior número de contactospossíveis e endereçar convites a todas as entidadesque manifestarem interesse em integrar o Conselho Consultivoda EPGE da Arruda dos Vinhos, que terá como funçãoa análise do processo formativo que se desenvolve epropor orientações que apoiem e melhorem o enquadramentoformativo da <strong>Escola</strong>.<strong>Escola</strong> <strong>Profissional</strong> <strong>Gustave</strong> <strong>Eiffel</strong>Pavilhão Multiusos – Vale Quente – Arruda dos VinhosTelef. 263 978 900José Manuel LealDirector da EPGE de Arruda dos Vinhos


38 OPINIÃOPrecisamos conversarPorfírio SilvaCriamos, por vezes, muitos mal‐entendidos por nosagarrarmos demasiado às palavras, elas mesmas, emvez de tentar compreender o nosso interlocutor no seucontexto, na sua história, no seu projecto e nas suasintenções.1. Alan Turing, o criador da ideia que está na base dos actuaiscomputadores digitais, escreveu em 1950 um artigo sobre aquestão de saber se as máquinas podem pensar. Em vez dese limitar a apresentar palavras bonitas mas vazias acercadesse assunto, propôs um método para decidir a questão.Chamou‐lhe “jogo da imitação”, o qual viria depois a designar‐sepor “teste de Turing ”.O teste de Turing consiste no seguinte. Temos numa salauma pessoa e um computador e noutra sala, separada, outrohumano a interrogar aqueles dois. Comunicando apenasatravés do teclado do computador, para que as diferençasfísicas não constituam qualquer pista, o interrogadorhumano tentará, apenas com base no conteúdo das respostas,distinguir o humano da máquina. O computadorestará programado precisamente para evitar essa identificação.Uma vez que o computador teria que ser melhoradoem termos de capacidade de memória, velocidade deprocessamento e programação, Turing, nesse ano de 1950,prevê que por volta do ano 2000 haverá computadores quejogarão tão bem o jogo da imitação que um interrogadorhumano médio não terá mais do que 70% de hipóteses defazer uma identificação correcta após 5 minutos de interrogatório.O teste de Turing coloca a faculdade da linguagemno centro da inteligência, como marca distintiva daprópria condição humana: se o computador for capaz de“falar” como um humano, fazendo‐se passar por uma pessoapelos critérios de outra pessoa, o computador é inteligente.Até hoje nenhum computador passou tal teste emtoda a sua dimensão. 11 Uma versão popular do teste de Turing são os robôs de softwareque “conversam” com humanos. O pioneiro desses programas terá sidoo ELIZA, que faz o papel de um psiquiatra que procura compreender anossa mente estimulando‐nos a divagar sobre as questões que nós próprioscolocamos. Tendo sido criado, nos anos 60, ainda hoje é um exercíciointeressante “ir à consulta” com o ELIZA, o que pode fazer‐se no endereçohttp://www‐ai.ijs.si/eliza‐cgi‐bin/eliza_script (em inglês). Mais informaçãode base sobre o ELIZA em http://maquinaespeculativa.blogspot.com/2007/06/eliza‐o‐seu‐psicoterapeuta‐automtico.html .Podemos, então, dizer que continua a ser difícil falar comas máquinas. Mas será fácil falar, já não com as máquinas,mas com as pessoas? Vejamos um caso.2. Durante a pré‐campanha para as eleições legislativasantecipadas de Fevereiro de 2005, a jornalista Ana Sá Lopesterminava assim o seu relato (jornal Público de 22‐01‐05,p. 2) do discurso de um dos líderes partidários numa sessãopolítica:«O líder social‐democrata apelou ao eleitorado que votouPSD nas legislativas de 2002: “Ninguém que confiou em nóstem razão para deixar de confiar.” Mas esta frase foi toldadapor um terrível lapsus linguae. Na realidade, o que se ouviufoi Santana dizer: “Ninguém que confiou em nós tem razãopara deixar de desconfiar”.»O que é que permite à jornalista escrever que aquele dirigentepartidário afirmou “Ninguém que confiou em nós temrazão para deixar de confiar”, quando o que se ouviu eledizer foi “Ninguém que confiou em nós tem razão para deixarde desconfiar”? Ninguém vai dizer neste caso que a jornalistadeturpou as palavras daquele político, acusação quepor vezes ocorre noutras circunstâncias. A jornalista conseguiucompreender o que o político queria dizer (coisa queàs vezes não é fácil…), apesar de ele ter usado palavrasinapropriadas ao que queria dizer. Aliás, ele disse mesmoo contrário do que queria dizer. Mas como é que se sabe oque ele queria dizer? Simplesmente, porque se conhece apessoa, as circunstâncias, a dinâmica que está em curso –e se sabe mais ou menos o que se pode esperar. Se o jornaltivesse feito um grande título com as palavras surpreendentesdaquele político, ignorando que se tinha tratado deum lapsus linguae, certamente seria criticado por ter agidode má‐fé. Porque são as coisas assim?3. As palavras não vivem sozinhas no mundo. As palavrassão usadas por nós para comunicar. As palavras são úteis


OPINIÃO 39para expressar ideias, sentimentos, para comunicar opiniões,para pedir ajuda, para clarificar emoções, para nos darmos aconhecer. Mas nem sempre encontramos as palavras certasno momento certo. Passam‐se mais coisas dentro de nós doque as palavras são capazes de dizer. Às vezes temos consciênciadisso e confessamos imediatamente que não estamosa ser capazes de dizer exactamente o que queríamos, dandoassim um sinal ao nosso interlocutor da nossa dificuldade.Nessas circunstâncias, às vezes é o nosso interlocutor a virem nosso auxílio ajudando‐nos a encontrar os termos certos.Outras vezes, pelo contrário, dizemos coisas que julgamosclaras e elas são mal interpretadas pelos outros sem quenós nos demos conta disso. Desse modo criam‐se equívocos.Se nós queremos mesmo comunicar temos de estar atentos,não apenas às palavras, mas às pessoas que as usam, aocontexto, à história. Temos de ouvir as palavras como mensagensdo outro, não como sinais físicos absolutos.4. Isto é verdade tanto na vida privada como na vida pública.Na vida privada criamos por vezes muitos mal‐entendidospor nos agarrarmos demasiado às palavras elas mesmasem vez de tentar compreender o nosso interlocutor noseu contexto e na sua história: no seu projecto e nas suasintenções. Na vida pública desperdiçamos por vezes oportunidadesde resolver problemas da comunidade e do paíspor produzirmos falsos debates. Chamo falsos debates asituações em que as várias partes num conflito dizemcoisas, não para esclarecer a sua posição, mas para aesconder. Para disfarçar, fazer de conta. E, desse modo,impedir uma verdadeira conversa. Impedir que se possaverdadeiramente negociar os pontos de conflito. Impedirque se avance.Acho que todos podemos encontrar exemplos dessesfalsos debates na nossa vida pública actual. Falsosdebates em que parece ser mais fácil conversar comuma máquina do que com outros humanos. Receio quetodos acabaremos por pagar caro essa falta de conversafranca.Quebra-cabeçasSe um tijolo pesa um kilo mais meio tijolo, quanto pesa um tijolo e meio?Solução: 1t=1k+1/2t 1t-1/2t=1k 1/2t=1k Logo 1t=2k =>1 Tijolo (1t+1/2t) = 3kNum lago foi colocado um nenúfar que todos os dias aumenta para o dobro do seu tamanho.Ao fim de quinze dias já ocupava metade do lago.Quantos dias são necessários para cobrir o lago inteiro?Solução: 16 dias porque se em 15 dias ocupa metade e cresce para o dobro em cada dia, no dia seguinte ocupa o lago todo (2 x 1/2 = 1)Quatro atletas, a Ana, o Filipe, a Carla e o Daniel (um nada, outro patina, outro esquia e outro corre) estãosentados à volta de uma mesa quadrada.A pessoa que nada está à esquerda da Ana; a pessoa que esquia está em frente ao Filipe; a Carla e o Danielestão lado a lado; uma rapariga está à esquerda da pessoa que patina.Quem é que corre?Solução: O Daniel, porque a Carla esquia, a Ana patina e o Filipe nada.


40 INTERNET / LIVROSwww.laurindaalves.blogs.sapo.ptwww.paixaofotografica.wordpress.comwww.mãe360.blogspot.comUma única imagem seria o suficiente para ilustrar os blogs que vos sugiro. Apesar disso, não vou aqui deixar nenhuma porque,apesar de serem públicas (estão publicadas nos respectivos blogs), estas imagens retratam alguns dos domínios privadosdos seus autores e daqueles que com eles lidam logo, deixo‐vos apenas os links para poderem visitar estas páginascheias de beleza, estética e intelectual.Penso que irão gostar de as ler e observar e, julgo que concordarão que, por mais que eu escrevesse, só uma visita mostrao seu verdadeiro potencial.A Razão dos AvósDaniel SampaioNuma altura em que tanto se discute a educação, resolvi escrever sobre dois livrosque abordam este tema. Apesar de serem sobre educação, estes livros abordamo tema de maneiras completamente diferentes e até com objectivos distintos.Os livros de que vos falo são: A Razão dos Avós, de Daniel Sampaio e A Turma,de François Bégaudeau.A razão dos Avós, de Daniel Sampaio, fala‐nos da importância que os avós podeme devem ter na educação de uma criança e de como, por vezes, funcionam comoelementos unificadores e apaziguadores das relações familiares entre as váriasgerações. Para nos contextualizar, o autor recorre às vivências da sua própria família,a algumas entrevistas e claro, à sua enorme experiência profissional.A TurmaFrançois BégaudeauEm A Turma, o autor aborda a escola actual através das experiências vividas porum professor que, entre as paredes de um estabelecimento de ensino, enfrentaa complexa realidade do processo ensino/ aprendizagem nos dias de hoje. Apesarda acção do livro se desenrolar numa escola secundária francesa, a realidadeaí vivida, facilmente se pode transpor e identificar na maioria das escolas dospaíses ocidentais.Este livro foi adaptado ao cinema, alcançando variadíssimas distinções e estreouem Portugal no passado dia 30 de Outubro, sendo curioso verificar que o papeldo professor é interpretado pelo próprio escritor e que todos os outros papéis dofilme são interpretados por amadores que dramatizam a sua própria realidade.Estes temas que podem parecer‐nos, à partida, muito específicos e maçudos, sãolivros de fácil e interessante leitura e que rapidamente contrariam a ideia inicial.Não deve, assim, deixar de ler estas obras e poderá, ainda, complementar a sualeitura com uma agradável ida ao cinema ver o filme “ A Turma”.Nuno Maroco

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