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acolhimento à parturiente: percepção da equipe de enfermagem

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Trabalho 601LUDMILLA OLIVEIRA SOUZAACOLHIMENTO À PARTURIENTE: percepção <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> Enfermagem.Monografia apresenta<strong>da</strong> à disciplina Pesquisa emSaú<strong>de</strong> do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> ofereci<strong>da</strong> aocurso <strong>de</strong> graduação em Enfermagem <strong>da</strong>Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana comorequisito parcial para obtenção do Grau <strong>de</strong>Bacharel em Enfermagem.Orientadora: Profª. Ms. Zannety Conceição S.N. SouzaFEIRA DE SANTANA – BA2010557


Trabalho 602LUDMILLA OLIVEIRA SOUZAACOLHIMENTO À PARTURIENTE: percepção <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> Enfermagem.Monografia apresenta<strong>da</strong> à disciplina Pesquisa em Saú<strong>de</strong> do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong>Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana como requisito parcial para obtenção do Grau <strong>de</strong>Bacharel em Enfermagem.Feira <strong>de</strong> Santana-BA, 08 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2010.___________________________________________________________________________Mestre Zannety Conceição S. N. SouzaProfessor Auxiliar do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> UEFSOrientadora___________________________________________________________________________Mestre Teresinha Maria Trocoli Abdon DantasProfessor Titular do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> UEFSProfessora <strong>da</strong> disciplina Pesquisa em Saú<strong>de</strong>_________________________________________________________________________Doutora Maura Maria Guimarães <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>Professor Titular do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> UEFSProfessora <strong>da</strong> disciplina Pesquisa em Saú<strong>de</strong>FEIRA DE SANTANA – BA2010558


Trabalho 604AGRADECIMENTOSA Deus por ser tão bom e generoso comigo colocando pessoas abençoa<strong>da</strong>s em meucaminho.Aos meus pais, Jorge e Maria, por abrirem mão <strong>de</strong> seus próprios sonhos em prol dosmeus, me <strong>da</strong>ndo subsídios para realizá-los.À minha irmã, Marília Graziele, por acreditar na minha capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e motivar asminhas potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Ao meu namorado, Kaio Ramon, por me apoiar e sempre me incentivar.À professora Zannety Conceição S. do Nascimento Souza, cuja participação foifun<strong>da</strong>mental na realização <strong>de</strong>ste estudo, pela orientação, pela compreensão, pelosensinamentos, pela paciência e pelo carinho que sempre <strong>de</strong>monstrava em ca<strong>da</strong> encontro.À professora Rita Rocha, pela força no inicio <strong>da</strong> construção <strong>de</strong>ste trabalho.À professora Terezinha Trocoli por ser esse amor <strong>de</strong> pessoa, sempre disposta a aju<strong>da</strong>re a resolver os problemas dos seus alunos.Aos meus amigos por compreen<strong>de</strong>rem meus momentos <strong>de</strong> ausência.Aos amigos <strong>da</strong> graduação, Monique, Nayara, Xênia, Paula, Patrícia, Sahasla, Laudy e,em especial, à Manoela Assis pela preocupação e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r.À Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana pelo compromisso em formarprofissionais capacitados e humanos.Aos profissionais entrevistados por disponibilizarem um pouco <strong>de</strong> seu tempo econtribuírem na reflexão do <strong>acolhimento</strong>.Aos funcionários do setor <strong>de</strong> educação permanente do hospital campo do estudo porpermitirem a realização <strong>de</strong>ssa pesquisa.E a todos aqueles que contribuíram para a realização <strong>de</strong>ste trabalho, meu muitoobriga<strong>da</strong>!560


Trabalho 605Quero ser livre para ter meu filho, pois sei que sou capaz<strong>de</strong> tê-lo.Soltem as algemas que me pren<strong>de</strong>m ao leito, para que eupossa soltar o corpo que ativamente se cobre <strong>de</strong> luz para<strong>da</strong>r a luz.Quero ser apenas ama<strong>da</strong> e respeita<strong>da</strong>. Que seja tiradodos meus ombros o peso do E<strong>de</strong>m, quando, noentar<strong>de</strong>cer dividi com meu companheiro o suor do rostoe a dor do parto.Gerusa Amaral <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros561


Trabalho 606RESUMOO <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> oferece benefícios para o <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho <strong>de</strong> parto,bem como contribui para que a mulher signifique positivamente essa experiência. Nestaperspectiva, o presente estudo teve por objetivo analisar a percepção <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong>Enfermagem acerca do <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> no centro obstétrico <strong>de</strong> uma materni<strong>da</strong><strong>de</strong>pública <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana-BA. Estudo qualitativo, <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>scritivo explicativo, que tevepor sujeitos nove membros <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> Enfermagem: três enfermeiras e seis técnicas <strong>de</strong><strong>enfermagem</strong>. A coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos foi feita através <strong>da</strong> entrevista semi-estrutura<strong>da</strong>. Para análise<strong>de</strong> <strong>da</strong>dos foi utiliza<strong>da</strong> a técnica <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong> Bardin e como resultadosemergiram as seguintes categorias: o <strong>acolhimento</strong> como um conjunto <strong>de</strong> ações para uma boaassistência; estratégias <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong>; os entraves do <strong>acolhimento</strong>. Para que o <strong>acolhimento</strong>aconteça é necessário investir na formação dos profissionais para que saiam <strong>da</strong>s aca<strong>de</strong>miascom perfil acolhedor; implementar nos serviços as oficinas multiprofissionais, multisetoriais emultidisciplinares, fortalecendo as relações e virtu<strong>de</strong>s, resgatando a ética no cotidiano <strong>de</strong>trabalho. É preciso ain<strong>da</strong> refletir sobre a mu<strong>da</strong>nça do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> assistência ao parto, poismedicalizando o que é fisiológico, a essência humana do cui<strong>da</strong>do é substituí<strong>da</strong> pelopensamento do risco e <strong>da</strong> intervenção.Palavras – chave: <strong>acolhimento</strong>, parto, humanização, nascimento.562


Trabalho 607SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO 082 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 122.1 A HUMANIZAÇÃO NO CONTEXTO DO SUS 122.1.1 O uso <strong>da</strong>s tecnologias leves nos processos <strong>de</strong> humanização <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> 162.1.2 Acolhimento nas práticas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 182.2.1 A HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR 202.3 POLÍTICAS DE SAÚDE DA MULHER 222.4 O PARTO 232.4.1 Humanização <strong>da</strong> assistência obstétrica 262.4.1.1 Acolhimento à <strong>parturiente</strong> em centro obstétrico 292.4.1.2 A enfermeira obstetra e sua atuação em sala <strong>de</strong> parto 313 METODOLOGIA 343.1 TIPO DO ESTUDO 343.2 CAMPO DA PESQUISA 343.3 SUJEITOS DA PESQUISA 353.4 TÉCNICA E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 363.5 ANÁLISE DOS DADOS 373.6 ASPECTOS ÉTICOS 384 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 404.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO ESTUDO 404.2 O ACOLHIMENTO COMO UM CONJUNTO DE AÇÕES PARA UMA BOAASSISTÊNCIA 414.3 ESTRATÉGIAS DE ACOLHIMENTO 444.4 OS ENTRAVES DO ACOLHIMENTO 475 CONSIDERAÇÕES 51REFERÊNCIAS 53APÊNDICE A – Formulário <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos 57APÊNDICE B – Roteiro <strong>da</strong> entrevista 59APÊNDICE C – Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre Esclarecido 60ANEXO A – Parecer do CEP 61563


Trabalho 6081 INTRODUÇÃOApesar dos avanços acumulados no que se refere aos seus princípios norteadores e à<strong>de</strong>scentralização <strong>da</strong> atenção e <strong>da</strong> gestão, o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) real está ain<strong>da</strong>muito longe do SUS i<strong>de</strong>alizado na constituição <strong>de</strong> 1988. São notórios os dilemas enfrentadosmais <strong>de</strong> 20 anos após a sua criação e entre estes se <strong>de</strong>staca o <strong>de</strong>spreparo <strong>de</strong> algumas <strong>equipe</strong>spara li<strong>da</strong>r com a dimensão subjetiva nas práticas <strong>de</strong> atenção levando à falta <strong>de</strong> humanização e<strong>acolhimento</strong> no atendimento, inclusive na assistência à mulher em processo parturitivo.A humanização tem sido discuti<strong>da</strong> por todos os estudiosos no assunto saú<strong>de</strong>.Entretanto, faz-se necessário estreitar essa discussão, pois é difícil humanizar quando osdireitos dos usuários e seus familiares não são garantidos, quando os profissionais nãopossuem condições favoráveis <strong>de</strong> trabalho para que efetuem suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> modo digno ecriador <strong>de</strong> novas ações, participando como co-gestores <strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> trabalho.Partindo <strong>de</strong>ssa perspectiva, a Política Nacional <strong>de</strong> Humanização <strong>da</strong> Atenção e Gestãodo SUS (HumanizaSUS) que foi instituí<strong>da</strong> pelo Ministério <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> (MS) em 2003, traz 5cartilhas que apontam 5 diferentes eixos para a humanização <strong>da</strong> assistência no sistema <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> que são: o <strong>acolhimento</strong>, a classificação <strong>de</strong> risco, a ambiência , a clínica amplia<strong>da</strong> e agestão do trabalho, sendo o <strong>acolhimento</strong> o <strong>de</strong> maior relevância pois po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar o nível<strong>de</strong> confiança que o paciente terá em relação à <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, implicando em uma maiorcolaboração do mesmo com o tratamento.O <strong>acolhimento</strong> não <strong>de</strong>ve ser um espaço ou um local <strong>de</strong>terminado (sala), como éobservado em muitas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas sim uma postura ética exerci<strong>da</strong> principalmente pelosprofissionais, que implica no compartilhamento <strong>de</strong> saberes, angústia e invenções, na qualesses funcionários, através <strong>de</strong> suas responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e aplicando o princípio <strong>da</strong> resolutivi<strong>da</strong><strong>de</strong>sejam capazes <strong>de</strong> abrigar e agasalhar esses usuários (AZEVEDO; AZEVEDO, 2007).Partindo <strong>de</strong>sses conceitos, o atendimento à mulher em processo parturitivo <strong>de</strong>ve estarpautado no respeito ao momento que ela está vivenciando. Para Yunes e Finkelman (apudARMELLINI; LUZ, 2003, p. 305), a busca <strong>da</strong> humanização no atendimento à parturição écompreendi<strong>da</strong> como o[...] conjunto <strong>de</strong> práticas que visam a promoção do parto e nascimento saudáveis e aprevenção <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> materna e perinatal. Essas práticas incluem o respeito aoprocesso fisiológico e a dinâmica <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> nascimento, nos quais as intervenções564


Trabalho 609<strong>de</strong>vem ser cui<strong>da</strong>dosas, evitando-se os excessos e utilizando-se criteriosamente osrecursos tecnológicos disponíveis.Visando a melhoria na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> oferta <strong>de</strong> serviços, evi<strong>de</strong>nciando a promoção <strong>da</strong>saú<strong>de</strong> a partir <strong>da</strong> organização <strong>da</strong> assistência presta<strong>da</strong> às gestantes e recém-nascidos, parte <strong>da</strong>população vulnerável, é que o MS implantou o Programa Nacional <strong>de</strong> Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN).Esse programa foi oficializado no Brasil pela Portaria 569/GM <strong>de</strong> 01 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong>2000, cujo objetivo é assegurar a melhoria do acesso, <strong>da</strong> cobertura e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> doacompanhamento pré-natal, <strong>da</strong> assistência ao parto e puerpério (BRASIL, 2000a).Os princípios e diretrizes do programa afirmam que nos âmbitos fe<strong>de</strong>ral, estadual emunicipal as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s sanitárias são responsáveis pela garantia dos direitos <strong>da</strong>s gestantes eaos recém-nascidos (BRASIL, 2000b). Dentre esses direitos estão explicitados: o acesso aatendimento digno e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> durante a gestação, parto e puerpério; acompanhamentopré-natal a<strong>de</strong>quado; a mulher conhecer e ter assegurado o acesso à materni<strong>da</strong><strong>de</strong> em que seráatendi<strong>da</strong> no momento do parto; o recém-nascido ter direito à assistência neonatal humaniza<strong>da</strong>e segura (BRASIL, 2000a).A assistência hospitalar ao parto <strong>de</strong>ve ser segura, garantindo para ca<strong>da</strong> mulher osbenefícios dos avanços científicos, mas fun<strong>da</strong>mentalmente, <strong>de</strong>ve permitir e estimular oexercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia feminina, resgatando a autonomia <strong>da</strong> mulher no parto (BRASIL,2001b).Chamá-la pelo nome (evitando os termos "mãezinha", "dona", etc.), permitir que elai<strong>de</strong>ntifique ca<strong>da</strong> membro <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (pelo nome e papel <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um), informá-lasobre os diferentes procedimentos a que será submeti<strong>da</strong>, proporcioná-la um ambienteacolhedor, limpo, confortável e silencioso, esclarecer to<strong>da</strong>s as suas dúvi<strong>da</strong>s a fim <strong>de</strong> aliviarsuas ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, são atitu<strong>de</strong>s relativamente simples e que requerem pouco mais que a boavonta<strong>de</strong> do profissional (BRASIL, 2001b).Deste modo, o interesse por estu<strong>da</strong>r a presente temática surgiu a partir <strong>da</strong> minhavivência em campo <strong>de</strong> prática na disciplina Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mulher, Criança e Adolescente II, emque foi possível observar a <strong>de</strong>ficiência na realização <strong>da</strong>s ações <strong>de</strong> humanização na assistência,preconiza<strong>da</strong> por diversos manuais e programas do MS, por parte <strong>de</strong> alguns profissionais <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> às mulheres que chegavam às materni<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas em trabalho <strong>de</strong> parto.Dentre as situações observa<strong>da</strong>s no campo <strong>de</strong> prática, saliento a <strong>de</strong>mora noatendimento; a impessoali<strong>da</strong><strong>de</strong> nas relações, visto que as mulheres não eram trata<strong>da</strong>s pelonome; a insensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> frente ao momento vivenciado pelas <strong>parturiente</strong>s que muitas vezes565


Trabalho 6010pariam sozinhas no leito e eram obriga<strong>da</strong>s a ouvir comentários infaustos durante o trabalho <strong>de</strong>parto do tipo “na hora <strong>de</strong> fazer foi bom, né, agora queixa <strong>de</strong> dor” entre outros.Além <strong>da</strong> vivência em campo <strong>de</strong> prática, enquanto voluntária do Núcleo <strong>de</strong> Pesquisa eExtensão em Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mulher (NEPEM), tive a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ouvir <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong>gestantes durante as consultas <strong>de</strong> pré-natal nos quais elas se queixavam do atendimentoprestado em algumas materni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana.Algumas vezes, ao questionarmos durante as consultas o local on<strong>de</strong> as gestantes iriamparir, muitas se referiam <strong>de</strong> forma negativa a <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s instituições, pois segundo asmesmas, parentes, amigas ou as próprias haviam vivenciado experiências dolorosasrelaciona<strong>da</strong>s ao <strong>acolhimento</strong> recebido nestas. Os principais comentários estavam voltadospara a <strong>equipe</strong> médica e <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, que, <strong>de</strong> acordo com as gestantes, costumam fazerpouco caso do momento que elas estão experienciando.Tais situações me fizeram refletir sobre o cui<strong>da</strong>do oferecido nas nossas materni<strong>da</strong><strong>de</strong>sàs mulheres em processo parturitivo. Percebi que os procedimentos técnicos sempreprevaleciam em <strong>de</strong>trimento ao apoio, estímulo e carinho que <strong>de</strong>veriam ser <strong>da</strong>dos à <strong>parturiente</strong>naquele momento.Por ser um evento fisiológico, único e especial na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma mulher, o parto <strong>de</strong>veser assistido pelos profissionais <strong>de</strong> forma humaniza<strong>da</strong> e menos intervencionista pra que a<strong>parturiente</strong> se sinta como atriz principal <strong>da</strong> cena tendo a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> agir <strong>da</strong> forma que lhe forconveniente.Trata-se <strong>de</strong> um momento em que a mulher encontra-se bastante fragiliza<strong>da</strong> e sensível,necessitando <strong>de</strong> apoio pra que se sinta mais segura para vivenciar <strong>de</strong> forma positiva essaexperiência. Nesta perspectiva, os profissionais precisam estar sensibilizados, conscientes epreparados para <strong>da</strong>r esse apoio, o que, na maioria <strong>da</strong>s vezes não acontece na nossa reali<strong>da</strong><strong>de</strong>,infelizmente.Diante <strong>da</strong>s inquietações gera<strong>da</strong>s por essas vivências surgiu minha questão norteadora<strong>da</strong> pesquisa: o que os profissionais <strong>de</strong> Enfermagem que atuam no centro obstétrico <strong>de</strong> umamaterni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> referência <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana-BA enten<strong>de</strong>m por <strong>acolhimento</strong> à<strong>parturiente</strong>?Neste sentido, o presente estudo tem por objetivo analisar a percepção <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong>Enfermagem acerca do <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> no centro obstétrico <strong>de</strong> uma materni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>referência <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana-BA.Estudos têm mostrado que a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong> à mulher pelo profissional que aassiste po<strong>de</strong> influenciar na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e eficácia do processo parturitivo. Sendo assim, este566


Trabalho 6011estudo torna-se relevante, pois conhecer a percepção dos profissionais <strong>de</strong> Enfermagem acercado <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> po<strong>de</strong>rá <strong>da</strong>r aos gestores subsídios para implementarem melhoriasna quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> assistência no referido hospital.A partir dos resultados obtidos, os gestores po<strong>de</strong>rão fomentar projetos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento profissional permanente, a fim <strong>de</strong> incentivar uma reavaliação <strong>de</strong> conceitos,valores e atitu<strong>de</strong>s sobre o nascimento por parte dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e garantir àsmulheres em trabalho <strong>de</strong> parto, um momento especial e único com todos os seus direitos e doser humano que nasce respeitados, refletindo <strong>de</strong> forma positiva na relação profissional,mulher e família.567


Trabalho 60122 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICAO estudo do <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> sob a ótica <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> Enfermagem não po<strong>de</strong>prescindir <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> humanização nos processos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> uma vez que, ao longo <strong>da</strong>história <strong>da</strong> medicina, o fator biologicista predominou em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong> visão do ser humanocomo um todo, promovendo um distanciamento <strong>da</strong> relação mais harmoniosa e empática entreos profissionais e clientes (BRASIL, 2001b).Neste sentido, os capítulos a seguir contemplarão uma revisão <strong>da</strong> humanização nocontexto do SUS, passando pela humanização hospitalar para, enfim, reflertimos sobre o<strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> em centro obstétrico.2.1 A HUMANIZAÇÃO NO CONTEXTO DO SUSDe acordo com Zampiere (1999 apud DAVIM & BEZERRA, 2002, p. 728),humanizar “é o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> características essenciais ao ser humano, e se fazemurgentes e necessárias com os aspectos <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, do respeito e <strong>da</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>”.Lepargneur (2003 apud MOTA; MARTINS; VERAS, 2006, p. 324) diz que “humanizar ésaber promover o bem comum acima <strong>da</strong> suscetibili<strong>da</strong><strong>de</strong> individual ou <strong>da</strong>s conveniências <strong>de</strong>um pequeno grupo”.É estranho falar em humanizar ações que são realiza<strong>da</strong>s por seres humanos quando osignificado <strong>da</strong> palavra é “<strong>da</strong>r condição humana” (FERREIRA, 2001, p. 369); ou seja, ohomem por ser humano <strong>de</strong>veria agir naturalmente <strong>de</strong> forma humana e ter o direito intrínseco<strong>de</strong> ser tratado como tal, sem a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que o ato <strong>de</strong> humanizar fosse ensinado, cobradoou <strong>de</strong>terminado por lei.Segundo alguns autores a idéia <strong>de</strong> humanização <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> não é recente, pois amedicina é, originalmente, uma ciência humanística; <strong>de</strong>ssa forma, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, trabalha-secom o conceito <strong>de</strong> (re)humanização. Para Gallian (2002 apud NASCIMENTO, 2005, p. 20), aexplicação para a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> tal essência leva em conta dois aspectos:o primeiro é que o médico era um filósofo, além <strong>de</strong> profundo conhecedor <strong>da</strong> almahumana. Esta concepção se alicerçava no fato <strong>de</strong> que as ciências humanas eram568


Trabalho 6013abstratas e sem base científica. Ao contrário <strong>da</strong> física e <strong>da</strong> matemática, ti<strong>da</strong>s comometodológicas e exatas. O segundo nos dá conta <strong>de</strong> que, com o avanço doconhecimento biotecnológico, on<strong>de</strong> os saberes médicos podiam ser testados e asdoenças combati<strong>da</strong>s (e aqui a penicilina e outros medicamentos têm papel <strong>de</strong>cisivo), ostatus atingido pela medicina supera as impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e os limites <strong>da</strong> ação médica,até então compensa<strong>da</strong>s com o acompanhamento do enfermo e <strong>de</strong> seus familiares,aju<strong>da</strong>ndo-os nos sofrimentos e até na morte. Com esses conhecimentos as ciênciasmédicas marcham céleres para o estágio <strong>de</strong> “ciência exata”. Os médicos reformulamsuas escalas <strong>de</strong> valores e a formação e atuação <strong>de</strong>stes são redimensiona<strong>da</strong>s. Tudo levaa crer que o vínculo com as ciências humanas é coisa do passado.Nascimento (2005, p. 20) diz que “não é necessário que o médico volte a ser umfilósofo e nem é preciso que a medicina seja abstrata para se humanizar. Reconhecer aindividuali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ser humano é uma forma <strong>de</strong> humanização.” É importante salientar que talafirmação não é váli<strong>da</strong> apenas para os profissionais médicos, mas para todos os profissionais<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Essa tentativa <strong>de</strong> (re)humanização faz parte dos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios que o SUS vemenfrentando na tentativa <strong>de</strong> alcançar seu principal objetivo que é o <strong>de</strong> levar à todo ci<strong>da</strong>dão oseu direito <strong>de</strong> acesso pleno aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> através <strong>de</strong> suas diretrizes e princípiosbásicos.Gestores, profissionais e usuários dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sabem que hoje, com um novopatamar <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nacional, o maior <strong>de</strong>safio do SUS é melhorar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dosserviços que presta à população em termos <strong>de</strong> eficácia e produção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A baixaquali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos serviços acaba sobrecarregando o sistema, pois se o profissional temdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s na realização <strong>de</strong> seu trabalho, o usuário fica insatisfeito com o atendimento e ogestor não consegue ter uma boa comunicação e interação com outras instâncias. Assim, osencaminhamentos são <strong>de</strong>sorganizados e geram um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> consultas, examescomplementares e internações adicionais. Boa parte <strong>da</strong>s <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s dos pacientes po<strong>de</strong>ria serresolvi<strong>da</strong> em um primeiro atendimento, se houvesse um bom sistema <strong>de</strong> comunicação e umbom relacionamento profissional - usuário (BRASIL, 2001a).Segundo o Manual do Programa Nacional <strong>de</strong> Humanização <strong>da</strong> Assistência Hospitalar,para resolver esses <strong>de</strong>safios e melhorar a eficácia no atendimento à saú<strong>de</strong>, não bastainvestir na eficiência técnico-científica e na racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> administrativa. Qualqueratendimento à saú<strong>de</strong>, assim como qualquer relação entre gestores e <strong>equipe</strong>sprofissionais, é caracterizado pelas relações humanas. É preciso, portanto, estaratento a princípios e valores como a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a ética na relação entregestores, profissionais e usuários. Uma ética que acolha o <strong>de</strong>sconhecido e oimprevisível, que aceite os limites <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> situação e que seja pauta<strong>da</strong> pela aberturae pelo respeito ao outro como um ser singular e digno (BRASIL, 2001a, p. 7).569


Trabalho 6014A proposta <strong>de</strong> humanização dos serviços públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é, portanto, valor básicopara conquistar uma melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> no atendimento à saú<strong>de</strong> dos usuários e melhorescondições <strong>de</strong> trabalho para os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Com o objetivo <strong>de</strong> trazer <strong>de</strong> volta o conceito <strong>de</strong> humanização <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> e melhorar aquali<strong>da</strong><strong>de</strong> do contato humano na saú<strong>de</strong> pública, o SUS lançou a Política Nacional <strong>de</strong>Humanização <strong>da</strong> Atenção e Gestão do SUS (HumanizaSUS) que foi instituí<strong>da</strong> pelo MS em2003, a partir <strong>da</strong> sistematização <strong>de</strong> experiências do chamado "SUS que dá certo". Ela parte <strong>de</strong>experiências <strong>da</strong> prática <strong>de</strong> humanização nas ações <strong>de</strong> atenção e gestão implanta<strong>da</strong>s por estadose municípios que <strong>de</strong>ram certo, o que contribui para a legitimação do SUS como políticapública (BRASIL, 2004).O HumanizaSUS tem o objetivo <strong>de</strong> efetivar os princípios do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>no cotidiano <strong>da</strong>s práticas <strong>de</strong> atenção e <strong>de</strong> gestão, estimular trocas solidárias entre gestores,trabalhadores e usuários para a produção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a produção <strong>de</strong> sujeitos afim <strong>de</strong> torná-lomais humanizado, comprometido com a <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e fortalecido em seu processo <strong>de</strong>pactuação <strong>de</strong>mocrática e coletiva (BRASIL, 2004).Dentre as diretrizes gerais do HumanizaSUS <strong>de</strong>stacam-se a ampliação do diálogo entreos profissionais, entre profissionais e população, entre profissionais e administraçãopromovendo a gestão participativa, on<strong>de</strong> todos se tornam co-responsáveis pelo processo <strong>de</strong>produção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; a implantação, estimulação e fortalecimento <strong>de</strong> Grupos <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong>Humanização que são espaços coletivos organizados, participativos e <strong>de</strong>mocráticos, que se<strong>de</strong>stinam a empreen<strong>de</strong>r uma política institucional <strong>de</strong> resgate <strong>da</strong> humanização na assistência àsaú<strong>de</strong>, em benefício dos usuários e dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Ain<strong>da</strong> em relação Às diretrizes do HumanizaSUS, <strong>de</strong>stacam-se também o estímulo àspráticas resolutivas aumentando o grau <strong>de</strong> satisfação dos usuários; a racionalização ea<strong>de</strong>quação do uso <strong>de</strong> medicamentos, eliminando ações intervencionistas <strong>de</strong>snecessárias; asensibilização <strong>da</strong>s <strong>equipe</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ao problema <strong>da</strong> violência intrafamiliar (criança, mulher eidoso) e à questão dos preconceitos (sexual, racial, religioso e outros) na hora <strong>da</strong> recepção edos encaminhamentos, respeitando a individuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e os sentimentos dos usuários; e por fim,a promoção <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> incentivo e valorização <strong>da</strong> jorna<strong>da</strong> integral ao SUS, do trabalho em<strong>equipe</strong> e <strong>da</strong> participação em processos <strong>de</strong> educação permanente que qualifiquem a ação einserção do profissional na re<strong>de</strong> SUS (BRASIL, 2004).Conforme o MS (BRASIL, 2004, p. 15), os princípios norteadores <strong>da</strong> PolíticaNacional <strong>de</strong> Humanização do SUS são:570


Trabalho 6015• Valorização <strong>da</strong> dimensão subjetiva e social em to<strong>da</strong>s as práticas <strong>de</strong> atenção egestão, fortalecendo/estimulando processos integradores e promotores <strong>de</strong>compromissos/ responsabilização;• Estímulo a processos comprometidos com a produção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e com a produção<strong>de</strong> sujeitos;• Fortalecimento <strong>de</strong> trabalho em <strong>equipe</strong> multiprofissional, estimulando atransdisciplinari<strong>da</strong><strong>de</strong> e a grupali<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Atuação em re<strong>de</strong> com alta conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo cooperativo e solidário, emconformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com as diretrizes do SUS;• Utilização <strong>da</strong> informação, <strong>da</strong> comunicação, <strong>da</strong> educação permanente e dosespaços <strong>da</strong> gestão na construção <strong>de</strong> autonomia e protagonismo <strong>de</strong> sujeitos ecoletivos.Como se po<strong>de</strong> notar, são gran<strong>de</strong>s os esforços no sentido <strong>de</strong> capacitar os profissionais<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a prestarem uma assistência mais humana; entretanto, é clara a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>encontra<strong>da</strong> por alguns <strong>de</strong>les para li<strong>da</strong>r com a dimensão subjetiva do cui<strong>da</strong>do.Mota, Martins e Veras (2006, p. 324) dizem que “muitos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>submetem-se, em sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a tensões provenientes <strong>de</strong> várias fontes: contato frequentecom a dor e o sofrimento e com pacientes terminais, receio <strong>de</strong> cometer erros, relações compacientes difíceis”, o que os leva a utilizar o distanciamento, a impessoali<strong>da</strong><strong>de</strong> comomecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Sendo assim, humanizar a assistência acaba se tornando uma medi<strong>da</strong>complexa uma vez que envolvem mu<strong>da</strong>nças comportamentais, as quais sempre <strong>de</strong>spertaminsegurança.Muitas são as dimensões com as quais os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estão comprometidose muitos são os <strong>de</strong>safios que eles precisam enfrentar por estar li<strong>da</strong>ndo com a <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> eem prol <strong>da</strong> garantia do direito à saú<strong>de</strong>. O padrão <strong>de</strong> acolhi<strong>da</strong> aos ci<strong>da</strong>dãos usuários e aosci<strong>da</strong>dãos trabalhadores <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>, nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, é um <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>safios.Acredita-se que o <strong>acolhimento</strong> é uma <strong>da</strong>s principais diretrizes capazes <strong>de</strong> contribuirpara alterar a situação atual do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> uma vez que incorpora a análise e a revisãocotidiana <strong>da</strong>s práticas <strong>de</strong> atenção e gestão implementa<strong>da</strong>s nas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do SUS (BRASIL,2004). Ao falar em cui<strong>da</strong>do humanizado é imprescindível associá-lo às questões relativas ao<strong>acolhimento</strong> e vínculo enquanto tecnologias potentes para a sua concretização.571


Trabalho 60162.1.1 O uso <strong>da</strong>s tecnologias leves nos processos <strong>de</strong> humanização <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>O profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, durante o exercício <strong>de</strong> sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, precisa manter umarelação “humaniza<strong>da</strong>” com seus pacientes, principalmente consi<strong>de</strong>rantes estes sujeitos e nãoapenas um poblema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Segundo André Levy (2000 apud RODRIGUES; ARAÚJO,2004, p. 2),a abor<strong>da</strong>gem clínica – a palavra clínica em sua raiz primitiva significa ao “pé doleito” – supõe sujeitos às voltas com um sofrimento, uma crise que os toca porinteiro. O clínico <strong>de</strong>para-se com um ser pensante e igualmente <strong>de</strong>sejante, assimcomo ele próprio o é. Nesse encontro entre dois sujeitos, o fluxo <strong>da</strong>s emoções fluientre ambos, criando uma relação autêntica entre dois seres e não entre um técnicoe uma patologia.Neste sentido, Merhy (1995, apud RODRIGUES; ARAÚJO, 2004, p. 2) aponta que omodo <strong>de</strong> operar os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finido como “um processo <strong>de</strong> produção do cui<strong>da</strong>do.É um serviço peculiar, fun<strong>da</strong>do numa intensa relação interpessoal, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte doestabelecimento <strong>de</strong> vínculo entre os envolvidos para a eficácia do ato”.Partindo do entendimento <strong>de</strong> que o trabalho humano, tal como se coloca na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>,só é viável por meio <strong>da</strong>s tecnologias que ele produz, torna-se importante refletir acerca <strong>da</strong>relação que se estabelece entre as tecnologias, o mundo <strong>da</strong> ciência e o homem, em todos ossentidos e espaços.De acordo com o eixo teórico <strong>de</strong>ste estudo, as tecnologias em saú<strong>de</strong> são classifica<strong>da</strong>sem três categorias: tecnologia dura, relaciona<strong>da</strong> a equipamentos tecnológicos, normas,rotinas e estruturas organizacionais; leve-dura, que compreen<strong>de</strong> todos os saberes bemestruturados no processo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; e a leve, que se refere às tecnologias <strong>de</strong> relações, <strong>de</strong>produção <strong>de</strong> comunicação, <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong>, <strong>de</strong> vínculos, <strong>de</strong> autonomização (MERHY, 1997apud SILVA; ALVIM; FIGUEREDO, 2008).Apesar <strong>de</strong>ssas três categorias se interrelacionarem, o ser humano necessita, emespecial, <strong>da</strong>s tecnologias <strong>de</strong> relações, <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s como „leves‟, pois elas estabelecem vínculosentre trabalhadores e usuários concretizando ou não, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecimento esatisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos indivíduos (ROSSI, 2003).Segundo Merhy (1997 apud ROSSI, 2003, p. 34) a tecnologia leve é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> comoa tecnologia <strong>de</strong> (e <strong>da</strong>s) relações – dos intercessores, no interior dos processos quepo<strong>de</strong>m gerar alterações significativas no modo <strong>de</strong> se trabalhar em saú<strong>de</strong> [...] sob572


Trabalho 6017uma ótica analisadora pauta<strong>da</strong> pela ética do compromisso com a vi<strong>da</strong> e expressa emato nas dimensões assistenciais do trabalho vivo em saú<strong>de</strong>, como a relação <strong>de</strong><strong>acolhimento</strong>, a criação do vínculo, a produção <strong>da</strong> resolutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a criação <strong>de</strong>maiores graus <strong>de</strong> autonomia, no modo <strong>da</strong>s pessoas an<strong>da</strong>rem na vi<strong>da</strong> (p. 34).Nesse contexto, as tecnologias leves merecem <strong>de</strong>staque especial por estaremassocia<strong>da</strong>s ao trabalho vivo, sendo, portanto, tecnologias potentes para a concretização esustentação <strong>de</strong> um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> assistência que venha a contemplar um cui<strong>da</strong>dohumanizado.O cui<strong>da</strong>do “compõe-se <strong>de</strong> tentativas intersubjetivas e transpessoais para proteger,melhorar e preservar a humani<strong>da</strong><strong>de</strong> aju<strong>da</strong>ndo a pessoa a encontrar sentido na doença, nosofrimento, na dor e na existência, e para aju<strong>da</strong>r o outro a obter autoconhecimento,autocontrole e autocura” (WATSON, 1997 apud SILVA; ALVIM; FIGUEIREDO, 2008).Apesar <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> relações e estabelecimento <strong>de</strong> vínculos entre as pessoas seremdiscutidos no âmbito <strong>da</strong>s tecnologias em saú<strong>de</strong> aplicáveis ao campo <strong>da</strong>s profissões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>em geral, para a Enfermagem revela-se como condição fun<strong>da</strong>mental no cui<strong>da</strong>do, uma vez queo uso <strong>da</strong>s tecnologias leves reflete o exercício do cui<strong>da</strong>do em si, o qual configura-se comoobjeto <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>sta profissão.A Enfermagem utiliza atributos que são próprios <strong>da</strong> relação humana, fun<strong>da</strong>mentais naconstrução <strong>de</strong> vínculo entre o enfermeiro e o cliente no espaço do cui<strong>da</strong>do. Para que oenfermeiro <strong>de</strong>senvolva um cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> eficiente, autêntico e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, énecessário consi<strong>de</strong>rar em suas ações aspectos essenciais à relação humano-humano, como aconversa, o saber ouvir, o toque, o compartilhamento <strong>de</strong> idéias, a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>preocupação e a expressão <strong>de</strong> afeto, o estar atenta aos <strong>de</strong>sejos e reivindicações, e, ain<strong>da</strong>,outros aspectos que são valorizados na visão holística do cui<strong>da</strong>do.A partir <strong>de</strong>sse processo, se cria uma relação <strong>de</strong> confiança entre o profissional e opaciente o que facilita a relação entre eles, pois o paciente se sente a vonta<strong>de</strong> para <strong>de</strong>sabafar epor meio <strong>de</strong>ssa interação o profissional utiliza suas habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e seus conhecimentos para ai<strong>de</strong>ntificação dos problemas e <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do paciente, prestando um cui<strong>da</strong>dohumanizado pautado no respeito ao outro e ao momento que ele está vivenciando. A interaçãoprofissional-paciente é um dos fatores que favorece a ação terapêutica.Nesse sentido, fica claro que não se po<strong>de</strong> restringir a tecnologia à dimensãoconstituí<strong>da</strong> pelos instrumentos materiais do trabalho. Ela vai além <strong>da</strong> dimensão <strong>da</strong>s máquinase equipamentos, cuja importância não <strong>de</strong>ve ser minimiza<strong>da</strong>. As tecnologias leves quandoapostam no diagnóstico sensível à subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, nas relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e afeto, nos códigos573


Trabalho 6018familiares subliminares, etc, induzem à ampliação <strong>da</strong> pauta técnica para a pauta ética, baseadoem ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> e humanização (RODRIGUES; ARAÚJO, 2004).Sob essa ótica, o <strong>acolhimento</strong> enquanto tecnologia leve é passível <strong>de</strong> ser operado porqualquer profissional e é uma postura que todo profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve adotar no sentido<strong>de</strong> colocar-se no lugar do usuário, aten<strong>de</strong>ndo às suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou direcionando-as paraoutros pontos do sistema capazes <strong>de</strong> supri-las. Ele é o responsável pela criação <strong>de</strong> vínculosentre os indivíduos que contém na sua essência a ligação estabeleci<strong>da</strong> entre o usuário e otrabalhador (RAMOS, 2001 apud ROSSI, 2003).2.1.2 Acolhimento nas práticas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>Segundo Silva e Alves (2008), o <strong>acolhimento</strong> é visto por alguns autores como umaestratégia para reorganização dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, enquanto outros fazem suas abor<strong>da</strong>gensenvolvendo as relações humanas entre profissionais e usuários.Neste sentido, o MS <strong>de</strong>cidiu priorizar o atendimento com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e a participaçãointegra<strong>da</strong> dos gestores, profissionais e usuários em todo processo <strong>da</strong>s práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, com oobjetivo <strong>de</strong> promover a humanização <strong>da</strong> assistência. Uma <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s toma<strong>da</strong>s é a propostado <strong>acolhimento</strong> nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que é uma <strong>da</strong>s diretrizes <strong>de</strong> maior relevânciaética/estética/política <strong>da</strong> Política Nacional <strong>de</strong> Humanização do SUS, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>ética no que se refere ao compromisso com o reconhecimento do outro, na atitu<strong>de</strong><strong>de</strong> acolhê-lo em suas diferenças, suas dores, suas alegrias, seus modos <strong>de</strong> viver,sentir e estar na vi<strong>da</strong>; estética porque traz para as relações e os encontros do dia-adiaa invenção <strong>de</strong> estratégias que contribuem para a dignificação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e do vivere, assim, para a construção <strong>de</strong> nossa própria humani<strong>da</strong><strong>de</strong>; política porque implica ocompromisso coletivo <strong>de</strong> envolver-se neste “estar com”, potencializandoprotagonismos e vi<strong>da</strong> nos diferentes encontros (BRASIL, 2006, p. 6 -7).A noção <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong> no campo <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> tem sido i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> tradicionalmentecomo uma dimensão espacial, que se traduz em recepção administrativa e ambienteconfortável, ou ain<strong>da</strong> como uma ação <strong>de</strong> triagem administrativa e repasse <strong>de</strong>encaminhamentos para serviços especializados. As duas noções são importantes, mas não<strong>de</strong>vem ser toma<strong>da</strong>s isola<strong>da</strong>mente, pois acabam se restringindo a uma ação pontual, isola<strong>da</strong> e<strong>de</strong>scomprometi<strong>da</strong> com os processos <strong>de</strong> responsabilização e produção <strong>de</strong> vínculo (BRASIL,2006).574


Trabalho 6019Essas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong> quando aplica<strong>da</strong>s restritamente na prática contribuempara que muitos serviços convivam com filas imensas que começam durante a madruga<strong>da</strong>,para que reproduzam uma forma <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com trabalho que privilegia o aspecto <strong>da</strong> produção<strong>de</strong> procedimentos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, em <strong>de</strong>trimento dos resultados e efeitos para os sujeitos queestão sob sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Contribuem ain<strong>da</strong> para que os serviços aten<strong>da</strong>m pessoas comsérios problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sem acolhê-las durante um momento <strong>de</strong> complicação <strong>de</strong>stes,rompendo o vínculo que é alicerce constitutivo dos processos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Valeressaltar por fim, a contribuição para que os serviços se tornem “tarefeiros”, com osprofissionais exaustos <strong>de</strong> tanto realizar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas sem conseguir avaliar e interferirnessas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> modo a melhor qualificá-las (BRASIL, 2006).Ain<strong>da</strong> em relação aos conceitos <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong>, Franco, Bueno e Merhy (1999, p.347)afirma que este consiste emum mo<strong>de</strong>lo tecnoassistencial, orientado nos princípios do SUS que propõem,principalmente, reorganizar o serviço no sentido <strong>da</strong> garantia do acesso universal,resolubili<strong>da</strong><strong>de</strong> e atendimento humanizado para oferecer sempre uma respostapositiva ao problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> apresentado pelo usuário.Neste sentido, trata-se <strong>de</strong> um modo <strong>de</strong> operar o processo <strong>de</strong> trabalho em saú<strong>de</strong> a fim<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a todos os usuários, ouvindo seus pedidos, elegendo suas reais necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s eassumindo uma postura acolhedora capaz <strong>de</strong> escutar e pactuar respostas mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s. Estemodo <strong>de</strong> agir permite que haja um atendimento com maior resolutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e responsabilização(SILVA; ALVES, 2008).Para Pereira (2002 apud SILVA; ALVES, 2008) acolher não significa simplesmentesatisfazer a pessoa atendi<strong>da</strong>, mas buscar a resolutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou realizar encaminhamentos a fim<strong>de</strong> promover a reabilitação <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> mesma. A assistência <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre seusobjetivos, engloba a satisfação <strong>da</strong> clientela.Um ambiente acolhedor, uma postura responsável e confiável <strong>de</strong> to<strong>da</strong> <strong>equipe</strong> queassistirá esse indivíduo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua entra<strong>da</strong> até a saí<strong>da</strong> do serviço após o atendimento, sãofatores condicionantes para que se estabeleça o <strong>acolhimento</strong>.Assim, no “fazer saú<strong>de</strong>”, <strong>de</strong> acordo com Santos, Supperti e Macedo (2002, p. 39),<strong>acolhimento</strong> implica em transformar a maneira como se vem <strong>da</strong>ndo acesso àpopulação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a “porta <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>”, bem como significa mu<strong>da</strong>nças em ações que<strong>de</strong>correm <strong>de</strong>sse primeiro contato, tais como agen<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s consultas eprogramação <strong>de</strong> serviços. Assim, além <strong>de</strong> contribuir para humanização e melhoria<strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> atenção, é uma estratégia <strong>de</strong> reorientação dos profissionais e nasrelações <strong>de</strong>sses com os usuários na melhoria do seu bem-estar.575


Trabalho 6020Diante <strong>de</strong> suas diversas abor<strong>da</strong>gens, percebe-se que o <strong>acolhimento</strong> po<strong>de</strong> colaborar paraa garantia <strong>de</strong> um atendimento qualitativo e humanizado, facilitar a promoção <strong>de</strong> umaassistência integral <strong>de</strong> forma que ca<strong>da</strong> profissional possua uma visão holística do ser humanoa ser atendido. Mas essa colaboração só po<strong>de</strong> existir se o <strong>acolhimento</strong> for entendido como umprocesso <strong>de</strong> responsabilização <strong>de</strong> todos os profissionais pela saú<strong>de</strong> dos usuários, por meio dotrabalho <strong>de</strong> uma <strong>equipe</strong> multiprofissional qualifica<strong>da</strong> e capacita<strong>da</strong> para tal ato, juntamentecom a postura acolhedora <strong>de</strong> todos e liber<strong>da</strong><strong>de</strong> para que se estabeleça o vínculo dos clientescom o serviço (SILVA; ALVES, 2008).É preciso enten<strong>de</strong>r o <strong>acolhimento</strong> não como uma etapa do processo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que <strong>de</strong>veocorrer em um local específico (triagem), mas como uma ação que <strong>de</strong>ve ocorrer em todos oslocais e momentos do serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, tratando-o como um regime <strong>de</strong> afetabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e comoalgo que qualifica uma relação sendo, portanto, passível <strong>de</strong> ser apreendido e trabalhado emtodo e qualquer encontro e não apenas numa condição particular <strong>de</strong> encontro, que é aqueleque se dá na recepção (BRASIL, 2006).Apesar dos avanços e <strong>da</strong>s conquistas do SUS, nos seus vinte anos <strong>de</strong> existência, ain<strong>da</strong>existem gran<strong>de</strong>s lacunas nos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> atenção e gestão dos serviços no que se refere aoacesso e ao modo como o usuário é acolhido nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública (BRASIL, 2006).Várias pesquisas <strong>de</strong> satisfação, relatórios <strong>de</strong> ouvidoria e <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> gestores,trabalhadores <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> e usuários evi<strong>de</strong>nciam a escuta pouco qualifica<strong>da</strong> e as relaçõessolidárias pouco exerci<strong>da</strong>s (BRASIL, 2006). Desta forma, é importante que o <strong>acolhimento</strong>seja adotado por to<strong>da</strong>s as instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a fim <strong>de</strong> organizar o processo <strong>de</strong> trabalho emsaú<strong>de</strong> e enfatizar a importância <strong>de</strong> uma <strong>equipe</strong> com postura acolhedora e comprometi<strong>da</strong> com obem estar físico, emocional e psicológico <strong>da</strong> população, garantindo à todos o acesso a umaassistência integral e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> (SILVA; ALVES, 2008).2.2 A HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA HOSPITALARSegundo Backes (2006), a prática dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, no âmbito hospitalar,vem se tornando bastante <strong>de</strong>sumaniza<strong>da</strong>. O <strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico temtrazido uma série <strong>de</strong> benefícios, sem dúvi<strong>da</strong>, mas tem como efeito adverso o incremento à<strong>de</strong>sumanização.576


Trabalho 6021O preço que se paga pela suposta objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ciência é a eliminação <strong>da</strong> condiçãohumana <strong>da</strong> palavra, que não po<strong>de</strong> ser reduzi<strong>da</strong>, no caso do atendimento hospitalar, à mera<strong>de</strong>scrição técnica dos sintomas e <strong>da</strong> evolução <strong>de</strong> uma doença por exemplo (BRASIL, 2001a).O paciente <strong>de</strong>ve ser visto em sua integrali<strong>da</strong><strong>de</strong>, como pessoa que é, com todos os tipos <strong>de</strong>sentimento que a internação po<strong>de</strong> suscitar, e não como apenas mais um doente.Atualmente é notória a percepção <strong>de</strong> muitas instituições quanto à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>incorporar diretrizes e projetos <strong>de</strong> humanização para funcionários e pacientes, principalmenteno ambiente hospitalar.Pesquisas realiza<strong>da</strong>s em hospitais mostram que quando se trabalha com humanização,a melhora do ambiente hospitalar traz benefícios como a redução do tempo <strong>de</strong> internação,aumento do bem-estar geral dos pacientes e funcionários, diminuição <strong>da</strong>s faltas <strong>de</strong> trabalhoentre a <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e, como conseqüência, o hospital também reduz seus gastos, trazendobenefícios para todos (MARTINS, 2001; MAZZETTI, 2004 apud MOTA; MARTINS;VERAS, 2006).Na perspectiva dos inúmeros benefícios que a humanização no âmbito hospitalar po<strong>de</strong>pomover, o MS <strong>de</strong>senvolveu o Programa Nacional <strong>de</strong> Humanização <strong>da</strong> Assistência Hospitalar(PNHAH) em 1999 com o intuito <strong>de</strong> buscar iniciativas capazes <strong>de</strong> melhorar o contato humanoentre profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e usuário, entre os próprios profissionais, o hospital e acomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo a garantir o bom funcionamento do SUS (BRASIL, 2001a).Segundo o Manual do PNHAH, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s ações <strong>de</strong>sse programa temcomo princípios fun<strong>da</strong>mentais o respeito à singulari<strong>da</strong><strong>de</strong> dos hospitais e a estreita cooperaçãoentre os diversos agentes que compõem o SUS – o Ministério <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>, as SecretariasEstaduais e Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e as instituições hospitalares (BRASIL, 2001a).O PNHAH oferece uma orientação global para os projetos <strong>de</strong> caráter humanizador<strong>de</strong>senvolvidos nas diversas áreas <strong>de</strong> atendimento hospitalar. Sua principal função é estimulara criação e a sustentação permanente <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> comunicação entre esses vários setores <strong>de</strong>atendimento <strong>da</strong> instituição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Espaços on<strong>de</strong> a regra é a livre expressão, a educaçãocontinua<strong>da</strong>, o diálogo, o respeito à diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> opiniões e a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> (BRASIL,2001a).É neste contexto e tendo em vista a superficiali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s relações entre profissionais e<strong>parturiente</strong>s que, às vezes, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ram as emoções <strong>da</strong>s mulheres ao tratá-las <strong>de</strong> modofragmentado, ignorando sua multidimensionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e a significação <strong>da</strong> experiência que estãovivenciando (ARMELLINI; LUZ, 2003) e partindo <strong>da</strong> constatação <strong>de</strong> que a falta <strong>de</strong> percepçãodos direitos femininos e <strong>de</strong> aspectos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> humanização eram a principal causa <strong>da</strong>577


Trabalho 6022má assistência à mulher em processo parturitivo, que o MS lançou em junho <strong>de</strong> 2000 oPrograma <strong>de</strong> Humanização no Pré-Natal e Nascimento – PHPN - (BRASIL, 2000b).Trata-se <strong>de</strong> uma estratégia on<strong>de</strong> a questão <strong>da</strong> humanização e dos direitos <strong>da</strong>s mulheresaparecem como o princípio estruturador, propondo mu<strong>da</strong>nças no mo<strong>de</strong>lo assistencial eassegurando a melhoria do acesso, <strong>da</strong> cobertura e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do acompanhamento pré-natal,<strong>da</strong> assistência ao parto e puerpério, às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dosdireitos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia (BRASIL, 2000b).2.3 POLÍTICAS DE SAÚDE DA MULHERAtualmente, o SUS é responsável por aten<strong>de</strong>r 80% <strong>da</strong> população brasileira, sendo que<strong>de</strong>sse total 50,77% é do sexo feminino. No Brasil, o atendimento à saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> mulher seincorpora às políticas nacionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nas primeiras déca<strong>da</strong>s do século XX, sendo limita<strong>da</strong>,nesse período, às <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s relativas à gravi<strong>de</strong>z e ao parto. Movimentos feministas criticaramvigorosamente esses programas por restringirem o cui<strong>da</strong>do à saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> mulher apenas ao ciclogravídico-puerperal, ficando as mulheres sem assistência na maior parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> (BRASIL,2007).Para o MS (BRASIL, 2007, p. 25)o movimento <strong>de</strong> mulheres contribuiu para introduzir na agen<strong>da</strong> política nacional,questões até então relega<strong>da</strong>s ao segundo plano, por serem consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s restritas aoespaço e às relações priva<strong>da</strong>s. Trata-se <strong>de</strong> revelar as <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s nas condições <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> e nas relações entre os homens e as mulheres, os problemas associados àsexuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e à reprodução, as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>s à anticoncepção e àprevenção <strong>de</strong> doenças sexualmente transmissíveis, e a sobrecarga <strong>de</strong> trabalho <strong>da</strong>smulheres, responsáveis pelo trabalho doméstico e <strong>de</strong> criação dos filhos.Em 1984, o Ministério <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>, aten<strong>de</strong>ndo às reivindicações do Movimento <strong>de</strong>Mulheres, lança o Programa <strong>de</strong> Assistência Integral à Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mulher (PAISM). EssePrograma inclui promoção <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>, prevenção <strong>de</strong> riscos e agravos, diagnóstico, tratamento erecuperação, englobando a assistência à mulher em: clínica ginecológica, no pré-natal, parto epuerpério, no climatério, em planejamento reprodutivo, Infecções SexualmenteTransmissíveis (IST), câncer <strong>de</strong> colo <strong>de</strong> útero e <strong>de</strong> mama, além <strong>de</strong> outras necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>si<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s a partir do perfil populacional <strong>da</strong>s mulheres e dos interesses estratégicos <strong>da</strong>smesmas (BRASIL, 2007).578


Trabalho 6023O PAISM constitui a base dos esforços governamentais relacionados ao campo <strong>da</strong>spolíticas, estratégias e programas do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na área <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> mulher. Em 2004,esse programa tomou a forma <strong>da</strong> Política Nacional <strong>de</strong> Atenção Integral à Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mulher(PNAISM), quando a <strong>equipe</strong> técnica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> mulher realizou um diagnósticoepi<strong>de</strong>miológico <strong>da</strong> situação <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> mulher no Brasil e <strong>de</strong>finiu a importância <strong>de</strong> contarcom diretrizes que orientassem as políticas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mulher (BRASIL, 2007).Desta forma, segundo o MS (BRASIL, 2007, p. 29)a Política <strong>de</strong> Atenção à Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mulher reflete o compromisso com a implementação<strong>de</strong> ações e serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que contribuam para a garantia dos direitos humanos <strong>da</strong>smulheres e reduzam a morbimortali<strong>da</strong><strong>de</strong> por causas preveníveis e evitáveis.Incorpora, num enfoque <strong>de</strong> gênero, a integrali<strong>da</strong><strong>de</strong> e a humanização <strong>da</strong> atenção àsaú<strong>de</strong> como princípios norteadores, bem como consoli<strong>da</strong> os avanços no campo dosdireitos sexuais e dos direitos reprodutivos. Além disso, prevê a articulação comdiferentes áreas técnicas para ampliar as ações para grupos historicamente separados<strong>da</strong>s políticas públicas, nas suas especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Enfatiza a importânciado empo<strong>de</strong>ramento <strong>da</strong>s usuárias do SUS e a participação <strong>da</strong>s mulheres nas instâncias<strong>de</strong> controle social.Nesta perspectiva, algumas ações políticas vem reforçando a importância <strong>da</strong>assistência à mulher em to<strong>da</strong>s as fases do seu ciclo evolutivo, e o ciclo gravídico-puerperalatrai a atenção dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> por ser um período <strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> não só <strong>da</strong>mulher como do feto, principalmente durante o parto.2.4 O PARTOO nascimento é historicamente um evento natural e é tido como uma <strong>da</strong>s experiênciashumanas mais significativas. Entretanto, com o <strong>de</strong>senvolvimento acelerado <strong>da</strong> obstetríciamo<strong>de</strong>rna, as mulheres vêm per<strong>de</strong>ndo o contato com sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> natural <strong>de</strong> parir, <strong>de</strong>ixando<strong>de</strong> serem protagonistas <strong>da</strong> cena <strong>da</strong>ndo espaço aos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Antigamente, os homens viviam conforme seus “instintos naturais”. A princípio, amulher se isolava para parir, geralmente sem nenhuma assistência ou com o cui<strong>da</strong>do vindo <strong>de</strong>outras mulheres, apenas seguia o seu instinto. O parto era consi<strong>de</strong>rado um fenômeno natural efisiológico (SANTOS, 2002).De acordo com Melo (apud SANTOS, 2002), a historici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> assistência ao partotem início a partir do momento em que as próprias mulheres se auxiliam, começam a agregar579


Trabalho 6024valores aos conhecimentos acerca do processo <strong>de</strong> nascimento, e o parto passa a se tornar umevento mais importante na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mulheres que participam do mesmo. Então uma mulherque a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rasse como mais experiente era reconheci<strong>da</strong> como parteira - essaparteira se traduz na figura <strong>da</strong> mulher que aten<strong>de</strong> partos domiciliares, mas que não temnenhum saber científico. Seus conhecimentos são embasados na prática e na acumulação <strong>de</strong>saberes, passados tradicionalmente <strong>de</strong> geração para geração (SANTOS, 2002).Com a fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e posteriormente a criação <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong>especialização para médicos, houve a introdução dos cirurgiões na assistência ao parto.Devido ao fato <strong>da</strong> gravi<strong>de</strong>z e do parto não serem consi<strong>de</strong>rados doenças, esses assuntos nãoeram rotineiramente incluídos nos currículos médicos (MACHADO et al, 2008).Desabituados do acompanhamento <strong>de</strong> fenômenos fisiológicos, os médicos foramformados para intervir, resolver casos complicados e ditar or<strong>de</strong>ns. O parto passou então a servisto como um ato cirúrgico qualquer e a mulher em trabalho <strong>de</strong> parto sendo chama<strong>da</strong>“paciente”, sendo trata<strong>da</strong> como doente e impedi<strong>da</strong> <strong>de</strong> seguir seus instintos e adotar a posiçãomais cômo<strong>da</strong> e fisiológica (MACHADO et al, 2008).Iniciou-se a era do parto médico, visto como uma patologia e em contraparti<strong>da</strong> atecnologia tornou-se superior ao corpo feminino, que distanciou-se consi<strong>de</strong>ravelmente <strong>da</strong> suafisiologia. A mulher passou a ser coadjuvante <strong>da</strong> cena, sendo separa<strong>da</strong> dos seus familiares,afetos e raízes culturais, seus sentimentos e emoções <strong>de</strong>svalorizados e sua imagem<strong>de</strong>spersonaliza<strong>da</strong> durante o processo do parto e nascimento.O obstetra passa a ser o centro <strong>da</strong> cena, obrigando a mulher a se <strong>de</strong>itar numa posição<strong>de</strong>sconfortável, tirando <strong>de</strong>la o direito <strong>de</strong> participar ativamente do nascimento do próprio filho.As posições verticais, que ao longo dos milênios foram as mais usa<strong>da</strong>s pelas mulheres, emto<strong>da</strong>s as raças e culturas, lhes passam a ser nega<strong>da</strong>s pelo obstetra (SANTOS, 2002).Em torno <strong>de</strong> 1880, os médicos apresentavam uma melhor aceitação na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e asmulheres <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as classes sociais começaram a procurar a materni<strong>da</strong><strong>de</strong> para os casos maiscomplicados e gradualmente consi<strong>de</strong>rá-la mais segura do que o domicílio. O hospital vendiauma imagem <strong>de</strong> ter conseguido associar o melhor <strong>de</strong> dois mundos: era um hotel que estariahabilitado a prover serviços <strong>de</strong> atenção tanto direcionados à mulher quanto ao bebê, comsegurança e com a internação durante um período suficiente para a recuperação <strong>da</strong> mulher. Oestudo <strong>da</strong> evolução do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atenção ao parto, em particular <strong>da</strong> institucionalização domesmo, passa pelo entendimento do próprio processo <strong>de</strong> urbanização ocorrido na época. Atransição durou apenas duas gerações, passando <strong>de</strong> um evento familiar e fisiológico para umprocedimento médico (SANTOS, 2002).580


Trabalho 6025Então, as mu<strong>da</strong>nças relaciona<strong>da</strong>s ao parto acabariam por caracterizá-lo como eventomédico, cujos significados científicos aparentemente viriam <strong>de</strong>stacar outros aspectos. Se anteso parto e os cui<strong>da</strong>dos posteriores com a mãe e o bebê transcorriam em família, embanhadosem fortes vínculos, hoje, estes mesmos fenômenos transcorrem em instituições hospitalareson<strong>de</strong> os vínculos passaram a ser meros contatos superficiais (MONTICELLI, 1994).O parto constitui um dos pontos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> psico-sexual <strong>da</strong> mulher esegundo o MS (BRASIL, 2001b), os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são coadjuvantes <strong>de</strong>staexperiência e <strong>de</strong>sempenham importante papel colocando seu conhecimento a serviço do bemestar<strong>da</strong> mulher e do bebê, reconhecendo os momentos críticos em que suas intervenções sãonecessárias para assegurar a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos. Eles po<strong>de</strong>m minimizar a dor, ficar ao lado, <strong>da</strong>rconforto, esclarecer, orientar, enfim, aju<strong>da</strong>r a parir e a nascer.Contudo, <strong>de</strong>sempenhar este papel não é fácil. Para o MS (BRASIL, 2001b, p. 9)a maioria dos profissionais vê a gestação, o parto, o aborto e o puerpério como umprocesso predominantemente biológico on<strong>de</strong> o patológico é mais valorizado. Durantesua formação, doenças e intercorrências são enfatiza<strong>da</strong>s e as técnicasintervencionistas são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maior importância. Entretanto, a gestação é umprocesso que geralmente <strong>de</strong>corre sem complicações. Os estu<strong>da</strong>ntes são treinados paraadotar "práticas rotineiras", como numa linha <strong>de</strong> produção, sem a avaliação críticacaso a caso. Disto <strong>de</strong>corre um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> intervenções <strong>de</strong>snecessárias epotencialmente iatrogênicas.Neste sentido, o parto <strong>de</strong>ve ser retomado como um evento fisiológico, com umaprática humaniza<strong>da</strong>, <strong>de</strong>vendo ser acompanhado por pessoal <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente capacitado para quea intervenção ocorra quando necessária e não como rotina.Reconhecer a individuali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>parturiente</strong> é humanizar o atendimento. Permite aoprofissional estabelecer com ca<strong>da</strong> mulher um vínculo, perceber suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e ter acapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com o processo do nascimento. Permite também relações menos <strong>de</strong>siguaise menos autoritárias, na medi<strong>da</strong> em que o profissional em lugar <strong>de</strong> "assumir o comando <strong>da</strong>situação" passa a adotar condutas que tragam bem-estar e garantam a segurança para a mulhere o bebê (BRASIL, 2001b).De acordo com o MS (BRASIL, 2001b, p. 20) “a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> autonomia <strong>da</strong> mulher noparto está relaciona<strong>da</strong>, principalmente, com a intensa medicalização que o corpo femininosofreu nas últimas déca<strong>da</strong>s”.Exemplo <strong>de</strong>sta situação é a que diz respeito ao uso excessivo <strong>da</strong> cesariana nasúltimas três déca<strong>da</strong>s. Foram fatores <strong>de</strong>terminantes: o maior pagamento doshonorários profissionais para a cesárea pelo antigo INAMPS, a economia <strong>de</strong> tempoe a realização clan<strong>de</strong>stina <strong>da</strong> laqueadura tubária no momento do parto. Após anos581


Trabalho 6026<strong>de</strong>sta prática, instituiu-se uma cultura pró-cesárea na população em geral e entre osmédicos. Como conseqüência, parte importante dos obstetras não se encontrasuficientemente motiva<strong>da</strong>, e até mesmo capacita<strong>da</strong>, para o acompanhamento aoparto normal. Por sua vez, em uma relação médico-paciente assimétrica, asmulheres têm dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em participar <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão do tipo <strong>de</strong> parto, sentindo-semenos capacita<strong>da</strong>s para escolher e fazer valer seus <strong>de</strong>sejos frente às "questõestécnicas" levanta<strong>da</strong>s pelos médicos (BRASIL, 2001b, p. 20)Sendo assim, “a assistência hospitalar ao parto <strong>de</strong>ve ser segura, garantindo para ca<strong>da</strong>mulher os benefícios dos avanços científicos, mas fun<strong>da</strong>mentalmente, <strong>de</strong>ve permitir eestimular o exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia feminina, resgatando a autonomia <strong>da</strong> mulher no parto”(BRASIL, 2001b, p. 20).2.4.1 Humanização <strong>da</strong> assistência obstétricaPassaram-se dois séculos <strong>de</strong> medicalização do parto e segundo Largura (2000) duranteesse período, os esforços foram realizados no sentido <strong>de</strong> retirar <strong>da</strong> assistência ao parto tudo oque não fosse estritamente relacionado ao biológico e à arte médica. Desta forma, para o MS(BRASIL, 2001b, p. 19) “o cenário do nascimento transformou-se rapi<strong>da</strong>mente, tornando-se<strong>de</strong>sconhecido e amedrontador para as mulheres e mais conveniente e asséptico para osprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>”.Para modificar tal cenário torna-se necessário o resgate ao respeito à mulher emprocesso parturitivo e aos seus familiares, pois a representação <strong>de</strong>ssa vivência para mulher irá<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fatores que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os intrínsecos à mulher até os relacionados aosistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Deste modo, a atenção a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> à mulher no momento do parto representaum passo indispensável para garantir que ela possa exercer a materni<strong>da</strong><strong>de</strong> com segurança ebem estar, sendo importante que a <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> esteja prepara<strong>da</strong> para acolher a grávi<strong>da</strong>,seu companheiro e família, respeitando todos os significados <strong>de</strong>sse momento (BRASIL,2001b).Nesta perspectiva, <strong>de</strong> acordo com o MS (BRASIL, 2001b, p. 39), enten<strong>de</strong>-se porhumanização <strong>da</strong> assistência ao parto um “processo que inclui <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a a<strong>de</strong>quação <strong>da</strong> estruturafísica e equipamentos dos hospitais, até uma mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> postura/atitu<strong>de</strong> dos profissionais <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e <strong>da</strong>s gestantes”. É importante que as instituições, estejam estrutura<strong>da</strong>s e prepara<strong>da</strong>spara esta nova postura, incentivando, favorecendo, estimulando, treinando e controlando seusprofissionais para o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>stas tarefas e que estes se disponham a rever seus582


Trabalho 6027conceitos, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado seus preconceitos, a fim <strong>de</strong> favorecer um <strong>acolhimento</strong> completo,técnico e humano à mulher (BRASIL, 2001b).A a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> assistência ao parto e o necessário respeito aos <strong>de</strong>sejos e direitos <strong>da</strong>mulher <strong>parturiente</strong> compreen<strong>de</strong>m seu conforto, segurança e bem-estar, uma vez que quandonegligenciados po<strong>de</strong>m levar a distúrbios psicológicos, afetivos e emocionais, influenciandoem sua vi<strong>da</strong> afetiva com o filho, marido, parentes e amigos (BRASIL, 2001b).A fim <strong>de</strong> propor mu<strong>da</strong>nças no mo<strong>de</strong>lo assistencial, marcado pela per<strong>da</strong> <strong>da</strong> autonomia<strong>da</strong> mulher durante o ciclo gravídico-puerperal, e buscando uma assistência mais humaniza<strong>da</strong>,o MS instituiu em junho <strong>de</strong> 2000 o Programa <strong>de</strong> Humanização no Pré-Natal e Nascimento –PHPN - (BRASIL, 2000b).Na cartilha <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong>ste programa, a humanização <strong>da</strong> assistência é ti<strong>da</strong> comoa principal estratégia, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> apresentação dos aspectos conceituais sobre humanização:A principal estratégia do Programa <strong>de</strong> Humanização no Pré-natal e Nascimento éassegurar a melhoria do acesso, <strong>da</strong> cobertura e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do acompanhamento prénatal,<strong>da</strong> assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, naperspectiva dos direitos <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. O Programa fun<strong>da</strong>menta-se no direito àhumanização <strong>da</strong> assistência obstétrica e neonatal como condição primeira para oa<strong>de</strong>quado acompanhamento do parto e do puerpério. A humanização compreen<strong>de</strong>,entre outros, dois aspectos fun<strong>da</strong>mentais. O primeiro, diz respeito à convicção <strong>de</strong> queé <strong>de</strong>ver <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> receber com digni<strong>da</strong><strong>de</strong> a mulher, seus familiares e orecém-nascido. Isto requer atitu<strong>de</strong> ética e solidária por parte dos profissionais <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, organização <strong>da</strong> instituição <strong>de</strong> modo a criar um ambiente acolhedor e adotarcondutas hospitalares que rompam com o tradicional isolamento imposto à mulher. Osegundo, se refere à adoção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s e procedimentos sabi<strong>da</strong>mente benéficos parao acompanhamento do parto e do nascimento, evitando práticas intervencionistas<strong>de</strong>snecessárias que, embora tradicionalmente realiza<strong>da</strong>s, não beneficiam a mulhernem o recém-nascido e que, com freqüência, acarretam maiores riscos para ambos(BRASIL, 2000b, p. 2).O objetivo principal do PHPN é concentrar esforços no sentido <strong>de</strong> reduzir as altastaxas <strong>de</strong> morbi-mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> materna e perinatal, com enfoque na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar oacesso ao pré-natal, estabelecer critérios para qualificar as consultas, promover o vínculoentre a assistência ambulatorial e o momento do parto (BRASIL, 2000b).O PHPN apresenta uma estruturação com três componentes: o primeiro trata <strong>da</strong>assistência pré-natal; o segundo componente apresenta as questões relativas à Organização,Regulação e Investimentos na Assistência Obstétrica e Neonatal na área hospitalar; e oterceiro componente institui nova sistemática <strong>de</strong> pagamento <strong>da</strong> assistência ao parto,objetivando a melhoria do custeio <strong>da</strong> assistência ao parto realizado nos hospitais integrantesdo Sistema <strong>de</strong> Informações Hospitalares - SIH/SUS, elevando o valor e a forma <strong>de</strong>remuneração dos procedimentos <strong>da</strong> tabela relativos ao parto (SERRUYA, 2003).583


Trabalho 6028O Programa <strong>de</strong> Humanização no Pré-natal e Nascimento é um importante instrumentopara a organização e estruturação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> referência para o atendimento às gestantes nosmunicípios, na lógica <strong>da</strong> regionalização e hierarquização do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Assegura amelhoria do acesso, <strong>da</strong> cobertura e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do acompanhamento pré-natal, <strong>da</strong> assistênciaao parto e puerpério, às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos <strong>da</strong>ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. (BRASIL, 2000b)Para Jones (2002) a maioria <strong>da</strong>s pessoas ao falarem em humanização no parto referemsea tratar com mais gentileza e "humani<strong>da</strong><strong>de</strong>" as pacientes nos centros obstétricos e a umaabor<strong>da</strong>gem menos agressiva e mais racional do manejo <strong>da</strong>s internações. Entretanto, eleconsi<strong>de</strong>ra a humanização do nascimento algo muito mais profundo do que isso. Vai além <strong>de</strong>fazer um centro obstétrico mais arejado, enfermeiras e aten<strong>de</strong>ntes sorri<strong>de</strong>ntes ou colocar vasos<strong>de</strong> flores nos quartos.O autor ain<strong>da</strong> afirma queo que torna um parto humanizado, ao contrário do manejo alienante queencontramos nas nossas materni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, é o protagonismo conquistado por estamulher. A posição <strong>de</strong> cócoras, a presença do marido/acompanhante, a diminuição<strong>de</strong> algumas intervenções sabi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>snecessárias, o local do nascimento, etc.não são suficientes para tornar um nascimento "feminino e humanizado". Énecessário muito mais do que isso. Não existe humanização do nascimento commulheres sem voz. É preciso que esta mulher, consciente <strong>da</strong> sua posição comofigura central no processo, faça valer seus direitos, sua autonomia e seu valor(JONES, 2002, p. 3).Revisando a literatura, Jones (2002) percebe que ca<strong>da</strong> profissional apropriou-se dotermo humanização com uma visão diferente. Os anestesiologistas acreditam que partohumanizado é sinônimo <strong>de</strong> parto sem dor, alguns profissionais acreditam que seja o partovertical, outros <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a idéia <strong>da</strong> presença do acompanhante e para os enfermeiros é umparto com mais suporte físico e emocional. Entretanto, nenhuma <strong>de</strong>ssas intervenções serãohumanizantes se não levarem em consi<strong>de</strong>ração a opinião <strong>da</strong> mulher, uma vez que ela, o recémnascido e a família são os protagonistas reais <strong>da</strong> cena.Sendo assim, a humanização do nascimento tem a ver com a posição em que a mulherocupa neste cenário. É importante consi<strong>de</strong>rar, nesse processo seus <strong>de</strong>sejos e valores, adotandouma postura sensível e ética, respeitando-a como ci<strong>da</strong>dã, pois o que torna um profissional doparto humanista ou não, é a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estimular a mãe a participar e se envolverefetivamente em todo processo (JONES, 2002).584


Trabalho 6029Nessa perspectiva, a assistência <strong>de</strong>ve ter como princípio o <strong>acolhimento</strong> <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> àsgestantes, buscando conhecer os diversos significados <strong>da</strong> gestação para aquela mulher e suafamília, proporcionando um diálogo sem preconceitos e julgamentos.2.4.1.1 Acolhimento à <strong>parturiente</strong> em centro obstétricoSegundo Ferreira (2001), acolher significa “aten<strong>de</strong>r, receber”; entretanto, na saú<strong>de</strong> apalavra <strong>acolhimento</strong> ultrapassa esse significado. Está relacionado ao acesso do usuário aoserviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ao tempo que ele costuma esperar até ser atendido, à forma que ele éatendido por todos os funcionários em ca<strong>da</strong> etapa do processo, ao ambiente que a instituiçãooferece que <strong>de</strong>ve ser limpo e acolhedor, às informações que ele recebe que <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> fácilentendimento e à forma como essas informações são repassa<strong>da</strong>s.De acordo com o MS (BRASIL, 2006, p. 27), o conceito <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong> inclui ain<strong>da</strong>a humanização <strong>da</strong>s relações entre profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e usuários no que se refereà forma <strong>de</strong> escutar os usuários em seus problemas e suas <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s; a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong>objeto (<strong>da</strong> doença para o sujeito); uma abor<strong>da</strong>gem integral a partir <strong>de</strong> parâmetroshumanitários <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> e ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia; o aperfeiçoamento do trabalho em<strong>equipe</strong> com a integração e a complementari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s exerci<strong>da</strong>s por ca<strong>da</strong>categoria profissional, buscando-se orientar o atendimento dos usuários nosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pelos riscos apresentados, pela complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> do problema, peloacúmulo <strong>de</strong> conhecimentos, saberes e <strong>de</strong> tecnologias exigi<strong>da</strong>s para a solução; oaumento <strong>da</strong> responsabilização dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em relação aos usuários ea elevação dos graus <strong>de</strong> vínculo e confiança entre eles; e a operacionalização <strong>de</strong>uma clínica amplia<strong>da</strong> que implica a abor<strong>da</strong>gem do usuário para além <strong>da</strong> doença esuas queixas, bem como a construção <strong>de</strong> vínculo terapêutico para aumentar o grau<strong>de</strong> autonomia e <strong>de</strong> protagonismo dos sujeitos no processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Desta forma o <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> no centro obstétrico <strong>de</strong>ve acontecer <strong>de</strong> formaafetuosa e pautado no respeito ao momento por ela vivenciado. É importante chama-la pelonome, promover um clima <strong>de</strong> apoio, tranqüili<strong>da</strong><strong>de</strong> e confiança, respeitar a intimi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>mulher e seus valores culturais, favorecer a atmosfera familiar, permitir a presença <strong>de</strong>acompanhantes, promover um ambiente com som suave, controlar ruídos e comentáriosinconvenientes, zelar pelo bem-estar <strong>da</strong> mulher e do feto, permitir que ela <strong>de</strong>ci<strong>da</strong> quanto àposição do parto, permitir à mulher movimentar-se e exercitar-se (salvo em caso <strong>de</strong> restriçãomédica), realizar apenas procedimentos compatíveis com a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> caso e,principalmente, preservar sua autonomia resgatando a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>parturiente</strong> que hoje se585


Trabalho 6030sente impotente e incapaz <strong>de</strong> <strong>da</strong>r á luz sem apropriar-se <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s intervencionistas(MACHADO et al, 2008).Bran<strong>de</strong>m (2000 apud MACHADO et al, 2008) diz que à medi<strong>da</strong> que o trabalho <strong>de</strong>parto progri<strong>de</strong>, a paciente torna-se mais compenetra<strong>da</strong> e preocupa<strong>da</strong> com suas contrações.Algumas gestantes ficam tranqüilas e retraí<strong>da</strong>s, enquanto outras entram em pânico e falamcontinuamente; a gestante po<strong>de</strong> começar a ter dúvi<strong>da</strong>s quanto à sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentaressa situação. Soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> e um ambiente tranqüilo e relaxado po<strong>de</strong>m ajudá-la a concentrarsee reunir seus recursos <strong>de</strong> enfrentamento, além <strong>de</strong> favorecer seu repouso entre as contrações.Segundo o PHPN, as uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem receber com digni<strong>da</strong><strong>de</strong> a mulher, seusfamiliares e o recém-nascido, o que requer atitu<strong>de</strong> ética e solidária por parte dos profissionais,organização <strong>da</strong> instituição <strong>de</strong> modo a criar um ambiente acolhedor e adotar condutashospitalares que rompam com o tradicional isolamento imposto à mulher (SERRUYA, 2003).A presença <strong>de</strong> um acompanhante indicado pela <strong>parturiente</strong> durante o trabalho <strong>de</strong> partotambém tem sido preconiza<strong>da</strong> como medi<strong>da</strong> em favor <strong>da</strong> humanização <strong>da</strong> atenção, sendoatualmente um direito legalmente constituído (BRASIL, 2001b).Tornquist (2003 apud PARADA E TONETE, 2007) mostra que em estudo<strong>de</strong>senvolvido em uma materni<strong>da</strong><strong>de</strong> que institucionalizou várias rotinas constantes do i<strong>de</strong>ário<strong>da</strong> humanização, foi possível evi<strong>de</strong>nciar resistência apenas inicial dos profissionais à presençado acompanhante, entretanto posteriormente essa presença passou a ser estimula<strong>da</strong> pela<strong>equipe</strong>, por representar uma fonte <strong>de</strong> apoio, facilitando o trabalho <strong>de</strong> parto.Acolher a <strong>parturiente</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente requer antes <strong>de</strong> tudo uma reflexão sobre ainfluência dos próprios valores na prática profissional, reconhecimento e aceitação dospróprios limites e <strong>da</strong>s diferenças que caracterizam a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> humana. Comentários<strong>de</strong>srespeitosos e conclusões precipita<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vem ser banidos do dia a dia dos serviços. Adiscussão coletiva e o repensar cotidiano <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> indivíduo po<strong>de</strong>rão evitar julgamentos eatitu<strong>de</strong>s preconceituosas sobre o comportamento reprodutivo <strong>da</strong>s mulheres e/ou, pelo menos,erradicar práticas con<strong>de</strong>náveis e anti-éticas na oferta <strong>de</strong> serviços, como as punições e castigosimpostos a muitas mulheres que gritam ou <strong>de</strong>monstram medo na hora <strong>de</strong> parir (BRASIL,2001b).586


Trabalho 60312.4.1.2 A enfermeira obstetra e sua atuação em sala <strong>de</strong> partoDe acordo com Castro (2003), atualmente as políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ten<strong>de</strong>m a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r oretorno <strong>da</strong> atuação ativa <strong>da</strong> enfermeira obstetra na assistência ao parto, acreditando que esteprofissional possa resgatar uma assistência <strong>de</strong> melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Des<strong>de</strong> 1998, o MS vem qualificando enfermeiras obstétricas para sua inserção naassistência ao parto normal através <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> especialização em Enfermagem Obstétrica eportarias ministeriais para inclusão do parto normal assistido por enfermeira obstétrica natabela <strong>de</strong> pagamentos do SUS. Essas medi<strong>da</strong>s visam à humanização dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>para redução <strong>de</strong> intervenções <strong>de</strong>snecessárias, como a prática excessiva do parto cesárea e comconseqüente diminuição <strong>da</strong> morbimortali<strong>da</strong><strong>de</strong> materna e perinatal (MOURA et al, 2007).Os comportamentos dos profissionais na prática cotidiana <strong>da</strong> assistência obstétricalevam a crer que para a enfermeira obstetra o cui<strong>da</strong>r visualiza a mulher <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma família,e o médico acredita ser na maioria <strong>da</strong>s vezes o único responsável pelos acontecimentos.Gabay (1995 apud CASTRO 2003) em um estudo realizado em Washington observou que noshospitais que tinham a participação <strong>da</strong> enfermeira obstetra, a taxa <strong>de</strong> cesárea era <strong>de</strong> 11,6% eque nos que não tinham esse profissional, a taxa passava a ser <strong>de</strong> 26,3%.Essa diferença foi relaciona<strong>da</strong> à divergência <strong>de</strong> filosofia <strong>de</strong> assistência para o partonatural, uma vez que as enfermeiras obstetras são prepara<strong>da</strong>s para não intervir, apresentamhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e confiança no processo <strong>de</strong> nascer e ain<strong>da</strong> são ótimas em criar uma atmosfera <strong>de</strong>suporte para a mulher em trabalho <strong>de</strong> parto utilizando tecnologias do cui<strong>da</strong>do como a<strong>de</strong>ambulação, massagens, banhos, etc. Para elas o fórceps e a cesárea são consi<strong>de</strong>radossituações <strong>de</strong> emergência (CASTRO, 2003).Kitzinger (1988 apud MERIGHI; GUALDA, 2009) ressalta a importância <strong>da</strong>senfermeiras ao longo <strong>da</strong> história, nos diversos sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Ao pesquisar sobre suaprática reconhece que nos locais on<strong>de</strong> atuam com autonomia, essas profissionais tem obtidoresultados perinatais muito satisfatórios e <strong>de</strong>sempenhado papel relevante no sentido <strong>de</strong>mu<strong>da</strong>nça, examinando práticas obstétricas universalmente aceitas.Foram as enfermeiras que conduziram as investigações sobre a prática rotineira <strong>de</strong>tricotomia do períneo, o enema e a episiotomia <strong>de</strong> rotina, contatando que estaspráticas nem sempre são benéficas, além <strong>de</strong> causar extremo <strong>de</strong>sconforto às<strong>parturiente</strong>s. Ain<strong>da</strong>, segundo a autora, estudos conduzidos na Inglaterra e nos EUA<strong>de</strong>monstram que partos assistidos por enfermeiras obstetras apresentam índicesmenores <strong>de</strong> cesárea, fórcipe, indução e controle eletrônico do foco, sendo que, o587


Trabalho 6032uso <strong>de</strong> medicação é feito com menor intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e os bebês apresentam Apgarelevado e quase não são entubados (KITZINGER, 1988 apud MERIGHI;GUALDA, 2009, p. 3).As enfermeiras obstetras possuem perfil e competência para acompanhar o processofisiológico do nascimento, contribuindo para a sua evolução natural, reconhecendo ecorrigindo os <strong>de</strong>svios <strong>da</strong> normali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e encaminhando aquelas que <strong>de</strong>man<strong>de</strong>m assistênciaespecializa<strong>da</strong>. Além disso, tem o papel <strong>de</strong> facilitar a participação <strong>da</strong> mulher no processo donascimento, caminhando para o mo<strong>de</strong>lo fun<strong>da</strong>mentado nos princípios <strong>da</strong> humanização quebaseia-se no respeito ao ser humano, empatia, intersubjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, envolvimento, vínculo,oferecendo à mulher e à família a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> acordo com suas crenças evalores culturais (MERIGHI; GUALDA, 2009).A humanização se faz necessária em to<strong>da</strong>s as categorias profissionais, entretanto nãose po<strong>de</strong> negar que a Enfermagem tem uma afini<strong>da</strong><strong>de</strong> maior com os princípios e diretrizes<strong>de</strong>sse processo.Muitas são as estratégias que po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s pelos enfermeiros com o objetivo<strong>de</strong> tornar a experiência do parto menos traumática possível. Robertson (2000, apud CASTRO,2003) cita <strong>de</strong>ixar a luz baixa, manter a temperatura a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, colocar músicas e oferecermassagens. Refere que a penumbra cria um ambiente aconchegante, garantindo a paz e osilêncio. A temperatura do ambiente não po<strong>de</strong> ser muito baixa, pois o resfriamento do corpocausa uma resposta fisiológica em função do aumento <strong>da</strong> adrenalina levando a diminuição naprogressão do trabalho <strong>de</strong> parto. Outra estratégia recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> pela autora é a oferta <strong>de</strong>líquidos durante o trabalho <strong>de</strong> parto, orientando-a a esvaziar a bexiga a ca<strong>da</strong> 2 ou 3 horas.Com relação ao alívio <strong>da</strong> dor, sugere-se o incentivo à <strong>de</strong>ambulação, a aplicação <strong>de</strong>bolsa <strong>de</strong> água quente em locais frequentemente dolorosos (região lombar e vulvo-perineal),massagem na região dorsal e nos pés <strong>da</strong> mulher que <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>da</strong> através do<strong>de</strong>slizamento e pressão dos <strong>de</strong>dos com óleos aromáticos-terapêuticos. Po<strong>de</strong>-se ain<strong>da</strong> utilizar aágua e o calor por meio <strong>de</strong> compressas, banhos <strong>de</strong> imersão ou banho <strong>de</strong> chuveiro, os quaisreduzem a produção <strong>de</strong> adrenalina e promovem a liberação <strong>de</strong> endorfinas e ocitocinafacilitando a progressão do trabalho <strong>de</strong> parto (ROBERTSON, 2000 apud CASTRO, 2003).Além <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s essas estratégias, a principal forma <strong>de</strong> se conseguir uma humanizaçãoplena <strong>da</strong> assistência ao parto é através <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> uma boa relação entre profissional ecliente. A mulher <strong>de</strong>ve ser olha<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma holística, ouvi<strong>da</strong> e respeita<strong>da</strong> a fim <strong>de</strong> seestabelecer uma relação <strong>de</strong> confiança. A boa relação com a cliente permite a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>situações que possivelmente possam comprometer o bom an<strong>da</strong>mento do trabalho <strong>de</strong> parto,588


Trabalho 6033uma vez que as usuárias se sentem mais a vonta<strong>de</strong> pra falar o que sentem (que muitas vezesnão po<strong>de</strong> ser visto) sem medo <strong>de</strong> represálias.Sendo assim, a assistência humaniza<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> à <strong>parturiente</strong> no centroobstétrico <strong>de</strong>ve estar pauta<strong>da</strong> na escuta qualifica<strong>da</strong>, responsável e comprometi<strong>da</strong> <strong>da</strong>snecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e expectativas <strong>da</strong> mulher, visando o atendimento qualificado e humanizado pormeio <strong>da</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> e atenção frente ao momento vivenciado pela mulher e sua família.589


Trabalho 60343 METODOLOGIASegundo Minayo et al. (1994), a metodologia é responsável por <strong>de</strong>screverformalmente os métodos e técnicas a serem utilizados, indicar as opções e a leituraoperacional que o pesquisador fez do quadro teórico e <strong>de</strong>finir os instrumentos eprocedimentos para análise <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.3.1 TIPO DO ESTUDOTrata-se <strong>de</strong> um estudo qualitativo, poisrespon<strong>de</strong> a questões muito particulares, preocupando-se com um nível <strong>de</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>que não po<strong>de</strong> ser quantificado. Trabalha com o universo <strong>de</strong> significados, motivos,aspirações, crenças, valores e atitu<strong>de</strong>s, o que correspon<strong>de</strong> a um espaço mais profundo<strong>da</strong>s relações, dos processos e dos fenômenos que não po<strong>de</strong>m ser reduzidos àoperacionalização <strong>de</strong> variáveis (MINAYO, 1994, p. 21).A fim <strong>de</strong> analisar a compreensão <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> Enfermagem acerca do <strong>acolhimento</strong> à<strong>parturiente</strong> no centro obstétrico, levando-se em consi<strong>de</strong>ração a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s questõessubjetivas que envolvem a adoção <strong>de</strong> tal atitu<strong>de</strong>, esse estudo caracteriza-se como qualitativo<strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>scritivo explicativo. Foi <strong>de</strong>scritivo, pois buscou obter informações e <strong>de</strong>screver apercepção dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sobre o <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> em centro obstétrico eexplicativo porque teve a preocupação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar fatores que possam interferir nessa açãona perspectiva <strong>de</strong> oferecer sugestões para a superação dos mesmos.3.2 CAMPO DA PESQUISAO estudo foi realizado no Hospital Inácia Pinto dos Santos (HIPS) que é umamaterni<strong>da</strong><strong>de</strong> pública <strong>de</strong> referência <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana – Bahia.Este município é o segundo maior <strong>da</strong> Bahia e está situado a 108 Km <strong>da</strong> capital doEstado, Salvador. Por ser o maior entroncamento rodoviário do Estado <strong>da</strong> Bahia, serve <strong>de</strong>590


Trabalho 6035ponto obrigatório <strong>de</strong> passagem a quase todos os que <strong>de</strong>man<strong>da</strong>m ao Norte/ Nor<strong>de</strong>ste e ao Suldo país, através <strong>da</strong>s rodovias: BR 101, 116, 324, BA 052, 502, facilitando o acesso à ci<strong>da</strong><strong>de</strong>(LEITE, 2006). Possui uma área <strong>de</strong> 1.363 km², sendo reconheci<strong>da</strong> como o portal do sertão porestar situa<strong>da</strong> no ínicio do agreste baiano. Em números, <strong>de</strong> acordo com o Censo no ano <strong>de</strong>2007, atualmente conta com cerca <strong>de</strong> 571.997 habitantes (IBGE, 2007).A materni<strong>da</strong><strong>de</strong> em questão dispõe <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> 10.890m 2 , com 6825m 2 <strong>de</strong> áreaconstruí<strong>da</strong> e 120 leitos (105 <strong>da</strong> materni<strong>da</strong><strong>de</strong> e 15 do berçário). Nesta materni<strong>da</strong><strong>de</strong>, asespeciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s encontra<strong>da</strong>s são: cirúrgicas (cirurgia geral e plástica); clínicas (neonatologia,clínica geral); complementares (uni<strong>da</strong><strong>de</strong> intermediária neonatal, uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> terapia intensivaneonatal tipo II, uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamento); obstetrícia (obstetrícia cirúrgica) e pediatria(pediatria clínica).No que tange a parte assistencial, o hospital é composto <strong>de</strong> servidores municipaisconcursados regidos por lei municipal, servidores <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e médicos <strong>da</strong> materni<strong>da</strong><strong>de</strong>;os ambulatórios são terceirizados (forma contratual com termino <strong>de</strong>limitado pela instituição)nas áreas <strong>de</strong> obstetrícia, anestesiologia, pediatria, ginecologia, cirurgia geral (FEIRA DESANTANA, 2009).O centro obstétrico está localizado em uma área <strong>de</strong> circulação restrita e seu acesso épermitido apenas com o uso <strong>de</strong> roupa privativa. A uni<strong>da</strong><strong>de</strong> é composta por seis leitos <strong>de</strong> préparto,uma sala cirúrgica, uma sala <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos para recém-nascidos e uma sala <strong>de</strong>recuperação pós-anestésica para paciente em estado <strong>de</strong> risco. Ca<strong>da</strong> sala <strong>de</strong> pré parto possui umbanheiro com chuveiro elétrico <strong>de</strong> uso exclusivo <strong>da</strong>s pacientes.Quanto aos recursos humanos, em ca<strong>da</strong> plantão a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> conta com uma enfermeiracoor<strong>de</strong>nadora, uma enfermeira assistencial, três ou quatro técnicos <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, doisobstetras, um anestesista, um pediatra, uma escrituraria e dois agentes <strong>de</strong> limpeza. No totalsão 25 técnicos <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, sendo que um encontra-se <strong>de</strong> licença médica.3.3 SUJEITOS DA PESQUISAOs sujeitos <strong>da</strong> pesquisa em questão foram nove profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> (trêsenfermeiros e seis técnicos <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>) que atuam diretamente no centro obstétrico docampo do estudo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sexo, i<strong>da</strong><strong>de</strong>, religião e tempo <strong>de</strong> serviço e que mostraram-591


Trabalho 6036se dispostos a contribuir voluntariamente sem qualquer forma <strong>de</strong> remuneração, confirmandoeste <strong>de</strong>sejo através <strong>da</strong> assinatura do Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido.A única dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> para aproximação com os sujeitos e participação <strong>de</strong>stes foi adinâmica do setor, pois a maioria dos participantes <strong>de</strong>sejavam fazer a entrevista na própriauni<strong>da</strong><strong>de</strong> no momento <strong>de</strong> intervalo.3.3 TÉCNICA E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOSPara Lakatos e Marconi (2006), os instrumentos e técnicas <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos sãoelementos metodológicos que <strong>de</strong>vem estar a<strong>de</strong>quados ao problema a ser estu<strong>da</strong>do e <strong>de</strong>vem serutilizados a fim <strong>de</strong> obter informações e medir <strong>da</strong>dos a cerca <strong>de</strong> um fato que se quer <strong>de</strong>sven<strong>da</strong>r.Como técnica <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos foi utiliza<strong>da</strong> a entrevista semi-estrutura<strong>da</strong> e comoinstrumento um formulário (APÊNDICE A) <strong>de</strong>stinado a levantar <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação ecaracterização sócio-<strong>de</strong>mográfica e um roteiro <strong>de</strong> entrevista (APÊNDICE B) formado porperguntas <strong>da</strong> entrevista que visaram coletar informações acerca <strong>da</strong> percepção dos profissionais<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> sobre o <strong>acolhimento</strong> no centro obstétrico do Hospital Inácia Pinto dos Santos<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana-Ba.A entrevista semi-estrutura<strong>da</strong> é aquela que parte <strong>de</strong> questionamentos básicos apoiadosem teorias e hipóteses <strong>de</strong> interesse <strong>da</strong> pesquisa, oferecendo amplo espectro <strong>de</strong> interrogativas,fruto <strong>de</strong> novas hipóteses que irão surgir com as respostas do entrevistado. Assim como odirecionamento do entrevistador, o entrevistado expressará livremente <strong>de</strong> acordo com suasexperiências, <strong>de</strong>sta forma construindo conhecimentos para a elaboração <strong>da</strong> pesquisa(TRIVÑOS, 1987).Antes dos instrumentos terem sido aplicados no campo <strong>da</strong> pesquisa, foi realizado umpré-teste no centro-obstétrico do Hospital Geral Clériston Andra<strong>de</strong>, também situado na ci<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana a fim <strong>de</strong> verificar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do instrumento. O pré-teste mostrou que oinstrumento tinha viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação. As perguntas mostraram-se <strong>de</strong> fácil entendimentoe os entrevistados não <strong>de</strong>monstraram nenhuma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> para respondê-las.As entrevistas foram realiza<strong>da</strong>s em locais escolhidos pelos entrevistados <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>própria instituição em <strong>da</strong>ta e horário previamente marcados, em consenso entre o pesquisadore o pesquisado, optando-se pela utilização dos horários <strong>de</strong> movimento pouco intenso a fim592


Trabalho 6037manter o participante mais tranqüilo; entretanto, <strong>de</strong>vido à dinâmica do setor, foi difícilconseguir horários pouco intensos, o que dificultou bastante a coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.Antes do inicio <strong>da</strong>s entrevistas, o pesquisado leu e assinou em duas vias o Termo <strong>de</strong>Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C) o qual continha to<strong>da</strong>s as informaçõesnecessárias para esclarecê-lo sobre a natureza, objetivos e importância <strong>da</strong> pesquisa.As entrevistas foram grava<strong>da</strong>s em aparelho portátil sendo posteriormente transcritas epassa<strong>da</strong>s para um computador pessoal a fim <strong>de</strong> facilitar posterior análise.3.4 ANÁLISE DOS DADOSApós a coleta, os <strong>da</strong>dos foram organizados e analisados para que pu<strong>de</strong>ssemproporcionar respostas às investigações. Para isto utilizou-se a técnica <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> conteúdoque é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> por Bardin (1977, p. 42) como.um conjunto <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> análise <strong>da</strong>s comunicações visando obter, porprocedimentos sistemáticos e objetivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição do conteúdo <strong>da</strong>s mensagens,indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência <strong>de</strong> conhecimentosrelativos às condições <strong>de</strong> produção/recepção (variáveis inferi<strong>da</strong>s) <strong>de</strong>stas mensagens.Na primeira etapa, todo material foi organizado e analisado com o objetivo <strong>de</strong> torná-looperacional, sistematizando as idéias iniciais. Foi feita a escuta criteriosa e a transcrição <strong>da</strong>sreferi<strong>da</strong>s entrevistas, mantendo a fi<strong>de</strong>digni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informação, registrando-se inclusive, oestado emocional do sujeito, caracterizado por silêncio, risos, entre outros, favorecendo <strong>de</strong>staforma, a compreensão e respeito à subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> fala.Em segui<strong>da</strong> foi elabora<strong>da</strong> uma planilha contendo to<strong>da</strong>s as respostas. Nesta fase foifeita uma leitura flutuante <strong>de</strong> todo material <strong>de</strong>marcando aqueles que foram submetidos aosprocedimentos analíticos propriamente dito. Após essa seleção, o material foi re-lidoexaustivamente e os temas mais encontrados nos documentos foram <strong>de</strong>stacados, por meio <strong>de</strong>grifos na planilha.A partir <strong>da</strong> compreensão dos <strong>da</strong>dos, iniciou-se o processo <strong>de</strong> construção <strong>da</strong>s categorias<strong>de</strong> acordo com suas semelhanças e por diferenciação, com posterior reagrupamento, emfunção <strong>de</strong> características comuns, sendo por fim, analisados a partir dos trechosrepresentativos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> aspecto pautado na literatura existente.593


Trabalho 60383.5 ASPECTOS ÉTICOSOs procedimentos adotados nesta pesquisa obe<strong>de</strong>ceram aos Critérios <strong>da</strong> Ética emPesquisa com Seres Humanos conforme Resolução nº 196/96 (BRASIL, 1996b) do ConselhoNacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e foram aprovados pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana estando registrados neste CEP sob protocolo nº 010/2010,CAAE 0011.0.059.000-10 (ANEXO A).Os sujeitos <strong>da</strong> pesquisa foram previamente informados quanto ao objetivo e àjustificativa <strong>da</strong> pesquisa, bem como tiveram to<strong>da</strong>s as suas dúvi<strong>da</strong>s esclareci<strong>da</strong>s. Osentrevistados foram i<strong>de</strong>ntificados por números e não houve necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do participante dizerseu nome ou iniciais, <strong>de</strong>sta forma qualquer complicação legal ou riscos à digni<strong>da</strong><strong>de</strong> doparticipante que possa surgir a partir <strong>da</strong> participação nessa pesquisa como constrangimentoforam minimizados e prevenidos através do anonimato e do sigilo <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s dossujeitos. Somente as pesquisadoras tiveram conhecimento dos <strong>da</strong>dos e a entrevista foi feita emhorário <strong>de</strong> movimento pouco intenso e em consenso com o participante, respeitando-se assimo princípio <strong>da</strong> não-maleficência que propõe ao pesquisador a obrigação <strong>de</strong> não infringir <strong>da</strong>nointencional ao pesquisado.As entrevistas foram feitas no próprio hospital em local estabelecido pelo participanteem <strong>da</strong>ta e horário previamente <strong>de</strong>terminados e em consenso entre o pesquisador e oparticipante, e este estava ciente que po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>sistir <strong>da</strong> pesquisa em qualquer momento, comexclusão <strong>da</strong>s informações por ele presta<strong>da</strong>s sem que fosse submetido a qualquer tipo <strong>de</strong>penalização, preservando sua autonomia que consiste em permitir que o indivíduo ajalivremente.Nenhum participante <strong>de</strong>monstrou nenhum tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto emocional durante aentrevista, entretanto caso esta situação ocorresse, o participante seria encaminhado aoserviço <strong>de</strong> psicologia do hospital para receber o <strong>de</strong>vido suporte. Justiça: consiste empossibilitar aos sujeitos <strong>da</strong> pesquisa obter conhecimento científico relevante, não havendoprivilégios <strong>de</strong> nenhuma pessoa em especial através do princípio <strong>da</strong> equi<strong>da</strong><strong>de</strong>. As entrevistasserão grava<strong>da</strong>s integralmente após o consentimento do sujeito <strong>da</strong> pesquisa e seus <strong>da</strong>dos serãoutilizados apenas para fins científicos.594


Trabalho 6039Ao participar <strong>de</strong>sta pesquisa o participante estava ciente <strong>de</strong> que não teria nenhumbenefício financeiro, bem como as pesquisadoras. Entretanto, ele foi informado que éesperado que este estudo traga informações importantes sobre o <strong>acolhimento</strong> feito à<strong>parturiente</strong> no centro obstétricos pela <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> que serão utiliza<strong>da</strong>s apenas parafins científicos, estando acessíveis para todos, não havendo privilégios <strong>de</strong> nenhuma pessoa emespecial respeitando-se, assim, o princípio <strong>da</strong> justiça que preza a equi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Os resultados obtidos nesta pesquisa po<strong>de</strong>m fornecer subsídios aos gestores eprofissionais para implementarem estratégias que visem melhorar ain<strong>da</strong> mais a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>assistência presta<strong>da</strong> na referi<strong>da</strong> materni<strong>da</strong><strong>de</strong>, levando em consi<strong>de</strong>ração o bem estar dosprofissionais e <strong>da</strong>s <strong>parturiente</strong>s, a fim <strong>de</strong> garantir às mulheres em trabalho <strong>de</strong> parto ummomento especial e único com todos os seus direitos respeitado.Os <strong>da</strong>dos só foram coletados mediante consentimento do participante por meio <strong>da</strong>assinatura no Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C), em duas vias,em que uma ficou sobre posse do participante e a outra reti<strong>da</strong> com as pesquisadoras, quegarantiram o anonimato dos <strong>da</strong>dos envolvidos na pesquisa. As gravações <strong>da</strong>s entrevistasforam salvas em uma mídia regravável (CD-RW) e, junto com os instrumentos utilizados nasentrevistas, estão arquiva<strong>da</strong>s no Núcleo <strong>de</strong> Extensão e Pesquisa em Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mulher(NEPEM) na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana (UEFS), por cinco anos, sendoposteriormente apaga<strong>da</strong>s, o CD reutilizado e os instrumentos <strong>de</strong>struídos e encaminhados parareciclagem.595


Trabalho 60404 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOSApós leitura exaustiva e repeti<strong>da</strong> <strong>da</strong>s falas <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s e, consi<strong>de</strong>rando osobjetivos do estudo e as questões teóricas aponta<strong>da</strong>s, iniciamos o processo <strong>de</strong> caracterizaçãodos sujeitos participantes <strong>da</strong> pesquisa e a construção <strong>da</strong>s categorias do estudo, as quais foramanalisa<strong>da</strong>s à luz <strong>de</strong> autores estudiosos <strong>da</strong> temática.4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO ESTUDOOs sujeitos <strong>da</strong> pesquisa foram nove participantes com perfil do sexo exclusivamentefeminino o que corrobora com a hegemonia <strong>de</strong>ste na Enfermagem; sendo três enfermeiras eseis técnicas <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, com i<strong>da</strong><strong>de</strong>s entre 25 e 39 anos. A maioria <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>sinformaram ter 0-5 anos <strong>de</strong> formação e tempo <strong>de</strong> serviço na uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> seis anos.To<strong>da</strong>s dizem que se i<strong>de</strong>ntificam com a área em que atuam e ressaltam que fazem o quegostam (TABELA 1).596


Trabalho 6041TABELA 1 Caracterização dos participantes <strong>da</strong> pesquisa intitula<strong>da</strong>Acolhimento à <strong>parturiente</strong>: percepção <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> Enfermagem, Feira <strong>de</strong>Santana-BA, Brasil, 2010.VARIÁVELnFaixa etária(anos)20-29 anos 430-39 anos 5SexoFeminino 9Masculino 0Categoria profissionalEnfermeiro 3Técnico <strong>de</strong> Enfermagem 6Tempo <strong>de</strong> formação0-5 anos 45-10 anos 1Mais <strong>de</strong> 10 anos 4Tempo <strong>de</strong> atuação na uni<strong>da</strong><strong>de</strong>0-5 anos 75-10 anos 1Mais <strong>de</strong> 10 anos 1Das falas <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s emergiram as categorias que serão analisa<strong>da</strong>s a seguir.4.2 O ACOLHIMENTO COMO UM CONJUNTO DE AÇÕES PARA UMA BOAASSISTÊNCIAAs falas <strong>da</strong>s participantes <strong>de</strong>monstram a percepção do <strong>acolhimento</strong> como um conjunto<strong>de</strong> ações que visam proporcionar a <strong>parturiente</strong> uma assistência <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Acolherrealmente possui um sentido amplo e engloba uma série <strong>de</strong> ações que o torna concreto.Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> são um conjunto <strong>de</strong> ações que você <strong>de</strong>sempenha junto à paciente paraque ela se sinta acolhi<strong>da</strong> (Ent. 5).[...]<strong>acolhimento</strong> seria <strong>da</strong>r os cui<strong>da</strong>dos necessários na hora do parto, fazer um partohumanizado, fazer com que a pessoa se sinta o mais confortável possível[...] (Ent.1).597


Trabalho 6042Assim, <strong>acolhimento</strong> não é apenas <strong>da</strong>r os cui<strong>da</strong>dos na hora do parto. É receber a<strong>parturiente</strong> com atenção e cortesia, <strong>da</strong>r ou prestar atenção ao que ela está falando. Éimportante também que o profissional esteja preocupado com o seu comportamento e com ainfluência que ele exerce nas pessoas com quem se relaciona, pois este po<strong>de</strong> interferir <strong>de</strong>maneira direta na forma com que a paciente irá avaliar a experiência vivi<strong>da</strong>.Estudo realizado por Carraro e outros autores (2006), mostra que a mulher quando sesente acolhi<strong>da</strong> e cui<strong>da</strong><strong>da</strong> enfrenta com mais segurança o momento do parto e a Enfermagempossui um papel importante neste <strong>acolhimento</strong>. De acordo com Corbett (2000 apud MOTTA,2003), <strong>de</strong> todos os profissionais <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>, as enfermeiras são as que têm maior contato com a<strong>parturiente</strong>, sendo, portanto, elemento chave <strong>de</strong> satisfação em relação aos cui<strong>da</strong>dos recebidos.To<strong>da</strong>via, é importante <strong>de</strong>stacar que os profissionais <strong>de</strong> Enfermagem que aten<strong>de</strong>m nasinstituições, atualmente, seja em nível superior ou em nível técnico, trabalham em umainstituição nortea<strong>da</strong> por normas rígi<strong>da</strong>s, basea<strong>da</strong>s no controle do corpo do paciente (MOTTA,2003).Dessa forma, é preciso enten<strong>de</strong>r que a oferta do <strong>acolhimento</strong>, do apoio emocional po<strong>de</strong>se tornar muito difícil diante <strong>da</strong> rotina <strong>de</strong>ste setor tendo em vista as limitações frente àreali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>da</strong>s enfermeiras, como, por exemplo, a relação número <strong>de</strong> profissionaispor número <strong>de</strong> <strong>parturiente</strong>s e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tarefas sob sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Nesta perspectiva <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong> como conjunto <strong>de</strong> ações, a subcategoria a seguir<strong>de</strong>staca estas ações i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s nas falas <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s.Acolhimento compreendido como a recepção <strong>da</strong> clienteA fala <strong>da</strong> entrevista<strong>da</strong> 8 <strong>de</strong>monstra uma concepção <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong> volta<strong>da</strong> para arecepção <strong>da</strong> <strong>parturiente</strong>, isto é, a rotina <strong>de</strong> admissão composta pela apresentação doprofissional, anamnese e exame físico.Eu entendo como <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento em que eu meapresento a ela no setor como enfermeira, digo meu nome, levo até o leito, explicoa minha função e começo a minha anamnese, minha entrevista e exame físico[...](Ent. 8).A fala revela o cui<strong>da</strong>do <strong>da</strong> profissional em se apresentar e informar o papel que ela<strong>de</strong>sempenha na uni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Isto se constitui em um direito <strong>da</strong> paciente, pois ela precisa saber598


Trabalho 6043quem está realizando o atendimento, seu nome e função além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r i<strong>de</strong>ntificar oprofissional por crachá preenchido com o nome completo, função e cargo.Cranley e Ziegel (1996 apud CECATO; SAND, 2001) apontam que durante o trabalho<strong>de</strong> parto o fazer técnico não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sprezado. A enfermeira e <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> queassistem a <strong>parturiente</strong> precisam atentar para os cui<strong>da</strong>dos fisiológicos e técnicos, mas também,precisa estar atenta ao que se refere ao calor humano e sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, sendo capaz <strong>de</strong><strong>de</strong>terminar as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas e emocionais individualizando o cui<strong>da</strong>r/cui<strong>da</strong>do.É contraditório falar em <strong>acolhimento</strong> quando não se leva em consi<strong>de</strong>ração a opinião <strong>da</strong>mulher frente ao momento que ela está vivenciando impedindo que ela participe ativamente<strong>de</strong> todo processo. É possível inferir <strong>da</strong> fala <strong>da</strong> entrevista<strong>da</strong> 6 que para esta, acolher a pacientesignifica orientá-la a comportar-se conforme o que a <strong>equipe</strong> consi<strong>de</strong>ra certo durante o trabalho<strong>de</strong> parto.[...]que ela tem que fazer tudo certinho que a gente man<strong>da</strong> “ó mãe, tem que fazerforça, é assim, tal”. Se ela fizer tudo direitinho dá certo [...] (Ent. 6).Entretanto, nas últimas déca<strong>da</strong>s, tem emergido vários movimentos governamentais enão governamentais em prol <strong>de</strong> uma assistência humaniza<strong>da</strong> e holística em que se consi<strong>de</strong>ra apessoa como principal sujeito do seu corpo e vi<strong>da</strong>, e não apenas simples objeto que obe<strong>de</strong>cepassivamente às or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>tém o po<strong>de</strong>r do saber, sem qualquer questionamento(MOURA et al, 2007).A <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> muito po<strong>de</strong> contribuir para melhorar, bem como incentivaras <strong>parturiente</strong>s no reconhecimento <strong>de</strong> suas potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, tornando-as ativas no processo <strong>de</strong>parturição, trazendo-as bem mais presentes para este momento singular <strong>da</strong>s mulheres que é onascimento <strong>de</strong> um filho. O significado do parto para as mulheres passou a ter um elo muitoestreito com a maneira <strong>de</strong> como essas são acolhi<strong>da</strong>s e atendi<strong>da</strong>s pela <strong>enfermagem</strong>principalmente. Portanto, o cui<strong>da</strong>do acolhedor, respeitoso e humanizado <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> sãofatores fun<strong>da</strong>mentais para que a evolução do trabalho <strong>de</strong> parto e parto aconteçam <strong>da</strong> formamais natural, segura e tranqüila possível.599


Trabalho 60444.3 ESTRATÉGIAS DE ACOLHIMENTOEm relação ao que as entrevista<strong>da</strong>s costumam fazer para acolher às <strong>parturiente</strong>s nocentro obstétrico, são muitas as estratégias utiliza<strong>da</strong>s pela <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do referidohospital e estas serão apresenta<strong>da</strong>s nas sub-categorias abaixo.A conversa enquanto estratégia <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong>As falas apontam para a conversa como um importante meio <strong>de</strong> interação entre oprofissional e a paciente. Ela é utiliza<strong>da</strong> no sentido <strong>de</strong> <strong>da</strong>r apoio emocional a paciente etransmitir afeto, segurança e soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> ao momento vivenciado por ela. Para Silva, Alvime Figueiredo (2008), esses elementos são essenciais à efetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do cui<strong>da</strong>do, uma vez queresulta em bem-estar e conforto ao cliente.A gente tenta conversar com ela, principalmente quando é um momento novo, ummomento assim, primeiro, na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>la (Ent. 1).[...] conversando com ela “mas mãe, é assim mesmo, Deus quis lhe <strong>da</strong>r dois filhos,né?”, você dá um apoio assim psicológico, em conversar, mais pra estar lá, praacompanhar até o parto mesmo (Ent. 2).Estudos analisados por Motta (2003) mostram que o apoio emocional e físico à<strong>parturiente</strong> oferece benefícios para o <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho <strong>de</strong> parto, bem comocontribui para que a mulher signifique positivamente essa experiência.No campo <strong>da</strong> Enfermagem, a conversa vem emergindo como eixo integrador docui<strong>da</strong>do. Segundo Silva, Alvim e Figueiredo (2008), é por meio <strong>da</strong> conversa que se estabeleceo vínculo necessário para interagir melhor com o cliente, pois, ela constitui-se como forma <strong>de</strong>comunicação que abre caminhos à interação, auxiliando o cliente no enfrentamento <strong>da</strong> doençae do processo <strong>de</strong> hospitalização.Faz-se importante ressaltar que a conversa <strong>de</strong>ve estar basea<strong>da</strong> na troca <strong>de</strong> informações,ou seja, tanto o profissional quanto o paciente <strong>de</strong>vem <strong>da</strong>r a sua parcela <strong>de</strong> contribuição nodiálogo, evitando que o momento seja utilizado apenas para se passar orientações <strong>de</strong> formaverticaliza<strong>da</strong> sem a escuta <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e anseios <strong>da</strong> <strong>parturiente</strong>.600


Trabalho 6045A fala <strong>da</strong> entrevista<strong>da</strong> 4 traduz a conversa como um momento apenas <strong>de</strong> explicaçõespor parte do profissional. Não é possível perceber a participação <strong>da</strong> <strong>parturiente</strong> o que vai <strong>de</strong>encontro ao conceito <strong>de</strong> conversa <strong>de</strong>fendido por Silva, Alvim e Figueiredo (2008), o qualafirma que a conversa envolve o saber ouvir e trocar informações, permitindo a compreensão<strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sejos dos clientes, através <strong>da</strong> palavra.O que mais eu faço aqui é tentar conversar com elas, explicar tudo que vai ser, quevai acontecer (Ent. 4).Como aponta Santos, Superti e Macedo (2002), para escutar é preciso estar atento aossinais, muitas vezes não verbalizados, ou ain<strong>da</strong>, traduzidos na linguagem corporal, no tom <strong>de</strong>voz, no toque, no olhar, na expressão facial ou no próprio silêncio do usuário.Orientação às <strong>parturiente</strong>s para o controle <strong>da</strong>s situações vivencia<strong>da</strong>sAs entrevista<strong>da</strong>s 1 e 9 salientam a orientação às <strong>parturiente</strong>s para o controle <strong>da</strong>ssituações vivencia<strong>da</strong>s como estratégia <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong>. Elas afirmam que uma <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong>aju<strong>da</strong>r a mulher a enfrentar o parto com mais calma é informando-a sobre todo e qualqueracontecimento, por meio do apoio e orientação.A gente explica pra ela o que vai acontecer, como é que vai acontecer o pós.Conversa tudo direitinho e aí aos poucos ela vai ficando mais calma e<strong>de</strong>senvolvendo melhor o trabalho <strong>de</strong> parto (Ent. 1).[...]quando ele chega no hospital ela fica com medo, então tudo pra ela é novo. Apartir <strong>da</strong> hora que você explica tudo que você vai fazer você vê que ela já fica maistranqüila, a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>la diminui (Ent. 9).Entretanto, orientar não é privar a gestante <strong>de</strong> sua liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão, ou seja, ela<strong>de</strong>ve ter o direito às suas opiniões, ações e reações. Autores divergem sobre esta liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>expressão. Ceccato e Sand (2001) acreditam que a cliente terá consciência e condições <strong>de</strong>entendimento se for orienta<strong>da</strong>, por exemplo, que ao gritar não estará respirandoa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente, sendo prejudicial para o bebê e, consequentemente, respon<strong>de</strong>rá com maioraceitação às informações que foram transmiti<strong>da</strong>s.O<strong>de</strong>nt (2002 apud CASTRO, 2003) se contrapõe dizendo que o sentido convencional<strong>de</strong> preparação para o parto <strong>de</strong>ve ser rejeitado uma vez que carrega aspectos prescritivos,601


Trabalho 6046procura ensinar a forma correta <strong>da</strong> mulher respirar e controlar suas emoções, enfim <strong>de</strong> parir.Ele encoraja a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> posição, respiração e acredita que no dia do parto amulher <strong>de</strong>ve ce<strong>de</strong>r à experiência e per<strong>de</strong>r o controle esquecendo <strong>de</strong> tudo que apren<strong>de</strong>ram.A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) apresenta que os profissionais <strong>da</strong> assistênciaobstétrica precisam estar familiarizados com as tarefas médicas e <strong>de</strong> apoio, lembrando queuma <strong>de</strong>las é <strong>da</strong>r to<strong>da</strong>s as informações e explicações que a <strong>parturiente</strong> <strong>de</strong>sejar ou necessitar,expressando a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e respeito <strong>da</strong> <strong>enfermagem</strong>, <strong>de</strong>monstrando à <strong>parturiente</strong> a certeza<strong>de</strong> que esta sendo cui<strong>da</strong><strong>da</strong> (BRASIL, 1996a).Tanto para uma primípara quanto para uma multípara, o trabalho <strong>de</strong> parto será umanova experiência com respectivas particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s, neste sentido a <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>precisa estar disposta a orientar a <strong>parturiente</strong> encarando aquele momento como primeiro eúnico na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>la, a fim <strong>de</strong> transmitir uma maior segurança para a mesmaUso <strong>de</strong> técnicas não farmacológicas para alívio <strong>da</strong> dorAs entrevistas a seguir mostram o uso <strong>da</strong>s técnicas não farmacológicas para alívio <strong>da</strong>dor como meio <strong>de</strong> acolher a <strong>parturiente</strong> no centro-obstétrico. Estes métodos são enfatizadospelo movimento <strong>de</strong> humanização do parto, que têm crescido nos últimos anos, como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>a OMS.A gente <strong>de</strong> vez em quando coloca um som ambiente, apaga a luz, <strong>de</strong>ixa silêncioabsoluto, tenta não fazer tanto ruído, tanta coisa, fala palavras <strong>de</strong> conforto prapaciente, fala que tudo vai <strong>da</strong>r certo, que o bebê ta vindo [...] mesmo diante <strong>de</strong> umquadro <strong>de</strong> dor, a gente tentar confortá-la, tenta passar a dor <strong>de</strong>la, tenta <strong>da</strong>r uma mão,que elas às vezes precisam só disso mesmo (Ent. 1).(...)encaminhar pra banho, banho morno, relaxar, pra... com musicoterapia, parir empenumbra(...) (Ent. 2).Como mostra Sescato, Souza e Wall (2008), este movimento tem a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>tornar o parto o mais natural possível, diminuindo as intervenções, cesarianas, administração<strong>de</strong> fármacos. Assim, para promover a <strong>de</strong>smedicalização, utiliza-se os cui<strong>da</strong>dos nãofarmacológicosque são alternativas que po<strong>de</strong>m ser emprega<strong>da</strong>s para alívio <strong>da</strong> dordispensando os anestésicos e analgésicos.O manual Materni<strong>da</strong><strong>de</strong> Segura <strong>da</strong> OMS (BRASIL, 1996a) aponta várias ações que<strong>de</strong>vem ser incentiva<strong>da</strong>s durante o período perinatal e inclui-se as que se referem aos cui<strong>da</strong>dos602


Trabalho 6047não-farmacológicos <strong>de</strong> alívio <strong>da</strong> dor no trabalho <strong>de</strong> parto, como liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> adotar posturas eposições varia<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>ambulação, respiração ritma<strong>da</strong> e ofegante, comandos verbais erelaxamento, banhos <strong>de</strong> chuveiro e <strong>de</strong> imersão, toque e massagens, corroborando com osmétodos citados pelas profissionais entrevista<strong>da</strong>s.É essencial que cui<strong>da</strong>dos não-farmacológicos <strong>de</strong> alívio <strong>da</strong> dor sejam explorados, porserem mais seguros e acarretarem menos intervenções. Sendo assim, a <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>tem um papel fun<strong>da</strong>mental na realização <strong>de</strong>sses cui<strong>da</strong>dos, proporcionando à <strong>parturiente</strong> alívio<strong>da</strong> dor, tornando o parto humanizado, <strong>da</strong>ndo à mulher a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ter uma boa vivência<strong>de</strong>ste momento especial que é a chega<strong>da</strong> do filho (SESCATO; SOUZA; WALL, 2008).4.4 OS ENTRAVES DO ACOLHIMENTODurante as entrevistas notamos que apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrarem boa vonta<strong>de</strong> em acolheràs <strong>parturiente</strong>s <strong>de</strong> forma digna e humana, as entrevista<strong>da</strong>s <strong>de</strong>screvem uma série <strong>de</strong>dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s que as impe<strong>de</strong>m <strong>de</strong> prestar um cui<strong>da</strong>do mais individualizado e acolhedor às<strong>parturiente</strong>s.Muita paciente, pouco tempo, pouco funcionário, pouco <strong>acolhimento</strong>.As falas 6 e 3 apontam que o número <strong>de</strong> funcionários que constitui a <strong>equipe</strong> <strong>de</strong><strong>enfermagem</strong> responsável por assistir à <strong>parturiente</strong> em ca<strong>da</strong> período, bem como a gran<strong>de</strong><strong>de</strong>man<strong>da</strong>, acarreta a falta <strong>de</strong> tempo para o <strong>acolhimento</strong>.A dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> que mais a gente encontra é o tempo, porque como aqui entra muitapaciente, então a gente não tem às vezes tempo pra estar <strong>da</strong>ndo essa acolhi<strong>da</strong> àspacientes[...] (Ent. 6).A dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> é essa, é, falta às vezes até <strong>de</strong> recursos humanos mesmo. Se fossemais pessoas plantão, teria um tratamento a<strong>de</strong>quado, melhor, mais individualizado,com mais quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O problema é que, por ser um dos poucos do município, porter muita referência <strong>de</strong> municípios próximos aí acaba superlotando, às vezes temmuitas ocorrências, ai às vezes a gente se passa, assim, pela pouca quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>recursos humanos (Ent. 3).De acordo com a RDC 36, <strong>de</strong> 03 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2008 (BRASIL, 2008), o serviço <strong>de</strong>atenção obstétrica e neo-natal <strong>de</strong>ve ter <strong>equipe</strong> dimensiona<strong>da</strong> quantitativa e qualitativamente,aten<strong>de</strong>ndo as normatizações vigentes, <strong>de</strong> acordo com a proposta assistencial e perfil <strong>da</strong><strong>de</strong>man<strong>da</strong>.603


Trabalho 6048Por ser um centro <strong>de</strong> referência, a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> na uni<strong>da</strong><strong>de</strong> é muito gran<strong>de</strong>, havendomuitas vezes sobrecarga <strong>de</strong> tarefas o que resulta em uma assistência prejudica<strong>da</strong>. Emsituações, por exemplo, que se tenha seis <strong>parturiente</strong>s, nos diferentes períodos clínicos doparto, que requerem igualmente maior atenção, o reduzido número <strong>de</strong> funcionáriosimpossibilitaria a excelência na prestação do serviço.Gaidzinski (1991 apud CECCATO; SAND, 2001) refere que a ina<strong>de</strong>quação numéricae qualitativa dos recursos humanos <strong>da</strong> Enfermagem lesa a clientela dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> noseu direito <strong>de</strong> assistência à saú<strong>de</strong> livre <strong>de</strong> riscos.Mas aqui pra gente é difícil por conta <strong>da</strong> mão <strong>de</strong> obra que é pouca. Muitas vezes agente só vê isso com os professores, com os alunos que tem mais tempo parahumanizar o parto (Ent. 2).Na fala <strong>da</strong> entrevista<strong>da</strong> 2, percebemos que pela visão <strong>da</strong> entrevista<strong>da</strong> o <strong>acolhimento</strong>trata-se <strong>de</strong> uma visão utópica do cui<strong>da</strong>do, po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>senvolvido apenas por estu<strong>da</strong>ntes eprofessores por esses terem mais tempo disponível.Sabemos que para que o <strong>acolhimento</strong> ocorra no seu sentido amplo é necessário que a<strong>equipe</strong> seja subsidia<strong>da</strong> pela instituição, por meio <strong>da</strong> oferta dos recursos necessários para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um bom trabalho, como um quantitativo efetivo <strong>de</strong> recursos-humanos emateriais.Às vezes elas falam “pega aqui na minha mão, me aju<strong>da</strong>”, a gente sabe que não vaiaju<strong>da</strong>r, mas só em estar ali confortando, já dá força pra ela, passar por esse momentotão singular na vi<strong>da</strong>. Muitas já tiram <strong>de</strong> letra por ser multíparas, mas as primigestassão as que mais exigem <strong>da</strong> gente uma presença maior. Às vezes fala assim “não, nãosai <strong>da</strong>qui agora não, fica aqui comigo”, aí a gente fica mais um pouco, fala que temoutras pacientes no C.O. Porque assim, tem um fluxo gran<strong>de</strong> <strong>da</strong>qui no hospital, àsvezes não tem nem como a gente <strong>da</strong>r atenção, assim, individualiza<strong>da</strong>. A gente faz oque po<strong>de</strong>. Tem períodos que as ocorrências são tão intensas que às vezes a gente nãodá o <strong>acolhimento</strong> necessário, fazemos o possível (Ent. 1).Na fala <strong>da</strong> entrevista<strong>da</strong> 1 existe um ponto que merece ser discutido que é o chamadodo cliente nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. É comum vermos <strong>parturiente</strong>s gritando nos leitos sem aassistência dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. De acordo com uma pesquisa realiza<strong>da</strong> no México porCampero, Garcia, Diaz, Ortiz, Reynoso e Langer (1998 apud MOTTA, 2003), as mães queestavam menos agita<strong>da</strong>s e atravessavam o trabalho <strong>de</strong> parto sem gritar <strong>de</strong>clararam recebermais atenção do que as que eram muito agita<strong>da</strong>s e gritavam mais.Segundo Soifer e Lef (1980;1997 apud MOTTA, 2003), tal situação ocorre pois a<strong>equipe</strong> fica emocionalmente toma<strong>da</strong> pelo trabalho <strong>de</strong> parto e a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar as <strong>parturiente</strong>s604


Trabalho 6049que expressam dor e angústia po<strong>de</strong> ser uma forma conheci<strong>da</strong> <strong>de</strong> proteger-se <strong>da</strong> cargaemocional gera<strong>da</strong> pela situação.Entretanto, é possível acolher bem quando se tem apenas boa vonta<strong>de</strong>. Dar um bomdia, receber a paciente com um sorriso nos lábios, chamar pelo nome, tirar suas dúvi<strong>da</strong>s,procurar aten<strong>de</strong>r às suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> atenção, são gestos simples, mas que fazem to<strong>da</strong>diferença, à medi<strong>da</strong> que servem <strong>de</strong> conforto e acalmam a paciente.O preparo ina<strong>de</strong>quado <strong>da</strong> gestante no pré –natalAs falas <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s 4e 9 reportam para o preparo ina<strong>de</strong>quado <strong>da</strong>do às gestantesdurante o pré-natal como uma <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o <strong>acolhimento</strong>. As orientações recebi<strong>da</strong>sdurante a gestação e a vivência em parturições prévias não são suficientes para que asmulheres possam enfrentar esse novo momento com tranqüili<strong>da</strong><strong>de</strong>; por esse motivo osprofissionais são obrigados a utilizar parte do tempo para passar informações que <strong>de</strong>veriam tersido <strong>da</strong><strong>da</strong>s durante o pré-natal.[...]muitas vezes a paciente vem <strong>de</strong> um pré-natal mal feito então elas não sabemnem o que é um parto normal, o que é um parto cesáreo, então a gente vai explicara ela o que é que vai ser realmente feito aqui com ela (Ent. 4).[...]você muitas vezes está falando, mas a pessoa não tem aquele esclarecimento eaí fica querendo que você dê soluções dos problemas que não estão ao seu alcanceTem também a i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Chega cliente que a i<strong>da</strong><strong>de</strong> é assim: quinze anos, quatorze,então, é imatura ain<strong>da</strong>, não tem nem noção do que está acontecendo na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>com ela (Ent. 9).O Programa <strong>de</strong> Humanização do Pré-Natal e Nascimento <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma assistênciadiferencia<strong>da</strong> visando acolher e preparar a gestante e a família para o parto por meio <strong>de</strong>ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educativas que proporcionem o intercâmbio <strong>de</strong> informações entre profissionais <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e gestantes. Essa troca <strong>de</strong> experiências é umas <strong>da</strong>s melhores formas <strong>de</strong> promover acompreensão do processo <strong>de</strong> gestação e parto (BRASIL, 2001b).É importante salientar que esse preparo no pré-natal não <strong>de</strong>ve ser uma forma <strong>de</strong>condicionar a gestante para colaborar com a <strong>equipe</strong>, e sim <strong>de</strong> incentivar a mulher a se tornarprotagonista do seu parto. Assim, não se <strong>de</strong>ve preparar a gestante para aceitar e respeitar asregras pré-estabeleci<strong>da</strong>s nas instituições apenas, mas sim para que ela possa usar <strong>da</strong> sua605


Trabalho 6050autonomia para analisar em conjunto com os profissionais as situações que envolvem o seuparto.Acolhimento significa também esclarecer à mulher a dinâmica do atendimento e <strong>da</strong>assistência, para que ao receber a informação <strong>de</strong> um procedimento como a cesárea, porexemplo, ela possa estar consciente sobre os benefícios, riscos e compartilhe seus medos edúvi<strong>da</strong>s, ao invés <strong>de</strong> recusar-se sem o conhecimento do que está acontecendo.Sabendo o porquê <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ação, a <strong>parturiente</strong> po<strong>de</strong> colaborar e participar <strong>de</strong> formamais efetiva do processo, e com certeza se sentirá mais acolhi<strong>da</strong>.606


Trabalho 60515 CONSIDERAÇÕESO estudo teve como proposta analisar a percepção <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> sobre o<strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> no centro obstétrico e alcançou seu objetivo. Após a análise <strong>da</strong>sfalas, percebe-se que as entrevista<strong>da</strong>s possuem noções sobre o que é <strong>acolhimento</strong> e expressamisso através <strong>de</strong> palavras como escutar, ouvir, encaminhar, conversar e orientar.Entretanto, foi possível i<strong>de</strong>ntificar também, concepções diferentes do que realmenteconsiste pelo MS como acolher a <strong>parturiente</strong>, à medi<strong>da</strong> que muitas <strong>da</strong>s ações acentuam umavisão medicaliza<strong>da</strong> do nascer.O parto, que antes era tido como um evento fisiológico, tornou-se um ato médico ehospitalizado. Neste contexto, a mulher per<strong>de</strong> a sua autonomia e o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> passaa ser protagonista <strong>da</strong> cena, obrigando às mulheres a adotarem posturas que sejam favoráveispara eles em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong>s vonta<strong>de</strong>s <strong>de</strong>las.Martins (1999 apud CASTRO, 2003) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retomar o partocomo um evento fisiológico, com uma prática humaniza<strong>da</strong>, <strong>de</strong>vendo ser acompanhado porpessoal <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente capacitado para que a intervenção ocorra quando necessária e não comorotina.A pesquisa mostrou que o <strong>acolhimento</strong> na visão <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s caracteriza-se,também, como uma relação educativa. Essa função preventiva e terapêutica do <strong>acolhimento</strong>po<strong>de</strong> se concretizar no centro obstétrico durante o pré, intra e pós-parto e é importante queessa concepção seja difundi<strong>da</strong> e integra<strong>da</strong> às do hospital, especialmente do centro obstétrico.Apesar <strong>da</strong> parturição ser um momento que exige parceria compromissa<strong>da</strong> e amorosaentre a <strong>parturiente</strong> e o profissional, o estudo mostrou que o estabelecimento <strong>de</strong>sses vínculosconstitui-se em <strong>de</strong>safio aos profissionais, <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> do hospital e ao númeroreduzido <strong>de</strong> profissionais em ca<strong>da</strong> período, como apontado pelas entrevista<strong>da</strong>s.Em uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> obstétrica que contém seis leitos <strong>de</strong> pré-parto, uma sala cirúrgica,uma sala <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos para recém-nascidos e uma sala <strong>de</strong> recuperação pós-anestésica parapaciente em estado <strong>de</strong> risco, torna-se complicado para os profissionais <strong>de</strong>sse setor, se nãohouver um bom dimensionamento <strong>de</strong> pessoal, prestar um cui<strong>da</strong>do individualizado àspacientes; entretanto, vale dizer que mesmo assim a <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> Enfermagem precisa buscarmeios para manter o que é básico no <strong>acolhimento</strong>: tratar a paciente pelo nome, ter o cui<strong>da</strong>do<strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificar e dizer qual função você exerce naquela uni<strong>da</strong><strong>de</strong>, bem como orientá-la emseus anseios, dúvi<strong>da</strong>s e chamados resolvendo suas <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s.607


Trabalho 6052O conceito <strong>de</strong> <strong>acolhimento</strong> é muito amplo, portanto não é só estar ao lado <strong>da</strong><strong>parturiente</strong> o tempo todo como sugerem algumas <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s. Está relacionado tambémao acesso <strong>da</strong> paciente ao setor, ao tempo que ela espera até ser atendi<strong>da</strong>, à forma que esseatendimento é feito, às informações que são passa<strong>da</strong>s pra ela, que <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> fácilentendimento, e à resolução do problema.Para que a <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>senvolva um cui<strong>da</strong>do humanizado e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>,é necessário consi<strong>de</strong>rar aspectos que são bastante valorizados na visão holística do cui<strong>da</strong>docomo a conversa, o saber ouvir, o toque, o compartilhamento <strong>de</strong> idéias, a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>preocupação e a expressão <strong>de</strong> afeto,Infelizmente, na nossa reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, o mo<strong>de</strong>lo holístico <strong>de</strong> assistência ain<strong>da</strong> é poucoobservado. Nas materni<strong>da</strong><strong>de</strong>s as mulheres ain<strong>da</strong> são separa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> família mesmo existindo alei que ampare o acompanhante na re<strong>de</strong> pública, são obriga<strong>da</strong>s a compartilhar um momentotão especial com pessoas estranhas, algumas <strong>de</strong>stas não têm ao menos a <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za <strong>de</strong> seapresentar, além <strong>de</strong> serem submeti<strong>da</strong>s a alguns procedimentos invasivos sem o seuconsentimento, o que causa dor, <strong>de</strong>sconforto e sentimento <strong>de</strong> solidão.Acreditamos que o <strong>acolhimento</strong> não é uma utopia conforme verificado na fala <strong>de</strong>algumas entrevista<strong>da</strong>s que o enten<strong>de</strong> como uma atitu<strong>de</strong> possível <strong>de</strong> ser realiza<strong>da</strong> apenas poralunos e professores. Ele implica na humanização dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong>forma <strong>de</strong> ver o mundo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um. Humanizar e acolher exige mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> e posturano sentido <strong>de</strong> procurar compreen<strong>de</strong>r os modos <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> viver do outro para que suasnecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e anseios possam ser atendidos. Portanto como afirma Oliveira, Zampiere eBrüggemann (2001 apud CASTRO, 2003, p. 110) “o custo <strong>da</strong> humanização é do tamanho <strong>da</strong>vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong> nós”.Para que o <strong>acolhimento</strong> aconteça é necessário investir na formação dos profissionaispra que saiam <strong>da</strong>s aca<strong>de</strong>mias com perfil acolhedor; implementar nos serviços as oficinasmultiprofissionais, multisetoriais e multidisciplinares, fortalecendo as relações e virtu<strong>de</strong>s,resgatando a ética no cotidiano <strong>de</strong> trabalho. É preciso ain<strong>da</strong> refletir sobre a mu<strong>da</strong>nça domo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> assistência ao parto, pois medicalizando o que é fisiológico, a essência humana docui<strong>da</strong>do é substituí<strong>da</strong> pelo pensamento do risco e <strong>da</strong> intervenção.Para finalizar, <strong>de</strong>stacamos que ao analisar os resultados encontrados nessa pesquisapercebemos que eles constituem em estímulo para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> outras pesquisas,uma vez que sentimos a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aprofundá-la ampliando a discussão para os <strong>de</strong>maiscomponentes <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, tendo em vista que o <strong>acolhimento</strong> <strong>de</strong>ve ser compreendidocomo uma atitu<strong>de</strong> conjunta dos trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.608


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Trabalho 6057APÊNDICE A - Formulário <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dosUNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANADEPARTAMENTO DE SAÚDEGRADUAÇÃO EM ENFERMAGEMFORMULÁRIO DE COLETA DE DADOSTítulo <strong>da</strong> pesquisa: ACOLHIMENTO À PARTURIENTE: percepção <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong><strong>enfermagem</strong>Objetivo: analisar a percepção dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> a cerca do <strong>acolhimento</strong> à<strong>parturiente</strong> em centro obstétricoI. IDENTIFICAÇÃO:Nº________ I<strong>da</strong><strong>de</strong>:________Sexo: ( ) Feminino ( ) MasculinoRENDA MENSAL ESTADO CIVIL CORESCOLARIDADEREFERIDA( ) 1-2 salários ( ) solteiro ( ) branco ( ) ensino médio completo( ) 3-4 salários ( ) união estável ( ) amarelo ( ) superior incompleto( ) 5-6 salários ( ) casado ( ) pardo ( ) superior completo( ) 7 ou + salários ( ) divorciado ( ) indígena ( ) superior + pós graduação( ) viúvo ( ) negroRELIGIÃO( ) Católico( ) Protestante( ) Espírita( ) Testemunha <strong>de</strong> Jeová( ) Outros ____________613


Trabalho 6058Categoria profissional:( ) Enfermeiro ( )Técnico <strong>de</strong> Enfermagem ( ) Auxiliar <strong>de</strong> EnfermagemTEMPO DEFORMAÇÃOTEMPO DE ATUAÇÃO NAPROFISSÃOTEMPO DE ATUAÇÃONA UNIDADE( ) 0-5 anos ( ) 0-5 anos ( ) 0-5 anos( ) 5-10 anos ( ) 5-10 anos ( ) 5-10 anos( ) mais <strong>de</strong> 10 anos ( ) mais <strong>de</strong> 10 anos ( ) mais <strong>de</strong> 10 anosJá trabalhou em outros serviços públicos? ( ) SIM ( ) NÃO Quanto tempo?____________Já trabalhou em outros serviços particulares? ( ) SIM ( ) NÃO Quanto tempo?__________Você se i<strong>de</strong>ntifica com área em que atua hoje? ( ) SIM ( ) NÃO Por que? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________614


Trabalho 6059APÊNDICE B – Roteiro <strong>da</strong> entrevistaUNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANADEPARTAMENTO DE SAÚDEGRADUAÇÃO EM ENFERMAGEMQUESTÕES NORTEADORAS1-) O que você enten<strong>de</strong> por <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong>?2-) O que você costuma fazer para acolher a <strong>parturiente</strong> no centro obstétrico?3-) Quais as maiores dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s que você encontra para realizar este <strong>acolhimento</strong>?615


Trabalho 6060APÊNDICE C – Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e EsclarecidoTermo <strong>de</strong> Consentimento Livre e EsclarecidoAtravés do presente “Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido” e em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com aResolução Nº 169 <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1996, nós, Zannety Conceição Silva do Nascimento Souza(professora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana e pesquisadora responsável) e LudmillaOliveira Souza (aluna do curso <strong>de</strong> Graduação em Enfermagem <strong>de</strong>sta instituição e pesquisadoracolaboradora), convi<strong>da</strong>mos você para participar <strong>da</strong> pesquisa intitula<strong>da</strong> “ACOLHIMENTO ÀPARTURIENTE: percepção <strong>da</strong> <strong>equipe</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>”, que estamos realizando para saber oque os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> enten<strong>de</strong>m por <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> no centro obstétrico,<strong>de</strong> forma que este conhecimento possa fornecer subsídios aos gestores e profissionais paraimplementarem estratégias que visem melhorar ain<strong>da</strong> mais a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> assistência presta<strong>da</strong> nareferi<strong>da</strong> materni<strong>da</strong><strong>de</strong>, levando em consi<strong>de</strong>ração o bem estar dos profissionais e <strong>da</strong>s <strong>parturiente</strong>s. Opresente estudo tem como objetivo analisar a percepção dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> a cercado <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> em centro obstétrico. Como procedimento metodológico, será feitauma entrevista a partir <strong>de</strong> um roteiro semi-estruturado dividido em duas partes: a primeira<strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a levantar <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e caracterização sócio-<strong>de</strong>mográfica dos sujeitos; e asegun<strong>da</strong> forma<strong>da</strong> por perguntas que visam coletar informações acerca <strong>da</strong> percepção dosprofissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> sobre o <strong>acolhimento</strong> à <strong>parturiente</strong> em centro obstétrico. Este trabalhopossui fins acadêmicos tendo como produto final uma monografia. A <strong>da</strong>ta e horário pararealização <strong>da</strong> entrevista serão <strong>de</strong>terminados previamente e em consenso entre o pesquisador e oparticipante, po<strong>de</strong>ndo este <strong>de</strong>sistir <strong>da</strong> pesquisa em qualquer momento. Vale salientar que aparticipação é voluntária, não havendo nenhum benefício financeiro ao participante. To<strong>da</strong>s asfases <strong>da</strong> pesquisa serão cumpri<strong>da</strong>s atentando sempre para a resolução 196/96 que regulamenta apesquisa com seres humanos em seus quatro referenciais básicos <strong>da</strong> bioética: autonomia, nãomaleficência, beneficência e justiça, <strong>de</strong>sta forma, os riscos relacionados à participação nessapesquisa, como constrangimento, serão evitados ou minimizados. Para sigilo e anonimato, nãoserá necessário que você se i<strong>de</strong>ntifique ao ser entrevistado(a). As gravações <strong>da</strong>s entrevistas serãosalvas em uma mídia regravável (CD-RW) e ficarão arquiva<strong>da</strong>s no Núcleo <strong>de</strong> Extensão e Pesquisaem Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mulher (NEPEM) na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana (UEFS) por cincoanos, sendo posteriormente apaga<strong>da</strong>s e o CD reutilizado. O retorno <strong>de</strong>sta pesquisa para você se<strong>da</strong>rá por meio <strong>da</strong> apresentação dos resultados na instituição e <strong>da</strong> disponibilização <strong>de</strong> um exemplar<strong>da</strong> monografia no setor <strong>de</strong> educação continua<strong>da</strong> <strong>da</strong> mesma, para consulta; para a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>científica, o retorno será em forma <strong>de</strong> artigos, apresentações em congressos, seminários, etc. Emcaso <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>s, você po<strong>de</strong>rá entrar em contado com as pesquisadoras através dos telefones (75)3224-8217 do Colegiado <strong>de</strong> Enfermagem <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana ou (75)3224-8395 do Núcleo <strong>de</strong> Extensão e Pesquisa em Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mulher (NEPEM). Caso aceiteparticipar <strong>da</strong> pesquisa, <strong>de</strong>verá assinar este termo <strong>de</strong> consentimento em duas vias juntamente comas pesquisadoras, sendo que uma via ficará com você e a outra sob posse <strong>da</strong>s pesquisadorasFeira <strong>de</strong> Santana, Ba, ______<strong>de</strong>__________________<strong>de</strong>_________.________________________________Assinatura do participante____________________________________Prof.ª Ms. Zannety Conceição S. do N. SouzaPesquisadora responsável___________________________________Ludmilla Oliveira SouzaPesquisadora colaboradora616


Trabalho 6061ANEXO A – Parecer do CEP617

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