11.07.2015 Views

Leia o manual diretamente na internet. - Jardim Botânico do Rio de ...

Leia o manual diretamente na internet. - Jardim Botânico do Rio de ...

Leia o manual diretamente na internet. - Jardim Botânico do Rio de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroManual Técnicopara a Restauração<strong>de</strong> Áreas Degradadasno Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroLuiz Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> Duarte <strong>de</strong> MoraesJosé Maria AssumpçãoTânia Sampaio PereiraCíntia Luchiari20131


Manual técnico para a restauração <strong>de</strong> áreas<strong>de</strong>gradadas no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro/ Luiz Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> Duarte <strong>de</strong> Moraes ...[etal.] – <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro : <strong>Jardim</strong> Botânico<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, 2013 .M29484 p. : il.ISBN 978-85-60035-11-31. Recuperação ambiental. 2. Áreas<strong>de</strong>gradadas. 3. Mata Atlântica. 4. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro (Esta<strong>do</strong>). I. Moraes, LuizFer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> Duarte <strong>de</strong>. II. <strong>Jardim</strong> Botânico<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.CDD 577.352


Manual Técnicopara a Restauração<strong>de</strong> Áreas Degradadasno Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroEsta obra foi fi<strong>na</strong>nciada por:Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroPetrobrasThe John D. and Catherine T. MacArthur FoundationApoio:Fundação Botânica Margaret MeeInstituto Brasileiro <strong>do</strong> Meio Ambientee <strong>do</strong>s Recursos Naturais Renováveis3


Presi<strong>de</strong>nte da RepúblicaDilma Va<strong>na</strong> RousseffMinistra <strong>do</strong> Meio AmbienteIzabella TeixeiraPresi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisas<strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroLiszt VieiraDiretor <strong>de</strong> PesquisaRogério GribelProjeto GráficoFoco Design | Luiz Claudio FrancaIlustraçõesPaulo Ormin<strong>do</strong>Revisor Científico da 2ª ediçãoJoão Dagoberto <strong>do</strong>s Santos4


Agra<strong>de</strong>cimentosA to<strong>do</strong>s os colegas <strong>do</strong> Programa Mata Atlântica (PMA) e <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisas<strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, que, além <strong>de</strong> participar em coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>sutiliza<strong>do</strong>s neste Manual, construíram com vonta<strong>de</strong> e <strong>de</strong>dicação o PMA.A Dionízio Moraes Pessamílio e <strong>de</strong>mais chefes da Reserva Biológica <strong>de</strong> Poço das Antas,que, juntamente com a equipe <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Ibama <strong>na</strong> Rebio, foram fundamentais<strong>na</strong> condução <strong>do</strong>s trabalhos <strong>do</strong> PMA, agin<strong>do</strong> como verda<strong>de</strong>iros parceiros.Ao Engenheiro Florestal André da Rocha Ferretti, pela cessão <strong>de</strong> uso das fotosapresentadas <strong>na</strong>s figuras 9b, 12b, 13, 16b e 18, feitas no viveiro da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pesquisaem Vida Selvagem (SPVS) localiza<strong>do</strong> <strong>na</strong> Reserva Natural Morro da Mi<strong>na</strong>, em Antoni<strong>na</strong>, PR.Ao Engenheiro Florestal Jerônimo Boelsums Barreto Sansevero, pelas ricas sugestõestécnicas e imprescindível colaboração <strong>na</strong> fase <strong>de</strong> editoração <strong>de</strong>ste Manual.Aos auxiliares técnicos <strong>de</strong> campo e amigos Adilson Martins Pintor e Antonio Tavares<strong>de</strong> Oliveira, fundamentais <strong>na</strong> coleta <strong>de</strong> informações e monitoramento quepossibilitaram a elaboração <strong>de</strong>ste Manual.Ao Professor Dr. Ricar<strong>do</strong> Ribeiro Rodrigues, <strong>do</strong> Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e RestauraçãoFlorestal da ESALQ/USP, e sua equipe, pela revisão técnica <strong>na</strong> 1ª edição <strong>do</strong> Manual.Ao Professor João Dagoberto <strong>do</strong>s Santos, pela revisão técnica <strong>na</strong> 2ª edição <strong>do</strong> Manual.À Dra. Julia<strong>na</strong> Müller Freire, da Embrapa Agrobiologia, ao engenheiro agrônomo DanielGomes <strong>de</strong> Souza, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, e ao biólogo ViníciusAndra<strong>de</strong> <strong>de</strong> Melo da Escola Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Botânica Tropical/JBRJ, pelas preciosascontribuições à versão fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong>ste Manual, agra<strong>de</strong>cemos.5


SumárioINTRODUÇÃO 9A MATA ATLÂNTICA NO RIO DE JANEIRO 11RESTAURAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS 13Bases teóricas: a dinâmica das florestas tropicais 13Histórico <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo e técnicas <strong>de</strong> restauração 16O PLANTIO DE ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS 19Mo<strong>de</strong>los para o plantio 19Seleção <strong>de</strong> espécies 23Estratégias <strong>de</strong> restauração 24A PRODUÇÃO DE MUDAS 27Viveiro florestal 27Localização 27Operacio<strong>na</strong>lização <strong>do</strong> viveiro 28Canteiros 29Cobertura 30Recipientes 31Sistemas <strong>de</strong> irrigação 33Programa <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> sementes 34Coleta <strong>de</strong> sementes 34Ponto <strong>de</strong> maturação 35Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta 35Cuida<strong>do</strong>s <strong>na</strong> coleta <strong>do</strong>s frutos 36Técnicas <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong> sementes 37Extração e secagem <strong>de</strong> sementes 37Armaze<strong>na</strong>mento 40Produção <strong>de</strong> mudas 41Substrato 41Enchimento das embalagens 45Semeadura 46Dormência 46Tratos culturais 476


ETAPAS PARA O PLANTIO 51Preparo da área para plantio 51Abertura <strong>de</strong> aceiros e instalação <strong>de</strong> cercas 52Infra-estrutura <strong>de</strong> apoio 52Controle <strong>de</strong> formigas 52Locação <strong>do</strong> plantio 52Espaçamento 53Abertura das covas 54Adubação 54Instalação <strong>do</strong> plantio 55Manutenção <strong>do</strong> plantio (capi<strong>na</strong>s e roçadas) 55Monitoramento <strong>do</strong>s plantios 56REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58ANEXO 1 60Custos <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> florestas com espécies <strong>na</strong>tivas,em áreas localizadas <strong>na</strong> região <strong>de</strong> Mata AtlânticaANEXO 2 62Lista <strong>de</strong> espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas com potencial <strong>de</strong> uso<strong>na</strong> restauração <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro,com sugestão <strong>de</strong> classificação em grupos sucessio<strong>na</strong>ise formações florestais on<strong>de</strong> ocorremANEXO 3 64Sugestões <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> fichas para o controle da produção<strong>de</strong> mudas e coleta <strong>de</strong> sementesANEXO 4 72Taxa <strong>de</strong> sobrevivência e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mudas(altura média e DAB) plantadas <strong>na</strong> Reserva Biológica<strong>de</strong> Poço das Antas, RJANEXO 5 74Época <strong>de</strong> frutificação para algumas espécies arbóreas <strong>na</strong>tivasda Mata Atlântica, <strong>na</strong> Reserva Biológica <strong>de</strong> Poço das Antas7


IntroduçãoEntre os ecossistemas mais ameaça<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>stacam-se as florestasque revestem as serras e as planícies ao longo da costa atlântica brasileira. Essesecossistemas fazem parte da Mata Atlântica, cuja cobertura remanescente restringe-sehoje a cerca <strong>de</strong> 7% <strong>de</strong> sua área origi<strong>na</strong>l. A Mata Atlântica sofre ações predatórias <strong>de</strong>s<strong>de</strong>os tempos <strong>do</strong> <strong>de</strong>scobrimento (Gue<strong>de</strong>s-Bruni, 1998), passan<strong>do</strong> por ciclos que incluíram aexploração <strong>do</strong> pau-brasil e o cultivo da ca<strong>na</strong>-<strong>de</strong>-açúcar. Outros motivos, como anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência e habitação, foram posteriormente substituí<strong>do</strong>s pelaampliação das fronteiras agropecuárias, expansão das áreas urba<strong>na</strong>s e pelo corrosivocrescimento industrial.A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reproduzir a complexida<strong>de</strong> da floresta atlântica <strong>na</strong> recomposição<strong>de</strong> ambientes <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>s levou os pesquisa<strong>do</strong>res a procurar enten<strong>de</strong>r melhor adinâmica da floresta tropical, em especial a maneira pela qual se dá o processo <strong>de</strong>regeneração <strong>na</strong>tural. Como resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssas pesquisas, várias iniciativas <strong>de</strong>restauração da Floresta Atlântica foram implantadas ao longo <strong>do</strong>s últimos 30 anos(Rodrigues et al, 2009).Em 1993, o Programa Mata Atlântica, <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, iniciou estu<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Reserva Biológica <strong>de</strong> Poço das Antas, em Silva<strong>Jardim</strong>/RJ, Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação <strong>do</strong> ICMBio, com o objetivo <strong>de</strong> reunir subsídios paraa restauração das áreas <strong>de</strong>gradadas da Reserva.Além <strong>de</strong> incluir uma lista <strong>de</strong> espécies com ocorrência registrada para várias regiões<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e que po<strong>de</strong>m ser utilizadas em plantios, este Manual po<strong>de</strong>contribuir para a seleção <strong>de</strong> estratégias e técnicas <strong>de</strong> restauração mais a<strong>de</strong>quadas paracada situação. Cabe aos interessa<strong>do</strong>s e técnicos utilizar as informações fornecidas eselecio<strong>na</strong>r as espécies mais importantes <strong>de</strong> cada grupo ecológico.Assim, este Manual baseia-se <strong>na</strong> experiência <strong>do</strong> Programa Mata Atlântica em Poçodas Antas, ten<strong>do</strong> por objetivo fornecer indicações práticas para viabilizar a restauração<strong>de</strong> áreas que per<strong>de</strong>ram a sua cobertura florestal origi<strong>na</strong>l. No entanto, o conhecimentovin<strong>do</strong> da experiência <strong>de</strong> cada um não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>spreza<strong>do</strong>. Acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> temos sempreque conhecer para conservar.Em um momento em que o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro assume a obrigação <strong>de</strong>restaurar milhares <strong>de</strong> hectares <strong>de</strong> Floresta Atlântica, e em que a legislação ambientalbrasileira busca incentivar a restauração <strong>de</strong> nossas áreas <strong>de</strong>gradadas, acreditamos queeste <strong>manual</strong> traz uma valiosa contribuição.9


A Mata Atlântica no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroEstimativas realizadas pela Fundação S.O.S. Mata Atlântica e pelo INPE (ver Tabela 1)sugerem que entre 1500 e 2011 foram <strong>de</strong>smata<strong>do</strong>s 80% da Mata Atlântica no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. As últimas estimativas indicam, entretanto, que o esta<strong>do</strong> tem registra<strong>do</strong>ocorrências muito menores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sflorestamento, como o <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2010-2011, emque foram <strong>de</strong>smata<strong>do</strong>s menos que 100 ha. (Fundação S.O.S. Mata Atlântica & INPE,2012). Esses números certamente resultam <strong>do</strong>s expressivos esforços que o esta<strong>do</strong> temfeito <strong>na</strong> conservação <strong>de</strong> seus remanescentes. O momento agora é <strong>de</strong> investir <strong>na</strong>restauração das áreas <strong>de</strong>gradadas.TABELA 1Evolução Histórica das Formações Florestais no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.Ano Área (ha) % cobertura florestal <strong>na</strong>turalem relação à área <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>1500 4.294.000 97,001912 3.585.700 81,001960 1.106.700 25,001978 973.900 22,001985 914.691 20,832011 861.086 19,61Fonte: Modifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> Atlas <strong>do</strong>s Remanescentes Florestais da Mata Atlântica - Fundação SOS Mata Atlântica / InstitutoNacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais (2012; 2001).Os aproximadamente 20% <strong>do</strong>s remanescentes estão localiza<strong>do</strong>s <strong>na</strong> região serra<strong>na</strong>(da Reserva Biológica <strong>do</strong> Tinguá ao Parque Estadual <strong>do</strong> Desengano) e <strong>na</strong> região sul <strong>do</strong>esta<strong>do</strong>, principalmente nos municípios <strong>de</strong> Paraty, Angra <strong>do</strong>s Reis e Mangaratiba.Os remanescentes <strong>do</strong> bioma Mata Atlântica no esta<strong>do</strong> compreen<strong>de</strong>m formaçõesflorestais e não florestais. Entre as formações não florestais estão os manguezais, oscampos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> e a vegetação <strong>de</strong> restinga. As formações florestais estão distribuídasem três tipos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a situação em que ocorrem (Veloso et al, 1991):a. As Florestas <strong>de</strong> Planície situam-se <strong>na</strong> extensa faixa compreendida entre a Serra<strong>do</strong> Mar e o litoral fluminense, sen<strong>do</strong> mais expressivas ao norte <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.Ocorrem em áreas <strong>de</strong> inundação temporária ou permanente, ou mesmo em áreascom dre<strong>na</strong>gem perfeita, como os pequenos morros mamelo<strong>na</strong>res, com até 300 m<strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, que se distribuem pela planície. Dois tipos <strong>de</strong> floresta po<strong>de</strong>m serencontra<strong>do</strong>s: a Floresta Ombrófila Densa Submonta<strong>na</strong>, conhecida como mata <strong>de</strong>baixada, e as Formações Pioneiras sob Influência Marinha, também chamadasFloresta <strong>de</strong> Restinga. O primeiro tipo possui árvores mais altas, on<strong>de</strong> as11


emergentes alcançam até 30 m <strong>de</strong> altura. As Florestas <strong>de</strong> Planície foram as mais<strong>de</strong>vastadas no esta<strong>do</strong> pelos processos <strong>de</strong> ocupação urba<strong>na</strong> e expansão agrícola,representadas hoje, em gran<strong>de</strong> parte, por pequenos fragmentos remanescentes.b. As Florestas Serra<strong>na</strong>s estão localizadas entre as altitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 600 m.s.m.e 1600 m.s.m, sen<strong>do</strong> mais expressivas as situadas <strong>na</strong> Serra <strong>do</strong> Mar. Ainda <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com a faixa <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser divididas em Floresta Ombrófila DensaMonta<strong>na</strong> e Alto-monta<strong>na</strong>. Em altitu<strong>de</strong>s superiores a 1600 msm, encontramos asFlorestas Alto-monta<strong>na</strong>, também chamadas matas <strong>de</strong> nebli<strong>na</strong> ou matasnebulares, caracterizadas pela elevada umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar, baixastemperaturas e ventos freqüentes. O <strong>do</strong>ssel das Florestas Serra<strong>na</strong>s po<strong>de</strong> atingiraté 40 m e são as mais conservadas <strong>do</strong>s 18% <strong>de</strong> Floresta Atlântica no esta<strong>do</strong>; ec. As Florestas <strong>de</strong> Pla<strong>na</strong>lto, que se diferenciam <strong>do</strong>s outros tipos <strong>de</strong> floresta porocorrerem em situações on<strong>de</strong> há estacio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> climática, ou seja, on<strong>de</strong> há umperío<strong>do</strong> seco bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. Nesse tipo estão incluídas a Floresta Estacio<strong>na</strong>lSemi<strong>de</strong>cidual, com pequenos fragmentos localiza<strong>do</strong>s no norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, emespecial <strong>na</strong> Serra <strong>do</strong> Desengano, e a Floresta Ombrófila Mista, com ocorrência <strong>na</strong>Serra da Mantiqueira, sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.12


Restauração <strong>de</strong> Áreas DegradadasRecuperação ou Restauração <strong>de</strong> Áreas Degradadas?Vários termos po<strong>de</strong>m ser emprega<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> se trata da recomposição <strong>de</strong>um ambiente <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> objetivo <strong>do</strong> trabalho. O termo maisgeralmente emprega<strong>do</strong> é Recuperação <strong>de</strong> Áreas Degradadas, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> quan<strong>do</strong>a meta é basicamente recuperar a função da vegetação, como, por exemplo, ocontrole da erosão <strong>do</strong> solo, sem preocupação com a composição florística. ARestauração (ou Revegetação) visa ao restabelecimento <strong>do</strong>s processos<strong>na</strong>turais, responsáveis por retor<strong>na</strong>r a vegetação ao mais próximo possível dasua condição anterior à <strong>de</strong>gradação.Bases Teóricas: A Dinâmica das Florestas TropicaisAs bases conceituais para a restauração ecológica em florestas tropicais seconcentram em três aspectos principais: a sucessão secundária, a biodiversida<strong>de</strong> e arelação planta-animal. Qualquer ação para restaurar um ecossistema florestal <strong>de</strong>ve sertomada no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> acelerar a sucessão, propician<strong>do</strong> o aumento da biodiversida<strong>de</strong>o mais rapidamente possível.A restauração <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong>gradada é fundamentada <strong>na</strong> compreensão <strong>de</strong>processos da dinâmica das florestas, sobretu<strong>do</strong> os relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s à regeneração <strong>na</strong>tural.O gran<strong>de</strong> objetivo da restauração é, <strong>na</strong> verda<strong>de</strong>, o restabelecimento <strong>de</strong>sses processos.A regeneração é um processo <strong>de</strong> auto-renovação da floresta que ocorre a partir daabertura <strong>de</strong> uma clareira pela queda <strong>na</strong>tural ou aci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> uma árvore. A recolonização<strong>de</strong>ssa clareira, também chamada <strong>de</strong> cicatrização, se dá por um mecanismo <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong><strong>do</strong>sucessão secundária, que <strong>na</strong>da mais é <strong>do</strong> que a ocupação <strong>de</strong> uma clareira aberta <strong>na</strong>floresta primária por uma nova vegetação. Esse é um processo lento e gradual,caracteriza<strong>do</strong> pelo aumento no número <strong>de</strong> espécies, conforme as condiçõesmicroclimáticas se alteram (Goméz-Pompa, 1971).A composição <strong>de</strong> espécies muda durante a sucessão, sugerin<strong>do</strong> que estas sejamdivididas em grupos ecológicos ou sucessio<strong>na</strong>is. Cada grupo, <strong>de</strong> uma maneira geral,correspon<strong>de</strong> a uma fase <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> regeneração. A classificação das espéciesvegetais em quatro grupos ecológicos, a<strong>do</strong>tada neste Manual, foi inicialmente sugeridapor Bu<strong>do</strong>wski (1965). Dois grupos - as pioneiras e as secundárias iniciais - estão maisliga<strong>do</strong>s ao início <strong>do</strong> processo; outros <strong>do</strong>is - o das secundárias tardias e o das clímaxes -referem-se a estágios mais avança<strong>do</strong>s.Vários outros pesquisa<strong>do</strong>res (Martinez-Ramos, 1985; Denslow, 1980) sugeriram aseparação das espécies tropicais em grupos ecológicos com base <strong>na</strong>s características <strong>do</strong>ciclo <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> cada espécie. Ferretti et al. (1995) sumarizaram essas informações (Tabela2), que po<strong>de</strong>m auxiliar no reconhecimento <strong>do</strong> grupo ao qual pertence cada espécie.13


Recentemente, pesquisa<strong>do</strong>res envolvi<strong>do</strong>s com a restauração propõem a divisão dasespécies em <strong>do</strong>is grupos, o das espécies <strong>de</strong> preenchimento e o das <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>(Gan<strong>do</strong>lfi et al., 2009). De qualquer forma, os atributos das espécies, conformeexemplifica<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 2, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> seleção das espécies.Outro aspecto importante da floresta tropical a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> é sua altabiodiversida<strong>de</strong>. Como afirmam Kageyama e Gandara (2000), as florestas po<strong>de</strong>m abrigaraté 400 espécies vegetais por hectare, sen<strong>do</strong> que 35% <strong>de</strong>ssas espécies seriam arbóreas. Oque possibilita essa alta diversida<strong>de</strong> é, sem dúvida, a rarida<strong>de</strong> <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> algumas espécies,com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> menor que um indivíduo por hectare.A alta biodiversida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> trazer respostas e caminhos. O que plantar e quantoplantar são questões aque po<strong>de</strong>mos respon<strong>de</strong>r ao ampliar o conhecimento sobrea biodiversida<strong>de</strong> <strong>na</strong>s florestas tropicais (Reis & Kageyama, 2003). Temos aqui o quepo<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>l: quanto maior o número <strong>de</strong> espécies utilizadas<strong>na</strong> restauração maior a probabilida<strong>de</strong> em restabelecermos as funções e a estrutura dafloresta. Fi<strong>na</strong>lmente, é importante lembrar que o conceito <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> inclui tambémas espécies animais.A fau<strong>na</strong> é um componente das florestas tropicais essencial para a dinâmica daregeneração. A gran<strong>de</strong> maioria das espécies vegetais tropicais é alógama, ou seja,reproduz-se por cruzamento. Nesse senti<strong>do</strong>, estu<strong>do</strong>s mostram que 95% das espéciestropicais são polinizadas por animais, particularmente insetos, aves e morcegos. Estima-seainda que <strong>de</strong> 75% a 95% <strong>de</strong>ssas espécies têm seus frutos e sementes dispersos por animais(Ferreti, 2002). Fi<strong>na</strong>lmente, a prática da herbivoria (predação das folhas) por parte dafau<strong>na</strong> é um importante instrumento regula<strong>do</strong>r da reprodução e regeneração da vegetação.Alogamia x AutogamiaComo já sabemos, a reprodução sexuada é caracterizada pelo contato entreos gametas masculinos e o gameta feminino. Nos vegetais, existem <strong>do</strong>is tipos<strong>de</strong> reprodução sexuada: a autogamia e a alogamia. As espécies autógamas sãoaquelas que se autofecundam, pois possuem flores masculi<strong>na</strong>s e femini<strong>na</strong>s emuma mesma planta. Nas espécies alógamas, o cruzamento entre gametasmasculinos e femininos envolve, necessariamente, <strong>do</strong>is indivíduos, implican<strong>do</strong>a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agentes externos (insetos, aves, morcegos, vento) quepossibilitem a fecundação.As espécies alógamas também se autofecundam, salvo quan<strong>do</strong> temmecanismos <strong>de</strong> auto-incompatibilida<strong>de</strong>. O que <strong>de</strong>fine uma espécieverda<strong>de</strong>iramente alógama é quan<strong>do</strong> ela efetua mais <strong>de</strong> 90% <strong>de</strong> reproduçãocruzada. I<strong>de</strong>m para autogamia: quan<strong>do</strong> ela efetua 90% <strong>de</strong> autofecundação.14


TABELA 2Separação das espécies da floresta tropical em grupos ecológicos,em função das características <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> vida das espécies.Grupo EcológicoCaracterísticas Pioneira Secundária Secundária Clímax(P) Inicial (I) Tardia (T) (C)Crescimento muito rápi<strong>do</strong> médio lento ourápi<strong>do</strong> rápi<strong>do</strong> muito lentoMa<strong>de</strong>ira muito leve leve media<strong>na</strong>mente duradurae pesadaTolerância à muito intolerante intolerante no tolerantesombra intolerante estágio juvenilRegeneração banco <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> banco <strong>de</strong>sementes plântulas plântulas plântulasTamanho pequeno médio pequeno gran<strong>de</strong>das sementes a médio, mas e pesa<strong>do</strong>e frutossempre leveIda<strong>de</strong> da prematura intermediária relativamente tardia1ª reprodução (1-5 anos) (5 a 10 anos) tardia (> 20 anos)(10 a 20 anos)Tempo muito curto curto longo muito longo<strong>de</strong> vida (até 10 anos) (10-25 anos) (25 a 100 anos) (> 100 anos)Fonte: Resumi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ferretti et al. (1995).15


Histórico <strong>do</strong> Uso <strong>do</strong> Solo e Técnicas <strong>de</strong> RestauraçãoPara se restaurar uma área <strong>de</strong>gradada é necessário enten<strong>de</strong>r, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, o quecausou sua <strong>de</strong>gradação e por que essa área não se regenera <strong>na</strong>turalmente. A <strong>de</strong>gradaçãoé caracterizada pela diminuição da resiliência e a perda da estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ecossistema,ou seja, pela elimi<strong>na</strong>ção ou diminuição <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> propagação (inexistência <strong>de</strong>sementes, por exemplo) no local.Por resiliência enten<strong>de</strong>-se a velocida<strong>de</strong> com que um ambiente respon<strong>de</strong> a umimpacto; estabilida<strong>de</strong> é a própria capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente em respon<strong>de</strong>r aoimpacto. Portanto, a perda da estabilida<strong>de</strong> resulta <strong>de</strong> um impacto maisintenso ou <strong>de</strong> maior duração.Assim, antes <strong>de</strong> se <strong>de</strong>cidir qual ação <strong>de</strong>ve ser tomada para se restaurar umambiente <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>, alguns pontos <strong>de</strong>vem ser observa<strong>do</strong>s.Inicialmente, <strong>de</strong>ve-se fazer um histórico <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo, para i<strong>de</strong>ntificar há quantotempo a vegetação origi<strong>na</strong>l foi retirada, com que fim e qual é o uso atual <strong>do</strong> solo;i<strong>de</strong>ntificar a intensida<strong>de</strong> das perturbações e há quanto tempo elas ocorrem.A análise <strong>do</strong> uso atual <strong>do</strong> solo e das condições ambientais vai <strong>de</strong>finir o grau <strong>de</strong><strong>de</strong>gradação da área em questão. Além disso, é importante a<strong>na</strong>lisar as condições <strong>do</strong>ambiente em torno <strong>de</strong>ssa área, incluin<strong>do</strong> a paisagem em que a área <strong>de</strong>gradada estáinserida. Fi<strong>na</strong>lmente, <strong>de</strong>ve-se i<strong>de</strong>ntificar as barreiras que impe<strong>de</strong>m a regeneração<strong>na</strong>tural.Como referi<strong>do</strong> anteriormente, a <strong>de</strong>cisão sobre qual é a maneira mais a<strong>de</strong>quadapara a recomposição <strong>do</strong> ambiente vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da análise da situação local e <strong>do</strong>conhecimento <strong>do</strong> ecossistema.As técnicas <strong>de</strong> restauração variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as que não requerem nenhumaintervenção direta às que têm alto grau <strong>de</strong> intervencionismo. As técnicas nãointervencionistasestão basicamente relacio<strong>na</strong>das à elimi<strong>na</strong>ção da fonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação e<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> características da paisagem que possam favorecer a regeneração <strong>na</strong>tural daárea <strong>de</strong>gradada, como a proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> florestas remanescentes. A intervenção requerações mais diretas, como a semeadura direta e o plantio <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> espécies florestais,além da elimi<strong>na</strong>ção da barreira à regeneração (geralmente, outra planta consi<strong>de</strong>radainvasora, como algumas gramíneas). O nível <strong>de</strong> intervenção das técnicas a<strong>do</strong>tadas tem,no entanto, uma larga faixa <strong>de</strong> variação, como é sugeri<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 3 (Rodrigues &Gan<strong>do</strong>lfi, 2000).16


TABELA 3Ações propostas para a restauração <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas, com diferentes níveis<strong>de</strong> intervenção.Ações <strong>de</strong> restauraçãoIsolamento da áreaRetirada <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradaçãoElimi<strong>na</strong>ção seletiva <strong>de</strong> espéciescompeti<strong>do</strong>rasEnriquecimento <strong>de</strong> espécies commudas ou sementesImplantação <strong>de</strong> consórcio <strong>de</strong> espéciescom uso <strong>de</strong> mudas ou sementesIndução e condução <strong>de</strong> propágulosautóctonesTransplante <strong>de</strong> sementes ouplântulasUso <strong>de</strong> interações entre plantase animaisPlantio <strong>de</strong> espécies econômicasPrincípios e condicio<strong>na</strong>ntesevitar continuida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>gradação;resiliência local <strong>de</strong>ve estar preservadai<strong>de</strong>ntificar corretamente o agente <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação;forte potencial <strong>de</strong> regeneraçãoquan<strong>do</strong> há populações em <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>de</strong> espéciesque inibem a regeneração <strong>na</strong>turalplantio ou semeadura on<strong>de</strong> há baixa diversida<strong>de</strong>vegetal e pouca dispersãoplantio ou semeadura em locais on<strong>de</strong> não há florestaou banco <strong>de</strong> sementes remanescenteindução e condução <strong>do</strong>s propágulos existentes(chuva ou banco <strong>de</strong> sementes)transferência <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> sementes (serapilheira)ou <strong>de</strong> plântulas para local <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>atração <strong>de</strong> espécies animais dispersoras, com o objetivo<strong>de</strong> facilitar a sucessão ou plantio <strong>de</strong> espéciesmicorrizadas, p. ex.uso <strong>de</strong> espécies com potencial econômico (ma<strong>de</strong>ireiro,melífero, frutífero), como alter<strong>na</strong>tiva <strong>de</strong> rendaFonte: adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Rodrigues & Gan<strong>do</strong>lfi, 2000.As técnicas sugeridas acima envolvem cinco aspectos básicos relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>sà restauração:a) Regeneração <strong>na</strong>tural: <strong>de</strong>ve ser a<strong>do</strong>tada quan<strong>do</strong> busca-se a simples elimi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>agente perturba<strong>do</strong>r ou <strong>de</strong> um elemento que esteja agin<strong>do</strong> como barreira para aregeneração (fogo, presença <strong>de</strong> espécie invasora ou <strong>de</strong> animais <strong>do</strong>mésticos);Destacar que alguns animais, sob manejo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>m ser usa<strong>do</strong>s comoalia<strong>do</strong>s no controle da planta invasora pelo pastejo;17


) Nucleação: grupo <strong>de</strong> técnicas que propõe uma mínima interferência local (Reis etal., 2003); ações como o transplante <strong>de</strong> serapilheira e a implantação <strong>de</strong> poleirosartificiais para animais dispersores seriam a<strong>do</strong>tadas em pontos estratégicos(núcleos) <strong>do</strong> sítio <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>, e a partir daí a restauração se irradiaria para ocuparas áreas sem vegetação. As principais dúvidas sobre a eficácia <strong>de</strong>ssas técnicasresi<strong>de</strong>m <strong>na</strong> dificulda<strong>de</strong> em aplicação em larga escala e <strong>na</strong> probabilida<strong>de</strong>significativa <strong>de</strong> o agente <strong>de</strong>gradativo inibir esses pequenos núcleos.c) Enriquecimento: visa ao aumento da diversida<strong>de</strong> vegetal em áreas on<strong>de</strong> jáexistam indícios <strong>de</strong> regeneração <strong>na</strong>tural, como as capoeiras; po<strong>de</strong> ser feito como plantio (parcial) ou semeadura <strong>de</strong> espécies que atraiam animais, ou quetenham potencial econômico. Dar preferência a espécies <strong>na</strong>tivas locais,i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> especialmente seus produtos ma<strong>de</strong>ireiros e não-ma<strong>de</strong>ireiros(frutos, sementes, mel).d) Plantio total: técnica que implica o maior e mais custoso grau <strong>de</strong> intervenção.O plantio total só <strong>de</strong>ve ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a vegetação <strong>na</strong>tiva estiver bem<strong>de</strong>gradada e existir a necessida<strong>de</strong> da introdução <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> espécies arbóreas.Essa é a ação que passa a receber maior atenção neste Manual.Como po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 3, pesquisa<strong>do</strong>res têm sugeri<strong>do</strong> otransplante da serapilheira para áreas pobres em propágulos, bem como arepicagem <strong>de</strong> plântulas em áreas bem conservadas. A serapilheira,enriquecida por frutos e sementes <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s pela floresta, seria coletadaem áreas <strong>de</strong> mata bem conservadas, e espalhada em áreas <strong>de</strong>gradadas com osolo nu ou com pouca cobertura vegetal. Da mesma forma, plântulas <strong>de</strong>espécies arbóreas seriam coletadas no sub-bosque e transplantadas ou paraos viveiros, on<strong>de</strong> completariam o seu <strong>de</strong>senvolvimento, ou <strong>diretamente</strong> paraas áreas <strong>de</strong>gradadas.Apesar <strong>de</strong> ambas as técnicas citadas acima aparentemente exigirem mão-<strong>de</strong>obraespecializada e abundante, estu<strong>do</strong>s recentes têm indica<strong>do</strong> sua eficiênciapara utilização em larga escala.Deve se lembrar que serapilheira ou liteira é to<strong>do</strong> material orgânico<strong>de</strong>posita<strong>do</strong> sobre o solo, e é composta principalmente pelas folhas que caemdas árvores, além <strong>de</strong> galhos, frutos, raízes e restos animais.18


O Plantio <strong>de</strong> Espécies Arbóreas NativasOs plantios mistos <strong>de</strong> espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas, que representam a intervençãomais comum em áreas <strong>de</strong>gradadas, <strong>de</strong>vem atuar como catalisa<strong>do</strong>res da sucessãoecológica (Parrotta et al., 1997), exercen<strong>do</strong>, por exemplo, a função <strong>de</strong> atrair a fau<strong>na</strong>dispersora com a utilização <strong>de</strong> espécies com dispersão zoocórica, e aumentar<strong>na</strong>turalmente a diversida<strong>de</strong> vegetal com a chegada <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> outras espéciestrazidas por dispersores (Reis et al., 1999; Reis & Kageyama, 2003, Silva, 2003).Os plantios <strong>de</strong>vem ser feitos prioritariamente em áreas on<strong>de</strong> a regeneração nãoocorre <strong>na</strong>turalmente, ou ocorre muito lentamente. Em ambos os casos, os plantios têma função <strong>de</strong> acelerar o processo <strong>de</strong> sucessão secundária, ou mesmo propiciar condiçõespara que ele ocorra. As alterações <strong>na</strong> temperatura, <strong>na</strong> umida<strong>de</strong>, <strong>na</strong> luminosida<strong>de</strong> e <strong>na</strong>scondições físico-químicas <strong>do</strong> solo, proporcio<strong>na</strong>m melhoras <strong>na</strong> sua estrutura e umincremento <strong>na</strong> fertilida<strong>de</strong>.Do ponto <strong>de</strong> vista da regeneração da floresta, os plantios funcio<strong>na</strong>m comoverda<strong>de</strong>iros poleiros, atrain<strong>do</strong> principalmente aves e morcegos dispersores <strong>de</strong> frutos esementes, responsáveis pela introdução <strong>de</strong> novas espécies <strong>na</strong> área e pela intensificação<strong>do</strong> processo.O retorno da floresta vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r inicialmente <strong>do</strong> combate à vegetação invasora,através <strong>do</strong> sombreamento pelas mudas <strong>de</strong> árvores plantadas (Figura 1), que <strong>de</strong>vemencontrar condições a<strong>de</strong>quadas para o estabelecimento.Figura 1Plantio misto<strong>de</strong> espéciesarbóreas <strong>na</strong>tivascom 18 meses<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, ao la<strong>do</strong><strong>de</strong> faixa comcapim-colonião(à esquerda).Mo<strong>de</strong>los para o PlantioOs estu<strong>do</strong>s sobre a dinâmica das florestas tropicais levaram ao <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los que utilizassem os conceitos relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s à sucessão secundária (Kageyamaet al., 1992; Rodrigues & Gan<strong>do</strong>lfi, 2000; Reis, 1999). Os mo<strong>de</strong>los buscam <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r19


a forma <strong>de</strong> distribuição das mudas no campo, <strong>de</strong> maneira a promover o rápi<strong>do</strong>recobrimento <strong>do</strong> solo, acompanha<strong>do</strong> da recomposição da estrutura e da função davegetação, com os menores custos possíveis.Para os plantios em área total, existem <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los básicos, que propõem o usosimultâneo <strong>de</strong> todas as categorias sucessio<strong>na</strong>is: o plantio em módulos ou em linhas. Emuma das combi<strong>na</strong>ções para os módulos (Figura 2), uma muda <strong>de</strong> espécie secundáriatardia é ro<strong>de</strong>ada por mudas <strong>de</strong> espécies secundárias iniciais, que vão “tutorar” ocrescimento da primeira, enquanto uma muda <strong>de</strong> espécie clímax, cujo <strong>de</strong>senvolvimentose dá completamente em condições <strong>de</strong> sombreamento, é ro<strong>de</strong>ada por mudas <strong>de</strong>pioneiras. No plantio em linhas a consorciação <strong>de</strong> espécies po<strong>de</strong> ser feita através daalternância entre linhas (i) somente com espécies pioneiras e (ii) secundárias iniciaise linhas com espécies tardias intercalan<strong>do</strong>-se entre as <strong>de</strong> rápi<strong>do</strong> crescimento.O fundamental é que o mo<strong>de</strong>lo busque explorar as características e potenciais <strong>de</strong> cadagrupo sucessio<strong>na</strong>l, e as interações sinergéticas entre os grupos, para se alcançar umresulta<strong>do</strong> eficiente.Figura 2Mo<strong>de</strong>lo sucessio<strong>na</strong>l<strong>de</strong> plantio <strong>de</strong>árvores <strong>na</strong>tivasem módulo.Legenda:P = pioneiras;I = secundáriasiniciais;T = secundáriastardias;C = clímaxes.A distribuição <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong>ve ser feita <strong>de</strong> forma a garantir o seu bom estabelecimentoe <strong>de</strong>senvolvimento. As espécies <strong>de</strong> crescimento mais rápi<strong>do</strong> (pioneiras e secundáriasiniciais) são, portanto, plantadas em maior número para promover um rápi<strong>do</strong>sombreamento da área, controlan<strong>do</strong> a espécie invasora e propician<strong>do</strong> melhores condições<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para as secundárias tardias e clímaxes.O <strong>de</strong>senvolvimento das mudas plantadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo sucessio<strong>na</strong>l preten<strong>de</strong>imitar o processo <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> clareiras abertas <strong>na</strong> floresta (Figuras 3 a 6). As espéciesque vão primeiro se <strong>de</strong>senvolver são as pertencentes ao grupo das pioneiras típicas.As Figuras <strong>de</strong> 3 a 6 sugerem, <strong>de</strong> uma forma geral, e sem escala, como é espera<strong>do</strong> o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s plantios, a partir <strong>do</strong> crescimento diferencia<strong>do</strong> das mudas <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com os respectivos grupos ecológicos. Deve-se lembrar que os esquemas20


apresenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s figuras são meramente <strong>de</strong>monstrativos, e que o crescimento e aarquitetura das árvores po<strong>de</strong>m ser influenciadas pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>do</strong> plantio.Nos primeiros anos (Figura 3), as espécies pioneiras ten<strong>de</strong>m a crescer muitorapidamente, com um nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento claramente superior às <strong>de</strong>maisespécies. Apesar <strong>de</strong> boa parte <strong>de</strong>ssas espécies não apresentarem uma copa <strong>de</strong>nsa, elasjá começam a sombrear a área, diminuin<strong>do</strong> a agressivida<strong>de</strong> das plantas invasoras. Teminício também com o <strong>de</strong>senvolvimento das pioneiras a formação <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel <strong>do</strong> plantio.Figura 3I C P P I T P P I C PFase inicial <strong>do</strong>plantio, quan<strong>do</strong>o crescimento dasespécies pioneirasse <strong>de</strong>staca <strong>do</strong>s<strong>de</strong>mais grupos.O <strong>do</strong>ssel <strong>de</strong> uma floresta é forma<strong>do</strong> pelo contato entre as copas das árvores.Na floresta tropical, a alta diversida<strong>de</strong> vegetal resulta em um <strong>do</strong>sseligualmente diverso, tanto pela presença <strong>de</strong> diferentes espécies quanto peladiferença nos ritmos <strong>de</strong> crescimento. As espécies clímaxes, que se<strong>de</strong>senvolvem preferencialmente em condições <strong>de</strong> sombreamento, e sãochamadas <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> sub<strong>do</strong>ssel; algumas secundárias tardias crescembem acima <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel, e por isso são chamadas <strong>de</strong> emergentes. A formação <strong>do</strong><strong>do</strong>ssel <strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong> plantio representa o <strong>de</strong>senvolvimento das copas dasárvores plantadas, e será responsável pelo sombreamento da área.A partir <strong>de</strong>sse momento, as espécies secundárias, que investem inicialmente no<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua copa, mais <strong>de</strong>nsa, aumentam seu ritmo <strong>de</strong> crescimento (Figura4) e passam a compor o <strong>do</strong>ssel com as pioneiras.Figura 4Fase <strong>do</strong> plantio emque as secundáriasiniciais seaproximam daspioneiras.I C P P I T P P I C PApós o <strong>de</strong>senvolvimento das espécies pioneiras e secundárias iniciais (Figura 5),um primeiro objetivo <strong>do</strong> plantio já <strong>de</strong>ve ser atingi<strong>do</strong>: o sombreamento da área, que tanto21


tem a função <strong>de</strong> controlar a espécie invasora (geralmente gramínea) quanto a <strong>de</strong>propiciar condições microclimáticas para favorecer o <strong>de</strong>senvolvimento das espéciessecundárias tardias e clímaxes.I C P P I T P P I C PFigura 5Fase <strong>do</strong> plantioem que as espéciestardias têm seu<strong>de</strong>senvolvimentofavoreci<strong>do</strong> pelosombreamentopromovi<strong>do</strong> pelasespécies <strong>de</strong> rápi<strong>do</strong>crescimento.O maior grau <strong>de</strong> sombreamento, resultante <strong>do</strong> crescimento das secundáriasiniciais, vai estimular o crescimento das secundárias tardias e clímaxes. As secundáriastardias, “tutoradas” pelas secundárias iniciais, vão se <strong>de</strong>senvolver até ultrapassar o<strong>do</strong>ssel, em busca da luz, enquanto as clímaxes <strong>de</strong>vem assumir uma posição <strong>de</strong> sub<strong>do</strong>ssel.O produto, em curto prazo, <strong>de</strong> um plantio <strong>de</strong> espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas (Figura 6)po<strong>de</strong> assim ser uma área com uma fisionomia semelhante à <strong>de</strong> uma mata em estágio,pelo menos, intermediário <strong>de</strong> regeneração, com maior riqueza <strong>de</strong> espécies arbóreas,inclusive, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à potencial entrada <strong>de</strong> novos propágulos (frutos e sementes) trazi<strong>do</strong>spela fau<strong>na</strong> dispersora.Figura 6Área restauradapor plantio <strong>de</strong>árvores <strong>na</strong>tivas.Propágulo é qualquer parte da planta responsável pelo surgimento <strong>de</strong> umnovo indivíduo. Na reprodução sexuada, o propágulo é a semente; <strong>na</strong>reprodução assexuada, vários órgãos da planta, como rizomas e ramos,po<strong>de</strong>m funcio<strong>na</strong>r como propágulo.22


Uma das formas mais importantes <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> propágulos <strong>na</strong>reprodução sexuada é o transporte <strong>de</strong> frutos e sementes por animais, queauxiliam <strong>na</strong> dissemi<strong>na</strong>ção e contribuem para o sucesso da sobrevivência daespécie. Esses animais constituem, assim, a fau<strong>na</strong> dispersora.As espécies pioneiras típicas são, teoricamente, as que primeiro vão <strong>de</strong>saparecer<strong>do</strong> sistema, principalmente quan<strong>do</strong> a área estiver bastante sombreada. A alta e rápidaprodução <strong>de</strong> frutos faz com que esses indivíduos, antes <strong>de</strong> morrerem, contribuam paraa formação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>nso banco <strong>de</strong> sementes <strong>do</strong> solo. As outras espécies <strong>de</strong>vemapresentar uma longevida<strong>de</strong> maior.O sucesso <strong>do</strong>s plantios <strong>de</strong>ve ser avalia<strong>do</strong>, inicialmente, pelo grau <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>das mudas plantadas e, posteriormente, pelo seu <strong>de</strong>senvolvimento. No médio prazo,<strong>de</strong>ve-se observar se a regeneração <strong>na</strong>tural está ocorren<strong>do</strong> sob o plantio, ou seja, se há oaparecimento <strong>de</strong> plântulas <strong>de</strong> outras espécies arbóreas, e se a vegetação invasora estáse regeneran<strong>do</strong> menos.Seleção <strong>de</strong> EspéciesAntes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, as espécies <strong>de</strong>vem ser <strong>na</strong>tivas da região on<strong>de</strong> será feita arestauração. Portanto, é importante consultar publicações ou profissio<strong>na</strong>is que possamconfirmar as espécies mais indicadas para cada região, origem e área <strong>de</strong> ocorrência.Além disso, as seguintes características são <strong>de</strong>sejáveis para as espécies que vão comporo plantio:a) Rápi<strong>do</strong> crescimento: como o objetivo mais importante <strong>do</strong> plantio é combatera vegetação invasora, as espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas <strong>de</strong>vem ser agressivas, comtaxas <strong>de</strong> crescimento que as tornem competitivas;b) Alta produção <strong>de</strong> frutos: outra característica que vai garantir o estabelecimentoda espécie plantada e também colaborar para sua competitivida<strong>de</strong> é a produção<strong>de</strong> frutos e sementes em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s, aceleran<strong>do</strong> a ocupação mais rápidada área <strong>de</strong>gradada e enriquecen<strong>do</strong> o banco <strong>de</strong> sementes <strong>do</strong> solo; é interessantetambém que as árvores frutifiquem o mais ce<strong>do</strong> possível, como as pioneiras;c) Atração da fau<strong>na</strong>: também com o objetivo <strong>de</strong> acelerar o processo <strong>de</strong> regeneração,as espécies plantadas <strong>de</strong>vem produzir frutos que atraiam animais dispersores,que por sua vez po<strong>de</strong>m trazer frutos e sementes <strong>de</strong> outras espécies; além <strong>de</strong>alimentos as espécies arbóreas oferecem abrigo à fau<strong>na</strong> dispersora;d) Interações interespecíficas: este critério envolve basicamente proprieda<strong>de</strong>s quealgumas espécies arbóreas têm em <strong>de</strong>senvolver relações com microrganismospara aumentar a eficiência <strong>na</strong> captação <strong>de</strong> nutrientes, como as espéciesleguminosas fixa<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> nitrogênio atmosférico e as espécies que <strong>de</strong>senvolveminterações micorrízicas.23


24A capacida<strong>de</strong> das leguminosas em fixar N2 atmosférico e disponibilizá-lo para asplantas po<strong>de</strong> auxiliar <strong>na</strong> manutenção da biodiversida<strong>de</strong> e <strong>na</strong> sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>secossistemas nos trópicos. Espécies arbóreas leguminosas têm possibilita<strong>do</strong> arevegetação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas por mineração ou cobertas por resíduos áci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>mineração <strong>de</strong> bauxita (Franco & Faria, 1997), e leguminosas geralmente usadas comoadubo ver<strong>de</strong> têm si<strong>do</strong> usadas no controle das espécies exóticas invasoras, no preparo <strong>de</strong>áreas para restauração. Apesar <strong>do</strong> reconhecimento <strong>de</strong>ssas interações benéficas, há anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificar um número maior <strong>de</strong> espécies florestais <strong>na</strong>tivas que seassociam com tais bactérias.Adicio<strong>na</strong>lmente à fixação biológica <strong>de</strong> nitrogênio atmosférico, as associaçõesmicorrízicas (entre o sistema radicular das árvores e fungos no solo, com benefícios paraambos) também têm um papel muito importante no aumento da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>nutrientes para as plantas, especialmente o P, e o incremento da absorção <strong>de</strong> água emcondições <strong>de</strong> estresse hídrico (Moreira et al., 2010).Obviamente, essas características são importantes, mas a ausência <strong>de</strong> uma ou <strong>de</strong>outra não po<strong>de</strong> ser um indicativo <strong>de</strong> que a espécie não seja recomendada para arevegetação. Na verda<strong>de</strong>, a mistura <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>ve conter as características acima,sen<strong>do</strong> que cada espécie, ou grupo <strong>de</strong> espécies, vai contribuir <strong>de</strong> uma forma.O número <strong>de</strong> espécies selecio<strong>na</strong>das para compor um mo<strong>de</strong>lo vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> umasérie <strong>de</strong> condições, sen<strong>do</strong> que a principal <strong>de</strong>las diz respeito à disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sementes, que, por sua vez, está <strong>diretamente</strong> ligada à qualida<strong>de</strong> da mata (áreas <strong>de</strong> coleta<strong>de</strong> sementes) on<strong>de</strong> é feita a coleta. Uma alta diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies no plantio élogicamente <strong>de</strong>sejada, mas a baixa disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>las não <strong>de</strong>ve inviabilizar o trabalho.A correta i<strong>de</strong>ntificação das espécies é essencial para o seu uso a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> nosplantios, em associação com os atributos <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s. O conhecimento <strong>do</strong> nome científicopo<strong>de</strong> até mesmo evitar o plantio <strong>de</strong> espécies em áreas on<strong>de</strong> não é registrada suaocorrência, por exemplo. Este Manual apresenta uma lista <strong>de</strong> espécies com usopotencial para plantios (Anexo 2), que inclui, além <strong>do</strong> nome vulgar, o nome científico e ogrupo sucessio<strong>na</strong>l sugeri<strong>do</strong>. Apesar <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s indicarem que não há gran<strong>de</strong>s diferenças<strong>na</strong> composição <strong>de</strong> espécies ao longo <strong>de</strong> um gradiente altitudi<strong>na</strong>l (Gue<strong>de</strong>s-Bruni, 1998),essa lista também inclui as formações florestais (pági<strong>na</strong>s 11 e 12 <strong>de</strong>ste Manual) on<strong>de</strong> asespécies já foram registradas. É importante lembrar que as informações contidas <strong>na</strong>referida tabela são ape<strong>na</strong>s referências, e as informações origi<strong>na</strong>das das experiênciaspessoais <strong>de</strong>vem ser igualmente valorizadas.Estratégias <strong>de</strong> RestauraçãoO planejamento da restauração <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas requer a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong>estratégias que tornem a restauração mais eficiente, em especial <strong>na</strong>s paisagensfragmentadas. As estratégias são importantes porque a quase totalida<strong>de</strong> das áreas é <strong>de</strong>proprieda<strong>de</strong> privada, e seus proprietários precisam ser <strong>de</strong> alguma forma convenci<strong>do</strong>sa participar <strong>do</strong> processo.


Uma importante estratégia é a que prevê a a<strong>de</strong>quação ambiental <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>sprodutivas. Uma proprieda<strong>de</strong> ambientalmente a<strong>de</strong>quada é aquela que cumpreple<strong>na</strong>mente a legislação ambiental ao mesmo tempo que mantêm uma produtivida<strong>de</strong>agropecuária e garante a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> seus proprietários (Campanili & Schäffer,2010). As principais leis ambientais para o bioma da Mata Atlântica são a Lei da MataAtlântica (Lei 11.428, <strong>de</strong> 2006) e a recentemente aprovada lei que substitui o antigocódigo florestal, a Lei 12.651, <strong>de</strong> 2012, que substitui várias outras normativas, comomedidas provisórias e resoluções <strong>do</strong> Co<strong>na</strong>ma.A a<strong>de</strong>quação ambiental é o cumprimento <strong>de</strong> que as proprieda<strong>de</strong>s produtivasnecessariamente tenham as suas Áreas <strong>de</strong> Preservação Permanente (APP) e <strong>de</strong> ReservaLegal cobertas por vegetação <strong>na</strong>tiva. Em muitas situações, entretanto, a localização<strong>de</strong>ssas áreas coinci<strong>de</strong> com a área produtiva da proprieda<strong>de</strong>, como as áreas ciliares empeque<strong>na</strong>s proprieda<strong>de</strong>s, o que exige a proposição <strong>de</strong> estratégias alter<strong>na</strong>tivas <strong>de</strong>restauração. Uma das principais alter<strong>na</strong>tivas são os sistemas agroflorestais (SAF),tentativa <strong>de</strong> conjugar conservação e produção no uso da terra. Compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aimportância social das APP, a legislação ambiental citada acima prevê que a restauração<strong>de</strong>ssas áreas po<strong>de</strong> incluir o manejo agroflorestal, além da exploração <strong>de</strong> produtos nãoma<strong>de</strong>ireiros,como os oriun<strong>do</strong>s da apicultura e da fruticultura tropical. Para as áreas <strong>de</strong>Reserva Legal também po<strong>de</strong> haver aproveitamento econômico, mediante o manejosustentável previamente autoriza<strong>do</strong> pelo órgão ambiental competente.De acor<strong>do</strong> com Ama<strong>do</strong>r e Via<strong>na</strong> (1998), um Sistema Agroflorestal (SAF) é umsistema <strong>de</strong> uso da terra conservacionista em que plantas <strong>de</strong> espécies agrícolassão combi<strong>na</strong>das com espécies arbóreas sobre a mesma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manejo daterra. Apesar <strong>de</strong>, <strong>na</strong> maioria <strong>do</strong>s casos, ser um sistema visan<strong>do</strong> à produçãoagrícola contínua, ele po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s como uma ferramenta paraviabilizar economicamente os trabalhos <strong>de</strong> restauração <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas.Conforme a combi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>s elementos componentes, os SAFs po<strong>de</strong>m serdividi<strong>do</strong>s em silviagrícolas, silvipastoris, agrossilvipastoris e agroflorestais.Os mesmos autores afirmam que o sistema agroflorestal é um povoamentopermanente, similar à floresta tropical <strong>na</strong>tiva, com composição bastantediversificada e estratificada. Os SAFs apresentam gran<strong>de</strong> potencial paraestratégias <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento sustenta<strong>do</strong>, pela conservação <strong>do</strong>s solose da água, pela diminuição <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> fertilizantes químicos e <strong>de</strong>fensivosagrícolas, pela a<strong>de</strong>quação à peque<strong>na</strong> produção, pela conservação dabiodiversida<strong>de</strong> e pela recuperação <strong>de</strong> fragmentos florestais e matas ciliares.25


Em paisagens muito fragmentadas, a restauração po<strong>de</strong> ser feita <strong>na</strong> forma <strong>de</strong>corre<strong>do</strong>res ecológicos, que ligariam os fragmentos <strong>de</strong> mata em área extensa. Em quepesem algumas questões polêmicas levantadas ( a dissemi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> pragas e <strong>do</strong>enças,por exemplo), o plantio em corre<strong>do</strong>res parece ser uma forma bastante interessante <strong>de</strong>conectar os remanescentes florestais separa<strong>do</strong>s pelas extensas pastagens, situaçãobastante característica das áreas <strong>de</strong> baixada <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, por exemplo.Além disso, sua implantação po<strong>de</strong> exigir menos recursos. Uma das maneiras <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir alocalização <strong>do</strong>s corre<strong>do</strong>res é restaurar ou conservar as matas ciliares, como já referi<strong>do</strong>.Corre<strong>do</strong>r ecológico é uma <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>ção comumente utilizada paracaracterizar qualquer faixa <strong>de</strong> floresta que ligue fragmentos maiores <strong>de</strong>floresta que estejam isola<strong>do</strong>s. Com a dificulda<strong>de</strong> em restaurar extensas áreas<strong>de</strong>gradadas, o corre<strong>do</strong>r po<strong>de</strong>ria facilitar a manutenção <strong>de</strong> vários fluxosbiológicos, permitin<strong>do</strong> o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> animais, a dispersão <strong>de</strong> frutos esementes e os processos <strong>de</strong> polinização (Metzger, 2003).Uma outra forma <strong>de</strong> diminuir o isolamento <strong>do</strong>s fragmentos nessas condições é fazero plantio em pequenos módulos, chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ilhas <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> (Kageyama &Gandara, 2000). Essas ilhas, que teriam custos ainda menores que os corre<strong>do</strong>res, po<strong>de</strong>mser compostas somente por espécies iniciais ou conter espécies <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os grupossucessio<strong>na</strong>is. A composição vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> trabalho e, principalmente, dadisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos. Em to<strong>do</strong>s os casos, a principal função <strong>de</strong>ssas ilhas é “facilitar”o <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong>s organismos pela paisagem fragmentada, funcio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> comoverda<strong>de</strong>iros poleiros, ou pontos <strong>de</strong> abrigo e alimentação para os animais (Metzger, 2003).Seja qual for a estratégia a<strong>do</strong>tada, o planejamento da restauração <strong>de</strong>ve, sempre quepossível, envolver uma escala significativa, como no caso das bacias hidrográficas, querequer um <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> conhecimento das características físicas (tipo <strong>de</strong> solo, relevo),biológicas (vegetação, fau<strong>na</strong>) e huma<strong>na</strong>s (uso <strong>do</strong> solo, mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ocupação) (Kageyama &Gandara, 2000).26


A Produção <strong>de</strong> MudasViveiro FlorestalO viveiro é o local que <strong>de</strong>ve proporcio<strong>na</strong>r um ambiente a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> à germi<strong>na</strong>ção dassementes, ao crescimento das plântulas e à formação <strong>de</strong> mudas sadias e bem <strong>de</strong>senvolvidas.Para o sucesso <strong>do</strong>s plantios, é fundamental a produção <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.LocalizaçãoNa localização <strong>do</strong> viveiro, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar:a) a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água, levan<strong>do</strong>-se em conta abundância, qualida<strong>de</strong>, posição edistribuição;b) o tipo <strong>de</strong> solo, que <strong>de</strong>ve apresentar boas características quanto à dre<strong>na</strong>gem(textura, estrutura e profundida<strong>de</strong>) e <strong>de</strong>ve ser isento <strong>de</strong> pragas;c) a exposição ou face <strong>do</strong> terreno, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser evitada a face sul, que recebe menorluminosida<strong>de</strong> e está sujeita a ventos frios;d) a <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> terreno, que <strong>de</strong>ve ser plano (evitan<strong>do</strong>-se, entretanto, o empoçamento<strong>de</strong> água) ou levemente incli<strong>na</strong><strong>do</strong>, para permitir o escoamento da água;e) a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso;f) o clima, que <strong>de</strong>ve ser semelhante ao da região que será revegetada e a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> àsespécies;g) a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia elétrica, indispensável para a instalação <strong>de</strong> umsistema <strong>de</strong> irrigação.Para se evitar a entrada <strong>de</strong> animais, é importante proteger o viveiro com umacerca <strong>de</strong> tela <strong>de</strong> arame e fios <strong>de</strong> arame farpa<strong>do</strong>. A área <strong>de</strong>ve ser, ainda, bemventilada e ensolarada. Os locais arboriza<strong>do</strong>s ou sombrea<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser<strong>de</strong>scarta<strong>do</strong>s. Anexo ao viveiro <strong>de</strong>ve ser construí<strong>do</strong> um abrigo para as operações<strong>de</strong> beneficiamento <strong>de</strong> sementes, armaze<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> substrato e enchimento <strong>de</strong>saquinhos, além <strong>de</strong> um <strong>de</strong>pósito para ferramentas e insumos (Figura 7).Figura 7Setor <strong>de</strong> apoioem viveiroflorestal, incluin<strong>do</strong>área abertae coberta,e almoxarifa<strong>do</strong>.27


Operacio<strong>na</strong>lização <strong>do</strong> viveiroA crescente <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas para a revegetação<strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas tem estimula<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas técnicas, a fim <strong>de</strong>tor<strong>na</strong>r o processo <strong>de</strong> produção mais eficiente técnica e economicamente, e paramelhorar a qualida<strong>de</strong> das mudas.No que diz respeito ao processo produtivo, pesquisa<strong>do</strong>res e tecnólogos vêmsugerin<strong>do</strong> a setorização <strong>do</strong> viveiro (Figura 8), <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a fase em que se encontramas mudas durante sua formação - germi<strong>na</strong>ção, crescimento ou rustificação. Cada um<strong>de</strong>sses três setores vai receber um manejo diferente, basicamente em relação à irrigaçãoe cobertura das mudas. Para um maior esclarecimento, segue-se uma comparação entreo sistema tradicio<strong>na</strong>l e o setoriza<strong>do</strong>.Figura 8CGViveiros florestaisoperacio<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>s<strong>de</strong> formasetorizada.Vista emperspectivae planta baixa(croqui sem escala).RGCR28


O Sistema Operacio<strong>na</strong>l Tradicio<strong>na</strong>l, mais comumente utiliza<strong>do</strong>, é um processoestático, on<strong>de</strong> as mudas permanecem no mesmo canteiro em todas as suas fases,receben<strong>do</strong> os mesmos tratos culturais ao mesmo tempo; é a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para viveiros combaixa produção sem prejuízos à eficiência <strong>do</strong> processo.Por sua vez, o Sistema Operacio<strong>na</strong>l Setoriza<strong>do</strong> propõe um processo dinâmico,on<strong>de</strong> as mudas são transferidas <strong>de</strong> canteiros <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com suas exigências fisiológicas(adubação, irrigação, cobertura) e seu estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento; é mais recomenda<strong>do</strong>para viveiros <strong>de</strong> médio a gran<strong>de</strong> porte, permitin<strong>do</strong> principalmente a economia <strong>de</strong> água euma melhor utilização da área <strong>do</strong> viveiro.CanteirosAs dimensões mais utilizadas para os canteiros são <strong>de</strong> 1,0-1,2 m <strong>de</strong> largura (Figura9a) e comprimento variável até 20,0 m, conforme o projeto <strong>de</strong> instalação, sen<strong>do</strong>separa<strong>do</strong>s entre si por caminhos <strong>de</strong> 0,60 m para passagem <strong>de</strong> carrinho <strong>de</strong> mão e, entre 2grupos <strong>de</strong> canteiros, por rua com 3,5 m para acesso <strong>de</strong> veículo.No caso específico da produção <strong>de</strong> mudas em tubetes o canteiro é geralmentesuspenso, para facilitar as operações que envolvem a movimentação <strong>de</strong> mudas. Asban<strong>de</strong>jas se apóiam em bancadas ou estruturas <strong>de</strong> ferro levantadas a 0,85 m dasuperfície <strong>do</strong> solo.A orientação preferencial <strong>do</strong>s canteiros é <strong>na</strong> direção leste-oeste, para melhorincidência <strong>do</strong>s raios solares, ou no senti<strong>do</strong> das águas, para facilitar o seu escoamento.As ban<strong>de</strong>jas também po<strong>de</strong>m ser <strong>do</strong>tadas <strong>de</strong> pés para apoio direto sobre o chão <strong>do</strong>viveiro (Figura 9b) ou da bancada, fican<strong>do</strong> um espaço livre entre os tubetes e a superfície<strong>de</strong> apoio.Em gran<strong>de</strong>s viveiros, os tubetes são acondicio<strong>na</strong><strong>do</strong>s em mesas metálicas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>capacida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>tadas <strong>de</strong> tela <strong>de</strong> arame galvaniza<strong>do</strong>, que são movimentadas ao longo <strong>do</strong>viveiro sobre os trilhos da estrutura.Figura 9Exemplos <strong>de</strong>recipientese disposição <strong>de</strong>mudas em viveirosflorestais:a) em canteiro comsacos plásticos, eb) em canteiro comtubetes.a) b)29


CoberturaNa fase <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção, crescimento inicial e repicagem (transplante), as plântulassão muito sensíveis à variação ambiental, sen<strong>do</strong> necessário o emprego <strong>de</strong> uma coberturapara controlar a umida<strong>de</strong> e a temperatura, protegen<strong>do</strong> as plântulas da incidência direta<strong>do</strong>s raios solares e da ação <strong>do</strong>s pingos <strong>de</strong> chuva e <strong>de</strong> irrigação. A cobertura po<strong>de</strong>,inclusive, evitar danos físicos às mudas, como os causa<strong>do</strong>s por chuvas <strong>de</strong> granizo.A cobertura mais comumente utilizada é uma tela plástica <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>da sombrite,que possibilita níveis varia<strong>do</strong>s <strong>de</strong> luz. O sombrite mais utiliza<strong>do</strong> é o que propicia 50% <strong>de</strong>sombra, com largura <strong>de</strong> 1,5 m (Figura 10). Esse tipo <strong>de</strong> cobertura po<strong>de</strong> ser aplica<strong>do</strong> sobrecada canteiro individualmente ou unicamente sobre to<strong>do</strong> o viveiro, sen<strong>do</strong> que, neste caso,o rodízio <strong>de</strong> mudas fica comprometi<strong>do</strong>.Para aten<strong>de</strong>r a uma situação provisória, po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s materiais menosduráveis, como folhas <strong>de</strong> palmeira (Figura 10), que po<strong>de</strong>m ser retiradas para manejo,movimentação ou aclimatação das mudas. Neste caso, os canteiros ou lotes <strong>de</strong> mudassão cobertos individualmente, sen<strong>do</strong> a armação <strong>de</strong> sustentação da cobertura feita comma<strong>de</strong>ira ou varas <strong>de</strong> bambus.Figura 10SPViveiro florestalcom canteiroscobertos porsombrite(S - em primeiroplano)e folhas <strong>de</strong>palmeira (P).Em regiões muito quentes, os canteiros <strong>de</strong>vem ter também uma proteção lateral,principalmente nos la<strong>do</strong>s volta<strong>do</strong>s para leste e oeste para evitar o excesso <strong>de</strong> insolação.Os tubetes ficam inicialmente em ambientes abriga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> tempo, como casas <strong>de</strong>vegetação ou estufa, cobertas por agrofilme <strong>de</strong> polietileno <strong>na</strong>s fases <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção ecrescimento inicial das plântulas, sen<strong>do</strong> em sequência transferi<strong>do</strong>s para uma área cobertapor sombrite (fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das mudas) <strong>de</strong> área <strong>de</strong>scoberta (fase <strong>de</strong> rustificação).A cobertura <strong>de</strong>ve ser utilizada conforme o estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das mudas e comas características das espécies. As espécies pioneiras e secundárias iniciais exigem coberturatemporária, ape<strong>na</strong>s durante a fase <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção ou crescimento inicial, e no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>"pegamento" da plântula repicada. As espécies secundárias tardias e clímaxes, com maiorexigência <strong>de</strong> sombra, precisam <strong>de</strong> cobertura permanente para seu bom <strong>de</strong>senvolvimento.30


Apesar <strong>de</strong> muitos viveiros ainda a<strong>do</strong>tarem a cobertura total <strong>do</strong> viveiro, o i<strong>de</strong>al é acobertura ser colocada individualmente sobre os canteiros, o que permite um manejomais flexível <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> sombreamento, como po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> <strong>na</strong> Figura 11.Figura 11Canteiroparcialmentesombrea<strong>do</strong>,<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> coma exigênciadas espécies.RecipientesA escolha da embalagem a ser utilizada <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários fatores, como o níveltecnológico <strong>do</strong> produtor, a escala e o objetivo da produção, a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursospara instalações e a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substratos.As embalagens mais utilizadas são os sacos plásticos e os tubetes <strong>de</strong> polietileno.Seguem abaixo características <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> recipiente:Os sacos plásticos (Figura 12a) são os recipientes mais utiliza<strong>do</strong>s em pequenos emédios viveiros; são <strong>de</strong> fácil aquisição, têm menor preço, requerem pequenosinvestimentos e simplicida<strong>de</strong> no processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> mudas. Devem ser perfura<strong>do</strong>s<strong>na</strong> meta<strong>de</strong> inferior para escoamento <strong>do</strong> excesso <strong>de</strong> água. Um exemplo <strong>de</strong> embalagembastante utilizada é <strong>de</strong> dimensões <strong>de</strong> 11,0 cm <strong>de</strong> largura e 20,0 cm a 22,0 cm <strong>de</strong> altura,fican<strong>do</strong> com 7,0 cm <strong>de</strong> diâmetro e 16,0 cm <strong>de</strong> altura <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cheia com substrato,caben<strong>do</strong> aproximadamente 204 saquinhos por m2 <strong>de</strong> canteiro.As dimensões das embalagens po<strong>de</strong>m variar em razão <strong>do</strong> tamanho da semente, <strong>do</strong>crescimento inicial e <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> permanência em viveiro. As embalagens <strong>de</strong>vem sermaiores no caso <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> rápi<strong>do</strong> crescimento permanecerem por maistempo no viveiro, <strong>de</strong> qualquer forma <strong>de</strong>ve haver atenção com a constante mudança <strong>de</strong>lugar <strong>do</strong>s sacos (dança das mudas) para evitar o enraizamento das mudas no chão <strong>do</strong>canteiro.Os sacos plásticos são <strong>de</strong> manejo mais difícil, apresentam <strong>de</strong>mora para oenchimento e gastam mais substrato, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ainda ocasio<strong>na</strong>r o enovelamento dasraízes; ocupam gran<strong>de</strong>s espaços no viveiro, apresentan<strong>do</strong> custos mais eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong>transporte e distribuição <strong>na</strong> área <strong>de</strong> plantio <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao seu volume e peso.31


Os viveiros <strong>de</strong> produção em larga escala utilizam principalmente tubetes (Figura12b), que exigem maiores investimentos iniciais (tubetes, casas <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção, ripa<strong>do</strong>s,ban<strong>de</strong>jas, mesas ou bancadas e sistema <strong>de</strong> irrigação por microaspersão) e maior níveltecnológico no processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> mudas, pois são necessários maiores cuida<strong>do</strong>stécnicos <strong>na</strong> elaboração <strong>do</strong> substrato, <strong>na</strong>s operações <strong>de</strong> irrigação, <strong>na</strong>s adubações emcobertura e no acompanhamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das mudas. Há, por outro la<strong>do</strong>,redução <strong>do</strong>s custos operacio<strong>na</strong>is e <strong>do</strong> preço fi<strong>na</strong>l da muda. O uso <strong>de</strong> tubetes é maiseconômico pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manejo (o suporte <strong>de</strong> apoio da embalagem - mesa ouban<strong>de</strong>ja - comporta eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> recipientes).As menores dimensões <strong>do</strong>s tubetes resultam no uso <strong>de</strong> menor área <strong>do</strong> viveiro e nomenor consumo <strong>de</strong> substrato. Além disso, há maior economia <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra epossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mecanização das operações, reduzin<strong>do</strong> os custos com transporte,distribuição e plantio. Os tubetes, <strong>de</strong> forma arre<strong>do</strong>ndada, apresentam um orifício <strong>na</strong>parte inferior e, inter<strong>na</strong>mente, estrias que direcio<strong>na</strong>m o sistema radicular e facilitam aretirada da muda da embalagem.As mudas <strong>de</strong> espécies com sementes peque<strong>na</strong>s, como as pioneiras, po<strong>de</strong>m serproduzidas em tubetes pequenos e arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s, com altura <strong>de</strong> 126 mm e capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> 50 cm 3 . No caso <strong>de</strong> sementes com tamanho médio po<strong>de</strong>m ser emprega<strong>do</strong>s tubetescom altura <strong>de</strong> 190 mm e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 288 cm 3 . Para espécies <strong>de</strong> sementes maiores, háa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar a semeadura indireta e posterior repicagem para os tubetes.Figura 12Viveiro florestalutilizan<strong>do</strong> sacosplásticos (a)e tubetes (b) <strong>na</strong>produção <strong>de</strong> mudas<strong>de</strong> espéciesarbóreas <strong>na</strong>tivas.AMudas <strong>de</strong> mesma ida<strong>de</strong> formadas em sacos plásticos e em tubetes têm tamanhosdiferentes, apesar <strong>de</strong> apresentarem o mesmo número <strong>de</strong> folhas, e não apresentaremdiferenças significativas em relação à qualida<strong>de</strong>. As formadas em tubetes são menores,com área foliar menor, mas com sistema radicular bem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>. Algum tempo apóso plantio em <strong>de</strong>finitivo, igualam-se às mudas formadas em sacos plásticos.Ba) b)32


Sistemas <strong>de</strong> irrigaçãoEm viveiros pequenos po<strong>de</strong> ser feita a irrigação <strong>manual</strong>, utilizan<strong>do</strong>-se umamangueira com chuveiro ou um rega<strong>do</strong>r. Nos viveiros com gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>produção, são utiliza<strong>do</strong>s os sistemas <strong>de</strong> irrigação por microaspersão (Figura 13), quepo<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> acio<strong>na</strong>mento <strong>manual</strong> ou automático. Este segun<strong>do</strong> sistema apresentabaixo consumo <strong>de</strong> água, uniformida<strong>de</strong> <strong>na</strong> irrigação e economia <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra.Figura 13Sistema <strong>de</strong>irrigação pormicroaspersãoem viveiroflorestal.Os aspersores são selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s em função da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> precipitação que estárelacio<strong>na</strong>da com a pressão <strong>de</strong> serviço e com o diâmetro <strong>de</strong> irrigação <strong>do</strong> aspersor, quepara um bom <strong>de</strong>sempenho, <strong>de</strong>ve ficar entre 1,5 e 2,5 atmosferas e seu diâmetro efetivo<strong>de</strong> ação, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da pressão <strong>de</strong> trabalho e da altura <strong>do</strong> bico ao solo, permite<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r a distância entre bicos e entre tubos, que correspon<strong>de</strong> aproximadamente a70% <strong>do</strong> diâmetro máximo <strong>de</strong> ação.Os microaspersores <strong>de</strong> baixa vazão (60 a 160 litros/hora) e reduzi<strong>do</strong> tamanho <strong>de</strong>partículas <strong>de</strong> água são recomenda<strong>do</strong>s para a irrigação <strong>de</strong> sementeiras, para oenraizamento <strong>de</strong> estacas e em casas <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção. Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> vazão mais elevada(300 a 600 litros/hora) são usa<strong>do</strong>s em ambientes abertos, como são os viveiros <strong>de</strong>produção <strong>de</strong> mudas em sacos plásticos.Os sistemas automáticos po<strong>de</strong>m ser programa<strong>do</strong>s por temporiza<strong>do</strong>r ourealimenta<strong>do</strong>s por sensor <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>. Um esquema completo é forma<strong>do</strong> por cister<strong>na</strong> oufonte d'água, conjunto motobomba, filtro <strong>de</strong> linha, bico <strong>de</strong> microaspersor, sensor <strong>de</strong>umida<strong>de</strong> e painel <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>.33


Programa <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> SementesColeta <strong>de</strong> sementesA produção <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas é um <strong>do</strong>s fatores que maisrestringe a produção <strong>de</strong> mudas em larga escala. Nos trabalhos <strong>de</strong> restauração <strong>de</strong> áreas<strong>de</strong>gradadas é uma ativida<strong>de</strong> que merece uma atenção especial. Durante o processo <strong>de</strong>seleção <strong>de</strong> espécies, três aspectos <strong>de</strong>vem ser observa<strong>do</strong>s: a procedência <strong>de</strong>ssasespécies, sua correta i<strong>de</strong>ntificação botânica e os grupos ecológicos a que pertencem.As espécies <strong>de</strong>vem ser <strong>na</strong>tivas da região, conforme referência anterior, e suacorreta i<strong>de</strong>ntificação é fundamental; nomes populares a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s muitas vezes po<strong>de</strong>mlevar à escolha <strong>de</strong> espécies menos a<strong>de</strong>quadas. Por fim, a informação sobre o grupoecológico vai auxiliar, principalmente, no planejamento da produção <strong>de</strong> mudas, uma vezque as espécies têm ritmos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento diferentes, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o grupo aoqual pertencem.Uma outra informação que vai influenciar <strong>diretamente</strong> no planejamento <strong>de</strong>produção <strong>de</strong> mudas e <strong>na</strong> formação <strong>de</strong> estoques <strong>de</strong> sementes é o comportamentoreprodutivo, ou fenologia, das espécies, indican<strong>do</strong>, principalmente, o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>frutificação. Em relação à freqüência, a produção <strong>de</strong> frutos pelas espécies arbóreas po<strong>de</strong>ser dividida em contínua, sub-anual, anual e supra-anual.A fenologia fornece informações sobre o ciclo, perío<strong>do</strong>, sincronia e duração dafloração e frutificação <strong>de</strong> cada espécie. Na prática, permite o acompanhamento damaturação <strong>do</strong>s frutos e a conseqüente organização <strong>de</strong> um calendário <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>sementes.A seleção <strong>de</strong> indivíduos para a coleta <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong>ve, ainda, seguir critériosgenéticos. A má amostragem genética <strong>de</strong> uma população po<strong>de</strong> levar a plantas com baixovigor e baixos níveis <strong>de</strong> reprodução, resultan<strong>do</strong> <strong>na</strong> perda da diversida<strong>de</strong> genética e máadaptação das plantas ao local.Para uma amostragem a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong>ve-se evitar a coleta em indivíduos muitopróximos entre si, que possam ser aparenta<strong>do</strong>s. O i<strong>de</strong>al seria utilizar uma populaçãogran<strong>de</strong>, com pelo menos 500 indivíduos. Reconhecida a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estimarem aspopulações das espécies <strong>na</strong>tivas, sugere-se a coleta em matas que não sejam muitopeque<strong>na</strong>s e tenham um bom esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação.Para uma maior diversida<strong>de</strong> genética e para manter essa população viável porvárias gerações sugere-se a coleta <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> pelo menos 12 árvores-matrizes,distanciadas entre si, sempre que possível, e em quantida<strong>de</strong>s semelhantes <strong>de</strong> sementespor árvore. O i<strong>de</strong>al é coletar em populações <strong>na</strong>turais e em locais não perturba<strong>do</strong>s.Conseqüentemente, <strong>de</strong>ve-se evitar árvores isoladas e <strong>de</strong> áreas sem controle.A obtenção <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> fisiológica, genética e física éfundamentalmente importante para se obter sucesso no sistema <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>mudas florestais.34


Como veremos a seguir, técnicas a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> coleta, beneficiamento earmaze<strong>na</strong>mento <strong>de</strong>vem ser a<strong>do</strong>tadas visan<strong>do</strong> à conservação da árvore matriz e à garantiada viabilida<strong>de</strong> das sementes coletadas.A implantação <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> sementes po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> difícilexecução, pois exige uma mão-<strong>de</strong>-obra especializada, além da presença <strong>de</strong>remanescentes florestais <strong>de</strong> fácil acesso. Se houver, portanto, a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> se comprarem sementes, <strong>de</strong>ve-se procurar produtores que mantenhamcontrole sobre a procedência <strong>de</strong> suas sementes. Entre os parâmetros maiscomumente utiliza<strong>do</strong>s para a <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção da época i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> coleta estão:variação da coloração, tamanho, peso, a queda <strong>na</strong>tural <strong>do</strong>s frutos, além dapresença <strong>de</strong> aves, mamíferos ou insetos. No entanto, nem sempre ocorre umsincronismo entre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> fruto e da semente. As diferençasentre e <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s indivíduos promovem maturação <strong>de</strong>sigual <strong>na</strong> população, oque dificulta a coleta. Dessa maneira, ao verificar que os frutos iniciam oamadurecimento, é necessário fazer vistorias periódicas às áreas da coleta. Aépoca <strong>de</strong> coleta mais propícia será aquela em que a maioria <strong>do</strong>s frutos estivermadura. Este procedimento é necessário para que se possa maximizar a coleta<strong>de</strong> frutos, obten<strong>do</strong>-se altos percentuais <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção das sementes. Oessencial é que o viveirista mantenha uma tabela fenológica e um croqui,conten<strong>do</strong> o conjunto <strong>de</strong> áreas mapeadas on<strong>de</strong> as populações e matrizesselecio<strong>na</strong>das estejam marcadas.Ponto <strong>de</strong> maturaçãoEntre os parâmetros mais comumente utiliza<strong>do</strong>s para a <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção da épocai<strong>de</strong>al <strong>de</strong> coleta estão: variação da coloração, tamanho, peso, a queda <strong>na</strong>tural <strong>do</strong>s frutos,além da presença <strong>de</strong> aves, mamíferos ou insetos. No entanto, nem sempre ocorre umsincronismo entre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> fruto e da semente. As diferenças entre e<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s indivíduos promovem maturação <strong>de</strong>sigual <strong>na</strong> população, o que dificulta acoleta. Dessa maneira, ao verificar que os frutos iniciam o amadurecimento, é necessáriofazer vistorias periódicas às áreas da coleta. A época <strong>de</strong> coleta mais propícia será aquelaem que a maioria <strong>do</strong>s frutos estiver madura. Este procedimento é necessário para que sepossa maximizar a coleta <strong>de</strong> frutos, obten<strong>do</strong>-se altos percentuais <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção dassementes.Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coletaA <strong>de</strong>cisão sobre o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> coleta a ser emprega<strong>do</strong> vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r basicamente daaltura da árvore, <strong>de</strong> sua forma e das características <strong>do</strong>s frutos.35


Para espécies <strong>do</strong>tadas <strong>de</strong> sementes aladas, dispersas pelo vento, bem como as comfrutos e sementes que caem livremente ou que são consumi<strong>do</strong>s e carrega<strong>do</strong>s porpássaros e outros animais, é necessário fazer a coleta com a antecedência <strong>de</strong>vida,quan<strong>do</strong> os primeiros frutos estão maduros, abertos ou no início <strong>de</strong> sua quedaespontânea, antes <strong>de</strong> sua dispersão.As formas <strong>de</strong> coleta mais utilizadas são:a) Manual (catação): <strong>diretamente</strong> da árvore ou sob a projeção da copa, sem o auxílio<strong>de</strong> equipamentos; durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> queda <strong>do</strong>s frutos maduros, po<strong>de</strong>-setambém <strong>de</strong>ixar uma lo<strong>na</strong> plástica estendida sob a copa; neste caso, <strong>de</strong>vem serfeitas, sempre que possível, visitas diárias ao local on<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>ixada a lo<strong>na</strong> paramonitorar a coleta <strong>do</strong>s frutos caí<strong>do</strong>s;.b) Tesoura <strong>de</strong> alta poda (podão): ferramenta que consiste <strong>de</strong> vários segmentos (“varas”)<strong>de</strong> alumínio (ou fibra <strong>de</strong> vidro) forman<strong>do</strong> um cabo extensor com um corta<strong>do</strong>r <strong>de</strong>galhos inseri<strong>do</strong> <strong>na</strong> ponta; os podões mais utiliza<strong>do</strong>s me<strong>de</strong>m, em média, 13 metros;c) Tesoura <strong>de</strong> alta poda/lo<strong>na</strong>: evitar cortar os galhos, pren<strong>de</strong>r o corta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> galhos nosramos apicais ou nos ramos <strong>de</strong> maior calibre e sacudir para provocar a queda <strong>do</strong>sfrutos ou sementes já maduros e <strong>de</strong>ixá-los cair <strong>na</strong> lo<strong>na</strong> estendida no chão. (Figura 14);d) Tesoura <strong>de</strong> poda: usada para árvores <strong>de</strong> pequeno porte e arbustos, cortan<strong>do</strong>-se osramos termi<strong>na</strong>is com os frutos maduros;e) Derriça: somente para arbustos ou árvores com ramos pen<strong>de</strong>ntes cujos frutos sedispõem ao longo <strong>do</strong>s ramos; não se cortam os ramos termi<strong>na</strong>is; os frutos sãoarrasta<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s <strong>diretamente</strong> em cestas.Figura 14Uso <strong>de</strong> haste <strong>de</strong>alumínio com atesoura <strong>de</strong> altapoda e lo<strong>na</strong> paracoleta <strong>de</strong> frutos.Para árvores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, quan<strong>do</strong> mesmo o uso <strong>de</strong> podão a partir <strong>do</strong> chão éinviabiliza<strong>do</strong>, o coletor po<strong>de</strong> “escalar” a árvore-matriz, utilizan<strong>do</strong> equipamentos <strong>de</strong>alpinismo, como cordas, mosquetões e ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> lo<strong>na</strong> suspensa; ou perneiras comesporas <strong>na</strong> ponta, embora cause injúria ao tronco das árvores.36


Cuida<strong>do</strong>s <strong>na</strong> coleta <strong>do</strong>s frutosUma coleta eficiente e segura <strong>de</strong>ve ser planejada e executada com uma equipepreparada e o manuseio correto <strong>do</strong>s equipamentos, já que esta operação exige muitahabilida<strong>de</strong> e trei<strong>na</strong>mento <strong>do</strong>s coletores.Para não afetar a regeneração <strong>na</strong>tural e causar impactos sobre a fau<strong>na</strong> dispersora, não se<strong>de</strong>ve retirar totalmente os frutos da árvore. A redução da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento disponível po<strong>de</strong>levar a uma alteração no comportamento <strong>do</strong>s animais e <strong>na</strong> regeneração <strong>na</strong>tural da espécie.O bom senso <strong>do</strong> coletor <strong>de</strong>ve pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>r para não danificar os ramos termi<strong>na</strong>is, visan<strong>do</strong> àconservação da árvore matriz porta-semente e a garantia <strong>de</strong> safras saudáveis nos anos subseqüentes.Árvore “matriz” ou “porta-semente” é toda árvore utilizada para coletadurante o processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> sementes.Técnicas <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong> sementesO manejo <strong>de</strong> sementes é um conjunto <strong>de</strong> procedimentos que inclui a limpeza <strong>do</strong>lote <strong>de</strong> sementes para a retirada <strong>do</strong> material in<strong>de</strong>seja<strong>do</strong> (restos <strong>do</strong> fruto, material inerte,sementes quebradas, danificadas), a secagem para retirar o excesso <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>,promoven<strong>do</strong> a sua uniformida<strong>de</strong>, proporcio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> um aumento <strong>na</strong> qualida<strong>de</strong> da semente<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>da ao armaze<strong>na</strong>mento e/ou posterior semeadura.Extração e secagem <strong>de</strong> sementesA extração consiste no processo <strong>de</strong> remoção das sementes <strong>do</strong>s frutos. As técnicasempregadas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> fruto.Para frutos carnosos, <strong>de</strong>ve-se utilizar peneiras para auxiliar <strong>na</strong> limpeza e facilitar aretirada da polpa em água corrente, maceran<strong>do</strong> os frutos <strong>de</strong> encontro à peneira. Nalavagem, <strong>de</strong>ve ser retirada totalmente a polpa <strong>do</strong> fruto, para que no armaze<strong>na</strong>mento assementes não mofem e não sofram ataque <strong>de</strong> insetos. Depois <strong>de</strong> bem lavadas, assementes vão para a secagem à sombra.Os frutos secos e <strong>de</strong>iscentes <strong>de</strong>vem ser expostos ao sol, para facilitar sua abertura,e para os frutos in<strong>de</strong>iscentes <strong>de</strong>ve-se usar ferramentas apropriadas (faca, martelo,canivete, tesoura) para abri-los.Algumas técnicas são mais utilizadas, e variam com o tipo <strong>de</strong> fruto:a) Maceração <strong>do</strong>s frutos, lavagem em água corrente e secagem à sombra (frutoscarnosos, como o tarumã, o molulo e a canela-cedro) (Figura 15);b) Secagem <strong>do</strong>s frutos à meia-sombra até a abertura <strong>na</strong>tural (para frutos secos<strong>de</strong>iscentes, como os ipês e a pai<strong>na</strong>-<strong>do</strong>-brejo);c) Secagem <strong>do</strong>s frutos à meia-sombra e abertura mecânica ou maceração forçada(para frutos secos in<strong>de</strong>iscentes, como o barbatimão);d) Secagem <strong>do</strong>s frutos à meia-sombra, posterior limpeza e corte das asas (parafrutos ala<strong>do</strong>s, como o araribá e o pau-sangue);37


e) Abertura mecânica forçada, maceração, lavagem em água corrente e secagem àsombra.O po<strong>de</strong>r germi<strong>na</strong>tivo da semente também influi <strong>na</strong> escolha da técnica <strong>de</strong> manejomais indicada. Assim, para as espécies que <strong>de</strong> antemão se sabe que possuem aviabilida<strong>de</strong> germi<strong>na</strong>tiva curta, faz-se o manejo imediatamente após a coleta e, emseguida, a semeadura no viveiro. Muitas vezes, também, po<strong>de</strong>-se colocar os frutos paragermi<strong>na</strong>r sem nenhum beneficiamento.Figura 15Maceração <strong>do</strong>sfrutos e lavagemem água corrente,para posteriorsecagem à sombra.TABELA 4TEMPO MÉDIO PARA A GERMINAÇÃO (EM DIAS) E MÉTODO DE MANEJO DE SEMENTESMAIS INDICADO PARA ALGUMAS ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS DA MATA ATLÂNTICA.*Nome Científico Nome Grupo Germi<strong>na</strong>ção Tipo <strong>de</strong>Vulgar Ecológico (dias) BeneficiamentoAegiphila sellowia<strong>na</strong> Molulo C 10-29 aAlbizia pedicellaris Cambuí-preto T 12 bAlbizia polycephala Canjiquinha I 4-8 bAlchornea triplinervia Taipá I 5-19 bAndira anthelmia Angelim-pedra C 22-66 aApuleia leiocarpa Garapa P 8-15 cCabralea canjera<strong>na</strong> Canjera<strong>na</strong> C 11-21 bCalophyllum brasiliense Gua<strong>na</strong>ndi-carvalho C 23-29 cCecropia hololeuca Embaubuçu P 13-14 aCentrolobium robustum Araribá I,T 10-46 dCitharexylum mirianthum Tarumã P 11-28 aCopaifera langs<strong>do</strong>rffii Copaíba P 25-43 bCupania oblongifolia Camboatá I, T 23-35 bEnterolobium contortisiliquum Tamboril P 13-17 eEuterpe edulis Palmito-<strong>do</strong>ce C 53 aGenipa america<strong>na</strong> Jenipapo P 27 a38


Nome Científico Nome Grupo Germi<strong>na</strong>ção Tipo <strong>de</strong>Vulgar Ecológico (dias) BeneficiamentoGoch<strong>na</strong>tia polymorpha Camará P 7-18 bGuapira opposita Maria-mole P 9 aGuarea gui<strong>do</strong>nea Carrapeta C 24-59 bHandroanthus chrysotrichus Ipê-tabaco C 8-15/35 bInga edulis Ingá C 10-27 aInga lauri<strong>na</strong> Ingá-feijão P aInga vera Ingá-ba<strong>na</strong><strong>na</strong> C 8-9 aJacaratia spinosa Mamão-jacatiá P 13-29 aLecythis pisonis Sapucaia C 30 bLonchocarpus cultratus Mal-casa<strong>do</strong> C 13 cLuehea grandiflora Açoita-cavalo P 9-16 bMiconia cin<strong>na</strong>momifolia Jacatirão C 14-17 aMimosa bimucro<strong>na</strong>ta Maricá P 2-4 cNectandra oppositifolia Canela C 37-47 aPipta<strong>de</strong>nia gonoacantha Pau-jacaré P 4-5 bPipta<strong>de</strong>nia paniculata Angicão, Monjolo I 3-5 bPlathymenia reticulata Vinhático C 5-8 bPlatymiscium floribundum Sacambu C 6-7 cPourouma guianensis Arixixá C 27 aPouteria caimito Abiu C 21 aPseu<strong>do</strong>bombax grandiflorum Pai<strong>na</strong>-<strong>do</strong>-brejo C 5-9 bSchinus terebenthifolius Aroeirinha P 9-15 aSchizolobium parahyba Guapuruvu P 5 bSimira rubra Araribá-rosa C 29 bSparattosperma leucanthum Cinco-folhas I 10-21 bStryphno<strong>de</strong>ndron polyphyllum Barbatimão T 8-21 eSwartzia langs<strong>do</strong>rffii Pacová-<strong>de</strong>-macaco P 23-36 bSymphonia globulifera Gua<strong>na</strong>ndi P 31-32/52-67 cTabebuia cassinoi<strong>de</strong>s Ipê-tamanco P 8-18 bTaber<strong>na</strong>emonta<strong>na</strong> catharinensis Leiteira C 13-29 bTapirira guianensis Canela-cedro I, T 8-9 aTibouchi<strong>na</strong> granulosa Quaresmeira C 19-26 (34) bTrema micrantha Crindiúva P 14-92 aVirola bicuhyba Bicuíba C 44-59 b* Base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Programa Mata Atlântica, JBRJ39


Armaze<strong>na</strong>mentoO objetivo <strong>do</strong> armaze<strong>na</strong>mento é conservar a viabilida<strong>de</strong> das sementes por ummaior perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo <strong>do</strong> que aquele que seria obti<strong>do</strong> em condições <strong>na</strong>turais,permitin<strong>do</strong> a formação <strong>de</strong> um estoque disponível para usos futuros.As espécies pioneiras e secundárias iniciais produzem gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sementes o ano to<strong>do</strong>, não haven<strong>do</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu armaze<strong>na</strong>mento por longosperío<strong>do</strong>s. No entanto, espécies pioneiras constituem um banco <strong>de</strong> sementes <strong>do</strong> solo epo<strong>de</strong>m ser armaze<strong>na</strong>das, conforme sua <strong>na</strong>tureza, por maior tempo, se necessário. Paramelhor conservação das sementes, o armaze<strong>na</strong>mento <strong>de</strong>ve ser feito em câmara fria eseca (18ºC), em embalagens <strong>de</strong> papel, plástico ou metálica, após o seu manejo.Quan<strong>do</strong> a semente é recém-colhida apresenta alto teor <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>, e se mantidanessas condições, sustentam a respiração, consumin<strong>do</strong> suas reservas. Com a secagem,retira-se um pouco a umida<strong>de</strong> e reduz-se a taxa <strong>de</strong> respiração. Se a semente for mantidano ambiente <strong>na</strong>tural entretanto, tor<strong>na</strong> a absorver umida<strong>de</strong> e começa a se <strong>de</strong>teriorar.Quanto as respostas às condições <strong>de</strong> armaze<strong>na</strong>mento, as sementes po<strong>de</strong>mser divididas em: orto<strong>do</strong>xas, que são sementes que se preservam por muitotempo quan<strong>do</strong> tratadas e mantidas em ambientes com baixa umida<strong>de</strong> relativae baixa temperatura, após terem sofri<strong>do</strong> redução <strong>do</strong> teor <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> (inferiora 10%); e recalcitrantes, que, como estratégia evolutiva, são sementessensíveis ao <strong>de</strong>ssecamento e per<strong>de</strong>m rapidamente a viabilida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> têmseu conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> reduzi<strong>do</strong>.O grupo das recalcitrantes abriga sementes <strong>de</strong> muitas espécies arbóreastropicais, sugerin<strong>do</strong> uma dificulda<strong>de</strong> em se estabelecer estratégias paraconservação das espécies brasileiras. As sementes <strong>de</strong> espécies tardias sãogeralmente recalcitrantes, e per<strong>de</strong>m o po<strong>de</strong>r germi<strong>na</strong>tivo mais rapidamente,dificultan<strong>do</strong> seu armaze<strong>na</strong>mento.As sementes <strong>de</strong>vem ser armaze<strong>na</strong>das sempre secas, e po<strong>de</strong>m ser acondicio<strong>na</strong>dasem embalagens impermeáveis (alumínio, vidro), para impedir a troca <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> dassementes com o ar, semipermeáveis (sacos plásticos) ou permeáveis (sacos <strong>de</strong> papel ou<strong>de</strong> pano).Salas climatizadas com aparelhos <strong>de</strong> ar condicio<strong>na</strong><strong>do</strong> (temperatura em torno <strong>de</strong> 18-20°C) po<strong>de</strong>m ser utilizadas para armaze<strong>na</strong>r sementes, preferencialmente em sacospermeáveis, por um curto prazo. Ambientes com temperatura controlada abaixo <strong>de</strong> 5°Ce condições subzero (freezer) também são utiliza<strong>do</strong>s, principalmente quan<strong>do</strong> se temconhecimento das exigências fisiológicas da semente a ser armaze<strong>na</strong>da.40


Produção <strong>de</strong> MudasA qualida<strong>de</strong> das mudas produzidas vai ser fundamental para o seu bom<strong>de</strong>senvolvimento após o plantio no campo. Este capítulo vai abordar aspectos que<strong>de</strong>vem ser observa<strong>do</strong>s para a produção <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.SubstratoO substrato <strong>de</strong>ve possuir características físicas e químicas a<strong>de</strong>quadas para garantira germi<strong>na</strong>ção das sementes e um bom <strong>de</strong>senvolvimento da muda até a sua completaformação no viveiro. As seguintes características são consi<strong>de</strong>radas essenciais para umsubstrato <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>:a) boa estrutura e consistência;b) porosida<strong>de</strong> suficiente para uma boa dre<strong>na</strong>gem da água das chuvas ou das regas,além <strong>de</strong> boa aeração para as raízes;c) boa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> água, para evitar irrigações muito freqüentes;d) ausência <strong>de</strong> sementes, ervas daninhas, <strong>do</strong>enças e pragas;e) viabilida<strong>de</strong> econômica e boa disponibilida<strong>de</strong>;f) características físicas e químicas homogêneas, para facilitar o preparo.O substrato é constituí<strong>do</strong> por uma mistura <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s componentes principais,responsáveis principalmente pela sua caracterização física, complementada porfertilizantes químicos.Na escolha <strong>do</strong>s componentes, a preocupação maior <strong>de</strong>ve ser com acaracterização física <strong>do</strong> substrato, pois as características químicas po<strong>de</strong>m serfacilmente corrigidas e/ou complementadas.O substrato mais utiliza<strong>do</strong> é a mistura <strong>de</strong> terra (<strong>de</strong> 60 a 70% <strong>do</strong> volume total)e esterco <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> bem curti<strong>do</strong> (<strong>de</strong> 30 a 40%), com a adição <strong>de</strong> adubos minerais emproporções a<strong>de</strong>quadas. A terra é responsável mais pela porosida<strong>de</strong> <strong>do</strong> substrato,enquanto o composto orgânico garante uma boa estrutura, boa retenção <strong>de</strong> água enutrientes. Este substrato é indica<strong>do</strong> para mudas produzidas em sacos plásticos.A terra <strong>de</strong>ve ser preferencialmente retirada da camada subsuperficial <strong>de</strong> solossabidamente profun<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> elimi<strong>na</strong>da a camada superficial <strong>de</strong> aproximadamente 5cmpara evitar a presença <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> ervas daninhas. Uma alter<strong>na</strong>tiva mais eficiente,para elimi<strong>na</strong>r as sementes das ervas daninhas é a construção <strong>de</strong> um solariza<strong>do</strong>r, que sãoestruturas simples, que visam esquentar o substrato antes <strong>do</strong> seu uso. Os solos <strong>de</strong>vem ser<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> boa textura, estrutura e porosida<strong>de</strong>, favoráveis à penetração <strong>de</strong> raízes.Não haven<strong>do</strong> terra mais fértil, po<strong>de</strong> ser usada a terra <strong>de</strong> barranco ou subsolo, comboas características físicas e praticamente sem sementes <strong>de</strong> ervas daninhas. Deve serevitada terra <strong>de</strong> solos muito argilosos, que compactam facilmente, e <strong>de</strong> solos arenosos,que são pouco estrutura<strong>do</strong>s. A terra <strong>de</strong>ve ser peneirada para melhor uniformização damistura e elimi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> cascalhos, torrões endureci<strong>do</strong>s, folhas, pedaços <strong>de</strong> raízes e outros.41


O outro componente principal, o composto orgânico, tem o papel <strong>de</strong> melhorar asproprieda<strong>de</strong>s físicas, químicas e biológicas <strong>do</strong> substrato, funcio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> ainda como umareserva <strong>de</strong> nutrientes. A adição <strong>de</strong> matéria orgânica beneficia a granulação ou oagrupamento das partículas, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> o substrato argiloso mais leve e o arenoso maiscoeso, aumentan<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> água e incrementan<strong>do</strong> a aeração.Os compostos orgânicos mais utiliza<strong>do</strong>s são o esterco <strong>de</strong> bovinos ou <strong>de</strong> suínos, osproduzi<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> lixo urbano, casca <strong>de</strong> árvores e o húmus <strong>de</strong> minhoca.O composto <strong>de</strong>ve ser usa<strong>do</strong> bem curti<strong>do</strong>, pois em fase <strong>de</strong> fermentação po<strong>de</strong> trazerproblemas, como a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> nitrogênio e a formação <strong>de</strong> produtos tóxicos àssementes e plântulas.TABELA 5Classificação, exemplos, vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> substratos comumente usa<strong>do</strong>sClasseExemplosVantagensGrupo Acomposto orgânico<strong>de</strong>: esterco <strong>de</strong>bovino, casca <strong>de</strong>eucalipto, pinus,bagaço <strong>de</strong> ca<strong>na</strong>, lixourbano, outrosresíduosmaterial produzi<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> processos <strong>na</strong>turais, portanto,testa<strong>do</strong> biologicamente / apresenta boa consistência <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> recipientes (ex.: tubetes) / média a alta porosida<strong>de</strong> edre<strong>na</strong>gem / média a alta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> águae nutrientes; elevada fertilida<strong>de</strong> / fácil obtenção eprocessamento; baixo custo / permite boa formação <strong>do</strong>sistema radicular das mudas, com raízes bem agregadas aosubstratoGrupo Bturfassubstrato forma<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> processos <strong>na</strong>turais, com altaativida<strong>de</strong> biológica / quan<strong>do</strong> bem <strong>de</strong>compostas, apresentamelevada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> água e nutrientes / commédias a altas concentrações <strong>de</strong> N, P e KGrupo Ccasca <strong>de</strong> arrozcarbonizada, cinzada cal<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>biomassa, bagaço <strong>de</strong>ca<strong>na</strong> carboniza<strong>do</strong>apresentam baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> global e alta porosida<strong>de</strong> (>80%)/ fácil obtenção e processamento; baixo custo / praticamenteisentas <strong>de</strong> inóculos <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças, plantas invasoras e insetosGrupo DGrupo Evermiculita comercialterra <strong>de</strong> subsoloé <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e possui partículas gran<strong>de</strong>s, elevan<strong>do</strong>a aeração e a dre<strong>na</strong>gem / apresentam elevada porosida<strong>de</strong>(> 90%), com equilíbrio entre macro e microporos /praticamente isentas <strong>de</strong> inóculos <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças, plantas invasorase insetos; é um material caro, mais usa<strong>do</strong> em laboratóriose mais arenosa, com pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> areia grossa e muitogrossa, elevam a aeração e a dre<strong>na</strong>gem / fácil obtençãoe baixo custo42


No caso <strong>de</strong> mudas produzidas em tubetes, outro tipo <strong>de</strong> substrato é recomenda<strong>do</strong>.Para aliar o pequeno volume ofereci<strong>do</strong> pelos tubetes à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um substratocom boa consistência e porosida<strong>de</strong>, a mistura <strong>de</strong>ve conter <strong>de</strong> 70 a 80% <strong>de</strong> compostoorgânico bem curti<strong>do</strong> e 20 a 30% <strong>de</strong> resíduo orgânico incinera<strong>do</strong> e adubos químicos.Po<strong>de</strong> também ser utilizada turfa bem <strong>de</strong>composta e vermiculita expandida, no lugar damistura anteriormente proposta.A Tabela 5, adaptada <strong>de</strong> Gonçalves & Poggiani (1996), apresenta sugestões <strong>de</strong>matérias-primas que po<strong>de</strong>m constituir um substrato, com suas principais características.Esta proposição <strong>de</strong> agrupamento <strong>do</strong>s substratos em classes toma por base suascaracterísticas físicas e químicas, origem e forma <strong>de</strong> produção, bem como suacompatibilida<strong>de</strong> e funções <strong>na</strong>s misturas <strong>de</strong> substratos.<strong>na</strong> produção <strong>de</strong> mudas florestais. (*)Desvantagenspre<strong>do</strong>mínio da microporosida<strong>de</strong>, o que po<strong>de</strong> reduzir a aeração / po<strong>de</strong>m conter sementes<strong>de</strong> plantas invasoras, nematói<strong>de</strong>s, pequenos insetos e inóculos <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> daforma <strong>de</strong> produção e exposição <strong>do</strong> composto; por esta razão, quan<strong>do</strong> não são toma<strong>do</strong>s os<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s assépticos, os compostos orgânicos <strong>de</strong>vem ser esteriliza<strong>do</strong>s antes <strong>do</strong> usoapresentam características físicas e químicas muito variáveis / suscetíveis a gran<strong>de</strong>s variações<strong>de</strong> volume, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a oscilações <strong>de</strong> expansão e contração provocadas pelo nível <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>reduzem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> água <strong>do</strong> substrato / baixas concentrações <strong>de</strong> N e Sobs.: não <strong>de</strong>vem constituir a maior porção das misturasreduz a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> água <strong>do</strong> substrato, quan<strong>do</strong> em gran<strong>de</strong> proporção / quan<strong>do</strong>pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong> no substrato, promove a formação <strong>de</strong> sistema radicular pouco a<strong>de</strong>ri<strong>do</strong> ao substrato,po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> danificar as raízes no manuseiocontraem-se com o uso, principalmente em misturas, após vários ciclos <strong>de</strong> ume<strong>de</strong>cimento e secagem/ custo <strong>de</strong> obtenção mais eleva<strong>do</strong> / se mais argilosa ou siltosa, “ entope” os macroporos <strong>do</strong> substrato,diminuin<strong>do</strong> a aeração e dre<strong>na</strong>gem, o que prejudica a germi<strong>na</strong>ção das / sementes e o crescimentodas raízes / baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> água, <strong>de</strong>mandan<strong>do</strong>, por conseguinte, irrigações maisfreqüentes / geralmente são <strong>de</strong> baixa fertilida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> nutrientes* Da<strong>do</strong>s adapta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Gonçalves & Poggiani (1996)43


Correção e adubação química <strong>do</strong> substratoA alta diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies da floresta tropical não permite um conhecimento<strong>de</strong>talha<strong>do</strong> das exigências nutricio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> cada espécie. No entanto, é possível,fazer recomendações gerais, após a análise química <strong>do</strong> substrato, para os trêselementos mais importantes ao <strong>de</strong>senvolvimento das plantas: o fósforo, opotássio e o nitrogênio. Além disso, é importante lembrar que os solos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro são áci<strong>do</strong>s e têm altos teores <strong>de</strong> alumínio trocável, levan<strong>do</strong> ànecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se corrigir o solo utiliza<strong>do</strong> para o substrato.A correção <strong>do</strong> solo <strong>de</strong>ve ser feita através da calagem da terra, normalmentecom 0,5 kg <strong>de</strong> calcário <strong>do</strong>lomítico por metro cúbico <strong>de</strong> substrato produzi<strong>do</strong>,15 dias antes <strong>de</strong> seu uso.Um maior aporte <strong>de</strong> fósforo <strong>de</strong>ve ser feito, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à baixa disponibilida<strong>de</strong><strong>de</strong>sse elemento nos solos, que é essencial para a formação <strong>de</strong> mudas comsistema radicular bem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>. A aplicação <strong>de</strong> adubos fosfata<strong>do</strong>s ricosem cálcio, por sua vez, dispensa o uso <strong>de</strong> calcário.Em viveiros que utilizam sacos plásticos a adubação mineral <strong>do</strong> substratomais comumente usada é a <strong>de</strong> 3,0 a 5,0 kg <strong>de</strong> superfosfato simples, fosfato <strong>de</strong>Araxá ou termofosfato e 0,5 a 1,0 kg <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio por metro cúbico<strong>de</strong> substrato, fican<strong>do</strong> o fornecimento <strong>de</strong> nitrogênio e micronutrientes porconta <strong>do</strong> composto orgânico (esterco). Os adubos <strong>de</strong>vem ser adicio<strong>na</strong><strong>do</strong>sdurante o preparo <strong>do</strong> substrato.Quan<strong>do</strong> as mudas não apresentarem um <strong>de</strong>senvolvimento satisfatório, ouhouver interesse em forçar o seu crescimento, po<strong>de</strong>-se aplicar em coberturaadubos nitroge<strong>na</strong><strong>do</strong>s ou fórmulas completas <strong>na</strong> água <strong>de</strong> irrigação ou empulverizações.O nitrogênio é aplica<strong>do</strong> <strong>na</strong> base <strong>de</strong> 6 g <strong>de</strong> N (30 g <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> amônia) por10 litros <strong>de</strong> água, gastan<strong>do</strong>-se 2 litros da solução nutritiva por m 3 <strong>de</strong>canteiro, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se repetir a cada 15 dias. Não convém se exce<strong>de</strong>r <strong>na</strong>aplicação <strong>de</strong> nitrogênio, pois po<strong>de</strong> provocar um crescimento excessivo daparte aérea em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> sistema radicular damuda tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-as sensíveis à <strong>do</strong>enças.No sistema <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> mudas em tubetes a adubação <strong>do</strong> substratorecomendada é <strong>de</strong> 150 g <strong>de</strong> N, 700 g <strong>de</strong> P2O5, 100 g <strong>de</strong> K2O e 150 g <strong>de</strong> FTE(micronutrientes) por metro cúbico.As recomendações técnicas para adubação <strong>de</strong> cobertura são as mesmasreferidas para sacos plásticos, sen<strong>do</strong> que com a solução citada se rega44


aproximadamente 10.000 tubetes. As aplicações são mais freqüentes, com7 a 10 dias <strong>de</strong> intervalo, até que as mudas estejam formadas.As adubações em cobertura <strong>de</strong>vem ser feitas <strong>na</strong>s horas mais frescas <strong>do</strong> dia,seguidas <strong>de</strong> leve irrigação para diluir ou lavar os resíduos que ficaram <strong>na</strong>sfolhas.De qualquer forma, para se evitar o risco <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>inferior, por excesso ou falta <strong>de</strong> adubos, a aplicação <strong>de</strong> fertilizantes <strong>de</strong>ve serprecedida <strong>de</strong> análise química <strong>do</strong> substrato.Enchimento das embalagensO viveiro <strong>de</strong>ve contar com uma área coberta (barracão ou galpão) para armaze<strong>na</strong>mento<strong>do</strong> substrato e enchimento <strong>do</strong>s recipientes. O trabalho <strong>de</strong>ve ser feito em uma mesa oubancada, para maior conforto <strong>do</strong> opera<strong>do</strong>r.Os saquinhos plásticos po<strong>de</strong>m ser preenchi<strong>do</strong>s com funis ou com pás peque<strong>na</strong>s(Figura 16a), <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> o substrato estar suficientemente seco para facilitar a operação <strong>de</strong>enchimento. Durante o enchimento, o saco <strong>de</strong>ve ser bati<strong>do</strong> levemente uma ou duasvezes para assentar bem o substrato. Os recipientes <strong>de</strong>vem ficar bem cheios eencanteira<strong>do</strong>s <strong>na</strong> vertical, sem <strong>de</strong>ixar espaços vazios entre si.Os tubetes po<strong>de</strong>m ser preenchi<strong>do</strong>s individualmente (Figura 16), ou então asban<strong>de</strong>jas são colocadas em uma bancada on<strong>de</strong> o substrato é verti<strong>do</strong> sobre elas e, com oauxílio <strong>de</strong> uma régua <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, é esparrama<strong>do</strong> até completar o volume <strong>do</strong>s tubetes.Com leves pancadas <strong>na</strong>s ban<strong>de</strong>jas se faz um a<strong>de</strong>nsamento <strong>do</strong> substrato e completa-senovamente o volume, colocan<strong>do</strong>-se mais substrato. Estan<strong>do</strong> os tubetes cheios, aplicamsepeque<strong>na</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água para ume<strong>de</strong>cimento <strong>do</strong> substrato, sem o que asban<strong>de</strong>jas não po<strong>de</strong>m ser retiradas da bancada.Em viveiros maiores, essa operação conta com auxílio <strong>de</strong> processos mecaniza<strong>do</strong>s.Figura 16Enchimento <strong>de</strong>recipientes como substrato:a) sacos plásticos, eb) tubetes.a) b)45


SemeaduraA semeadura po<strong>de</strong> ser direta ou indireta.A semeadura direta é aquela feita <strong>diretamente</strong> no recipiente on<strong>de</strong> a muda vaicompletar o seu <strong>de</strong>senvolvimento. A profundida<strong>de</strong> da semeadura tem como regraprática o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> diâmetro da semente. Não é recomendada para espécies comsementes muito peque<strong>na</strong>s, como, por exemplo, a quaresmeira e a embaúba.Na produção <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> árvores <strong>na</strong>tivas, é prática comum a colocação <strong>de</strong> mais<strong>de</strong> uma semente por embalagem para assegurar a germi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> pelo menos uma dassementes. Po<strong>de</strong>m ser colocadas até cinco sementes por embalagem, sen<strong>do</strong> necessárioum posterior raleamento para escolher a muda mais vigorosa.A semeadura direta mantém intacto o sistema radicular, permite o uso <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>obranão qualificada e evita <strong>de</strong>spesas com sementeiras e com transplante. Tem como<strong>de</strong>svantagens a falta <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong> da germi<strong>na</strong>ção, o uso <strong>de</strong> uma área maior e umafreqüência maior <strong>de</strong> regas.A semeadura indireta é geralmente realizada em sementeira, que <strong>de</strong>ve ser cobertapor sombrite. Em viveiros que utilizam sacos plásticos, a semeadura indireta é indicadapara sementes com germi<strong>na</strong>ção muito lenta ou irregular, ou sementes muito peque<strong>na</strong>s,sensíveis ao ressecamento e à ação da água da chuva ou irrigação <strong>de</strong>ficiente, que po<strong>de</strong><strong>de</strong>scobrir a semente, ocasio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> falhas <strong>na</strong> germi<strong>na</strong>ção.Na produção <strong>de</strong> mudas em tubetes, ape<strong>na</strong>s para sementes muito gran<strong>de</strong>s se usa asemeadura indireta e posterior transplante.As sementeiras po<strong>de</strong>m ser construídas com ma<strong>de</strong>ira, alve<strong>na</strong>ria ou mesmo caixas <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira, ban<strong>de</strong>jas <strong>de</strong> isopor ou <strong>de</strong> plástico. O tamanho e o número variam <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> coma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong>sejada. Nas sementeiras, po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> o mesmo substratodas embalagens, ou até mesmo areia lavada, uma vez que o objetivo é simplesmentegarantir a germi<strong>na</strong>ção (o <strong>de</strong>senvolvimento da muda vai se dar <strong>na</strong> embalagem). Após asemeadura, as sementes <strong>de</strong>vem ser cobertas com uma fi<strong>na</strong> camada <strong>de</strong> substrato.A principal vantagem da semeadura indireta é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seleção dasplântulas <strong>na</strong> ocasião da repicagem, resultan<strong>do</strong> em mudas mais uniformes. As <strong>de</strong>svantagenspo<strong>de</strong>m ser uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudas com sistema radicular <strong>de</strong>ficiente, <strong>de</strong>spesascom sementeiras e gasto maior com mão-<strong>de</strong>-obra.DormênciaDormência é a estratégia reprodutiva associada a plantas que se regeneram<strong>na</strong>turalmente a partir <strong>do</strong> banco <strong>de</strong> sementes <strong>do</strong> solo ou àquelas que precisamconservar seu potencial <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção até que condições propícias ocorram,buscan<strong>do</strong>, através disso, a perpetuação da espécie ou a colonização <strong>de</strong> novas áreas.É um mecanismo <strong>na</strong>tural que distribui a germi<strong>na</strong>ção no tempo, aumentan<strong>do</strong> aschances <strong>de</strong> sobrevivência da espécie.46


Os inibi<strong>do</strong>res mais comuns são a presença <strong>de</strong> tegumento, que impe<strong>de</strong> apenetração <strong>de</strong> água e gases, e a imaturida<strong>de</strong> <strong>do</strong> embrião.Em viveiros <strong>de</strong> peque<strong>na</strong> escala <strong>de</strong> produção, a <strong>do</strong>rmência das sementes duras eimpermeáveis po<strong>de</strong> ser rompida <strong>de</strong> maneira prática pela escarificação das sementes quepermitem o manuseio, com o <strong>de</strong>sponte com tesoura ou o <strong>de</strong>sgaste com lima chata. Assementes menores que não permitem o manuseio individual po<strong>de</strong>m ser esfregadassobre uma superfície áspera ou cimentada, com o auxílio <strong>de</strong> uma lixa ou pedra abrasiva.As sementes escarificadas e mergulhadas em água se embebem rapidamente, inician<strong>do</strong>a germi<strong>na</strong>ção. Já para se vencer a <strong>do</strong>rmência <strong>do</strong> embrião imaturo basta fazer asemeadura indireta e aguardar o tempo <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção.Segue abaixo uma lista <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s que po<strong>de</strong>m ser usa<strong>do</strong>s para a quebra <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmência:a) escarificação mecânica: raspagem <strong>do</strong> tegumento com lixa, ou qualquer superfícieabrasiva, para permitir a absorção <strong>de</strong> água pela semente;b) água quente: imersão em água ferven<strong>do</strong>, com tempo <strong>de</strong> tratamento específico paracada espécie;c) escarificação química: emprego <strong>de</strong> áci<strong>do</strong>s (sulfúrico, clorídrico ou outra substânciaquímica abrasiva) por um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong> tempo, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> lavagem em águacorrente para o rompimento <strong>do</strong> tegumento;d) estratificação: empregada em espécies com embrião imaturo, consiste notratamento úmi<strong>do</strong> a baixa temperatura;e) lavagem em água corrente: algumas substâncias inibi<strong>do</strong>ras solúveis em água po<strong>de</strong>mser removidas pela simples lavagem das sementes em água corrente:f) choque térmico: é feito pela alternância <strong>de</strong> temperaturas, varian<strong>do</strong> emaproximadamente 20ºC, em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 8 a 12 horas.Tratos culturaisOs tratos culturais são as ativida<strong>de</strong>s rotineiras <strong>de</strong>senvolvidas no viveiro durante oprocesso <strong>de</strong> produção das mudas.• RaleioRaleio é a operação <strong>de</strong> elimi<strong>na</strong>ção das plântulas exce<strong>de</strong>ntes em cada recipiente.Deve ser feito assim que se possa manusear as plantinhas ou quan<strong>do</strong> estas apresentarem<strong>de</strong> um a <strong>do</strong>is pares <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong>finitivas. O exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> mudas po<strong>de</strong> ser aproveita<strong>do</strong>para transplante <strong>na</strong>quelas embalagens que apresentarem falhas <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção.A operação po<strong>de</strong> ser facilitada quan<strong>do</strong> se faz uma irrigação, com antecedência <strong>de</strong> 2 horas.• IrrigaçãoAs regas <strong>de</strong>vem ser feitas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a necessida<strong>de</strong>, sempre observan<strong>do</strong> oponto <strong>de</strong> murcha das mudas, evitan<strong>do</strong> atingir o ponto <strong>de</strong> murcha permanente. Em dias47


quentes <strong>de</strong> verão a rega <strong>de</strong>ve ser feita no mínimo três vezes por dia, mesmo que seja nomeio <strong>do</strong> dia. Como o saquinho não tem gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> campo, <strong>de</strong>ve-se regarconstantemente. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ve ser suficiente para suprir bem as sementesou mudas, sem excesso.No verão ou no perío<strong>do</strong> seco, as regas <strong>de</strong>vem ser mais abundantes <strong>do</strong> que noinverno ou <strong>na</strong> estação mais úmida. Nos viveiros <strong>de</strong> sistema estático, todas as mudas sãoregadas com a mesma freqüência; nos <strong>de</strong> sistema dinâmico, as etapas <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção,crescimento e rustificação são irrigadas com controle e conforme suas necessida<strong>de</strong>s.• Manejo da CoberturaA cobertura <strong>de</strong> sombrite <strong>de</strong>ve ser utilizada conforme o estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoda muda e das características das espécies.Para espécies pioneiras e secundárias iniciais, a cobertura <strong>de</strong>ve ser usada até que secomplete a germi<strong>na</strong>ção ou até surgirem as três primeiras folhas <strong>de</strong>finitivas, e durante afase <strong>de</strong> repicagem até o pegamento das mudas. Espécies secundárias tardias e clímaxesexigem cobertura permanente, pois se <strong>de</strong>senvolvem melhor sob sombreamento.As mudas sob cobertura, entretanto, <strong>de</strong>vem ser progressivamente aclimatadas aosol. O i<strong>de</strong>al é que esse manejo seja inicia<strong>do</strong> em dias menos ensolara<strong>do</strong>s. Se for o caso,po<strong>de</strong>-se aumentar as regas, para compensar as perdas por transpiração e evitar aqueimadura das folhas.• Transplante ou RepicagemO transplante das mudas (Figura 17) <strong>de</strong>ve ser feito com cuida<strong>do</strong>, para evitar sua máformação, especialmente no caso <strong>de</strong> espécies com sistema radicular pivotante, e <strong>de</strong>veser feito <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> as plântulas emitirem seu segun<strong>do</strong> par <strong>de</strong> folhas verda<strong>de</strong>iras.Quan<strong>do</strong> a raiz for longa, <strong>de</strong>ve-se cortar a sua extremida<strong>de</strong> até cerca <strong>de</strong> um terço <strong>do</strong>seu comprimento para impedir seu enrolamento.Figura 17Retirada dasplântulas dasementeira paraplantio nosrecipientes<strong>de</strong>finitivos(saco plásticoou tubete).48


O substrato no recipiente <strong>de</strong>ve ser perfura<strong>do</strong> com um "chucho" (pequeno pedaço <strong>de</strong>pau ou ramo <strong>de</strong> árvore, <strong>de</strong> forma cilíndrica) (Figura 18), colocan<strong>do</strong>-se a planta até atingiro fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> buraco e erguen<strong>do</strong>-a novamente, para que o colo fique ao nível da superfície ea raiz seja <strong>de</strong>senrolada. Em seguida, comprime-se a terra lateralmente em volta da raiz.Figura 18Uso <strong>do</strong> “chucho”para melhoracomodaçãoda plântula durantea repicagem.• EscarificaçãoO uso <strong>de</strong> uma terra mais argilosa po<strong>de</strong> causar o endurecimento da superfície peloressecamento, sen<strong>do</strong> necessário afofar a superfície <strong>do</strong> substrato ou quebrar as crostasendurecidas, facilitan<strong>do</strong> a emergência <strong>de</strong> plântulas e a permeabilida<strong>de</strong>. Essa situação écorrigida com o uso <strong>de</strong> esterco peneira<strong>do</strong>, palha <strong>de</strong> arroz carbonizada ou o emprego <strong>de</strong>cobertura morta sobre os saquinhos.Quan<strong>do</strong> há a formação <strong>de</strong> musgos, <strong>de</strong>ve-se elimi<strong>na</strong>r sua camada e verificar se háexcesso <strong>de</strong> irrigação ou <strong>de</strong> sombra, e falta <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> substrato. Em substratosbem formula<strong>do</strong>s esses problemas não ocorrem.• Controle <strong>de</strong> pragas e <strong>do</strong>ençasDeve ser feito ape<strong>na</strong>s no caso <strong>de</strong> ataque severo, que comprometa a produção <strong>do</strong>viveiro ou <strong>de</strong> um lote específico <strong>de</strong> mudas. Convém acompanhar freqüentemente oesta<strong>do</strong> fitossanitário das mudas, com erradicação <strong>do</strong>s focos iniciais, elimi<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se asmudas afetadas e, se possível, controlan<strong>do</strong> os agentes físicos pré-condicio<strong>na</strong>ntes(umida<strong>de</strong> e luz). Especial atenção <strong>de</strong>ve ser dada ao controle <strong>de</strong> formigas no viveiro.• Movimentação das mudasNos viveiros <strong>de</strong> produção em sacos plásticos coloca<strong>do</strong>s no chão <strong>do</strong>s canteiros, orodízio das mudas <strong>de</strong> maior porte é feito, sempre que necessário, com a fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> podaras raízes que tiverem atravessa<strong>do</strong> as embalagens e penetra<strong>do</strong> no solo. Se houvernecessida<strong>de</strong>, promover também a poda da parte aérea durante a movimentação das mudas.49


O rodízio ou dança das mudas também visa separar as mudas <strong>de</strong> tamanhosdiferentes, evitan<strong>do</strong> o sombreamento <strong>de</strong> uma pelas outras. Isso é muito comum quan<strong>do</strong>as mudas foram plantadas via semeadura direta, a qual promove diferença no tempo dagermi<strong>na</strong>ção e consequentemente tamanho das mudas nos saquinhos próximos.Na produção <strong>de</strong> mudas em tubetes, essa operação não é necessária, pois o sistemaradicular é <strong>na</strong>turalmente poda<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> em contato com o ar.Os tubetes são movimenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s ban<strong>de</strong>jas após a fase <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção.• Seleção <strong>de</strong> mudasQuan<strong>do</strong> as mudas atingirem <strong>de</strong> 25cm a 30 cm <strong>de</strong> altura, elas já estão prontas para oplantio. A seleção objetiva elimi<strong>na</strong>r mudas atacadas por <strong>do</strong>enças, com <strong>de</strong>ficiêncianutricio<strong>na</strong>l, <strong>de</strong> altura reduzida e com problemas <strong>de</strong> raiz. Devem ser selecio<strong>na</strong>das as mudasbem <strong>de</strong>senvolvidas e <strong>de</strong> tamanho homogêneo, que <strong>de</strong>vem ser novamente encanteiradas.As mudas em tubetes sofrem duas seleções: a primeira, antes da passagem da área<strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção para a <strong>de</strong> crescimento, e a segunda, ao serem removidas para a fase <strong>de</strong>rustificação ou <strong>de</strong> expedição.O planejamento <strong>na</strong> produção <strong>de</strong> mudas vai ser essencial para a obtenção <strong>de</strong>lotes <strong>de</strong> mudas homogêneos, principalmente pelo fato <strong>de</strong> as espéciesapresentarem <strong>de</strong>senvolvimento diferencia<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o grupoecológico ao qual pertencem; mudas <strong>de</strong> espécies pioneiras, por exemplo,ficam “prontas” antes.• RustificaçãoPara que as mudas adquiram resistência e possam sobreviver em condiçõesadversas após o plantio, é feita a rustificação, através <strong>de</strong> cortes graduais da irrigação nosúltimos 15 a 30 dias antes <strong>do</strong> plantio, movimentação das mudas no canteiro e poda daparte aérea ou redução <strong>de</strong> até 2/3 <strong>na</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> folhas inferiores.Mudas formadas em tubetes passam por um estágio <strong>de</strong> rustificação que lhes dá umaresistência satisfatória para o plantio, além <strong>de</strong> não crescerem acima <strong>de</strong> 20 cm a 30 cm,po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser mantidas no viveiro por um perío<strong>do</strong> maior, sem perda da qualida<strong>de</strong>.50


Etapas para o PlantioPreparo da Área para PlantioAs operações <strong>de</strong> preparo da área <strong>de</strong> plantio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m basicamente das condiçõesfísicas <strong>do</strong> solo, da topografia e da cobertura vegetal existente, e consistem <strong>na</strong>elimi<strong>na</strong>ção das plantas invasoras e no preparo <strong>do</strong> solo para o plantio.A maioria das áreas <strong>de</strong>gradadas é <strong>de</strong> relevo forte ondula<strong>do</strong> a montanhoso ousituada em planícies aluviais, costeiras, <strong>de</strong> restinga e tabuleiros. Apresentam, em geral,impedimentos à mecanização das operações <strong>de</strong> limpeza da área, preparo, plantio emanutenção das áreas vegetadas.Quan<strong>do</strong> as condições <strong>do</strong> terreno permitirem, on<strong>de</strong> não há gran<strong>de</strong>s riscos <strong>de</strong>erosão, po<strong>de</strong> ser feita a mecanização, para retardar a rebrota da espécie invasora semprejudicar a germi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> espécies <strong>na</strong>tivas presentes no solo.A mecanização <strong>de</strong>ve ser feita após a roçada, e po<strong>de</strong> consistir em uma aração e duasgradagens leves (preparo tradicio<strong>na</strong>l), em uma aração e uma gradagem leve ou atémesmo em duas gradagens pesadas somente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> das condições <strong>do</strong> terreno.Uma outra possibilida<strong>de</strong> no preparo mecaniza<strong>do</strong> é a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> cultivomínimo, como a subsolagem, <strong>diretamente</strong> <strong>na</strong>s linhas <strong>de</strong> plantio. Essas práticas sãomenos impactantes, mas igualmente eficientes <strong>na</strong> <strong>de</strong>scompactação <strong>do</strong> solo paragarantir às mudas melhores condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.Nas áreas susceptíveis à erosão ou em pen<strong>de</strong>ntes incli<strong>na</strong>das <strong>de</strong>vem serempregadas práticas simples <strong>de</strong> conservação <strong>do</strong> solo. Como referi<strong>do</strong> acima, o cultivomínimo po<strong>de</strong> restringir a mecanização às linhas, através da subsolagem. Nas áreas comerosão severa (sulcos e voçorocas), são necessários o controle da erosão e a restauraçãoou reafeiçoamento <strong>do</strong> terreno antes <strong>do</strong> plantio. O uso <strong>de</strong> espécies leguminosas arbóreasfixa<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> nitrogênio é indica<strong>do</strong> para a reestruturação <strong>do</strong>s solos quan<strong>do</strong> a erosãoatingiu níveis <strong>de</strong> difícil reversão*.O controle <strong>manual</strong> <strong>de</strong> ervas invasoras, com foice ou com roça<strong>de</strong>ira costal motorizada,<strong>de</strong>ve ser feito seletivamente, com o cuida<strong>do</strong> <strong>de</strong> não se elimi<strong>na</strong>rem plântulas <strong>de</strong> espéciesque possam fazer parte <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> regeneração <strong>na</strong>tural da área. O uso <strong>de</strong> herbicidas<strong>de</strong>ve ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma muito cautelosa, para evitar possíveis interferências no banco<strong>de</strong> plântulas e até no banco <strong>de</strong> sementes <strong>do</strong> solo. Alguns autores afirmam que osherbicidas com o princípio ativo “glifosato” não afetam o banco <strong>de</strong> sementes no solo por se<strong>de</strong>gradar rapidamente ao entrar em contato com a superfície (Durigan et al., 2003). Parapreservar o banco <strong>de</strong> plântulas, po<strong>de</strong> ser aplica<strong>do</strong> um herbicida seletivo para o controle <strong>de</strong>gramíneas, o que po<strong>de</strong>ria favorecer as plântulas <strong>de</strong> espécies arbóreas, que não seriamafetadas pelo herbicida (Durigan et al., 2003). É importante lembrar que há restrições legaispara o uso <strong>de</strong> herbicidas no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. Em to<strong>do</strong> caso, o seu uso não <strong>de</strong>ve serfeito sem a orientação <strong>de</strong> um profissio<strong>na</strong>l habilita<strong>do</strong>.* Acessar os trabalhos realiza<strong>do</strong>s no Centro Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Pesquisas em Agrobiologia da Embrapa, localiza<strong>do</strong>em Seropédica, RJ, no site http://www.cnpab.embrapa.br/51


Abertura <strong>de</strong> Aceiros e Instalação <strong>de</strong> CercasContor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> as áreas <strong>de</strong> plantio, <strong>de</strong>vem ser abertos aceiros com pelo menos 5 m<strong>de</strong> largura, para auxiliar <strong>na</strong> prevenção <strong>de</strong> incêndios.Em áreas <strong>de</strong> plantio maiores, po<strong>de</strong>m ser feitos aceiros internos distantes entre si40 m a 60 m e em curva <strong>de</strong> nível, com 3 m <strong>de</strong> largura. Esses aceiros <strong>de</strong>vem ser manti<strong>do</strong>sroça<strong>do</strong>s e o material seco enleira<strong>do</strong> em contorno, para diminuir os riscos <strong>de</strong> incêndio.Após o crescimento das mudas e com o capim controla<strong>do</strong>, os aceiros também <strong>de</strong>vem serrevegeta<strong>do</strong>s.As cercas, sempre que possível <strong>de</strong> arame farpa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vem ser instaladas quan<strong>do</strong> háo risco da invasão da área <strong>de</strong> plantio por animais, particularmente bovinos e eqüinos.Infra-estrutura <strong>de</strong> ApoioConforme as características da área <strong>de</strong> plantio, po<strong>de</strong> ser ergui<strong>do</strong> um barraco paraguardar ferramentas e insumos e servir <strong>de</strong> abrigo para os trabalha<strong>do</strong>res.Controle <strong>de</strong> FormigasO controle <strong>de</strong> formigas corta<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>ve ser feito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a roçada para limpeza daárea até a formação <strong>do</strong> plantio, com o uso <strong>de</strong> iscas, seguin<strong>do</strong> suas especificações técnicas.Locação <strong>do</strong> PlantioApós a limpeza ou roçada <strong>do</strong> terreno é feita a locação da área <strong>de</strong> plantio, <strong>do</strong>saceiros, das curvas <strong>de</strong> nível, das linhas <strong>de</strong> plantio e das covas.O sistema <strong>de</strong> alinhamento po<strong>de</strong> ser em esquadria (quadra<strong>do</strong> ou retângulo) paraterrenos planos ou em quincôncio (triângulo - Figura 19), para áreas em <strong>de</strong>clive.O alinhamento em triângulo permite plantar em uma mesma área um número maior <strong>de</strong>covas (15%) <strong>do</strong> que em esquadria.Figura 19Utilização daslinhas paramarcação <strong>de</strong> covasem quincôncio;os <strong>do</strong>is vérticessuperiores daslinhas estãoloca<strong>do</strong>s em covassubseqüentes dalinha superior,e o terceiro vértice,representa<strong>do</strong> pelaenxada, vai indicara locação da novacova.52


O alinhamento em nível ou contorno é recomenda<strong>do</strong> para áreas <strong>de</strong> relevo maisaci<strong>de</strong>nta<strong>do</strong>, como as áreas <strong>de</strong> morro. As curvas <strong>de</strong> nível são traçadas no terreno comauxílio <strong>de</strong> um nível expedito, como o <strong>de</strong> mangueira, ou com nível <strong>de</strong> precisão.Essas curvas <strong>de</strong> nível são marcadas a cada <strong>de</strong>snível vertical (h, <strong>na</strong> Figura 20) <strong>de</strong> 2 ma 2,5 m, que po<strong>de</strong> variar em função <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> solo, <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, dimensão da área,uniformida<strong>de</strong> e conformação <strong>do</strong> terreno. Em áreas com <strong>de</strong>clive acima <strong>de</strong> 20%, ouirregulares, a locação das curvas <strong>de</strong> nível <strong>de</strong>ve ser feita a cada 20 m <strong>de</strong> distânciahorizontal, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> se utilizar curvas intermediárias.Partin<strong>do</strong>-se da primeira curva <strong>de</strong> nível (linha básica), a contar da parte mais alta <strong>do</strong>terreno para a mais baixa, marcam-se as linhas <strong>de</strong> plantio, tiran<strong>do</strong>-se paralelas para cimae para baixo <strong>de</strong>ssas linhas até encontrar a próxima. A seguir, partin<strong>do</strong>-se da terceira,proce<strong>de</strong>-se da mesma forma.Figura 20Esquematização <strong>de</strong>como <strong>de</strong>vem sertraçadas as linhas <strong>de</strong>plantio em área<strong>de</strong>clivosa, incluin<strong>do</strong> alinha básica, que <strong>de</strong>veser locada no pontomais alto da área.(h = <strong>de</strong>snível vertical).A locação das linhas paralelas <strong>de</strong> plantio é feita com o auxílio <strong>de</strong> uma vara <strong>de</strong>bambu <strong>de</strong> comprimento igual ao a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para o espaçamento entre as linhas. Nocoveamento po<strong>de</strong> ser usada uma corda com fitas indican<strong>do</strong> a distância entre as covas.A marcação <strong>manual</strong> das linhas <strong>de</strong> plantio po<strong>de</strong> ser feita com uma corda marcada comas distâncias entre covas e, com o auxílio <strong>de</strong> um enxadão ou estacas, fazem-se as covas.EspaçamentoOs espaçamentos mais comumente utiliza<strong>do</strong>s são apresenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Tabela 6. Osaspectos que <strong>de</strong>vem auxiliar <strong>na</strong> escolha <strong>do</strong> espaçamento são, principalmente, o grau <strong>de</strong><strong>de</strong>gradação da área e a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos (fi<strong>na</strong>nceiros, mudas, mão-<strong>de</strong>-obra).Alguns autores sugerem o a<strong>de</strong>nsamento <strong>de</strong> mudas (espaçamento <strong>de</strong> 1,0 m x 1,0 m), que,apesar <strong>de</strong> encarecer bastante os custos <strong>de</strong> implantação <strong>do</strong> plantio po<strong>de</strong> reduzir, oscustos <strong>de</strong> manutenção durante o <strong>de</strong>senvolvimento inicial <strong>do</strong> plantio.TABELA 6Espaçamentos mais utiliza<strong>do</strong>s em plantios mistos <strong>de</strong> espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas.Espaçamento (entre linhas x <strong>na</strong> linha)Linha básicaDensida<strong>de</strong> (nº <strong>de</strong> mudas/ha)2,5 m x 2,5 m 1.6003,0 m x 2,0 m 1.6702,5 m x 2,0 m 2.0003,0 m x 1,5 m 2.2252,0 m x 2,0 m 2.50053


Deve-se usar a maior distância entre fileiras <strong>do</strong> que entre plantas <strong>na</strong>s fileiras.Quanto maior a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantas por hectare, mais rapidamente o solo serásombrea<strong>do</strong> e o capim elimi<strong>na</strong><strong>do</strong>. Entretanto, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s maiores que as sugeridas acimapo<strong>de</strong>m dificultar os trabalhos <strong>de</strong> manutenção da área.Abertura das covasO tamanho da cova varia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as condições <strong>do</strong> solo. Um tamanhomínimo é <strong>de</strong> 40 cm <strong>de</strong> comprimento por 40 cm <strong>de</strong> largura e 40 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.Se não se for fazer adubação da cova e o solo apresenta boas proprieda<strong>de</strong>s físicas,não é necessário abrir uma cova para plantio, sen<strong>do</strong> suficiente uma coveta que abrigue otorrão da muda.O coveamento <strong>manual</strong> é feito com enxadão ou cava<strong>de</strong>ira, colocan<strong>do</strong>-se, <strong>de</strong> umla<strong>do</strong>, o solo (terra da parte <strong>de</strong> cima e <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>) e, <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong>, o subsolo(terra <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> da cova).Em solos profun<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> boas características físicas, não é necessário fazer aseparação da terra escavada, mas em áreas bem erodidas, <strong>de</strong> subsolo ou aterro, o materialretira<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da cova <strong>de</strong>ve ser substituí<strong>do</strong> por terra <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>ve-seadicio<strong>na</strong>r <strong>na</strong> mistura <strong>de</strong> enchimento uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria orgânica bemcurtida, turfa <strong>de</strong>composta ou outros acondicio<strong>na</strong>ntes <strong>de</strong> solo para melhorar suascondições físicas.AdubaçãoEm áreas <strong>de</strong>gradadas é raro encontrar solos com disponibilida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong>nutrientes. É mais comum encontrar nos solos tropicais baixo teor <strong>de</strong> fósforo, cálcio emagnésio, e <strong>de</strong> médio a baixo teor <strong>de</strong> potássio.A análise <strong>de</strong> solos é fundamental para i<strong>de</strong>ntificar os elementos que po<strong>de</strong>rão limitaro bom <strong>de</strong>senvolvimento das mudas e até a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> calcário.Entretanto, como já foi cita<strong>do</strong> anteriormente, o <strong>de</strong>sconhecimento sobre as exigênciasnutricio<strong>na</strong>is das espécies não permite uma recomendação <strong>de</strong> adubação precisa.De qualquer forma, para solos que apresentam si<strong>na</strong>is mais graves <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação, écomum a utilização da chamada "adubação <strong>de</strong> arranque", cujo objetivo é garantir um bom<strong>de</strong>senvolvimento inicial para as mudas plantadas. O restabelecimento <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong>ciclagem <strong>de</strong> nutrientes vai se dar <strong>na</strong>tural e gradualmente com o estabelecimento e aevolução <strong>do</strong> plantio.Nesse caso, a adubação da cova po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong> 150 g a 200 g <strong>de</strong> superfosfato simplesou 100 g a 150 g <strong>de</strong> fosfato <strong>de</strong> Araxá, e 30 g a 40 g <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio. Para correção daaci<strong>de</strong>z <strong>do</strong> solo e suprimento <strong>de</strong> cálcio e magnésio, po<strong>de</strong>m ser aplica<strong>do</strong>s 200 g <strong>de</strong> calcário<strong>do</strong>lomítico por cova. O i<strong>de</strong>al é que essa prática seja feita <strong>de</strong> 15 a 30 dias antes <strong>do</strong> plantio.Outra possibilida<strong>de</strong> é a aplicação <strong>de</strong> uma fórmula comum, como o 4-14-8, <strong>na</strong> quantia <strong>de</strong>150 g por cova.54


Em solos com baixo teor <strong>de</strong> matéria orgânica, arenosos ou <strong>de</strong>paupera<strong>do</strong>s pelo uso,é benéfica a associação <strong>de</strong> adubação orgânica e química. Haven<strong>do</strong> disponibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>veseaplicar <strong>de</strong> 5 a 10 litros <strong>de</strong> composto orgânico bem curti<strong>do</strong> por cova.A distribuição <strong>do</strong>s adubos po<strong>de</strong> ser feita nos carrea<strong>do</strong>res com carretas e <strong>manual</strong>mente<strong>na</strong>s covas. Coloca-se junto às covas a matéria orgânica e, por cima <strong>de</strong>sta, os adubos minerais.Vale lembrar, por fim, que a adubação é um fator que aumenta os custos <strong>do</strong> trabalho<strong>de</strong> revegetação <strong>de</strong> uma área. As espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas têm uma adaptabilida<strong>de</strong><strong>na</strong>tural às condições <strong>de</strong> baixa fertilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos solos, o que po<strong>de</strong> favorecer o não-uso<strong>de</strong> fertilizantes. Nesse caso, <strong>de</strong>ve-se prestar atenção especial ao controle das plantasinvasoras, que são competi<strong>do</strong>ras agressivas por nutrientes.Instalação <strong>do</strong> plantioO plantio <strong>de</strong>ve ser feito preferencialmente no inicio <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> chuvoso. Plantiosmais tardios somente po<strong>de</strong>m ser feitos em baixadas ou várzeas úmidas, on<strong>de</strong> não éespera<strong>do</strong> déficit hídrico.As covas <strong>de</strong>vem ser preparadas com certa antecedência <strong>do</strong> plantio. Os adubosesparrama<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser bem mistura<strong>do</strong>s com a terra mais fértil retirada das covas. Noenchimento a mistura <strong>de</strong> terra é firmada mo<strong>de</strong>radamente em camadas até o nível dacova para não ficarem espaços vazios ou excesso <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong>.Em mudas formadas em tubetes, basta puxa-las para retirar a embalagem, no caso<strong>de</strong> mudas em sacos plásticos, <strong>de</strong>vem-se observar as condições das raízes; se tiveremencontra<strong>do</strong> o fun<strong>do</strong> da embalagem e entorta<strong>do</strong> é necessário fazer sua poda. Durante aretirada <strong>do</strong> saco plástico, faz-se um corte transversal <strong>de</strong> mais ou menos 1cm, elimi<strong>na</strong>n<strong>do</strong>a parte inferior <strong>do</strong> recipiente.O plantio é feito abrin<strong>do</strong> uma coveta <strong>na</strong> cova anteriormente preparada, fican<strong>do</strong> ocolo da muda ao nível da superfície <strong>do</strong> solo. Coloca-se terra para completar opreenchimento e se compacta com o pé ao re<strong>do</strong>r da muda, para elimi<strong>na</strong>r os bolsões <strong>de</strong>ar, sem fazer pressão sobre o torrão.Em áreas íngremes, po<strong>de</strong>-se fazer o plantio em banquetas ou terraços individuais,ou até plantio em covas abaixo <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> solo, com até no máximo 15 cm <strong>de</strong>profundida<strong>de</strong>, observan<strong>do</strong>-se sempre a limpeza da cova para evitar o afogamento damuda. Fi<strong>na</strong>lmente, como boa prática, os restos <strong>de</strong> saquinhos plásticos ou tubetes <strong>de</strong>vemser retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> campo para posterior <strong>de</strong>scarte (ou reutilização).Manutenção <strong>do</strong> plantio (capi<strong>na</strong>s e roçadas)No início <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> revegetação as mudas implantadas não estãosuficientemente adaptadas ao novo meio e sofrem a competição da vegetação invasora.As capi<strong>na</strong>s <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong>vem elimi<strong>na</strong>r as plantas daninhas que po<strong>de</strong>mprovocar o abafamento ou a excessiva competição, prejudican<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento dasmudas plantadas.55


As operações <strong>de</strong> manutenção seguem um programa <strong>de</strong> controle seletivo dasplantas invasoras, elimi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s as gramíneas e as plantas sarmentosas quepossam subir <strong>na</strong>s mudas assim como outras concorrentes. As <strong>de</strong>mais ervas que nãoafetam o crescimento das mudas são consi<strong>de</strong>radas benéficas, pois ajudam no controleda erosão e favorecem um microclima apropria<strong>do</strong> para a germi<strong>na</strong>ção e oestabelecimento <strong>de</strong> plântulas das espécies lenhosas.A capi<strong>na</strong> ou coroamento com enxada <strong>de</strong>ve ser feita em um raio <strong>de</strong> 50 cm em tornoda muda. Nas entrelinhas <strong>de</strong> plantio e no restante das áreas invadidas por capimcolonião, e outras ervas agressivas e perenes, o mato é manti<strong>do</strong> rebaixa<strong>do</strong> por roçadas.O mato ceifa<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser encor<strong>do</strong>a<strong>do</strong> em nível para evitar riscos <strong>de</strong> incêndio.A primeira capi<strong>na</strong> <strong>de</strong>ve ser feita 30 a 40 dias <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> plantio, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> dainfestação das ervas e <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> ano, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser prorrogada ou antecipada.Geralmente são feitas <strong>de</strong> 4 a 5 manutenções.Deve-se evitar que as ervas atinjam um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, porque osrendimentos po<strong>de</strong>m cair, e as mudas sofrerem bastante com a competição.Em cada situação, <strong>de</strong>ve ser encontrada a melhor combi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong>controle das invasoras para que a manutenção <strong>do</strong> plantio seja a mais efetiva eeconômica, e favoreça o controle da erosão e a expressão <strong>do</strong> banco <strong>de</strong> sementes <strong>do</strong> solo.A manutenção po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r por aproximadamente 50% <strong>do</strong>s custos totais <strong>do</strong>s plantios<strong>na</strong> restauração <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong>gradada (ver anexo 1), e por isso alter<strong>na</strong>tivas <strong>de</strong>vem serbuscadas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> diminuir o número <strong>de</strong> manutenções. Os custos apresenta<strong>do</strong>s noanexo 1 po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com vários aspectos, como a taxa <strong>de</strong> crescimento dasespécies selecio<strong>na</strong>das, a época <strong>de</strong> plantio e o custo local <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra.Monitoramento <strong>do</strong>s plantiosO monitoramento visa a acompanhar a evolução e a medir o sucesso <strong>do</strong>s plantios <strong>na</strong>restauração <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas. Deve ser realiza<strong>do</strong> com base <strong>na</strong>s funções <strong>do</strong>s plantiosem garantir o crescimento das mudas e acelerar o processo <strong>de</strong> sucessão. Os aspectosbásicos a serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s no monitoramento são:a) Sobrevivência das mudas: <strong>de</strong>ve ser avaliada preferencialmente entre 30 e 60 diasapós o plantio, para substituir as plantas que não se adaptaram ao local;b) Desenvolvimento das mudas: em geral, são tomadas as medidas <strong>de</strong> altura,diâmetro médio das copas e diâmetro <strong>do</strong> tronco (<strong>na</strong> base ou à altura <strong>do</strong> peito);c) Controle das plantas invasoras: é muito importante <strong>de</strong>stacar que a elimi<strong>na</strong>ção dasplantas invasoras não se dá em curto prazo, por isso <strong>de</strong>ve-se manter essas plantas sobcontrole;d) Recrutamento <strong>de</strong> plântulas: as mudanças no solo <strong>de</strong>sejadas com a introdução <strong>do</strong>splantios, <strong>de</strong>vem favorecer o <strong>de</strong>saparecimento gradual da antiga vegetação invasora(capim) e o surgimento <strong>de</strong> plântulas <strong>de</strong> espécies florestais. O recrutamento56


<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito da eficiência no controle das invasoras pelos plantios; daproximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> propágulo e da presença <strong>de</strong> animais dispersores <strong>de</strong>frutos e sementes;e) Presença da fau<strong>na</strong>: um último aspecto que indica o sucesso <strong>do</strong> plantio é o retornoda fau<strong>na</strong> à área revegetada. Si<strong>na</strong>is como ninhos, tocas, e outras evidênciasindicam que os animais po<strong>de</strong>m estar encontran<strong>do</strong> ali alimento e/ou abrigo.A Figura 21 e a Figura 22 mostram o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> plantios em várias ida<strong>de</strong>s,<strong>na</strong> Reserva Biológica <strong>de</strong> Poço das Antas. Nos anexos, são apresenta<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s plantios a partir <strong>de</strong> medições anuais da altura média e <strong>do</strong> diâmetroà altura da base (DAB) das mudas plantadas (Moraes et al., 2002; Moraes & Pereira, 2003).Figura 21a) área preparadapara o plantio, eb) mesma área5 anos apóso plantio.a) b)Figura 22Evolução <strong>de</strong>plantio:a) área preparadapara o plantio;b) mesma área1 ano após oplantio.a) b)57


Referências Bibliográficas• Ama<strong>do</strong>r, D.B. & Vian<strong>na</strong>, V.M. Sistemas agroflorestais para a recuperação <strong>de</strong> fragmentosflorestais. Série Técnica IPEF, 12 (32):105-110, Piracicaba. 1998.• Bu<strong>do</strong>wski, G. Distribution of tropical American rain forest species in the light of successio<strong>na</strong>lprocess. Turrialba, 15:40-42. 1965.• Campanilli, M. & Schäffer, W.B.. Mata Atllântica: <strong>manual</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação ambiental. Brasília:MMA/SBF. 2010. 96p.• Denslow, J.S. Gap partitioning among tropical rain forest trees. Biotropica (Suppl.), 12; 47–55.1980.• Durigan, G.; Melo, A.C.G.; Max, J.C.M. et al. Manual para recuperação da vegetação <strong>de</strong>cerra<strong>do</strong>. 2. ed. São Paulo, Pági<strong>na</strong>s & Letras. 2003.• Ferretti, A.R.; Kageyama, P.Y.; Árbocz, G.F.; Santos, J.D.; Barros, M.I.A.; Lorza, R.F.; Oliveira, C.Classificação das Espécies Arbóreas em Grupos Ecológicos para Revegetação com Nativasno Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Florestar Estatístico, 3 (7). São Paulo. 1995.• Ferretti, A.R. Fundamento ecológicos para o planejamento da restauração florestal. In:GALVÃO, A. P. M.; MEDEIROS, A. C. <strong>de</strong> S. (eds.). Restauração da Mata Atlântica em áreas <strong>de</strong>sua primitiva ocorrência <strong>na</strong>tural. Colombo: EMBRAPA Florestas, 2002. p. 21-26.• Franco, A.A. & Faria, S.M. The contribution of N2-fixing tree legumes to land reclamation andsustai<strong>na</strong>bility in the tropics. Soil Biology & Biochemistry, 29(5/6): 897-903. 1997.• Fundação S.O.S. Mata Atlântica, Instituto Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais e Instituto Sócio-Ambiental. Atlas <strong>do</strong>s Remanescentes Florestais da Mata Atlântica - Perío<strong>do</strong> 2010-2011. 2012.• Fundação S.O.S. Mata Atlântica, Instituto Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais e Instituto Sócio-Ambiental. Atlas <strong>do</strong>s Remanescentes Florestais da Mata Atlântica - Perío<strong>do</strong> 1995-2000.Relatório Parcial. 2001.• Gan<strong>do</strong>lfi, S; Belotto, A.; Rodrigues, R.R.. Inserção <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> grupos funcio<strong>na</strong>is <strong>na</strong>restauração, baseada no conhecimento da biologia das espécies. In: Rodrigues, R.R.;Brancalion, P.H.S.; Isernhagen, I. Pacto pela restauração da Mata Atlântica: referencial <strong>do</strong>sconceitos e ações <strong>de</strong> restauração. LERF/ESALQ : Instituto BioAtlântica, São Paulo. 2009.256p.• Gómez-Pompa, A. Posible Papel <strong>de</strong> la Vegetación Secundaria en la Evolución <strong>de</strong> la FloraTropical. Biotropica, 3: 125-35. 1971.• Gonçalves, J.L.M. & Poggiani, F.. Substratos para produção <strong>de</strong> mudas florestais. In: CongressoLatino Americano <strong>de</strong> Ciência <strong>do</strong> Solo, 13, A<strong>na</strong>is, Águas <strong>de</strong> Lindóia. 1996. (CD-ROM).• Gue<strong>de</strong>s-Bruni, R.R.. Composição, estrutura e similarida<strong>de</strong> florística <strong>de</strong> <strong>do</strong>ssel em seisunida<strong>de</strong>s fisionômicas <strong>de</strong> Mata Atlântica no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. USP, São Paulo, 175pp. (Tese <strong>de</strong>Doutora<strong>do</strong>). 1998.• Kageyama, P.Y. & Gandara, F.B. Recuperação <strong>de</strong> Áreas Ciliares. In: Rodrigues, R.R. & Leitão-Filho, H. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. EDUSP, São Paulo, SP. 320p. 2000.58


• Kageyama, P.Y.; Freixêdas, V.M.; Geres, W.L.A.; Dias, J.H.P & Borges, A.S. Consórcio <strong>de</strong> espécies<strong>na</strong>tivas <strong>de</strong> diferentes grupos sucessio<strong>na</strong>is em Teo<strong>do</strong>ro Sampaio-SP. In: II Congresso Nacio<strong>na</strong>lsobre Essências Nativas, São Paulo, SP, Inst. Flor. São Paulo, p. 527-533. 1992.• Martinez-Ramos, M. Claros, ciclos vitales <strong>de</strong> los árboles tropicales y regeneración <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> lasselvas altas perenifólias. In: Gomez-Pompa, A.; Del Amo, S. Investigaciones sobre laregeneración <strong>de</strong> selvas altas en Veracruz. México, v. 2, pp. 191-239. 1985.• Metzger, J. P. Como restaurar a conectivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paisagens fragmentadas? In: Kageyama, P.Y.;Oliveira, R.E.; Moraes, L.F.D.; Engel, V.L.; Gandara, F.B. (eds.) Restauração Ecológica <strong>de</strong>Ecossistemas Naturais. FEPAF, Botucatu. 2003. 340p.• Moraes, L.F.D. & Pereira, T.S.. Restauração Ecológica em Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação. In:Kageyama, P.Y.; Oliveira, R.E.; Moraes, L.F.D.; Engel, V.L.; Gandara, F.B. (eds.) RestauraçãoEcológica <strong>de</strong> Ecossistemas Naturais. FEPAF, Botucatu. 2003. 340p.• Moraes, L.F.D; Luchiari, C.; Assumpção, J.M.; Puglia-Neto, R. & Pereira, T.S. Atlantic RainforestRestoration by the <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro Botanic Gar<strong>de</strong>n Research Institute. p. 151-170. In: Maun<strong>de</strong>r,M.; Clubbe, C.; Hankamer, C.; Grove, M. Plant Conservation in the Tropics, Londres, 2002.628p.• Moreira F.M.S.; Faria, S.M.; Balieiro, F.C.; Florentino, L.A.. Bactérias fixa<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> N2e funfosmicorrízicosarbusculares em espécies florestais: avanços e aplicações biotecnológicas. In:Figueire<strong>do</strong>, M.V.B.; Burity, H.A.;l Oliveira, J.P.; Santos, C.E.R.SW.; Stanford, N.P. Biotecnologiaaplicada à agricultura: textos <strong>de</strong> apoio e protocolos experimentais. Embrapa, Brasília; IPA,Recife. 2010. 761p.• Parrotta, J.A.; Turnbull, J.W.; Jones, N.. Catalyzing <strong>na</strong>tive forest regeneration on <strong>de</strong>gra<strong>de</strong>dtropical lands. Forest Ecology and Ma<strong>na</strong>gement, 99 (1,2): 21-42. 1997.• Reis, A.; Zambonim, R.M.; Nakazono, E.M. Recuperação <strong>de</strong> áreas florestais <strong>de</strong>gradadasutilizan<strong>do</strong> a sucessão e as interações planta-animal. Reserva da Biosfera, no. 14. 1999.42 p.• Reis, A. & Kageyama, P.Y. Restauração <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas utilizan<strong>do</strong> interaçõesinterespecíficas. In: Kageyama, P.Y.; Oliveira, R.E.; Moraes, L.F.D.; Engel, V.L.; Gandara, F.B.(eds.) Restauração Ecológica <strong>de</strong> Ecossistemas Naturais. FEPAF, Botucatu. 2003. 340p.• Reis A.; Bechara, F. C.; Espín<strong>do</strong>la M. B. <strong>de</strong>; Vieira, N. K.. Restauração <strong>de</strong> Áreas <strong>de</strong>gradadas: anucleação como base para os processos sucessio<strong>na</strong>is. Revista Natureza e Conservação, 1 (1):28-36. 2003.• Rodrigues, R.R. & Gan<strong>do</strong>lfi, S. Conceitos, tendências e ações para a recuperação <strong>de</strong> florestasciliares. In: Rodrigues, R.R. & Leitão-Filho, H. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação.EDUSP, São Paulo, SP. 2000. 320p.• Rodrigues, R.R., Lima, R.A.F.; Gan<strong>do</strong>lfi, S; Nave, A.G.. On the restoration of high diversityforests: 30 years of experience in the Brazilian Atlantic Forest. Biological Conservation, 142:1242-1251. 2009.• Silva, W.R. A importância das interações planta-animal nos processos <strong>de</strong> restauração. In:Kageyama, P.Y.; Oliveira, R.E.; Moraes, L.F.D.; Engel, V.L.; Gandara, F.B. (eds.) RestauraçãoEcológica <strong>de</strong> Ecossistemas Naturais. FEPAF, Botucatu. 2003. 340p.• Veloso, H. P.; Rangel-Filho, A.l L. R. ; Lima, J. C. A. Classificação da vegetação brasileiraadaptada a um sistema universal. IBGE, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, 1991. 124p.59


Anexo 1Custos <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> plantios <strong>de</strong> espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas, em áreaslocalizadas <strong>na</strong> região <strong>de</strong> Mata Atlântica, no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. (*)Descrição Quantida<strong>de</strong>/ha (h/h) Valor (R$/ha)I. Ativida<strong>de</strong>Roçada <strong>manual</strong> (preparo da área) - 70,00Controle <strong>de</strong> formigas corta<strong>de</strong>iras 32 140,00Coveamento 32 140,00Adubação <strong>manual</strong> 48 420,00Plantio/Replantio 80 700,00Subtotal - 1.330,00II. Insumos/materiaisAdubo 175,00Mudas (unida<strong>de</strong>s) 2.875 (**) 575,00Formicida/Ferramentas 50,00Subtotal 800,00Total 2.130,00FONTE: Modifica<strong>do</strong> da Revista Florestar Estatístico, volume 1, nº 3, Nov/1993-Fev/1994; valores refletem oscustos atualiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Projeto Revegetação/Programa Mata Atlântica <strong>na</strong> Reserva Biológica <strong>de</strong> Poço das AntasLegenda: h/h = horas/homem.(*) Área coberta por pastagens aban<strong>do</strong><strong>na</strong>das: capim-colonião (áreas <strong>de</strong> baixada) ou capim-gordura (encostas);em áreas pla<strong>na</strong>s é possível o preparo mecaniza<strong>do</strong> (roçada seguida <strong>de</strong> duas gradagens pesadas), a um custoestima<strong>do</strong> <strong>de</strong> R$ 300,00/ha.(**) Computan<strong>do</strong> 15% <strong>de</strong> mudas replantadas.Consi<strong>de</strong>rações: Em to<strong>do</strong>s os casos, adubação <strong>de</strong> 200g <strong>de</strong> superfosfato simples por cova. Nas áreas pla<strong>na</strong>s,espaçamento <strong>de</strong> 2,0 x 2,0 m, com plantio misto <strong>de</strong> espécies arbóreas. Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudas: 2.500 mudas/haa um valor médio <strong>de</strong> R$0,25/muda.60


Custos <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> plantios <strong>de</strong> espécies arbóreas, em áreas localizadas<strong>na</strong> região <strong>de</strong> Mata Atlântica, no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.Descrição Quantida<strong>de</strong>/ha (h/h) Valor (R$/ha)1ª Manutenção (*)I. Ativida<strong>de</strong>sControle <strong>de</strong> formigas corta<strong>de</strong>iras 32 280,00Coroamento 64 560,00Roçada <strong>manual</strong> 128 1.120,00Subtotal 1.960,00II. Insumos MateriaisFormicida/Ferramentas 200,00Total 1ª Manutenção 2.160,002ª Manutenção (**)I. Ativida<strong>de</strong>sCombate à formiga 24 210,00Coroamento 48 420,00Roçada <strong>manual</strong> 96 840,00Subtotal 1.470,00II. Insumos MateriaisFormicida/Ferramentas 200,00Total 2ª Manutenção 1.670,00Total Geral Manutenção 3.830,00FONTE: Modifica<strong>do</strong> da Revista Florestar Estatístico, volume 1, nº 3, Nov/1993-Fev/1994; valores refletem oscustos atualiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Projeto Revegetação/Programa Mata Atlântica <strong>na</strong> Reserva Biológica <strong>de</strong> Poço das Antasno perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1994 - 2000.Obs.: A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenções po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> plantio, com ascaracterísticas da área e com a espécie invasora presente. A escolha das espécies para o plantio <strong>de</strong>ve possibilitaro controle das plantas invasoras com <strong>do</strong>is anos <strong>de</strong> manutenção.(*) 1ª Manutenção: realizada no primeiro ano, a cada 3 meses; os valores se referem a 4 seqüências <strong>do</strong>s tratosculturais.(**) 2ª Manutenção: realizada no 2º ano, a cada 4 meses; os custos correspon<strong>de</strong>m a 3 seqüências <strong>de</strong> tratosculturais.61


Anexo 2Lista <strong>de</strong> espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas com potencial <strong>de</strong> uso <strong>na</strong> restauração <strong>de</strong> áreassucessio<strong>na</strong>is e formações florestais on<strong>de</strong> ocorrem.Legenda: P = pioneiras; I = secundárias iniciais; T = secundárias tardias; C = clímaxes;EspécieAegiphila sellowia<strong>na</strong> Cham.Albizia polycephala (Benth.) Killip ex RecoraAlchornea glandulosa subsp. iricura<strong>na</strong> (Casar.) SeccoAlchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg.Allophylus edulis (A. St.-Hil., et al) Hieron. ex Nie<strong>de</strong>rlA<strong>na</strong><strong>de</strong><strong>na</strong>nthera colubri<strong>na</strong> (Vell.) Bre<strong>na</strong>nA<strong>na</strong><strong>de</strong><strong>na</strong>nthera peregri<strong>na</strong> (L.) Speg.Andira anthelmia (Vell.) Benth.Andira fraxinifolia Benth.Anno<strong>na</strong> cacans 1 Warm.Anno<strong>na</strong> glabra L.Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr.Araucaria angustifólia 1 (Bert.) KuntzeAspi<strong>do</strong>sperma parvifolium A. DC.Aspi<strong>do</strong>sperma ramiflorum Müll. ArgAstronium graveolens Jacq.Attalea dubia (Mart.) Burret.Alloizia pedicellaris (DC.) L. RicoBasiloxilon brasiliensis (All.) K.Schum.Bauhinia forficata LinkCabralea canjera<strong>na</strong> (Vell.) Mart.Caesalpinia echi<strong>na</strong>ta Lam.Calophyllum brasiliense 1, 2 CambessCarinia<strong>na</strong> estrellensis (Raddi) KuntzeCarinia<strong>na</strong> legalis (Mart.) KuntzeCasearia sylvestris Sw.Cecropia glaziovi 1 SnethlageCecropia hololeuca 1 Miq.Cedrela fissilis Vell.Cedrela o<strong>do</strong>rata L.Centrolobium robustum Guillem. ex Benth.Ceiba speciosa A. St.-Hil. Raven<strong>na</strong>Citharexylum myrianthum 1, 2 Cham.Clethra scabra Pers.Nome Vulgarmolulocanjiquinhaurucura<strong>na</strong>tapiámurta-vermelhaangico-brancoangico-<strong>do</strong>-morroangelim-pedraangelim-rosaaraticum-cagãoaraticumgarapapinheiro-<strong>do</strong>-Paranáguatambu-brancoguatambu-amareloaroeiraindaiácambuí-pretopau-reipata-<strong>de</strong>-vacacanjera<strong>na</strong>pau-brasilgua<strong>na</strong>ndi-carvalhojequitibájequitibá-rosaguaçatongaembaúba-vermelhaembaúba-brancacedro-rosacedro-<strong>do</strong>-brejoararibápaineira, barrigudatarumã, pau-violavassourão62


as <strong>de</strong>gradadas no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, com sugestão <strong>de</strong> classificação em gruposFB = Floresta <strong>de</strong> Baixada; FS = Floresta Serra<strong>na</strong>; FE = Floresta Estacio<strong>na</strong>l.Família Grupo FormaçãoVerbe<strong>na</strong>ceae P FB, FS, FEFabaceae I FB, FS, FEEuphorbiaceae P FBEuphorbiaceae P FB, FSSapindaceae P FB, FS, FEFabaceae I FS, FEFabaceae I FEFabaceae T FB, FS, FEFabaceae T FB, FS, FEAnno<strong>na</strong>ceae T FS, FEAnno<strong>na</strong>ceae T FSFabaceae C FB, FS, FEAraucariaceae I FEApocy<strong>na</strong>ceae T FS, FEApocy<strong>na</strong>ceae T FSA<strong>na</strong>cardiaceae C FB. FS, FEArecaceae I FSFabaceae T FBSterculiaceae I FSFabaceae I FB, FSMeliaceae T FB, FS, FEFabaceae C FBClusiaceae T FBLecythidaceae T FS, FELecythidaceae T FB, FS, FESalicaceae I FB, FS, FEUrticaceae P FB, FSUrticaceae P FB, FSMeliaceae T FB, FS, FEMeliaceae I FB, FS, FEFabaceae T FB, FS, FEBombacaceae I FEVerbe<strong>na</strong>ceae P FB, FS, FEClethaceae P FS, FE63


EspécieColubri<strong>na</strong> glandulosa PerkinsCopaifera langs<strong>do</strong>rffii Desf.Copaifera trapezifolia HayneCordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud.Croton floribundus Spreng.Cupania oblongifolia 1 Mart.Dalbergia nigra (Vell.) Allemão & Benth.Enterolobium contortisiliquum (Vell.) MorongEriotheca can<strong>do</strong>llea<strong>na</strong> (K. Schum.) A. RobynsErythri<strong>na</strong> crista-galli L.Erythri<strong>na</strong> falcata Benth.Erythri<strong>na</strong> speciosa AndrewsEsenbeckia grandiflora Mart.Eugenia brasiliensis 1 Lam.Eugenia uniflora 1 L.Euterpe edulis 1, 2 Mart.Ficus enormis Mart. ex Miq.Ficus insipida Willd.Gallesia integrifolia (Spreng.) HarmsGeissospermum laeve (Vell.) MiersGenipa america<strong>na</strong> 2 L.Goch<strong>na</strong>tia polymorpha (Less.) CabreraGuapira opposita 1 (Vell.) ReitzGuarea gui<strong>do</strong>nia 1 (L.) SleumerGuarea kunthia<strong>na</strong> 1 A. Juss.Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos.Handroanthus heptaphyllus (Vell.) MattosHandroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos.Handroanthus serratifolius (A.H. Gentry) S. GroseHandroanthus umbellatus (Sond.) Mattos.Hyme<strong>na</strong>ea courbaril L.Inga edulis 1, 2 Mart.Inga lauri<strong>na</strong> 1, 2 (Lw.)Willd.Inga margi<strong>na</strong>ta 1, 2 Willd.Inga sessilis 1, 2 (Vell.)Mart.Inga vera 1, 2 Willd.Jacaranda macrantha Cham.Jacaranda micrantha Cham.Jacaranda puberula 2 Cham.Jacaratia spinosa 1 (Aubl.) A.DC.Joannesia princeps 1 Vell.Nome Vulgarsobrasilcopaíba,copaíbalouro-par<strong>do</strong>capixinguicamboatájacarandá-da-bahiatamborilcatuabasuinãmulungumulungu-<strong>do</strong>-litoralguaxupitagrumixamapitanga-<strong>do</strong>-matopalmito-juçarafigueira-da-pedrafigueira-da-matapau-d’alhopau-pereirajenipapocamará, cambarámaria-molecarrapetapeloteiraipê-tabacoipê-rosaipê-roxoipê-amareloipê-amarelo-<strong>do</strong>-brejojatobáingá-<strong>de</strong>-macacoingá-feijãoingá-<strong>de</strong><strong>do</strong>ingá-ferraduraingá-ba<strong>na</strong><strong>na</strong>carobãocarobacarobinhamamão-jaracatiáboleira, cutieira64


Família Grupo FormaçãoRham<strong>na</strong>ceae T FS, FEFabaceae C FB, FS, FEFabaceae C FB, FS, FEBoragi<strong>na</strong>ceae I FS, FEEuphorbiaceae I FS, FESapindaceae T FB, FSFabaceae C FB, FSFabaceae I FB, FS, FEBombacaceae I FS, FEFabaceae I FB*Fabaceae I FEFabaceae P FB*Rutaceae C FS, FEMyrtaceae C FB, FSMyrtaceae C FB, FS, FEArecaceae C FB, FSMoraceae I FB, FS, FEMoraceae C FB, FSPhytolaccaceae T FB, FS, FEApocy<strong>na</strong>ceae I FSRubiaceae T FB, FS, FECompositae P FBNyctagi<strong>na</strong>ceae I FB, FSMeliaceae C FB, FS, FEMeliaceae C FB, FS, FEBignoniaceae T FB, FSBignoniaceae T FB, FSBignoniaceaeT, FEBignoniaceae T FSBignoniaceae T FB*Fabaceae T FS, FEFabaceae I FBFabaceae I FB, FS, FEFabaceae I FB, FSFabaceae I FB, FSFabaceae I FBBignoniaceae I FEBignoniaceae T FS, FEBignoniaceae I FBCaricaceae I FB, FSEuphorbiaceae I FS, FE65


EspécieLecythis lanceolata Poir.Lecythis pisonis Cambess.Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P. QueirozLonchocarpus cultratus (Vell.) A.M.G. Azeve<strong>do</strong> & H.C. LimaLuehea divaricata 2 Mart. & Zucc.Luehea grandiflora Mart. & Zucc.Machaerium brasiliense VogelMachaerium nyctitans (Vell.) Benth.Machaerium stipitatum VogelMagnolia ovata (A. St.-Hil.) SprengManilkara salzmannii (DC.) H.J.Lam.Margaritaria nobilis L. f.Melanoxylon brau<strong>na</strong> SchottMiconia cin<strong>na</strong>momifolia (DC.) NaudinMimosa bimucro<strong>na</strong>ta 2 (DC.) KuntzeMimosa scabrella Benth.Myrcia splen<strong>de</strong>ns (Sw.) DC.Myrsine cariaceae (Sw.) R.Br. ex Koem. & Schult.Myrsine guianensis 1 (Aubl.) KuntzeMyrocarpus fron<strong>do</strong>sus AllemãoNectandra lanceolata NeesNectandra oppositifolia NeesNectandra membra<strong>na</strong>ceae (Sw.) Griseb.Ocotea o<strong>do</strong>rifera (Vell.) RohwerOcotea porosa (Nees & Mart.) BarrosoPachira glabra Pasq.Peltogyne angustiflora DuckePera glabrata (Schott) Poepp ex Baill.Pipta<strong>de</strong>nia go<strong>na</strong>cantha (Mart.) J.F. Macbr.Pipta<strong>de</strong>nia paniculata Benth.Plathymenia reticulata Benth.Platymiscium floribundum 2 VogelPlinia edulis 1 (Vell.) SobralPosoqueria acutifolia 1 Mart.Pourouma guianensis Aubl.Pouteria caimito 1 (Ruiz et Pav.) Radlk.Pseu<strong>do</strong>bombax grandiflorum 2 (Cav.) A. RobynsPsidium cattleyanum 1 SabinePsidium guayava 1 L.Psidium rufum 1 Mart. ex DC.Pterocarpus rohrii Vahl.Nome Vulgarsapucaia-mirimsapucaiapau-ferromal-casa<strong>do</strong>açoita-cavaloaçoita-cavalojacarandá-bico-<strong>de</strong>-patobico-<strong>de</strong>-patofarinha-secapinheiro-<strong>do</strong>-brejomaçarandubafigueirinhabraú<strong>na</strong>-pretajacatirãomaricabracatingaguamirimcapororocacapororoca-brancaoleo-par<strong>do</strong>canela-<strong>de</strong>-cheirocanelacanela-brancacanela-sassafráscanela-imbuiacastanha-da-praiaroxinhotamanqueirapau-jacaréangicãovinháticosacambucambucábaga-<strong>de</strong>-macacoembaubara<strong>na</strong>arixixá, abiupai<strong>na</strong>-<strong>do</strong>-brejoaraçágoiabeiraaraçá-roxopau-sangue66


Família Grupo FormaçãoLecythidaceae T FS, FELecythidaceae T FB, FSFabaceae C FSFabaceae I FB, FSMalvaceae I FBMalvaceae I FS, FEFabaceae I FB, FSFabaceae I FS, FEFabaceae T FB, FSMagnoliaceae T FBSapotaceae T FB, FSPhyllanthaceae I FB, FS, FEFabaceae C FSMelastomataceae I FB, FSFabaceae P FB, FS, FEFabaceae I FEMyrtaceae T FB, FS, FEMyrsi<strong>na</strong>ceae P FB, FS, FEMyrsi<strong>na</strong>ceae I FEFabaceae T FS, FELauraceae C FS, FELauraceae C FBLauraceae C FB, FSLauraceae C FS, FELauraceae C FEBombacaceae I FB, FSFabaceae T FSPeraceae I FS, FEFabaceae I FB, FS, FEFabaceae I FBFabaceae C FB, FS, FEFabaceae I FB, FSMyrtaceae C FB, FSRubiaceae T FB, FSUlmaceae T FBSapotaceae T FB, FSBombacaceae I FBMyrtaceae I FB, FS, FEMyrtaceae I FB, FSMyrtaceae T FEFabaceae T FB, FS67


EspécieQualea jundiahy Warm.Rheedia gardneria<strong>na</strong> 2 Planch & Tria<strong>na</strong>Schinus terebinthifolius 1, 2 RaddiSchizolobium parahyba (Vell.) BlakeSenegalia polyphylla DC. Britton & RoseSen<strong>na</strong> macranthera (DC. Ex Collad.)H.S.Irwim & BarnebySen<strong>na</strong> multijuga (Rich) H.S.Irwim & Barneby (Rich.)Sebastiania commersonia<strong>na</strong> (Baill.) L.B.Sm. & DownsSimira rubra (Mart.) Steyerm.Sparattosperma leucanthum (Vell.) K. Schum.Stryphno<strong>de</strong>ndron polyphyllum Mart.Swartzia langs<strong>do</strong>rffii RaddiSyagrus romanzoffia<strong>na</strong> (Cham.) GlassmanSymphonia globulifera 1, 2 L. f.Tabebuia cassinoi<strong>de</strong>s (Lam.) 2 DC.Taber<strong>na</strong>emonta<strong>na</strong> catharinensis A. DC.Tachigali multijuga Benth.Tapirira guianensis 1 Aubl.Talipariti per<strong>na</strong>mbucensis (Arruda) BoviniTibouchi<strong>na</strong> granulosa (Desr.) Cogn.Tibouchinha mutabilis (Vell.) Cogn.Trema micrantha 1 (L.) BlumeVataireopsis araroba (Aguiar) DuckeVirola bicuhyba (Schott ex Spreng.) Warb.Vitex polygama Cham.Vochysia tucanorum Mart.Xylopia sericea A. St. - HilNome Vulgarpau-terrabacupariaroeirinha, pimenta-rosaguapuruvumonjoleiroaleluiaca<strong>na</strong>fístulabranquinhoararibá-rosacinco-folhasbarbatimãopacová-<strong>de</strong>-macacojerivágua<strong>na</strong>ndiipê-tamancoleiteiraingá-bravocanela-cedroalgodão-da-praiaquaresmeirama<strong>na</strong>cá-da-serracrindiúvaangelim-amargosobicuíbamaria-pretatucaneiroimbiú-pimenta1 - Espécies recomendadas para atrair fau<strong>na</strong> dispersora. 2 - Espécies recomendadas para áreas inundáveis.68


Família Grupo Formaçãoeis.Vochysiaceae T FEClusiaceae T FBA<strong>na</strong>cardiaceae P FB, FS, FEFabaceae I FB, FS, FEFabaceae P FEFabaceae I FEFabaceae I FB, FS, FEEuphorbiaceae I FB, FS, FERubiaceae T FB, FSBignoniaceae I FB, FSFabaceae I FB, FSFabaceae C FB, FSArecaceae C FB, FS, FEClusiaceae C FBBignoniaceae C FB, FSApocy<strong>na</strong>ceae P FBFabaceae C FSA<strong>na</strong>cardiaceae I FBMalvaceae P FBMelastomataceae I FB, FSMelastomataceae I FS, FECan<strong>na</strong>baceae P FB, FS, FEFabaceae T FB, FS, FEMyristicaceae T FB, FSLamiaceae I FEVochysiaceae C FS, FEAnno<strong>na</strong>ceae T FB, FS69


Anexo 3Sugestões <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> fichas para o controle da produção <strong>de</strong> mudase coleta <strong>de</strong> sementes.Ficha para a coleta <strong>de</strong> sementes.Data da Coleta:Nome Vulgar:Espécie:Família:Local:Nº <strong>do</strong> lote:Coletor:Nº indivíduos coleta<strong>do</strong>s: Peso Bruto: Peso Líqui<strong>do</strong>: Altura (m):( ) Botão ( ) Flor ( ) Fruto Ver<strong>de</strong> ( ) Fruto MaduroObservações:Ficha <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> mudas - semeadura, germi<strong>na</strong>ção e repicagemData Sem./Rep. N. Vulgar N. Científico02/09/99 S tapiá Alchornea glandulosa subsp. iricura<strong>na</strong>03/09/99 R aroeirinha Schinus terebenthifolius14/09/99 R crindiúva Trema micrantha14/09/99 R araribá Centrolobium robustum14/09/99 S pau-sangue Pterocarpus rohrii23/09/99 S mal-casa<strong>do</strong> Loonchocarpus cultratus23/09/99 R jamelão-<strong>do</strong>-mato Eugenia moravia<strong>na</strong>29/09/99 S pai<strong>na</strong>-<strong>do</strong>-brejo Pseu<strong>do</strong>bombax grandiflorum21/10/99 R pai<strong>na</strong>-<strong>do</strong>-brejo Pseu<strong>do</strong>bombax grandiflorum21/10/99 R tapiá Alchornea glandulosa subsp. iricura<strong>na</strong>21/10/99 S tamanqueiro Aegiphila sellowia<strong>na</strong>21/10/99 S jacarandá Dalbergia sp.11/11/99 R tapiá Alchornea glandulosa subsp. iricura<strong>na</strong>11/11/99 R tapiá Alchornea glandulosa subsp. iricura<strong>na</strong>Legenda: T.Germ = Tempo <strong>de</strong> Germi<strong>na</strong>ção (dias); Q. sem. = quantida<strong>de</strong> semeada; Q. germ. = quantida<strong>de</strong> germi<strong>na</strong>da;% Germ. =porcentagem <strong>de</strong> germi<strong>na</strong>ção; R = repicagem; S = semeadura70


IMPORTANTE:Pessoas físicas e jurídicas interessadas em produzir sementes e mudas <strong>de</strong>espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas <strong>de</strong>vem obter o RENASEM - REGISTRO NACIONAL DESEMENTES E MUDAS, instituí<strong>do</strong> pela LEI Nº 10.711, DE 5 DE AGOSTO DE 2003,que é o cre<strong>de</strong>nciamento obrigatório feito pelo Ministério <strong>de</strong> Agricultura eReforma Agrária – MAPA das pessoas físicas e jurídicas que exerçam asativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção, beneficiamento, embalagem, armaze<strong>na</strong>mento, análise,comércio, importação e exportação <strong>de</strong> sementes e mudas.Q. Sem. D. Germ. Q. Germ. D. Colh. Q. Muda % Germ. T. Germ. Obs.20/09/99 02/09/99 18 sementeira 0117/05/99 630 canteiro 1123/02/99 45 canteiro 1204/08/98 200 canteiro 1330/09/99 01/09/99 16 sementeira 0106/10/99 05/08/99 13 sementeira 0101/03/99 180 canteiro 1306/10/99 13/09/99 216 7 canteiro 1313/09/99 153 canteiro 1302/09/99 612 canteiro 1410/11/99 19/01/99 20 sementeira 0106/11/99 20/08/99 16 sementeira 0130/08/99 315 canteiro 0330/08/99 45 canteiro 0571


Anexo 4Taxa <strong>de</strong> sobrevivência e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mudas (altura média e DAB) plantadasLegenda: TS = Taxa <strong>de</strong> sobrevivência para as mudas plantadas; DAB = diâmetro médio à altura da base.Espécies (*) TS (%) Ano 1 Ano 2Altura (m) DAB (cm) Altura (m)Plantio 1C. mirianthum 100 2,88 6,93 4,58M. nobilis 98,2 1,59 3,10 2,71M. bimucro<strong>na</strong>ta 100,0 3,37 8,35 5,46I. vera 96,5 1,55 4,28 3,23I. lauri<strong>na</strong> 100,0 1,57 3,92 2,70P. grandiflorum 98,9 1,78 7,24 3,01G. gui<strong>do</strong>nea 100,0 1,07 2,56 2,14J. spinosa 95,8 2,33 8,45 2,86C. brasiliense 100,0 1,13 2,00 1,95C. langs<strong>do</strong>rfii 98,9 0,76 1,76 1,42Plantio 2S. terebenthifolius 94,1 2,49 4,94 3,50T. micrantha 61,4 3,50 7,39 6,54I. affinis 91,8 1,80 5,40 2,95P. grandiflorum 79,2 1,60 4,91 2,69S. leucanthum 84,1 1,63 2,73 3,82T. guianensis 65,7 1,78 3,03 3,14N. oppositifolia 100,0 0,65 1,06 0,73E. edulis 100,0 0,49 1,33 0,76P. acutifolia 89,1 1,13 1,65 2,12Plantio 3C. mirianthum 99,3 2,71 5,68 5,36T. micrantha 97,1 4,71 10,40 6,59I. vera 98,4 1,30 2,80 2,84S. leucanthum 100,0 1,83 2,98 3,42C. robustum 98,2 1,39 3,42 3,37G. opposita 96,7 1,25 3,29 2,10J. spinosa 100,0 3,50 13,11 5,93A. pedicellaris 94,7 1,36 1,74 2,94S. rubra 93,2 0,69 2,00 0,96D. nigra 95,9 2,17 2,71 2,94P. reticulata 98,6 2,69 5,07 5,02H. chrysotrichus 100,0 1,33 2,79 2,6172


<strong>na</strong> Reserva Biológica <strong>de</strong> Poço das Antas, RJ.O Número entre parêntesis após o nome da espécie indica o número <strong>de</strong> indivíduos planta<strong>do</strong>s/monitora<strong>do</strong>s.Ano 2 Ano 3 Ano 4Altura (m) DAB (cm) Altura (m) DAB (cm) Altura (m) DAB (cm)4,58 7,89 5,72 9,08 6,11 10,162,71 4,36 4,14 5,57 4,59 6,305,46 13,45 6,44 16,88 6,76 18,583,23 7,70 4,31 9,02 4,74 10,262,70 6,79 3,38 7,68 4,29 9,403,01 10,15 4,30 11,26 3,72 10,122,14 3,70 3,31 4,82 4,13 6,612,86 10,11 3,95 9,49 4,19 12,951,95 1,27 2,94 4,28 3,67 5,231,42 2,35 2,40 3,25 3,07 4,293,50 7,03 4,78 9,506,54 11,86 6,81 13,222,95 8,31 4,25 10,252,69 8,33 4,00 9,723,82 6,38 4,87 10,563,14 4,84 4,49 6,090,73 1,08 1,23 1,410,76 1,65 1,05 7,262,12 2,63 2,63 3,245,36 8,11 6,77 10,346,59 14,70 7,53 15,672,84 4,53 3,71 5,503,42 6,62 5,05 8,753,37 5,41 3,78 6,622,10 3,45 3,19 5,115,93 21,84 8,13 25,542,94 3,07 3,70 3,180,96 2,37 1,03 2,682,94 4,78 4,74 5,235,02 8,70 6,78 11,192,61 4,01 3,28 4,38(*) Para nomes completos das espécies ver anexo 273


Anexo 5:Época <strong>de</strong> frutificação para algumas espécies arbóreas <strong>na</strong>tivas da Mata Atlântica,74Nome CientíficoAegiphila sellowia<strong>na</strong>Albizia pedicellarisAlbizia polycephalaAlchornea triplinerviaAndira anthelmiaApuleia leiocarpaCabralea canjera<strong>na</strong>Calophyllum brasilienseCentrolobium robustumCitharexylum mirianthumCopaifera langs<strong>do</strong>rfiiCupania oblongifoliaEnterolobium contortisiliquumEuterpe edulisGoch<strong>na</strong>tia polymorphaGuapira oppositaGuarea gui<strong>do</strong>niaHandroanthus chrysotrichusInga edulisInga lauri<strong>na</strong>Jaracatia spinosaLecythis pisoniLonchocarpus cultratusLuehea grandifloraMico<strong>na</strong> cin<strong>na</strong>momifoliaNome vulgarMoluloCambuí-pretoCanjiquinhaTapiáAngelim-pedraGarapaCanjera<strong>na</strong>Gua<strong>na</strong>ndi-carvalhoAraribáTarumãCopaíbaCamboatáTamborilPalmito-juçaraCamaráMaria-moleCarrapetaIpê-tabacoIngáIngá-ba<strong>na</strong><strong>na</strong>Mamão-jacatiáSapucaiaMal Casa<strong>do</strong>Açoita-cavaloJacatirão


<strong>na</strong> Reserva Biológica <strong>de</strong> Poço das Antas.JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZXXXXXXXXX X X XXXXXXXX X XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX75XX


Nome CientíficoLonchocarpus cultratusNome vulgarMal Casa<strong>do</strong>Luehea grandifloraAçoita-cavaloMico<strong>na</strong> cin<strong>na</strong>momifoliaJacatirãoMimosa bimucro<strong>na</strong>taMaricáMyrsine coriaceaCapororocaNectandra oppositifoliaCanelaPipta<strong>de</strong>nia gonoacanthaJacaréPipta<strong>de</strong>nia paniculataAngicãoPlathymenia reticulataVinháticoPseu<strong>do</strong>bombax grandiflorumPai<strong>na</strong>-<strong>do</strong>-brejoSchinus terebenthifoliusAroeirinhaSimira rubraAraribá-rosaSparattosperma leucanthumCinco-folhasSwartzia langs<strong>do</strong>rffiiPacová-<strong>de</strong>-macacoSymphonia globuliferaGua<strong>na</strong>ndiTabebuia cassinoi<strong>de</strong>sIpê-tamancoTapirira guianensisCanela-cedroTibouchi<strong>na</strong> granulosaQuaresmeiraTrema micranthaCrindiúvaVirola bicuhybaBicuíbaXylopia sericeaImbiú-pimenta76


JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX X XXXXXXXXXXX77


Projeto gráfico: Luiz Claudio FrancaCapa em papel Supremo Triplex 250g/m 2Miolo em Pólem 80g/m 2Primeira edição impressa em setembro <strong>de</strong> 2006<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro / RJSegunda edição impressa em março <strong>de</strong> 2013<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro / RJ79

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!