92bairros, o novo valor <strong>de</strong>sses bairros construídos, tire a diferença,estabeleça o lucro da operação. (LE CORBUSIER, 2000:269).Para o arquiteto, a <strong>de</strong>molição <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> Paris e sua reconstrução“po<strong>de</strong>ria parecer uma brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> mau gosto”, não fossem as “cifras” paraconfirmar que tal operação “brutal” se justifica a tempos, uma vez que os centrosdas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s apresentam o valor imobiliário mais importante no contextourbano e que até mesmo as operações <strong>de</strong> Haussmann 78 são medidas pelo seuvalor financeiro. Por que então não realizar uma revalorização <strong>de</strong>ssa área pelaquantida<strong>de</strong> e não pela qualida<strong>de</strong> como fez o Barão? Assim, além <strong>de</strong> uma imensarevalorização do solo <strong>de</strong> Paris, e um “plano magnífico <strong>de</strong> urbanização“implementado, “que fábrica <strong>de</strong> capitais, que produção <strong>de</strong> bilhões e bilhões, setorna uma manobra <strong>de</strong>ssa...” (LE CORBUSIER, 2000:278). Entretanto, sublinhaLe Corbusier, “fiz realmente questão <strong>de</strong> não sair do terreno técnico. Souarquiteto...” (LE CORBUSIER, 2000:282), e “não parto para construir minhacida<strong>de</strong> na Utopia.” Então, afirma o arquiteto: “é aqui, e nada mudará isso. E se oafirmo categoricamente, é porque sinto presentes os limites humanos: não temoso po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> recomeçar, à vonta<strong>de</strong>, um empreendimento total, em outro lugar...Logo, será aqui.” (LE CORBUSIER, 2000:281) Entretanto, o Plan Voisin <strong>de</strong> LeCorbusier para Paris nunca saiu do papel. Ile <strong>de</strong> la Cité continuou como umbairro tradicional <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> européia apesar das pressões e reivindicaçõesdo arquiteto: “<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1922 eu tenho trabalhado continuamente [...] sobre osproblemas <strong>de</strong> Paris. O Conselho Municipal nunca me contactou. Eles mechamam <strong>de</strong> ‘Bárbaro!’” 79 (LE CORBUSIER, 1964:207).Para Manfredo Tafuri (1985:68), o Plan Voisin marca um momento crucial nahistória do movimento mo<strong>de</strong>rno, on<strong>de</strong> vanguarda se tornou um termoinapropriado, uma vez que a i<strong>de</strong>ologia arquitetônica, que guardava resquíciosdas “poéticas” utópicas (“trata-se, agora, <strong>de</strong> uma utopia funcional aos objetivos<strong>de</strong> reorganização da produção que preten<strong>de</strong> alcançar”), é subvertidacompletamente em i<strong>de</strong>ologia do plano global do capitalismo industrial, pelo78 Haussmann, ou Barão <strong>de</strong> Haussmann foi prefeito <strong>de</strong> Paris durante o Segundo Império governado porNapoleão III, <strong>de</strong> 1851 a 1870. Durante esse período, Haussmann empreen<strong>de</strong>u importantes transformaçõesna estrutura da cida<strong>de</strong>, com abertura <strong>de</strong> novas ruas e avenidas, <strong>de</strong>molições, implementação <strong>de</strong> esgoto,re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transportes públicos, iluminação pública a gás, aquedutos, etc. (BENEVOLO, 1993:595).79 Tradução nossa. Texto original francês.
93objetivo do lucro. “Como projeto <strong>de</strong> recuperação da totalida<strong>de</strong> humana numasíntese i<strong>de</strong>al” e “como posse da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m através da or<strong>de</strong>m”, resta à <strong>arquitetura</strong>a utopia da forma, e é a <strong>arquitetura</strong> mesma, “enquanto diretamente ligada àrealida<strong>de</strong> produtiva [...], a primeira a aceitar, com rigorosa luci<strong>de</strong>z, asconseqüências da [sua] própria redução anterior a mercadoria...“ (TAFURI,1985:38).A explicitação <strong>de</strong>finitiva e radical da <strong>arquitetura</strong> como mercadoria – bem como<strong>de</strong> toda a cultura como produtos passíveis <strong>de</strong> serem consumidos enquantoimagens (e imagens passíveis <strong>de</strong> serem consumidas enquanto produtos) – vai sedar em um processo caracterizado fundamentalmente pelo fetichismo do<strong>consumo</strong>, e do mercado global como a i<strong>de</strong>ologia atuante, que Fredric Jameson(1995:XVIII) chamou <strong>de</strong> “capitalismo <strong>de</strong> imagens” (media capitalism) ou“capitalismo tardio” (late capitalism), ou somente pós-mo<strong>de</strong>rnismo. ParaJameson (1995:63), nesse contexto “espetacular” do capital, a diferençafundamental entre a <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna e a <strong>arquitetura</strong> produzida no pósmo<strong>de</strong>rnismovai ser “a procura por se diferenciar radicalmente do tecido dacida<strong>de</strong> doentia a qual ela aparece” 80 que <strong>de</strong>termina as estratégias mo<strong>de</strong>rnas, nasquais qualquer intervenção “<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ato radical <strong>de</strong> disjunção do seucontexto espacial” 81 , enquanto que as construções espaciais do capitalismo tardio“pelo contrário, celebram sua inserção no tecido heterogêneo das áreascomerciais e motéis e na paisagem dos fast-foods das super-vias-expressas dascida<strong>de</strong>s americanas” 82 Assim, a <strong>arquitetura</strong> pós-mo<strong>de</strong>rna não somente vai seaproximar da cultura <strong>de</strong> massa, da publicida<strong>de</strong> e do sistema do mercado global,como seus procedimentos vão estar completamente inseridos e <strong>de</strong>terminados poressa lógica, uma vez que essa <strong>arquitetura</strong> já foi reduzida à sua própria imagemcomo uma mercadoria.Se o mo<strong>de</strong>rnismo tinha em seus procedimentos a “função utópica”prepon<strong>de</strong>rante <strong>de</strong> ser uma “experiência autêntica”, contra-sobrepondo a culturamédia estabelecida, o pós-mo<strong>de</strong>rno renuncia a ser o novo, ao ato“intencionalmente heróico” da vanguarda para se imiscuir constitutivamente nos80 Tradução nossa. Texto original inglês.81 Tradução nossa. Texto original inglês.
- Page 1 and 2:
3Lugares-Comuns CLASSIFICADOS: arqu
- Page 3 and 4:
5SUMÁRIORESUMO/ABSTRACT...........
- Page 5 and 6:
3RESUMOEste trabalho investiga as r
- Page 7 and 8:
5de planta . Um apartamento por and
- Page 9 and 10:
7extinção após um último “sol
- Page 11 and 12:
9capital imobiliário e produtor de
- Page 13 and 14:
11questão decorativa e ornamental
- Page 15 and 16:
13_________________________________
- Page 17 and 18:
15a preocupação construtiva da ar
- Page 19 and 20:
17de novos bairros e até mesmo de
- Page 21 and 22:
19“crítica operativa”, pratica
- Page 23 and 24:
21cumpriu e continua a cumprir o se
- Page 25 and 26:
23devido à sua verticalidade, dema
- Page 27 and 28:
25No MES, os enunciados de Le Corbu
- Page 29 and 30:
27um lado estavam os arquitetos do
- Page 31 and 32:
29engenheiro e do arquiteto pela in
- Page 33 and 34:
31terminal rodoviário, museu de ar
- Page 35 and 36:
33Quanto a empresas construtoras es
- Page 37 and 38:
35Em 1951, Artigas publicou na revi
- Page 39 and 40:
37características” 25 , para ass
- Page 41 and 42:
39Nesse período, o processo de des
- Page 43 and 44: 41basicamente utilizado sob a forma
- Page 45 and 46: 43_________________________________
- Page 47 and 48: 45Com o sistema de telefonia portá
- Page 49 and 50: 47vida proposto e a logomarca da em
- Page 51 and 52: 49potencializar a ficção do consu
- Page 53 and 54: 51espaços progressivamente mais fu
- Page 55 and 56: 53Como mostra a autora, ao lado de
- Page 57 and 58: 55lógica do produtor procura a mas
- Page 59 and 60: 57e fértil novamente” 42 (HITCHC
- Page 61 and 62: 59No Brasil, os parâmetros e princ
- Page 63 and 64: 61mais duras críticas dirigidas à
- Page 65 and 66: 63esses desenhos. São estudos de m
- Page 67 and 68: 65inteiramente novos, novas maneira
- Page 69 and 70: 67capacidade de informar sobre tecn
- Page 71 and 72: 69Marca expandida: a política das
- Page 73 and 74: 71Salão de jogos . Sala de reuniõ
- Page 75 and 76: 73O século XX fez da arquitetura h
- Page 77 and 78: 75Desde a sua invenção no Renasci
- Page 79 and 80: 77Quando “entre a realidade e o i
- Page 81 and 82: 79...de modo que (visão completame
- Page 83 and 84: 81“fetichização do objeto artí
- Page 85 and 86: 83.................................
- Page 87 and 88: 85“uma revolução teria de ser f
- Page 89 and 90: 87(COSTA, 1995:284). Como as utopia
- Page 91 and 92: 89Se uma das premissas fundamentais
- Page 93: 91residência” (LE CORBUSIER, 200
- Page 97 and 98: 95Lefebvre 89 (1972:74), a caracter
- Page 99 and 100: 9716. KITSCH_______________________
- Page 101 and 102: 99sentido de um futuro que vai ser
- Page 103 and 104: 101qual os indivíduos podem sem do
- Page 105 and 106: 103últimos [grande massa de incult
- Page 107 and 108: 105Quando reeditado por L’Esprit
- Page 109 and 110: 107ser radicalmente combatido por u
- Page 111 and 112: 109CORBUSIER, 1996:72). Para o arqu
- Page 113 and 114: 111A obsessão de Le Corbusier com
- Page 115 and 116: 113autênticas as formas e o cotidi
- Page 117 and 118: 115parecendo absurdo afirmar que
- Page 119 and 120: 117liberdade privada, desenvolver s
- Page 121 and 122: 119meio-termo, “através desta ac
- Page 123 and 124: 121bocas, lava-louças, depurador d
- Page 125 and 126: 123industrial - e articulava então
- Page 127 and 128: 125utopia moderna; hoje, juntos em
- Page 129 and 130: 127imobiliária, há também, “de
- Page 131 and 132: 129“felicidade positiva”, direc
- Page 133 and 134: 131EAGLETON, Terry. A ideologia da
- Page 135 and 136: 133PAZ, Octavio. Marcel Duchamp ou
- Page 137 and 138: 13523. ANEXO (Empresas) ∗Abyara P
- Page 139 and 140: 137EZ TEC Engenharia e Construçõe