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arquitetura e consumo Cançado - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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87(COSTA, 1995:284). Como as utopias por <strong>de</strong>finição são imaginadas e planejadaspara nenhum lugar ou espaço específico, o tempo ou a manipulação do tempo setorna “irresistível” também para essas proposições, po<strong>de</strong>ndo inclusive serretroagido, transformando o “mito do progresso em uma arqueologiamitológica” 74 (BORSI, 1997:14) e nesse lugar situado em um tempo imaginado,para acentuar a <strong>de</strong>sconexão completa com qualquer história passada se faznecessária uma nova linguagem cifrada (BORSI, 1994:15).Brasília é o exemplo mais completo <strong>de</strong> uma condição utópica – uma nova or<strong>de</strong>mcriada negando todas as expectativas anteriores – que teve, através da <strong>arquitetura</strong>e do urbanismo e sob a tutela dos CIAM e <strong>de</strong> Le Corbusier, a legitimação <strong>de</strong> umprocesso político <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização do país. E assim como o “mo<strong>de</strong>rnismo dosCIAM vincula em um registro utópico a inovação arquitetônica, a mudança daspercepções individuais e a transformação social”, na procura <strong>de</strong> novas formasque “con<strong>de</strong>nsem” novas experiências coletivas e através da “prescriçãotransitiva” (mu<strong>de</strong>-se a <strong>arquitetura</strong> e a socieda<strong>de</strong> será outra) (HOLSTON,1993:63), as intenções <strong>de</strong> JK coincidiam em três aspectos fundamentais com osobjetivos das inversões <strong>de</strong>senvolvimentistas inerentes à cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnista”(HOLSTON, 1993:90). Primeiro, Juscelino concebia a construção <strong>de</strong> Brasíliacomo a causa, não o resultado do <strong>de</strong>senvolvimento econômico do centro-oestebrasileiro; segundo, um gran<strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> integração nacional – estradas,ferrovias e comunicações – como a inversão no <strong>de</strong>senvolvimento proposta porLúcio Costa; terceiro, tanto JK quanto seus <strong>de</strong>signers acreditavam que a NovaCapital <strong>de</strong>veria constituir uma inovação sem prece<strong>de</strong>ntes no país e que a partir<strong>de</strong>sse Plano-Piloto toda a estrutura brasileira seria levada a modificar-se(HOLSTON, 1993:91). Para Juscelino, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um novo começo parao país, <strong>de</strong> se escrever o futuro no presente – premissas <strong>de</strong> toda sua retórica –através da construção <strong>de</strong> Brasília fez com que a inovação ou o estranhamentopresente na <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna fosse i<strong>de</strong>ntificada com o seu próprio projeto <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnização, já que “enquanto concepção estética, o mo<strong>de</strong>rnismo simbolizavao espírito inovador dos programas <strong>de</strong>senvolvimentistas; enquanto doutrina <strong>de</strong>eliminando a rua. De outro, reestrutura o âmbito resi<strong>de</strong>ncial reduzindo os espaços sociais do apartamentoprivado em favor <strong>de</strong> um novo tipo <strong>de</strong> coletivida<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ncial on<strong>de</strong> o individuo é simbolicamenteminimizado.” (HOLSTON,1993:196)74 Tradução nossa. Texto original inglês.

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