82Entre o primeiro encontro dos CIAM realizado em 1928 e o último em 1956, trêsetapas distintas sobre os problemas e caminhos da <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna sesuce<strong>de</strong>ram. A primeira fase compreen<strong>de</strong> o período <strong>de</strong> 1928 a 1933, sendo adiscussão amplamente direcionada pelos problemas e abordagens da habitaçãomínima (Existenzminimum) conduzida principalmente pelos arquitetos <strong>de</strong> línguaalemã alinhados com os i<strong>de</strong>ais da “nova objetivida<strong>de</strong>”. A segunda fase dosCongressos vai ser marcada fundamentalmente pelo domínio da presença <strong>de</strong> LeCorbusier, redirecionando radicalmente a pauta dos encontros para a abordagem<strong>de</strong> questões urbanas. Iniciada em 1933, essa fase vai ser superada em 1947,quando “seus membros tentaram transcen<strong>de</strong>r a esterilida<strong>de</strong> abstrata da cida<strong>de</strong>funcional” (FRAMPTON, 1997:329), abrindo <strong>de</strong>finitivamente uma fresta noarcabouço i<strong>de</strong>alista do urbanismo corbusiano, que culminaria em 1956 no fimdos Congressos Internacionais <strong>de</strong> Arquitetura Mo<strong>de</strong>rna e no <strong>de</strong>svio dosinteresses da <strong>arquitetura</strong> e do urbanismo no sentido da busca por uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>e pelo sentimento <strong>de</strong> pertencimento local.Durante o período <strong>de</strong> influência direta <strong>de</strong> Le Corbusier, na segunda fase dosCIAM, foi concebido um dos documentos fundadores do pensamento urbanísticomo<strong>de</strong>rno: A Carta <strong>de</strong> Atenas. A bordo do transatlântico SS Patris II partindo <strong>de</strong>Marselha, os arquitetos mo<strong>de</strong>rnos realizariam em 1933 o CIAM IV, encontroque terminaria com a chegada do navio em Atenas. Durante o período daviagem, longe da realida<strong>de</strong> das cida<strong>de</strong>s européias, esse documento-manifesto foierigido, e os objetivos <strong>de</strong> um planejamento urbano mo<strong>de</strong>rno dogmaticamente<strong>de</strong>finidos (KRUFT, 1994:401). A Carta estabelecia, sob um prece<strong>de</strong>nte<strong>de</strong>sistoricizante e uma retórica corretiva, que “as chaves do urbanismo seencontram nas quatro funções: habitar, trabalhar, recrear, e circular”. Sendo quea circulação <strong>de</strong>veria “estabelecer o vínculo entre as diversas organizações pormeio <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> circulatória que assegure os intercâmbios sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>respeitar as prerrogativas <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las” (CIAM, 1950:123). Quandopublicada, “por razões inexplicáveis” (FRAMPTON, 1997:328), <strong>de</strong>z anos após oencontro em alto mar, a Carta estabeleceu <strong>de</strong>finitivamente como paradigmasurbanísticos as propostas <strong>de</strong> Le Corbusier para a Ville Radieuse (1930) e para oPlan Voisin (1925).
83........................................................ ...................14..Brasília................................................................................No Brasil, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma condição utópica no século XX esteveamplamente comprometida com o i<strong>de</strong>al da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> como <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico e tecnológico encampado pelo Estado, sendo sustentadasimbolicamente na <strong>arquitetura</strong> e no urbanismo mo<strong>de</strong>rno, principalmente <strong>de</strong> LeCorbusier, e financeiramente pelo capital industrial nacional e internacional.Durante o Estado Novo <strong>de</strong> Getúlio Vargas na década <strong>de</strong> 1930, o incentivopromovido à industrialização e à implantação <strong>de</strong> novas tecnologias foi, muitasvezes, associado a uma questão <strong>de</strong> nacionalismo, no sentido i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> nação.Naquele contexto histórico <strong>de</strong> anseio <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência e segurança nacional, aaproximação entre o setor industrial <strong>de</strong> capital nacional e o próprio governovisava à sustentação do mo<strong>de</strong>lo autoritário mo<strong>de</strong>rnizante estabelecido. Essaaliança entre os interesses populistas e i<strong>de</strong>ológicos e os interesses produtivos,implementada a partir <strong>de</strong> 1933 e articulada principalmente pelo engenheiroRoberto Simonsen (FAUSTO, 1994:364), proprietário da Construtora Santos ediretor da Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do Estado <strong>de</strong> São Paulo (FIESP), teve namo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> da <strong>arquitetura</strong> do Ministério da Educação e Saú<strong>de</strong> a legitimação <strong>de</strong><strong>de</strong>sse projeto <strong>de</strong> fundação <strong>de</strong> um novo Brasil.Na década <strong>de</strong> 1950 – após a queda do Estado Novo, o processo <strong>de</strong> abertura<strong>de</strong>mocrática e a volta do próprio Getúlio ao po<strong>de</strong>r pelo voto popular em 1951 – oprocesso <strong>de</strong> ênfase no <strong>de</strong>senvolvimento econômico baseado na industrializaçãovai ser retomado primeiramente pelo próprio Getúlio, que tenta <strong>de</strong>sempenhar noregime <strong>de</strong>mocrático o papel <strong>de</strong> agenciador das diversas forças sociaisconflitantes, promovendo um processo abrangente <strong>de</strong> diversificação da produçãonacional e <strong>de</strong> fortalecimento <strong>de</strong> áreas consi<strong>de</strong>radas estratégicas como petróleo,si<strong>de</strong>rurgia, transportes, energia e comunicações, sendo posteriormenteconsolidado e ampliado com a eleição <strong>de</strong> Juscelino Kubitschek sob o lema“<strong>de</strong>senvolvimento e or<strong>de</strong>m” em 1955 (FAUSTO, 1994:424).Com o slogan “50 anos em 5”, Juscelino anuncia seu Plano <strong>de</strong> Metas para o paísno qual constavam os seus 31 objetivos <strong>de</strong> governo distribuídos em seis
- Page 1 and 2:
3Lugares-Comuns CLASSIFICADOS: arqu
- Page 3 and 4:
5SUMÁRIORESUMO/ABSTRACT...........
- Page 5 and 6:
3RESUMOEste trabalho investiga as r
- Page 7 and 8:
5de planta . Um apartamento por and
- Page 9 and 10:
7extinção após um último “sol
- Page 11 and 12:
9capital imobiliário e produtor de
- Page 13 and 14:
11questão decorativa e ornamental
- Page 15 and 16:
13_________________________________
- Page 17 and 18:
15a preocupação construtiva da ar
- Page 19 and 20:
17de novos bairros e até mesmo de
- Page 21 and 22:
19“crítica operativa”, pratica
- Page 23 and 24:
21cumpriu e continua a cumprir o se
- Page 25 and 26:
23devido à sua verticalidade, dema
- Page 27 and 28:
25No MES, os enunciados de Le Corbu
- Page 29 and 30:
27um lado estavam os arquitetos do
- Page 31 and 32:
29engenheiro e do arquiteto pela in
- Page 33 and 34: 31terminal rodoviário, museu de ar
- Page 35 and 36: 33Quanto a empresas construtoras es
- Page 37 and 38: 35Em 1951, Artigas publicou na revi
- Page 39 and 40: 37características” 25 , para ass
- Page 41 and 42: 39Nesse período, o processo de des
- Page 43 and 44: 41basicamente utilizado sob a forma
- Page 45 and 46: 43_________________________________
- Page 47 and 48: 45Com o sistema de telefonia portá
- Page 49 and 50: 47vida proposto e a logomarca da em
- Page 51 and 52: 49potencializar a ficção do consu
- Page 53 and 54: 51espaços progressivamente mais fu
- Page 55 and 56: 53Como mostra a autora, ao lado de
- Page 57 and 58: 55lógica do produtor procura a mas
- Page 59 and 60: 57e fértil novamente” 42 (HITCHC
- Page 61 and 62: 59No Brasil, os parâmetros e princ
- Page 63 and 64: 61mais duras críticas dirigidas à
- Page 65 and 66: 63esses desenhos. São estudos de m
- Page 67 and 68: 65inteiramente novos, novas maneira
- Page 69 and 70: 67capacidade de informar sobre tecn
- Page 71 and 72: 69Marca expandida: a política das
- Page 73 and 74: 71Salão de jogos . Sala de reuniõ
- Page 75 and 76: 73O século XX fez da arquitetura h
- Page 77 and 78: 75Desde a sua invenção no Renasci
- Page 79 and 80: 77Quando “entre a realidade e o i
- Page 81 and 82: 79...de modo que (visão completame
- Page 83: 81“fetichização do objeto artí
- Page 87 and 88: 85“uma revolução teria de ser f
- Page 89 and 90: 87(COSTA, 1995:284). Como as utopia
- Page 91 and 92: 89Se uma das premissas fundamentais
- Page 93 and 94: 91residência” (LE CORBUSIER, 200
- Page 95 and 96: 93objetivo do lucro. “Como projet
- Page 97 and 98: 95Lefebvre 89 (1972:74), a caracter
- Page 99 and 100: 9716. KITSCH_______________________
- Page 101 and 102: 99sentido de um futuro que vai ser
- Page 103 and 104: 101qual os indivíduos podem sem do
- Page 105 and 106: 103últimos [grande massa de incult
- Page 107 and 108: 105Quando reeditado por L’Esprit
- Page 109 and 110: 107ser radicalmente combatido por u
- Page 111 and 112: 109CORBUSIER, 1996:72). Para o arqu
- Page 113 and 114: 111A obsessão de Le Corbusier com
- Page 115 and 116: 113autênticas as formas e o cotidi
- Page 117 and 118: 115parecendo absurdo afirmar que
- Page 119 and 120: 117liberdade privada, desenvolver s
- Page 121 and 122: 119meio-termo, “através desta ac
- Page 123 and 124: 121bocas, lava-louças, depurador d
- Page 125 and 126: 123industrial - e articulava então
- Page 127 and 128: 125utopia moderna; hoje, juntos em
- Page 129 and 130: 127imobiliária, há também, “de
- Page 131 and 132: 129“felicidade positiva”, direc
- Page 133 and 134: 131EAGLETON, Terry. A ideologia da
- Page 135 and 136:
133PAZ, Octavio. Marcel Duchamp ou
- Page 137 and 138:
13523. ANEXO (Empresas) ∗Abyara P
- Page 139 and 140:
137EZ TEC Engenharia e Construçõe