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arquitetura e consumo Cançado - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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74Para essa <strong>arquitetura</strong>, tais nomes “fazem sentido” interiormente à lógicacomercial que os <strong>de</strong>termina, a partir do momento que permitem aosconsumidores - que se <strong>de</strong>param com a infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marcas imobiliáriasdisponibilizadas pela indústria do planejamento imobiliário contemporâneo -escolher <strong>de</strong>ntre várias opções aquela que cria a melhor i<strong>de</strong>ntificação entre a suaexpectativa <strong>de</strong> vida e a vida vendida. Nesse “mundo cheio <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s [...]como uma mesa <strong>de</strong> bufê com tantos pratos <strong>de</strong>liciosos que nem o mais <strong>de</strong>dicadocomensal po<strong>de</strong>ria esperar provar <strong>de</strong> todos, [...] a infelicida<strong>de</strong> dos consumidores(comensais) <strong>de</strong>riva do excesso e não da falta <strong>de</strong> escolha” (BAUMAN, 2001:75)Ao ler o nome “Île <strong>de</strong> la Cité” estampado na fachada do edifício em letrascasualmente românticas, ou nos anúncios intermitentes por toda parte, osmovimentos e as trajetórias do <strong>consumo</strong> “são impulsionados”, as “reservas <strong>de</strong>significações escondidas” dos consumidores são afloradas. A função imobiliáriaprimeira do nome é então, <strong>de</strong>sfazer o paradoxo próprio criado pela função damarca:Oferecer opções para um consumidor que parece não saber maisescolher [...], esse fato leva a um curto circuito no funcionamento damarca pois, ao mesmo tempo em que ela [...] busca atingir umconsumidor que não consegue mais fazer qualquer escolha sem orespaldo da marca, <strong>de</strong>ve-se esperar que ele seja capaz <strong>de</strong>, pelo menos,optar por uma marca específica, ou seja, que ele ainda sejaconstituído por algum tipo <strong>de</strong> emoção, <strong>de</strong> afeto, enfim por algo que oleve a consumar um ato que envolva algum significado.(FONTENELLE, 2002: 259)O nome “Île <strong>de</strong> la Cité” é então o dispositivo que preten<strong>de</strong> ativar esse “afeto” ealiviar a “infelicida<strong>de</strong>” dos consumidores, através <strong>de</strong> ressonâncias e evocações<strong>de</strong> lugares e realida<strong>de</strong>s distantes, talvez inexistentes, porém <strong>de</strong>sejáveis. Dentre asvárias opções <strong>de</strong> torres <strong>de</strong> apartamentos disponibilizadas pela Construtora Valle,“Île <strong>de</strong> la Cité” é como a senha que permite ao consumidor “querer” o acesso à“liberação <strong>de</strong> fantasias <strong>de</strong>sejosas” <strong>de</strong> uma experiência livre <strong>de</strong> quaisquerimpedimentos do “princípio da realida<strong>de</strong>” (BAUMAN, 2001:89), através daconstrução <strong>de</strong> uma situação aparentemente singular na mesmice absoluta. Osnomes dos produtos imobiliários (edifícios), nesse sentido, constroem a pontenecessária entre a vida cotidiana e uma possibilida<strong>de</strong> utópica.

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