64aqui esse estilo funciona como o mecanismo potencializador <strong>de</strong> um processocomercial on<strong>de</strong> o que está sendo vendido é um outro estilo <strong>de</strong> vida, baseado no<strong>consumo</strong> e na posse <strong>de</strong> produtos na nascente indústria brasileira. Portanto, estavasendo gestado, nesse momento, o que seria algumas décadas mais tar<strong>de</strong> oprocesso fulminante <strong>de</strong> apropriação das cida<strong>de</strong>s brasileiras pelo mercadoimobiliário, baseado na estratégia <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> conceitos i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> vida, ou seja,branding................................................................................…... 10.Mustique.......................................................................................“Foi nos últimos vinte anos que o Brasil conheceu uma extraordinária expansãodos <strong>consumo</strong>s materiais e imateriais” (SANTOS, 2001:223). Na década <strong>de</strong> 1970,o milagre econômico e sua enorme força i<strong>de</strong>ológica apoiaram irreversivelmenteessa dinâmica, que com a “criação <strong>de</strong> novos objetos, oferece novas opções àclasse média” (SANTOS, 1987:38). Essa expansão do <strong>consumo</strong> no país, quevisava aten<strong>de</strong>r naquele momento às <strong>de</strong>mandas internacionais, em que “a novadimensão do capitalismo reclamava, também, um Estado mais mo<strong>de</strong>rno”(SANTOS, 1987:102), vai ser impulsionado velozmente pela integração nacional<strong>de</strong> Brasília na década <strong>de</strong> 1950 e se tornar indispensável à inserção da economiabrasileira na economia mundial capitalista após a eclosão do movimento militarem 1964 (SANTOS, 1987:103).No ano <strong>de</strong> 1973, a profunda recessão do cenário internacional, “exacerbada pelochoque do petróleo [...], pôs em movimento um conjunto <strong>de</strong> processos quesolaparam o compromisso fordista” operante há mais <strong>de</strong> meio século. “Emconseqüência, as décadas <strong>de</strong> 70 e 80 foram um conturbado período <strong>de</strong>reestruturação econômica e <strong>de</strong> reajustamento social e político”. Nesse contexto<strong>de</strong> “incertezas e oscilações”, novas formas <strong>de</strong> organização da produção industrialcomeçaram a se <strong>de</strong>linear, “representando os primeiros ímpetos da passagem paraum regime <strong>de</strong> acumulação inteiramente novo” (HARVEY, 1992:140):A acumulação flexível [...] é marcada por um confronto direto com arigi<strong>de</strong>z do fordismo. Ela se apóia na flexibilida<strong>de</strong> dos processos <strong>de</strong>trabalho, dos mercados <strong>de</strong> trabalho, dos produtos e padrões <strong>de</strong><strong>consumo</strong>. Caracteriza-se pelo surgimento <strong>de</strong> setores <strong>de</strong> produção
65inteiramente novos, novas maneiras <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> serviçosfinanceiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamenteintensificadas <strong>de</strong> inovação comercial, tecnológica e organizacional.(HARVEY, 1992:140)O processo <strong>de</strong> obsolescência programada dos produtos foi então acelerado aindamais com o objetivo <strong>de</strong> “reduzir o tempo <strong>de</strong> giro do <strong>consumo</strong>”. A vida média “<strong>de</strong>cinco a sete anos” dos objetos característicos do início do <strong>de</strong>senho industrialmo<strong>de</strong>rno – produzidos em uma linha fordista – com a acumulação flexível “foireduzida à meta<strong>de</strong>” (HARVEY, 1992:148). “O <strong>de</strong>senho industrial, a essa altura,<strong>de</strong>ixou seu papel <strong>de</strong> comunicação funcional para incorporar um papel <strong>de</strong>representação <strong>de</strong> expectativas e tendências sociais <strong>de</strong> difícil <strong>de</strong>terminação”(FERRARA, 1989:124).A acumulação flexível foi acompanhada na ponta do <strong>consumo</strong>,portanto, por uma atenção muito maior às modas fugazes e pelamobilização <strong>de</strong> todos os artifícios <strong>de</strong> indução <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>transformação cultural que isso implica. A estética relativamenteestável do mo<strong>de</strong>rnismo fordista ce<strong>de</strong>u lugar a todo fermento,instabilida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>s fugidias <strong>de</strong> uma estética pós-mo<strong>de</strong>rna quecelebra a diferença, a efemerida<strong>de</strong>, o espetáculo, a moda e amercadificação <strong>de</strong> formas culturais. (HARVEY, 1992:148)Esse processo, em que “tudo que era vivido diretamente tornou-se umarepresentação” (DEBORD, 1997:13), já havia sido teorizado por Guy Debor<strong>de</strong>m seu livro “A socieda<strong>de</strong> do espetáculo”, <strong>de</strong> 1967. Para Debord, “o espetáculo“não é um conjunto <strong>de</strong> imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediadapor imagens” (DEBORD, 1997:14) e é “ao mesmo tempo o resultado e o projetodo modo <strong>de</strong> produção existente”:Sob todas as suas formas particulares – informação ou propaganda,publicida<strong>de</strong> ou <strong>consumo</strong> direto <strong>de</strong> divertimentos – o espetáculoconstitui o mo<strong>de</strong>lo atual da vida dominante na socieda<strong>de</strong>. É aafirmação onipresente da escolha já feita na produção, e o <strong>consumo</strong>que <strong>de</strong>corre <strong>de</strong>ssa escolha. Forma e conteúdo do espetáculo são, <strong>de</strong>modo idêntico, a justificativa total das condições e dos fins dosistema existente. O espetáculo também é a presença permanente<strong>de</strong>ssa justificativa, como ocupação da maior parte do tempo vividofora da produção mo<strong>de</strong>rna. (DEBORD, 1997:14)Na “socieda<strong>de</strong> do espetáculo”, a produção industrial orientada pela sistemáticafordista é então engolida <strong>de</strong>finitiva e ostensivamente pelo mercado e pelo
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