52i<strong>de</strong>ológico on<strong>de</strong> o artista/arquiteto aparece como um intérprete <strong>de</strong>ssa novarealida<strong>de</strong> industrial (COLOMINA, 1994:156), porém “se apresentando semprecomo os autores <strong>de</strong>ste” 36 (H EYNEN, 1999:134). Sob essa retórica, Futurismo,Dadaísmo, Mies van <strong>de</strong>r Rohe, Le Corbusier, entre outros exemplos <strong>de</strong>movimentos e personalida<strong>de</strong>s das vanguardas históricas, com distintas e atédivergentes posições em relação à indústria e à civilisation machiniste (“Era daMáquina”), pu<strong>de</strong>ram ser analisados/interpretados propositadamente <strong>de</strong> formahomogênea (COLOMINA, 1994:156), permitindo assim uma perfeitai<strong>de</strong>ntificação do público em geral com as mais diferentes propostas, percebidascomo varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formas originárias <strong>de</strong> um mesmo conceito.Dentro <strong>de</strong>sse processo, on<strong>de</strong> as relações entre <strong>arquitetura</strong> (<strong>de</strong>sign) e a culturapassam necessariamente pela indústria e seus mecanismos <strong>de</strong> produçãodistribuição-<strong>consumo</strong>,Beatriz Colomina <strong>de</strong>staca o interesse <strong>de</strong> Le Corbusier ematuar não simplesmente como intérprete <strong>de</strong>ssa nova realida<strong>de</strong> industrial, mascomo o agente produtor. Para isso o arquiteto:Apropriava-se da retórica e das persuasivas técnicas da publicida<strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rna para seus próprios argumentos teóricos e manipulavaanúncios reais incorporando a eles seu ponto <strong>de</strong> vista, tornando oslimites entre texto e publicida<strong>de</strong> difusos. (COLOMINA,1994:147)Para Colomina, a revista L’Esprit Nouveau, no seu período <strong>de</strong> existência entre1920 e 1925, foi fundamental para a estratégia <strong>de</strong> Le Corbusier <strong>de</strong> inserção da<strong>arquitetura</strong> não somente no processo produtivo industrial, mas também nocircuito <strong>de</strong> <strong>consumo</strong> vigente das novas mercadorias. Colomina mostra que nasvárias edições da revista, o arquiteto publicou uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>catálogos e propagandas <strong>de</strong> produtos e máquinas industriais que havia coletadojunto às empresas. Estes volumes incluíam automóveis Voisin, Peugeot, Citroën,Delage, aviões Farman, maletas Innovation, móveis para escritório Or’mo,arquivos Ronéo, malas <strong>de</strong> mão, sacolas e cigarreiras Hermès, relógios Omega,turbinas Brown Boveri, ventiladores centrífugos <strong>de</strong> alta pressão Rateau,equipamento industrial pesado Clermont-Ferrand e Slingsby (COLOMINA,1994:147).36 Tradução nossa. Texto original inglês.
53Como mostra a autora, ao lado <strong>de</strong> exemplos <strong>de</strong> avanços tecnológicos e daspossibilida<strong>de</strong>s do <strong>de</strong>sign da indústria mo<strong>de</strong>rna, Le Corbusier publicava projetos eedifícios <strong>de</strong> sua autoria. O arquiteto buscava então, relacionar diretamente, sob aforma <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, a nova <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna proposta por ele e os maisavançados objetos e instrumentos da época, criando assim o vínculo comercialnecessário entre o sistema produtivo industrial e sua “máquina-<strong>de</strong>-morar” emgestação. Muito mais do que informar da existência <strong>de</strong>sses objetos, o arquitetoestava interessado em se apropriar da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que estes representavam paraa construção <strong>de</strong> uma imagem tão mo<strong>de</strong>rna quanto possível para a sua <strong>arquitetura</strong>.A “diferença baseada na imagem” – estratégia fundamental do incipientemarketing industrial mo<strong>de</strong>rno – estava sendo construída antes mesmo do que ospróprios edifícios, sendo que na gran<strong>de</strong> maioria das vezes em que Le Corbusierpublicava esses anúncios em sua revista, os industriais e as empresas só vinhamsaber da divulgação <strong>de</strong> sua marca e <strong>de</strong> seus produtos algum tempo mais tar<strong>de</strong>,quando o próprio Le Corbusier reivindicava, através <strong>de</strong> uma carta e um exemplar<strong>de</strong> L’Esprit Nouveau, o pagamento <strong>de</strong>vido pela publicida<strong>de</strong> (COLOMINA,1994:185). Entretanto, essa estratégia nem sempre era bem sucedida: acompanhia Moynat agra<strong>de</strong>ceu a publicida<strong>de</strong> feita, mas não se interessou emassinar um acordo para outras publicações. Em outros episódios <strong>de</strong> mais sorte,como no caso da companhia Innovation, “Le Corbusier obteve não só umcontrato <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> para L’Esprit Nouveau, mas o encargo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>senhar epublicar o seu catálogo” 37 (COLOMINA, 1994:185). O interesse do arquitetopela publicida<strong>de</strong>, especialmente <strong>de</strong> produtos industriais, tinha dois lados: por um,ele acreditava que os gran<strong>de</strong>s industriais se interessariam por suas propostasarquitetônicas e o contratariam ou dariam um suporte financeiro para que serealizassem; por outro, a vinculação direta <strong>de</strong> suas idéias às inovações industriaisconstruiriam, na visão do arquiteto, a reputação e a confiança <strong>de</strong> suas idéiasjunto à massa <strong>de</strong> consumidores dos produtos <strong>de</strong>ssas empresas. Além disso, paraLe Corbusier, sempre que alguém se confrontasse, em outro contexto, com osprodutos anunciados em L’Esprit Nouveau, associaria imediatamente à suapessoa (COLOMINA, 1994:192). Assim, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estabelecer o nome (Dom-Ino, Maison Voisin, Citrohan, etc.) e o conceito fundamental <strong>de</strong> seus produtos37 Tradução nossa. Texto original inglês.
- Page 1 and 2:
3Lugares-Comuns CLASSIFICADOS: arqu
- Page 3 and 4: 5SUMÁRIORESUMO/ABSTRACT...........
- Page 5 and 6: 3RESUMOEste trabalho investiga as r
- Page 7 and 8: 5de planta . Um apartamento por and
- Page 9 and 10: 7extinção após um último “sol
- Page 11 and 12: 9capital imobiliário e produtor de
- Page 13 and 14: 11questão decorativa e ornamental
- Page 15 and 16: 13_________________________________
- Page 17 and 18: 15a preocupação construtiva da ar
- Page 19 and 20: 17de novos bairros e até mesmo de
- Page 21 and 22: 19“crítica operativa”, pratica
- Page 23 and 24: 21cumpriu e continua a cumprir o se
- Page 25 and 26: 23devido à sua verticalidade, dema
- Page 27 and 28: 25No MES, os enunciados de Le Corbu
- Page 29 and 30: 27um lado estavam os arquitetos do
- Page 31 and 32: 29engenheiro e do arquiteto pela in
- Page 33 and 34: 31terminal rodoviário, museu de ar
- Page 35 and 36: 33Quanto a empresas construtoras es
- Page 37 and 38: 35Em 1951, Artigas publicou na revi
- Page 39 and 40: 37características” 25 , para ass
- Page 41 and 42: 39Nesse período, o processo de des
- Page 43 and 44: 41basicamente utilizado sob a forma
- Page 45 and 46: 43_________________________________
- Page 47 and 48: 45Com o sistema de telefonia portá
- Page 49 and 50: 47vida proposto e a logomarca da em
- Page 51 and 52: 49potencializar a ficção do consu
- Page 53: 51espaços progressivamente mais fu
- Page 57 and 58: 55lógica do produtor procura a mas
- Page 59 and 60: 57e fértil novamente” 42 (HITCHC
- Page 61 and 62: 59No Brasil, os parâmetros e princ
- Page 63 and 64: 61mais duras críticas dirigidas à
- Page 65 and 66: 63esses desenhos. São estudos de m
- Page 67 and 68: 65inteiramente novos, novas maneira
- Page 69 and 70: 67capacidade de informar sobre tecn
- Page 71 and 72: 69Marca expandida: a política das
- Page 73 and 74: 71Salão de jogos . Sala de reuniõ
- Page 75 and 76: 73O século XX fez da arquitetura h
- Page 77 and 78: 75Desde a sua invenção no Renasci
- Page 79 and 80: 77Quando “entre a realidade e o i
- Page 81 and 82: 79...de modo que (visão completame
- Page 83 and 84: 81“fetichização do objeto artí
- Page 85 and 86: 83.................................
- Page 87 and 88: 85“uma revolução teria de ser f
- Page 89 and 90: 87(COSTA, 1995:284). Como as utopia
- Page 91 and 92: 89Se uma das premissas fundamentais
- Page 93 and 94: 91residência” (LE CORBUSIER, 200
- Page 95 and 96: 93objetivo do lucro. “Como projet
- Page 97 and 98: 95Lefebvre 89 (1972:74), a caracter
- Page 99 and 100: 9716. KITSCH_______________________
- Page 101 and 102: 99sentido de um futuro que vai ser
- Page 103 and 104: 101qual os indivíduos podem sem do
- Page 105 and 106:
103últimos [grande massa de incult
- Page 107 and 108:
105Quando reeditado por L’Esprit
- Page 109 and 110:
107ser radicalmente combatido por u
- Page 111 and 112:
109CORBUSIER, 1996:72). Para o arqu
- Page 113 and 114:
111A obsessão de Le Corbusier com
- Page 115 and 116:
113autênticas as formas e o cotidi
- Page 117 and 118:
115parecendo absurdo afirmar que
- Page 119 and 120:
117liberdade privada, desenvolver s
- Page 121 and 122:
119meio-termo, “através desta ac
- Page 123 and 124:
121bocas, lava-louças, depurador d
- Page 125 and 126:
123industrial - e articulava então
- Page 127 and 128:
125utopia moderna; hoje, juntos em
- Page 129 and 130:
127imobiliária, há também, “de
- Page 131 and 132:
129“felicidade positiva”, direc
- Page 133 and 134:
131EAGLETON, Terry. A ideologia da
- Page 135 and 136:
133PAZ, Octavio. Marcel Duchamp ou
- Page 137 and 138:
13523. ANEXO (Empresas) ∗Abyara P
- Page 139 and 140:
137EZ TEC Engenharia e Construçõe