48Nas palavras <strong>de</strong> Alberto Djinishian, diretor <strong>de</strong> criação da GiacomettiPropaganda, agência responsável pelas campanhas publicitárias <strong>de</strong> imóveiscomercializados em todo Brasil pela Lopes Consultoria <strong>de</strong> Imóveis, “ven<strong>de</strong>mosconceitos e estilos <strong>de</strong> vida, por isso é complicado tratar as estratégias <strong>de</strong>marketing <strong>de</strong> forma objetiva” (FISCHER, 2002:33). Para ele, “ao lançar umedifício, a campanha sugere mudanças no comportamento <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong>pessoas, que a partir daí passarão a viver em comunida<strong>de</strong>” e, portanto, continuao diretor, “a <strong>arquitetura</strong> <strong>de</strong>ve estar muito bem adaptada a isso. Muitas vezes, aagência po<strong>de</strong> até sugerir mudanças [...] tendo em vista as que melhor se ajustamao público que irá residir, ou então aparentes obstáculos...” à venda que <strong>de</strong>verãoser eliminados e/ou dissimulados pelos arquitetos (FISCHER, 2002:33). Essa“tendência” contemporânea da valorização das marcas em <strong>de</strong>trimento dosprodutos parece extremamente coerente e promissora em um setor, on<strong>de</strong> oconceito <strong>de</strong> vida comprado coinci<strong>de</strong> exatamente com o próprio lugar on<strong>de</strong> essavida será vivida. Se uma empresa como a Nike – que na década <strong>de</strong> 1980anunciou que a partir <strong>de</strong> então era uma empresa <strong>de</strong> esportes, e como tal suamissão não era ven<strong>de</strong>r calçados, mas “melhorar a vida das pessoas pela prática<strong>de</strong> esportes e a forma física” (KLEIN, 2002:47) – necessita para além <strong>de</strong> suasestratégias publicitárias <strong>de</strong> patrocínio e <strong>de</strong> “compra” <strong>de</strong> astros do esporte,expandir sua marca em empreendimentos como a NikeTown; o mais provável éque em breve as empresas imobiliárias comecem a ven<strong>de</strong>r sapatos com as suasmarcas, simplesmente para “melhorar a vida das pessoas” que comprarem seusapartamentos.Nesse processo <strong>de</strong> branding imobiliário, a <strong>arquitetura</strong>, produto secundário, vaiser então concebida e conformada a partir <strong>de</strong> constatações <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong>opinião encomendadas pelas agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, pela “<strong>de</strong>finição dosprincipais benefícios e das vantagens do produto, estratégias <strong>de</strong> vendas, preço,público-alvo, ações promocionais” e em uma segunda fase, vai serprovavelmente adaptada “em função da <strong>de</strong>finição do conceito do produtoimobiliário” (FISCHER, 2002:32), tarefa <strong>de</strong>signada às agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> emarketing, constantemente orientadas e supervisionadas por incorporadoras ecorretoras. Assim, a função primeira (e única, talvez) da <strong>arquitetura</strong> no<strong>de</strong>senvolvimento do sistema corporativo imobiliário é dar sustentação e
49potencializar a ficção do <strong>consumo</strong> em curso. E se o procedimento imobiliárioestabelece como diretriz a construção <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>ntro da própriarealida<strong>de</strong> operante para seus consumidores, a marca é então a síntese <strong>de</strong>sseconceito i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> vida. A publicida<strong>de</strong> nesse processo é o meio como esseconceito vai ser divulgado e absorvido e a <strong>arquitetura</strong>, além <strong>de</strong> potencializar essadivulgação como monumento auto-publicitário, é o dispositivo estéticocapacitado para materializar essa condição i<strong>de</strong>al (a engenharia é o dispositivotecnológico). Dentro da i<strong>de</strong>ologia operante, são possíveis e prováveis entãovárias marcas, com enfoques e conceitos diferentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que coerentes com opróprio sistema. E <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada marca, vários empreendimentos(edifícios/condomínios) são propostos, com nomes que sempre visam reforçarnão só o conceito sintetizado pela marca-imobiliária como também apossibilida<strong>de</strong> da implementação <strong>de</strong>ssa situação i<strong>de</strong>al vendida. Ou seja: umamarca, muitos produtos diferentes, uma i<strong>de</strong>ologia........................................................................….......8. L’Espritnouveau..............................................................................Os primórdios das campanhas <strong>de</strong> marketing, ainda no século XIX, baseavam-semuito mais nos aspectos publicitários, <strong>de</strong> divulgação dos novos produtos, do quena idéia <strong>de</strong> marca contemporânea.Diante <strong>de</strong> um leque <strong>de</strong> produtos recentemente inventados – rádio,fonógrafo, carro, lâmpada elétrica e assim por diante – ospublicitários tinham tarefas mais prementes do que criar umai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marca para qualquer corporação; primeiro tinham <strong>de</strong>mudar o modo como as pessoas viviam. A publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veriainformar os consumidores da existência <strong>de</strong> algumas novas invenções,<strong>de</strong>pois convencê-los <strong>de</strong> que sua vida seria melhor se usassem, porexemplo, carros em vez <strong>de</strong> bon<strong>de</strong>s, telefones em lugar <strong>de</strong> cartas e luzelétrica em vez <strong>de</strong> lampiões a óleo. Muitos <strong>de</strong>sses novos produtostraziam marcas – e algumas <strong>de</strong>las ainda estão por aí hoje –, mas issoera quase inci<strong>de</strong>ntal. Esses produtos eram em si mesmo umanovida<strong>de</strong>; e isso praticamente bastava como publicida<strong>de</strong>. (KLEIN,2002:29)Entretanto, os produtos baseados na idéia <strong>de</strong> uma marca corporativa foramcriados para aten<strong>de</strong>r a uma <strong>de</strong>manda característica da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> 33 : diferenciar33 Para Fredric Jameson (2001:33), “‘mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>’ é uma palavra suspeita...”, utilizada <strong>de</strong>masiadamentee equivocadamente no lugar <strong>de</strong> “capitalismo” nesses tempos pós-mo<strong>de</strong>rnos. Segundo o autor, para
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