40para standards menos específicos a classificação ISO 9000 e ISO 14000 29 , quepassaram a englobar a maior parte <strong>de</strong> processos padronizados da indústria. Esseprocesso <strong>de</strong> certificação <strong>de</strong> empresas – cujos procedimentos são avaliados poroutras organizações (no caso brasileiro, ABNT) – vai ter como um dos objetivosprincipais o constante aperfeiçoamento da produção, mas também a legitimaçãoda credibilida<strong>de</strong> da própria empresa perante seus consumidores, pela emissão docertificado. Além disso, como divulgado pela própria ISO, a certificação <strong>de</strong><strong>de</strong>terminada empresa po<strong>de</strong> fazer com que sua exposição e popularida<strong>de</strong>aumentem significativamente (ISO, 2001:13), pela credibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>bitada aoprocesso <strong>de</strong> auditoria dos processos sofrido pelas empresas postulantes.Na década <strong>de</strong> 1990, o processo <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> abertura econômica e a globalizaçãomo<strong>de</strong>rnizadora das formas <strong>de</strong> produção e especulação do capital vão configurarno Brasil, no âmbito da construção civil, oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>sempreendimentos e incorporações, tanto no setor da construção <strong>de</strong> edifícioscomerciais como resi<strong>de</strong>nciais, predominando entretanto, como padrão, as torres<strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> habitacionais (VILLAÇA, 1998:182). Estas torres, her<strong>de</strong>irasdiretas das propostas <strong>de</strong> Le Corbusier, do MES e do CJK®, que já vinham se“aperfeiçoando” nas últimas décadas, vão atingir então o ápice <strong>de</strong> suacapacida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizante, sendo protagonistas dos gran<strong>de</strong>s negócios imobiliáriospor todo o país.Do ponto <strong>de</strong> vista construtivo, os esforços no sentido da melhoria da qualida<strong>de</strong>tanto do processo <strong>de</strong> construção quanto do próprio produto implementadosprincipalmente pelas gran<strong>de</strong>s construtoras, repercutem em resultados práticos,econômicos e financeiros. Assim, com cada vez mais facilida<strong>de</strong>, encontram-seprédios <strong>de</strong> apartamentos (não somente) on<strong>de</strong> são empregadas novas tecnologiase materiais totalmente industrializados, com canteiros <strong>de</strong> obras mais precisos eracionalizados. Nesses empreendimentos, po<strong>de</strong>-se perceber também aimportância duradoura da tradição da construção em concreto armado no país,29 Enquanto o ISO 9000 trata especificamente do gerenciamento da qualida<strong>de</strong> dos processos envolvidosna fabricação <strong>de</strong> um produto genérico, ou na prestação <strong>de</strong> um serviço, a classe ISO 14000 diz respeito aogerenciamento e ao controle ambiental, tendo como objetivo minimizar os impactos e danos ao meioambientecausados por qualquer ativida<strong>de</strong>. Ambos, dizem respeito, entretanto, às formas <strong>de</strong> organizaçãoda produção; e não do resultado <strong>de</strong>ssa produção especificamente. Assim, tratam <strong>de</strong> processos e não <strong>de</strong>produtos, pelo menos não diretamente.
41basicamente utilizado sob a forma da estrutura Dom-Ino corbusiana. Entretanto,nesse processo veloz e competitivo, a construção em concreto se caracterizacomo uma das etapas construtivas menos alteradas com o passar dos anos, pelomenos no que diz respeito ao seu conceito estrutural fundamental. E mesmosendo a “ossatura estrutural” a base <strong>de</strong> praticamente toda a construção civil nopaís, sobre a qual são montadas e afixadas as outras partes e elementos, suaexecução ainda se faz principalmente pela moldagem in loco da estrutura, apartir do bombeamento e <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> concreto usinado. As “novida<strong>de</strong>s”estruturais portanto, são cada vez mais tecnológicas: concreto protendido, CAD(concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho), lajes nervuradas com fôrmas ATEX <strong>de</strong> fibra, etc.Visando sempre uma redução <strong>de</strong> custos diretos ou indiretos e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>espaços cada vez mais “flexíveis” e “neutros”, estas soluções proporcionamestruturas mais leves, baratas e rapidamente executadas. Entretanto, se todo esseesforço gerencial, administrativo, construtivo e produtivo vai aproximar essasedificações dos i<strong>de</strong>ais científicos e eficientes para a construção, almejados pela“nova objetivida<strong>de</strong>” arquitetônica e pelo próprio Le Corbusier no início doséculo XX, vai também ser o <strong>de</strong>sfecho às avessas da utopia do controlecompleto, tanto do planejamento quanto da produção pela <strong>arquitetura</strong>. À frentedos negócios, dos processos e da própria execução <strong>de</strong>ssas estruturas,comandando gran<strong>de</strong>s corporações e construtoras, estão postados engenheiros,marketeiros e administradores (cada vez mais especializados e especialistas),não os arquitetos. Como em um retorno nostálgico ao século XIX, a tarefa quecabe aos arquitetos – pelo menos nesse setor – nada tem que ver com proposição<strong>de</strong> infra-estruturas, sistemas construtivos ou novos conceitos. Aos arquitetos estáreservada a tarefa “artística” <strong>de</strong> alimentar o próprio paradoxo do sistemacapitalista corporativo atual, do qual o setor imobiliário é estratégico, explicitadonesses edifícios <strong>de</strong> forma inequívoca. Quanto mais objetivos e racionais setornam os processos e o paradigma da eficiência da produção esbarra no limiteda própria dissolução do objeto, esses produtos são cada vez mais necessáriossimplesmente como suporte material que torne verossímil a vasta produçãosimbólica que sustenta a lógica do <strong>consumo</strong> contemporâneo (CANCLINI,2002:6). Vai ser então da realização potencial <strong>de</strong>ssas “experiênciassignificantes” que a <strong>arquitetura</strong> vai se ocupar, como dispositivo manipuladoatualizando toda a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle (social) e or<strong>de</strong>nação e seu
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