36“grelha <strong>de</strong> proporções”, para Modulor (modulação – modu + seção <strong>de</strong> ouro – or),Artigas afirma que o novo nome obviamente visava facilitar o seu perfeitoentendimento na língua inglesa. Para Artigas, outro ponto on<strong>de</strong> “as verda<strong>de</strong>irasintenções” são explicitadas, vai ser na argumentação <strong>de</strong> Le Corbusier entre asqualida<strong>de</strong>s e as falhas dos dois sistemas <strong>de</strong> medidas, o métrico: “<strong>de</strong>sumano eabstrato”, e o pé-polegada: para Le Corbusier, “orgânico e superior”, já quebaseado no corpo humano (ARTIGAS, 1999:21). Entretanto, para Artigas atentativa <strong>de</strong> aproximação do Modulor com a indústria americana não se realizajamais, porque “o imperialismo não encontra uso imediato para as soluções <strong>de</strong>Le Corbusier”, uma vez que dispõe <strong>de</strong> outros meios <strong>de</strong> assegurar a penetração <strong>de</strong>seus produtos e sua i<strong>de</strong>ologia nos países menos <strong>de</strong>senvolvidos (ARTIGAS,1999:23).Nesse contexto, on<strong>de</strong> os ânimos estavam exaltados pelo complexo quadropolítico-cultural <strong>de</strong> início <strong>de</strong> Guerra Fria, a “ruptura da unida<strong>de</strong> abriu umabatalha i<strong>de</strong>ológica” e conduziu a uma revisão dos conceitos estabelecidos para aarte e <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna no país, levando à recusa da “alienação quereconhecia no ‘abstrato’ <strong>de</strong> algumas propostas artísticas que fizeram moda”, emfavor <strong>de</strong> um “realismo social, que queria tomar consciência dos acontecimentoshistóricos” (ARTIGAS, 1999:11). Desse ponto <strong>de</strong> vista, a linguagem“harmônica” <strong>de</strong> Le Corbusier estava claramente alinhada com o domíniocultural-político-econômico americano, cumprindo à socieda<strong>de</strong> brasileira a tarefa<strong>de</strong> repudiá-la (ARTIGAS, 1999:24).Paralelamente à proposição <strong>de</strong> Le Corbusier para o Modulor e ao ambienteconflituoso da época, surge em 1947 na França, a Organização Internacionalpara Estandartização, ISO (International Organization for Standartization), umaentida<strong>de</strong> não-governamental e internacional com participação <strong>de</strong> mais 140países, cujo objetivo estabelecido era promover o <strong>de</strong>senvolvimento daestandartização, facilitando a troca e o comércio internacional <strong>de</strong> bens e serviços,além <strong>de</strong> cooperação intelectual, científica, tecnológica e econômica (ISO,2001:1). Do ponto <strong>de</strong> vista da ISO, “standards são um conjunto <strong>de</strong> documentosque contém especificações técnicas, critérios precisos, regras, <strong>de</strong>finições <strong>de</strong>
37características” 25 , para assegurar que materiais, produtos e serviços, cumpramseus propósitos, com a qualida<strong>de</strong> universalmente (ISO, 2001:1).Tratando basicamente <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> processos, e não <strong>de</strong> produtos, aimplementação universal da estandartização ISO, iniciada já na década <strong>de</strong> 1950– em <strong>de</strong>trimento do Modulor corbusiano e à revelia dos arquitetosi<strong>de</strong>ologicamente comprometidos com a “resistência” – vai ser a consagração doprojeto <strong>de</strong> planificação e racionalização do sistema produtivo mo<strong>de</strong>rno. Esseprocesso, que já havia sido radicalmente acelerado pelas vanguardas, emespecial pela abordagem científica da construção e do <strong>de</strong>sign da “novaobjetivida<strong>de</strong>” – que havia aceitado ainda nas décadas <strong>de</strong> 1920 e 30 a “morte daaura” do objeto (TAFURI, 1985:45), propondo uma nova postura, on<strong>de</strong> à<strong>arquitetura</strong> não mais cabia a tarefa <strong>de</strong> produzir objetos, mas sim dar forma aprocessos que culminariam inevitavelmente em operações <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong>elementos universalmente padronizados – vai tomar novo e irreversível impulsocom o processo <strong>de</strong> normatização e estandartização universal pela ISO. Nessesentido, “perante a atualização das técnicas <strong>de</strong> produção e a expansão eracionalização do mercado, o arquiteto produtor <strong>de</strong> ‘objetos’ passa a sercertamente uma figura ina<strong>de</strong>quada” (TAFURI, 1985:72). Se para Tafuri essaafirmação já fazia sentido ao se referir ao contexto das décadas <strong>de</strong> 1920 e 30,com expansão fulminante das formas <strong>de</strong> produção e <strong>consumo</strong> <strong>de</strong> massa docapitalismo corporativo e a crescente globalização dos processos a partir dosanos 60 e 70, a sua confirmação fica cada vez mais evi<strong>de</strong>nte.Esse período vai ser marcado pela ruptura e substituição dos dogmas epostulados da <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna – que segundo Charles Jencks sucumbiramjunto com a implosão do edifício Pruitt Igoe, em “15 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1972 às 3:32da tar<strong>de</strong> (mais ou menos), quando a vários blocos do infame projeto <strong>de</strong>u-se o tiro<strong>de</strong> misericórdia com dinamite” 26 (JENCKS, 1984:9) – por processos muito maisfugazes e efêmeros. Simbolicamente, o projeto <strong>de</strong> uma <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rnainternacional estava acabado, como proclamavam os profetas do pósmo<strong>de</strong>rnismohistoricista. A <strong>arquitetura</strong> pós-mo<strong>de</strong>rna fez então, do retorno a um25 Tradução nossa. Texto original inglês.26 Tradução nossa. Texto original espanhol.
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