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arquitetura e consumo Cançado - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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35Em 1951, Artigas publicou na revista <strong>de</strong> cultura política “Fundamentos” – daqual participou como diretor – um texto intitulado “Le Corbusier e oimperialismo”. Nesse texto, em que o arquiteto discute a questão danormatização da construção no Brasil, o Modulor é apontado pelo arquitetocomo “ferramenta a serviço do imperialismo” americano. O texto é escrito epublicado em um momento on<strong>de</strong> o enfoque da discussão da construção no paísestava centrado no objetivo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação e sistematização da indústria daconstrução, “mediante um novo dimensionamento <strong>de</strong> todos os materiais eequipamentos”, tarefa <strong>de</strong>signada à ABNT, órgão diretamente ligado à Fe<strong>de</strong>raçãodas Indústrias (ARTIGAS, 1999:19).Perspectiva tentadora. É verda<strong>de</strong> que na construção civil o<strong>de</strong>sperdício é enorme. Os materiais têm as dimensões mais absurdaspossíveis, se comparados entre si, e o ajuste no canteiro éproblemático, dispendioso e imperfeito. [...] A palavra aos técnicos,e, no futuro, teremos realizações perfeitas, tudo encaixando às milmaravilhas, como se tratasse <strong>de</strong> um jogo infantil <strong>de</strong> cubos <strong>de</strong> armar.(ARTIGAS, 1999:19)Para Artigas, por trás do rigor científico, e da aparente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “pôror<strong>de</strong>m” à produção e à construção, subjaz a verda<strong>de</strong>ira intenção danormatização: possibilitar a penetração no país <strong>de</strong> produtos industrializadosproduzidos em outros países, principalmente Estados Unidos. Nesse sentido, anormatização ampla dos processos e da produção, visa o estabelecimento <strong>de</strong> umponto comum entre o sistema métrico <strong>de</strong>cimal – utilizado no Brasil (e em quasetodo o mundo) – e o sistema pé-polegada anglo-saxão, ou seja, “compor umalinguagem técnica universal que permita aos países <strong>de</strong> linguagem métricaenten<strong>de</strong>r os arabescos e as charadas armadas em pés-polegadas – lineares,quadradas e cúbicas...” (ARTIGAS, 1999:18). Para essa “harmonização” daslinguagens, algumas propostas já haviam sido apresentadas, sendo que Artigasvai se ocupar, em particular, da crítica à proposta <strong>de</strong> Le Corbusier, que para oautor é “sagaz, percebe a maré dos acontecimentos, e vem ao balcão doimperialismo com uma teoria sutil, misturada <strong>de</strong> sabor estético discutivel...”(ARTIGAS, 1999:20). Questionando “as verda<strong>de</strong>iras intenções” <strong>de</strong> LeCorbusier, “explicitadas claramente” na mudança <strong>de</strong> nome do sistema, <strong>de</strong>

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