34ajustada à realida<strong>de</strong> pós-guerra”, como observado na proposta para a Unitéd’Habitation. A busca por padrões, incansavelmente enfatizada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> omanifesto “Por uma Arquitetura” continuava, agora porém sem a preocupação <strong>de</strong>sempre com a “Estética da Máquina” 24 (CURTIS, 1986:162), abaladaprofundamente pela <strong>de</strong>monstração po<strong>de</strong>rosa dos efeitos da má utilização damáquina para a <strong>de</strong>struição em massa.A partir <strong>de</strong> então, <strong>de</strong>siludido com a realida<strong>de</strong> industrial e cada vezmais sob a influência “brutalista” do pintor Fernand Leger, seu estilocomeçou a tomar duas direções opostas ao mesmo tempo. Por umlado voltou, pelo menos em sua obra resi<strong>de</strong>ncial, à linguagem dovernáculo; por outro, [...], adotou uma monumentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zaclássica, para não dizer no estilo Beaux-arts. (FRAMPTON,1997:271)Nessa época, vai ser apresentada uma das mais polêmicas invenções doarquiteto: O Modulor. “Concebido para ser ‘uma medida harmônica à escalahumana, universalmente aplicada à <strong>arquitetura</strong> e à mecânica’”, foi apresentadopor Le Corbusier no ano <strong>de</strong> 1948 (durante esse período <strong>de</strong> redirecionamento <strong>de</strong>suas propostas). O Modulor ambicionava resolver, a partir <strong>de</strong> um mesmomecanismo, duas situações aparentemente diversas e/ou inconciliáveis: aobsessão pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> medidas e proporções universais baseadas na or<strong>de</strong>mclássica da “Seção Áurea” e a obsessão pela estandartização das medidas para aprodução industrial.No Brasil, o otimismo em relação à <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna dos primeiros edifíciose da primeira geração <strong>de</strong> arquitetos que teve contato direto com Le Corbusier - aquem se referiam como “Mestre” - produziu uma <strong>arquitetura</strong> inteiramentedirecionada pelos enunciados corbusianos. Dentre os principais <strong>de</strong>staca-se a“ossatura in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte”, a qual Lúcio Costa foi <strong>de</strong>fensor ardoroso, <strong>de</strong>smentindoqualquer qualificação como um “estilo reservado apenas a uma <strong>de</strong>terminadacategoria <strong>de</strong> edifícios”, mas como ”um sistema construtivo absolutamente geral”(COSTA, 1995:114). Esse cenário foi aos poucos substituído por uma visão maiscrítica e i<strong>de</strong>ológica do mo<strong>de</strong>rnismo europeu, praticada principalmente porVilanova Artigas.24 Tradução nossa. Texto original inglês.
35Em 1951, Artigas publicou na revista <strong>de</strong> cultura política “Fundamentos” – daqual participou como diretor – um texto intitulado “Le Corbusier e oimperialismo”. Nesse texto, em que o arquiteto discute a questão danormatização da construção no Brasil, o Modulor é apontado pelo arquitetocomo “ferramenta a serviço do imperialismo” americano. O texto é escrito epublicado em um momento on<strong>de</strong> o enfoque da discussão da construção no paísestava centrado no objetivo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação e sistematização da indústria daconstrução, “mediante um novo dimensionamento <strong>de</strong> todos os materiais eequipamentos”, tarefa <strong>de</strong>signada à ABNT, órgão diretamente ligado à Fe<strong>de</strong>raçãodas Indústrias (ARTIGAS, 1999:19).Perspectiva tentadora. É verda<strong>de</strong> que na construção civil o<strong>de</strong>sperdício é enorme. Os materiais têm as dimensões mais absurdaspossíveis, se comparados entre si, e o ajuste no canteiro éproblemático, dispendioso e imperfeito. [...] A palavra aos técnicos,e, no futuro, teremos realizações perfeitas, tudo encaixando às milmaravilhas, como se tratasse <strong>de</strong> um jogo infantil <strong>de</strong> cubos <strong>de</strong> armar.(ARTIGAS, 1999:19)Para Artigas, por trás do rigor científico, e da aparente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “pôror<strong>de</strong>m” à produção e à construção, subjaz a verda<strong>de</strong>ira intenção danormatização: possibilitar a penetração no país <strong>de</strong> produtos industrializadosproduzidos em outros países, principalmente Estados Unidos. Nesse sentido, anormatização ampla dos processos e da produção, visa o estabelecimento <strong>de</strong> umponto comum entre o sistema métrico <strong>de</strong>cimal – utilizado no Brasil (e em quasetodo o mundo) – e o sistema pé-polegada anglo-saxão, ou seja, “compor umalinguagem técnica universal que permita aos países <strong>de</strong> linguagem métricaenten<strong>de</strong>r os arabescos e as charadas armadas em pés-polegadas – lineares,quadradas e cúbicas...” (ARTIGAS, 1999:18). Para essa “harmonização” daslinguagens, algumas propostas já haviam sido apresentadas, sendo que Artigasvai se ocupar, em particular, da crítica à proposta <strong>de</strong> Le Corbusier, que para oautor é “sagaz, percebe a maré dos acontecimentos, e vem ao balcão doimperialismo com uma teoria sutil, misturada <strong>de</strong> sabor estético discutivel...”(ARTIGAS, 1999:20). Questionando “as verda<strong>de</strong>iras intenções” <strong>de</strong> LeCorbusier, “explicitadas claramente” na mudança <strong>de</strong> nome do sistema, <strong>de</strong>
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