11.07.2015 Views

arquitetura e consumo Cançado - MOM. Morar de Outras Maneiras.

arquitetura e consumo Cançado - MOM. Morar de Outras Maneiras.

arquitetura e consumo Cançado - MOM. Morar de Outras Maneiras.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

28A diferenciação européia, entre arquiteto e empreiteiro, no Brasil não vai serealizar, “sendo freqüente o próprio arquiteto respon<strong>de</strong>r – individualmente ouassociado a alguns colegas – pela direção <strong>de</strong> uma empresa construtora...”(BRUAND, 1981:22). Nesse sentido, o próprio estabelecimento da <strong>arquitetura</strong>como profissão reconhecida e legalizada no país, vai nascer com os profissionaisatrelados às empresas construtoras, “correndo sempre o risco inevitável <strong>de</strong> que oempresário suplante o artista” (BRUAND, 1981:22).Vilanova Artigas, um dos principais nomes da <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna no Brasil, éum exemplo <strong>de</strong>ssa situação relatada por Ives Bruand. Formado na Politécnicacomo engenheiro-construtor em 1937, foi durante alguns anos sócio da Marone eArtigas Construtora, especializada em casas particulares em São Paulo. Em umtexto <strong>de</strong> 1942, intitulado “Arquitetura e cultura nacionais”, Artigas discute comprofundida<strong>de</strong> a controversa questão entre construção, <strong>arquitetura</strong> e engenharia noBrasil:A <strong>arquitetura</strong> e a engenharia no Brasil não têm a mesma origem. Elasse confundiram não faz muito, talvez pela insignificância dosproblemas propostos à engenharia, num país <strong>de</strong> economia agrária erudimentar. E o engenheiro se fez <strong>de</strong> arquiteto por penúria.(ARTIGAS, 1999:115)Em seu <strong>de</strong>poimento, Artigas <strong>de</strong>ixa claro acreditar na “imensa contribuição da<strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna brasileira e <strong>de</strong> seus pioneiros no sentido <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>uma arte e uma cultura brasileiras originais e significativas” (ARTIGAS,1999:113). Por outro lado, o arquiteto se apresenta insatisfeito com a confusãoentre as atribuições da <strong>arquitetura</strong> e da engenharia. Para ele, as duas profissões“são contraditórias”, uma vez que “uma é essencialmente técnica; a outratambém tem conteúdo artístico-cultural” (ARTIGAS, 1999:115). Frente à<strong>de</strong>finição operacional-utilitária da arte <strong>de</strong> Le Corbusier, a afirmação <strong>de</strong> Artigaspo<strong>de</strong> ser interpretada ou como conservadora ou como <strong>de</strong> resistência àincorporação da arte e da cultura pelo sistema produtivo industrial do qual aengenharia se faz mais próxima. Por sua formação marxista e por suas<strong>de</strong>clarações a respeito das conseqüências da confusão entre <strong>arquitetura</strong> eengenharia, Vilanova Artigas se mostra claramente resistente à exploração do

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!