26medieval <strong>de</strong> Paris, a Cida<strong>de</strong> Radiosa é uma resposta às discussões promovidasno primeiro CIAM em 1928 acerca do Existenzminimum. O ponto comum entreas propostas é a ênfase no a<strong>de</strong>nsamento radical <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> indivíduos emaltas torres verticais e a completa liberação do solo associada aos pilotis, gerandoverda<strong>de</strong>iros parques e jardins propositadamente esvaziados: “A partir do décimoquartoandar, é a calma absoluta, é o ar puro” (LE CORBUSIER, 2000:33).Nessas propostas, Le Corbusier utiliza a metáfora orgânica – capaz <strong>de</strong>“naturalizar” a tecnologia – em substituição à metáfora da máquina paralegitimar o planejamento antiurbano e as exigências econômicas impositivas dosistema produtivo presentes em suas propostas. Para Tafuri, tal estratégia visaAbsorver a multiplicida<strong>de</strong>, mediar o improvável com a certeza doplano, compensar organicida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sorganicida<strong>de</strong> agudizando-lhes adialética, <strong>de</strong>monstrar que o nível máximo <strong>de</strong> programação produtivacoinci<strong>de</strong> com o máximo “produtivida<strong>de</strong> do espírito... (TAFURI,1985:86)Como forma <strong>de</strong> potencializar suas propostas e torná-las mais próximas das reais<strong>de</strong>mandas e exigências <strong>de</strong> sua época, Le Corbusier evoca a “estética doengenheiro”, uma o<strong>de</strong> à capacida<strong>de</strong> da engenharia <strong>de</strong> se “atingir a harmonia,inspirado pelas leis da economia e conduzido pelo cálculo” (CORBUSIER,2000:3). A abstração racionalmente universalizada, a exatidão matemática e atecnologia como bases <strong>de</strong> uma construção estética e produtiva da socieda<strong>de</strong> apartir do paradigma “naturalizado” <strong>de</strong> sua própria instrumentalização. O elogioao engenheiro vai ser um dos recursos da constante estratégia <strong>de</strong> aproximaçãoentre os avanços da técnica e a vida cotidiana através da <strong>arquitetura</strong>, diante daconstatação <strong>de</strong> que “não temos mais dinheiro para construir monumentoshistóricos” (LE CORBUSIER, 2000:6). Daí a urgência <strong>de</strong> novos paradigmas, dosquais o arquiteto não será apenas indispensável, mas capaz <strong>de</strong> propor soluçõespara questões urgentes: moradias em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s a um baixo custo <strong>de</strong>produção.“Se a arte é o ecletismo dos estilos, a <strong>arquitetura</strong> renunciará a ser arte, seráengenharia” (ARGAN, 1998:90). Le Corbusier ressuscita a antiga celeuma doséculo XIX entre os aspectos artísticos versus função utilitária na <strong>arquitetura</strong>: <strong>de</strong>
27um lado estavam os arquitetos do ecletismo historicista e do outro as gran<strong>de</strong>sobras da engenharia: as torres, as pontes, os pavilhões. Mas a arte para Corbusiertem um caráter <strong>de</strong> “aplicação dos conhecimentos”, no sentido <strong>de</strong> “realização <strong>de</strong>uma concepção” (LE CORBUSIER, 2000:7), conceito que imediatamentelegitima a instrumentalização operativa da engenharia como a mais pura forma<strong>de</strong> arte. “Ora, hoje são os engenheiros que conhecem, que conhecem a maneira<strong>de</strong> sustentar, <strong>de</strong> aquecer, <strong>de</strong> ventilar, <strong>de</strong> iluminar. Não é verda<strong>de</strong>?” (LECORBUSIER, 2000:7).No Brasil, a incorporação do repertório da <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna via Le Corbusierse dá em todos os níveis da vida cotidiana, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> reproduções <strong>de</strong> seus elementoscaracterísticos até a incorporação por parte dos engenheiros dos procedimentos edas vantagens óbvias <strong>de</strong> um discurso orientado para a completa racionalização eotimização dos processos <strong>de</strong> construção e produção das edificações (SEGAWA,1998:129). Além disso, o repertório estrutural e construtivo do esquemacorbusiano Dom-Ino já fora incorporado consi<strong>de</strong>ravelmente nas construções,principalmente pelo domínio das técnicas e pela disponibilida<strong>de</strong> do concretoarmado no país (SEGAWA, 1998:149). Outro fator fundamental ao êxito doconcreto armado no Brasil foi o econômico, “pois seus componentes básicos [...]eram encontrados em qualquer lugar, a preços muito baixos”. Além disso, “apreparação do concreto no próprio canteiro <strong>de</strong> obras não exigia operáriosqualificados” (BRUAND, 1981:16).Mas as relações entre a <strong>arquitetura</strong> e a engenharia no país são difusas econflitantes, e a construção civil sofria <strong>de</strong> uma completa falta <strong>de</strong> organização,sendo dominada principalmente por mestres-<strong>de</strong>-obras autodidatas. Em 1930,buscando solucionar essa questão, a regulamentação do <strong>de</strong>creto 23.569reconheceu as funções dos arquitetos e restringiu a ativida<strong>de</strong> dos construtores,abrindo porém a exceção aos mestres-<strong>de</strong>-obras que obtiveram o direito <strong>de</strong> usar otítulo <strong>de</strong> arquitetos-construtores (BRUAND, 1981:22).O problema se agravara ainda mais porque era difícil estabelecer umlimite entre as atribuições dos arquitetos e dos engenheiros civis, ealém do mais em muitos casos tanto uns quanto outros formavam-sena mesma escola (a Escola Politécnica <strong>de</strong> São Paulo,principalmente). (BRUAND, 1981:22)
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