22vir ao Brasil como consultor do projeto do edifício para o então Ministério daEducação e da Saú<strong>de</strong>, MES (1936-1945). “Na realida<strong>de</strong>, os arquitetosapropriaram-se dos ensinamentos teóricos corbusianos, mas estavam insegurosdo resultado final a ponto <strong>de</strong> solicitarem um parecer do próprio mestre...”,afirmou o próprio Lúcio Costa (COSTA, apud SEGAWA, 1998:90).“Consi<strong>de</strong>rado o ponto inicial <strong>de</strong> uma <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> feitio brasileiro”(SEGAWA, 1998:92), no edifício se fizeram presentes todos os “cinco pontos”da cartilha corbusiana mais os brises-soleil (quebra-sol), reinterpretados porLúcio Costa e equipe. 19 A idéia <strong>de</strong> <strong>arquitetura</strong> como “arte-total”, tão cara aosarquitetos mo<strong>de</strong>rnos, foi posta em prática com a participação <strong>de</strong> CândidoPortinari (murais e azulejos), Roberto Burle Marx (responsável pelos jardins eterraço-jardim) e Bruno Giorgi (esculturas).Do ponto <strong>de</strong> vista construtivo, o edifício do Ministério po<strong>de</strong> ser entendido comoum <strong>de</strong>safio ao sistema estrutural Dom-Ino <strong>de</strong> Le Corbusier. “Os principaisproblemas estruturais estavam relacionados com os pilotis, com ocontraventamento do edifício, com a espessura reduzida reservada para as lajes”(VASCONCELOS, 1992:29). Segundo o projeto coor<strong>de</strong>nado por Lúcio Costa –totalmente concebido em concreto armado – as lajes <strong>de</strong>veriam sercompletamente planas e lisas, e as lajes tipo “cogumelo” com capitéis robustos,passíveis <strong>de</strong> serem utilizadas, exigiriam vigas intermediárias aparentes entre ospilares. A solução encontrada pelo então engenheiro responsável pelo cálculo,Emílio Baumgart, foi <strong>de</strong> inverter as vigas, colocando-as com a parte maisespessa para cima. Assim, mantida a condição dos tetos internos lisos econtínuos, no pavimento superior os vazios entre as vigas seriam completadoscom enchimento <strong>de</strong> qualquer material leve, sendo que todas as instalaçõespassariam pela camada <strong>de</strong> enchimento, posteriormente complementado com opiso especificado pelos arquitetos. “Foi a primeira vez que se usou no Brasil taltipo <strong>de</strong> laje ‘cogumelo’ cujo dimensionamento se <strong>de</strong>senvolveu em total<strong>de</strong>sobediência a todas as normas” (VASCONCELOS, 1992:29). O edifício,19 Equipe: Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Machado Moreira, Ernani Vasconcelos, OscarNiemeyer.
23<strong>de</strong>vido à sua verticalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>mandava <strong>de</strong> Baumgart uma solução engenhosatambém para o conseqüente contraventamento entre as lajes e pilares.A utilização dos pilotis impedia que se aproveitassem pare<strong>de</strong>s dotérreo para embutir nas mesmas elementos estruturais resistentes aovento. As pare<strong>de</strong>s extremas que continuavam no térreo, estavamrecuadas, quebrando a continuida<strong>de</strong> necessária ao bomfuncionamento como elemento enrijecedor. (VASCONCELOS,1992:29)A solução encontrada pelo engenheiro foi atribuir às lajes planas a função <strong>de</strong>vigas dispostas horizontalmente, que apoiadas nas pare<strong>de</strong>s cegas laterais e noconjunto <strong>de</strong> escadas e elevadores, funcionavam transferindo as cargas para oandar térreo, cuja laje foi apropriadamente dimensionada para suportar taisesforços (VASCONCELOS, 1992:29). A solução permitiu a eliminação <strong>de</strong> vigas<strong>de</strong> transição internas, e todo o sistema estrutural funcionava sem qualquerinterferência ao espaço interno, o que proporcionou aos arquitetos umaadaptação para a questão <strong>de</strong> conforto térmico. Todas as divisórias internas foramconcebidas à meia altura, permitindo o movimento natural <strong>de</strong> circulação cruzadado ar e uma maior incidência <strong>de</strong> luz.Se o edifício do MES vai ser o veículo da aproximação dos arquitetos brasileirosdos princípios e postulados da <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna corbusiana, a suaexeqüibilida<strong>de</strong> construtiva vai ser viabilizada graças à reinterpretação estruturalpor parte <strong>de</strong> Emílio Baumgart do sistema Dom-Ino proposto por Le Corbusier.No edifício, vão se encontrar então, do ponto <strong>de</strong> vista estrutural, as duasvertentes principais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do concreto armado para construçãocivil. O sistema Dom-Ino corbusiano, que como <strong>de</strong>rivação das experiências <strong>de</strong>Auguste Perret guardava em sua forma a concepção estrutural <strong>de</strong>senvolvida porFrançois Hennebique, “o primeiro a compreen<strong>de</strong>r na Europa a função dasarmaduras <strong>de</strong> concreto” (VASCONCELOS, 1992:12), e o concretoindustrializado da empresa alemã Wayss & Freytag, ambos <strong>de</strong>senvolvidosparalelamente a partir da matriz estrutural <strong>de</strong> Hennebique.O sistema estrutural <strong>de</strong> Hennebique para o concreto armado funcionava segundoos princípios das estruturas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com lajes, pilares e vigas. Durante vários
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