18O <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>ssa <strong>arquitetura</strong>-máquina mo<strong>de</strong>rna – como todos os produtosindustriais – era, portanto, ser inevitavelmente disponibilizada em gran<strong>de</strong>squantida<strong>de</strong>s para sua comercialização em massa, e para isso seria fundamentalsua ampla divulgação para o público em geral, ávido por novida<strong>de</strong>s. O sucessoda “máquina-<strong>de</strong>-morar” mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong>pendia então, <strong>de</strong> um marketing à altura <strong>de</strong>suas ambições revolucionárias; tal qual a própria idéia da “Era da Máquina”,legitimada como o conceito mais apropriado para <strong>de</strong>finir esse período histórico,foi exaustivamente estimulada pela indústria da propaganda do sistemaprodutivo mo<strong>de</strong>rno (COLOMINA, 1994:156). Le Corbusier estava infiltradonesse sistema, e sua ênfase nas transformações dos processos <strong>de</strong> produção nãoera apenas filosófica ou metafórica; seus interesses eram, sobretudo, <strong>de</strong> inserçãoda <strong>arquitetura</strong> no circuito <strong>de</strong> produção, promoção e comercialização capitalista(COLOMINA, 1994:159). Para isso, em 1920, em parceria com a fábricafrancesa <strong>de</strong> aviões Voisin, Le Corbusier havia publicado em sua revista L’EspritNouveau (1920-25) as Casas Voisin, uma série <strong>de</strong> dois protótipos <strong>de</strong> casas préfabricadasvendidos por encomenda através da revista (COLOMINA, 1994:159).Em 1927 Corbusier havia construído sua Casa Citrohan em Stuttgart, cujo nomedado pelo arquiteto era uma referência à marca francesa <strong>de</strong> automóveis Citroën(Citroën + habitation), sugerindo que a padronização e a excelência do seu<strong>de</strong>sign estavam <strong>de</strong> acordo com os objetos mais avançados da época. Comomostra Beatriz Colomina (1994:159), os limites entre a <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna esua própria publicida<strong>de</strong> estavam cada vez mais in<strong>de</strong>finidos:A preocupação <strong>de</strong> Le Corbusier com as suas condiçõescontemporâneas <strong>de</strong> produção era necessariamente uma preocupaçãocom os mecanismos que sustentam esta produção: propaganda, massmedia e publicida<strong>de</strong>. 10L’Esprit Nouveau, nesse sentido, era <strong>de</strong>liberadamente uma publicação com finscomerciais, <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> produtos, e <strong>de</strong> marketing do próprio trabalho eidéias do arquiteto. Para Manfredo Tafuri e sua “crítica i<strong>de</strong>ológica” empenhadana releitura da história da <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna, as relações entre a <strong>arquitetura</strong>mo<strong>de</strong>rna e o sistema industrial capitalista são claras, apesar <strong>de</strong> todo o esforço da10 Tradução nossa. Texto original inglês.
19“crítica operativa”, praticada por autores como Sigfried Giedion e Bruno Zevi,no sentido <strong>de</strong>:Uma análise da <strong>arquitetura</strong> (ou da arte em geral) que, ao invés <strong>de</strong> umexame abstrato, tem como objetivo o planejamento preciso <strong>de</strong> umatendência poética, antecipada em sua estrutura e <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> análiseshistóricas programaticamente distorcidas e finalizadas. 11 (TAFURI,1980:141)Assim, para Tafuri, a <strong>arquitetura</strong> mo<strong>de</strong>rna e os procedimentos dos arquitetosincluindo o próprio Le Corbusier, não po<strong>de</strong>m ser entendidos separadamente dainfraestrutura econômica da socieda<strong>de</strong> operada pelo mecanismo capitalista,como interpretado pela “crítica operativa”.Tafuri enxerga o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização como um<strong>de</strong>senvolvimento social caracterizado por uma racionalização sempreem expansão e uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> amplo alcance.Dentro <strong>de</strong>sse processo [...], os movimentos <strong>de</strong> vanguarda<strong>de</strong>sempenham uma série <strong>de</strong> tarefas que <strong>de</strong> fato incrementam essamo<strong>de</strong>rnização. 12 (HEYNEN, 1999:129)Entretanto, ao potencializar o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização produtiva, a <strong>arquitetura</strong>mo<strong>de</strong>rna “atolou-se” irreversivelmente na contradição <strong>de</strong> querer ser a“mediadora” entre a indústria e um planejamento novo e total da vida cotidiana.Contradição que só po<strong>de</strong>ria ser resolvida por uma forma <strong>de</strong> planejamentoinstituída <strong>de</strong> fora da própria <strong>arquitetura</strong>, ou “uma reestruturação da produção edo <strong>consumo</strong> em geral; por outras palavras, [...] uma coor<strong>de</strong>nação planificada daprodução” em todos os âmbitos da socieda<strong>de</strong> (TAFURI, 1985:68). Para osarquitetos mo<strong>de</strong>rnos, aceitar tais conseqüências <strong>de</strong>veria significar que a“<strong>arquitetura</strong> não seria mais o agente do plano, mas seu objeto” 13 , e isto era algoque não podiam aceitar (HEYNEN, 1999:133). Para Tafuri, “a culturaarquitetônica entre 1920 e 1930 não está pronta a aceitar tais conseqüências”.Nesse período, o que estava claro era “a sua tarefa ‘política’, como enunciadopor Le Corbusier: “a <strong>arquitetura</strong> – ler: a programação e a reorganizaçãoplanificada da produção <strong>de</strong> edifícios e da cida<strong>de</strong> como organismo produtivo –11 Tradução nossa. Texto original inglês.12 Tradução nossa. Texto original inglês.13 Tradução nossa. Texto original inglês.
- Page 1 and 2: 3Lugares-Comuns CLASSIFICADOS: arqu
- Page 3 and 4: 5SUMÁRIORESUMO/ABSTRACT...........
- Page 5 and 6: 3RESUMOEste trabalho investiga as r
- Page 7 and 8: 5de planta . Um apartamento por and
- Page 9 and 10: 7extinção após um último “sol
- Page 11 and 12: 9capital imobiliário e produtor de
- Page 13 and 14: 11questão decorativa e ornamental
- Page 15 and 16: 13_________________________________
- Page 17 and 18: 15a preocupação construtiva da ar
- Page 19: 17de novos bairros e até mesmo de
- Page 23 and 24: 21cumpriu e continua a cumprir o se
- Page 25 and 26: 23devido à sua verticalidade, dema
- Page 27 and 28: 25No MES, os enunciados de Le Corbu
- Page 29 and 30: 27um lado estavam os arquitetos do
- Page 31 and 32: 29engenheiro e do arquiteto pela in
- Page 33 and 34: 31terminal rodoviário, museu de ar
- Page 35 and 36: 33Quanto a empresas construtoras es
- Page 37 and 38: 35Em 1951, Artigas publicou na revi
- Page 39 and 40: 37características” 25 , para ass
- Page 41 and 42: 39Nesse período, o processo de des
- Page 43 and 44: 41basicamente utilizado sob a forma
- Page 45 and 46: 43_________________________________
- Page 47 and 48: 45Com o sistema de telefonia portá
- Page 49 and 50: 47vida proposto e a logomarca da em
- Page 51 and 52: 49potencializar a ficção do consu
- Page 53 and 54: 51espaços progressivamente mais fu
- Page 55 and 56: 53Como mostra a autora, ao lado de
- Page 57 and 58: 55lógica do produtor procura a mas
- Page 59 and 60: 57e fértil novamente” 42 (HITCHC
- Page 61 and 62: 59No Brasil, os parâmetros e princ
- Page 63 and 64: 61mais duras críticas dirigidas à
- Page 65 and 66: 63esses desenhos. São estudos de m
- Page 67 and 68: 65inteiramente novos, novas maneira
- Page 69 and 70: 67capacidade de informar sobre tecn
- Page 71 and 72:
69Marca expandida: a política das
- Page 73 and 74:
71Salão de jogos . Sala de reuniõ
- Page 75 and 76:
73O século XX fez da arquitetura h
- Page 77 and 78:
75Desde a sua invenção no Renasci
- Page 79 and 80:
77Quando “entre a realidade e o i
- Page 81 and 82:
79...de modo que (visão completame
- Page 83 and 84:
81“fetichização do objeto artí
- Page 85 and 86:
83.................................
- Page 87 and 88:
85“uma revolução teria de ser f
- Page 89 and 90:
87(COSTA, 1995:284). Como as utopia
- Page 91 and 92:
89Se uma das premissas fundamentais
- Page 93 and 94:
91residência” (LE CORBUSIER, 200
- Page 95 and 96:
93objetivo do lucro. “Como projet
- Page 97 and 98:
95Lefebvre 89 (1972:74), a caracter
- Page 99 and 100:
9716. KITSCH_______________________
- Page 101 and 102:
99sentido de um futuro que vai ser
- Page 103 and 104:
101qual os indivíduos podem sem do
- Page 105 and 106:
103últimos [grande massa de incult
- Page 107 and 108:
105Quando reeditado por L’Esprit
- Page 109 and 110:
107ser radicalmente combatido por u
- Page 111 and 112:
109CORBUSIER, 1996:72). Para o arqu
- Page 113 and 114:
111A obsessão de Le Corbusier com
- Page 115 and 116:
113autênticas as formas e o cotidi
- Page 117 and 118:
115parecendo absurdo afirmar que
- Page 119 and 120:
117liberdade privada, desenvolver s
- Page 121 and 122:
119meio-termo, “através desta ac
- Page 123 and 124:
121bocas, lava-louças, depurador d
- Page 125 and 126:
123industrial - e articulava então
- Page 127 and 128:
125utopia moderna; hoje, juntos em
- Page 129 and 130:
127imobiliária, há também, “de
- Page 131 and 132:
129“felicidade positiva”, direc
- Page 133 and 134:
131EAGLETON, Terry. A ideologia da
- Page 135 and 136:
133PAZ, Octavio. Marcel Duchamp ou
- Page 137 and 138:
13523. ANEXO (Empresas) ∗Abyara P
- Page 139 and 140:
137EZ TEC Engenharia e Construçõe