118própria, <strong>de</strong> uma ascese, mas <strong>de</strong> um conforto do empilhamento, <strong>de</strong> uma percepçãopossessiva da idéia <strong>de</strong> reino: meu lar é meu castelo” (MOLES, 2001:102).A <strong>arquitetura</strong> imobiliária oferece “em primeiro lugar, [...] prazer ao indivíduo, oumelhor, [...] espontaneida<strong>de</strong> no prazer que parece alheia à idéia do belo ou dofeio transcen<strong>de</strong>nte”; permite aos seus consumidores “a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>participação limitada e por procuração, dando-lhe acesso à extravagância”(MOLES, 2001:76). Ao propiciar o prazer aos membros da socieda<strong>de</strong>“espetacular” lhes permite o acesso a exigências suplementares da vidacontemporânea e a passar da sentimentalida<strong>de</strong> à experiência. Nesse sentido,<strong>arquitetura</strong> imobiliária é o i<strong>de</strong>al estético da felicida<strong>de</strong>, na “aceitação social doprazer pela comunhão secreta com um ‘mau gosto’ repousante e mo<strong>de</strong>rado”(MOLES, 2001:28). Permite que os dois gran<strong>de</strong>s temas inerentes à construção dafelicida<strong>de</strong> contemporânea apontados por Edgar Morin (2000:127) se completem– “um que privilegia o instante i<strong>de</strong>al da projeção imaginária, outro que estimulaum hedonismo <strong>de</strong> todos os instantes da vida vivida” – na convergência entreconsumir e habitar para um mesmo instante espacial.A <strong>arquitetura</strong> imobiliária, <strong>de</strong>ntro da lógica da sua própria produção –racionalmente explorada e repetida ao infinito – on<strong>de</strong> todos os movimentos e as<strong>de</strong>cisões são tomados utilitariamente em função do lucro, o mecanismo capaz <strong>de</strong>transportar esse produto para um campo significante é um ato rudimentar porém<strong>de</strong>cisivo: escolha. Se a escolha faz o ready-ma<strong>de</strong>, no caso da <strong>arquitetura</strong>imobiliária, o ato da escolha incumbido ao consumidor <strong>de</strong>fine quais são osprodutos passíveis <strong>de</strong> ingressarem na esfera dos objetos possuídos <strong>de</strong> algumvalor. A escolha do consumidor é a legitimação final do objetivo estabelecidopela marca: significar.A <strong>arquitetura</strong> imobiliária baseia-se em 5 pontos ou procedimentos principais:“ina<strong>de</strong>quação, sempre e ao mesmo tempo, bem e mal situada: ‘bem’, ao nível darealização cuidada e acabada, ‘mal’ no sentido <strong>de</strong> que a concepção está sempreamplamente distorcida”; da acumulação, ou o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> “sempre mais”; dasinestesia, que “se vincula ao da acumulação e consiste em ‘assaltar’ o máximo<strong>de</strong> canais sensoriais simultaneamente ou <strong>de</strong> maneira justaposta (arte-total)”;
119meio-termo, “através <strong>de</strong>sta acumulação <strong>de</strong> meios, <strong>de</strong>ste vasto display <strong>de</strong> objetos”a <strong>arquitetura</strong> imobiliária “fica a meio caminho do novo, opondo-se ao novo epermanecendo, essencialmente, [...] aceitável para a massa e proposta a ela comoum sistema”; conforto, “a idéia <strong>de</strong> sentir-se em harmonia, <strong>de</strong> uma pequenadistância e <strong>de</strong> uma exigência média, conduzem em geral à aceitação fácil e aoconforto [...], a toda esta gama <strong>de</strong> sensações, sentimentos, [...] <strong>de</strong> espontaneida<strong>de</strong>perceptiva...” (MOLES, 2001:70).A <strong>arquitetura</strong> imobiliária se caracteriza pela obssessão com a “segurança diantedas eventualida<strong>de</strong>s do mundo exterior, proposta como valor i<strong>de</strong>al” e com aafirmação <strong>de</strong> suas próprias virtu<strong>de</strong>s, reforçando a tese <strong>de</strong> que “jamais se colocaem questão um modo <strong>de</strong> vida ou um sistema econômico baseados na acumulaçãocriadora”.A <strong>arquitetura</strong> imobiliária está assentada sobre o “sistema possessivo como valoressencial” – on<strong>de</strong> o que seu habitante “é o que ele é através <strong>de</strong> suas posses:tamanho do apartamento, altura do tetos”, etc. –, do “conforto do coração” e do“ritual <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> vida, o chá, a organização do serviço, as regras <strong>de</strong>recepção...” (MOLES, 2001:91).A <strong>arquitetura</strong> imobiliária “permanece essencialmente um sistema estético <strong>de</strong>comunicação <strong>de</strong> massa” (MOLES, 2001:77). A universalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste fenômeno”constitui um dos fatores fundamentais <strong>de</strong> um sistema social on<strong>de</strong> somenteaqueles que possuem têm algum peso, já que possuem um estilo <strong>de</strong> vida”.A <strong>arquitetura</strong> imobiliária é, por <strong>de</strong>finição, uma relação do homemcontemporâneo (consumidor) com a <strong>arquitetura</strong>, muito mais do que uma<strong>arquitetura</strong>, constitui, precisamente, um modo estético <strong>de</strong> relação com oambiente, uma anti-<strong>arquitetura</strong> solidária da própria <strong>arquitetura</strong>: o modo estéticoda vida cotidiana contemporânea.
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