11.07.2015 Views

arquitetura e consumo Cançado - MOM. Morar de Outras Maneiras.

arquitetura e consumo Cançado - MOM. Morar de Outras Maneiras.

arquitetura e consumo Cançado - MOM. Morar de Outras Maneiras.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

105Quando reeditado por L’Esprit Nouveau 110 em 1920, “Ornamento e crime”cumpriu “dupla função: sustentou a exigência <strong>de</strong> Le Corbusier quanto a umareforma da <strong>arquitetura</strong> e o abandono dos estilos <strong>de</strong> catálogo” e também apoiou acampanha perturbadora Dadaísta <strong>de</strong> <strong>de</strong>smistificação da obra <strong>de</strong> arte autêntica(BANHAM, 1991:137).O processo radical e irreversível <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição da “aura” da arte sustentada naautenticida<strong>de</strong> da própria obra já havia iniciado em 1917 quando MarcelDuchamp apresentou o seu “Fontaine” na “Society for In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt Artists” <strong>de</strong>Nova York, que tinha como inspiração o “Salon <strong>de</strong> Indépen<strong>de</strong>nts <strong>de</strong> Paris” eon<strong>de</strong> qualquer um “que pagasse seis dólares podia apresentar dois trabalhos”(CAVALCANTI, 2000:18). A “Fonte” que Duchamp apresentou, provocando osresponsáveis pela escolha dos trabalhos, era um mictório <strong>de</strong> porcelana comumproduzido em série, porém assinado em sua base “R. Mutt” (o nome da empresaque fabricava peças sanitárias). Entretanto, a recepção foi negativa e o trabalhosuprimido da mostra.A “Fonte” é uma das primeiras obras a questionar <strong>de</strong>liberada eirreversivelmente o seu próprio “status” como arte, além <strong>de</strong>questionar o contexto das exposições, os critérios e expectativas dopúblico que tinham tradicionalmente conferido esse “status”.(CAVALCANTI, 2000:18)Com a provocação <strong>de</strong> Duchamp a arte, ou o procedimento do artista, reduziu-sea um único ato <strong>de</strong>cisivo: a escolha. A escolha faz o ready-ma<strong>de</strong>. “Com o readyma<strong>de</strong>,o ato criativo foi reduzido a um nível espantosamente rudimentar [...],intelectual e largamente aleatório <strong>de</strong> chamar “arte” a este ou aquele objeto”(CAVALCANTI, 2000:19). Assim, Duchamp transforma o plano e o significadodo ato da escolha – que passam a ter precedência sobre a forma – no puro atoestético. “Uma pedra é igual a outra pedra e um saca-rolhas é igual a outro sacarolhas.A semelhança entre as pedras é natural e involuntária; entre os objetosmanufaturados é artificial e <strong>de</strong>liberada”. Para Octavio Paz, “a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dosaca-rolhas é uma conseqüência <strong>de</strong> seu significado: são objetos produzidos parase extrair rolhas, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre as pedras carece, em si mesma, <strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!