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arquitetura e consumo Cançado - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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100do capitalismo”, justamente porque a <strong>arquitetura</strong> “opera em ambas esferas: éinquestionavelmente uma ativida<strong>de</strong> cultural, mas somente po<strong>de</strong> se realizar <strong>de</strong>ntrodo mundo do dinheiro e do po<strong>de</strong>r” 98 (HEYNEN, 1999:11). É nesse contexto queum embate crucial ao <strong>de</strong>senvolvimento da própria mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> vai ser travado.As contradições e as impossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atuação da <strong>arquitetura</strong> como mediadoraprivilegiada entre uma nova forma para os objetos e a própria organização da suaprodução mesma <strong>de</strong>ntro do sistema das relações do capitalismo industrialmo<strong>de</strong>rno serão explicitadas. Nesse embate, as vanguardas, imbuídasi<strong>de</strong>ologicamente da função <strong>de</strong> tornar autêntica através da “estratégia do choque”a instrumentalização radical do cotidiano engendrada pelo “universo daprecisão” tecnológica (TAFURI, 1985:35), vão <strong>de</strong>clarar como inimigofundamental as operações <strong>de</strong> amortecimento kitsch 99 , que dissimulam a frieza dafuncionalida<strong>de</strong> pura dos instrumentos. Assim, o fenômeno do nascimento dasvanguardas artísticas é historicamente ligado a uma reação imediata ao kitsch, e“ambos, vanguardas e kitsch po<strong>de</strong>m ser vistos como reações à experiência dafissura que é típica da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>” 100 (HEYNEN, 1999:26). “Contra ospseudo-valores do kitsch, as vanguardas propõem os i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> pureza eautenticida<strong>de</strong>” (HEYNEN, 1999:27) necessários à legitimação da nova forma:“as leis da produção passam assim a fazer parte <strong>de</strong> um novo universo [...]apresentadas explicitamente como ‘naturais’” (TAFURI, 1985:62).Segundo Abraham Moles, “o kitsch é o produto <strong>de</strong> um dos êxitos maisuniversalmente incontestes da civilização [...]: a criação <strong>de</strong> uma arte <strong>de</strong> viver aomesmo tempo tão refinada, tão flexível e <strong>de</strong>talhada, que foi capaz <strong>de</strong> conquistaro planeta...” (MOLES, 2001:223). O kitsch, argumentam as vanguardas, “éprazeroso; foca-se em um divertimento fácil; é mecânico, acadêmico e clichê” 101e por isso seu procedimento “lustra os efeitos das rupturas características da vidamo<strong>de</strong>rna.” 102 Para as vanguardas, o kitsch “mantém a ilusão da totalida<strong>de</strong> pela98 Tradução nossa. Texto original inglês.99 “A palavra kitsch, no sentido mo<strong>de</strong>rno, aparece em Munique, por volta <strong>de</strong> 1860, palavra bem conhecidado alemão do sul: kitschen, quer dizer atravancar, e em particular, fazer móveis novos com velhos, é umaexpressão bem conhecida; verkitschen, quer dizer trapacear, receptar, ven<strong>de</strong>r alguma coisa em lugar doque havia sido combinado. Nesse sentido, existe um pensamento ético pejorativo, uma negação doautêntico.” (MOLES, 2001:10)100 Tradução nossa. Texto original inglês.101 Tradução nossa. Texto original inglês.102 Tradução nossa. Texto original inglês.

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