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A Ascensão da Classe CriativaRichard FloridaCientistas da Universidade Carnegie Mellon testam robô que joga futebol, criado a partir de dispositivo de transporte pessoal Segway(à esquerda, Segway inalterado)A prosperidade e o sucesso pessoal dos americanos cada vezmais dependem de jovens trabalhadores e de outros quemostram criatividade, individualidade, diferença e mérito.Richard Florida é professor de Administração eCriatividade na Escola de Administração Rotman, daUniversidade de Toronto, onde também é diretor acadêmicodo Lloyd and Delphine Martin Prosperity Institute.Recentemente escreveu Who’s Your City? [Qual a Identidadeda sua Cidade?] Este ensaio é um excerto de seu artigo “AAscensão da Classe Criativa” publicado originalmente narevista Washington Monthly.Nota: Todos os anos, empresas grandes e pequenas fazem“recrutamento” nos campi universitários, especialmentenos campi das universidades mais conceituadas (como aCarnegie Mellon), enviando funcionários para conhecere tentar contratar alunos. Na maioria das vezes, osestudantes mais procurados não se enquadram noestereotipo daqueles com as melhores notas nem dos quecomparecem às entrevistas mais bem vestidos, mas, em vezdisso, são aqueles que mostram mais criatividade.Quando caminhava pelo campus daUniversidade Carnegie Mellon, emPittsburgh, em um belo dia de primavera,deparei-me com uma mesa repleta dejovens que conversavam e desfrutavam do tempoexcelente. Muitos vestiam camisetas azuis idênticascom a inscrição “Trilogy@CMU” — Trilogy é umaempresa de software de Austin, com sede no Texas,conhecida por recrutar nossos melhores alunos.Caminhei na direção da mesa. “Vocês estão aquipara recrutar?”, perguntei. “Não, de modo algum”,responderam com firmeza. “Não somos olheiros.Estamos apenas passando o tempo e jogandoum pouco de Frisbee com nossos amigos.” Queinteressante, pensei. Eles vieram ao campus num diaútil, fizeram todo o trajeto desde Austin, só parapassar o tempo com alguns novos amigos.Notei um membro do grupo deitado na grama,vestindo uma regata tank top. Esse jovem tinha o cabelomulticolorido e espetado, o corpo coberto de tatuagense vários piercings nas orelhas. Um preguiçoso, pensei,Gene J. Puskar/© AP ImageseJournal USA 28

provavelmente toca em uma banda. “E então, qual é suahistória?”, perguntei. “Oi, acabei de assinar contrato comesses caras.” Na verdade, como soube mais tarde, ele eraum estudante talentoso que havia firmado o contratomais bem pago a um graduando na história do seudepartamento, exatamente nessa mesa sobre a grama, comos olheiros que não “recrutam”.Que mudança em relação aos meus tempos defaculdade, há pouco mais de 20 anos, quando os alunosvestiam suas melhores roupas e escondiam cuidadosamentequaisquer tendências contracultura para mostrar que eramadequados à empresa. Atualmente, ao que parece, é aempresa que tenta se adequar aos estudantes. Na verdade,a Trilogy levou-o para comer e beber em festas regadas amargaritas em Pittsburgh e o mandou de avião a Austinpara participar de festas particulares em casas noturnas damoda e a bordo de barcos da empresa. Quando telefoneiao pessoal que o recrutou para perguntar a razão, elesresponderam: “É simples. Nós o queremos porque ele éum astro do rock.”Embora estivesse interessado na mudança da estratégiade recrutamento das empresas, algo me surpreendeuainda mais. Esse era outro exemplo de jovem talentosoque deixa Pittsburgh. (…) Perguntei ao jovem de cabeloespetado por que estava indo para uma cidade menorno meio do Texas, um lugar com aeroporto pequeno esem times profissionais de esporte, sem uma sinfônicade peso, um grupo de balé, uma ópera ou um museude arte comparáveis aos de Pittsburgh. A empresa éexcelente, disse ele. Também há pessoas incríveis e otrabalho é desafiador. Mas o principal, disse ele, é que“é em Austin!” Há muitos jovens, seguiu explicando, euma infinidade de coisas para fazer: um cenário musicalpromissor, diversidade étnica e cultural, excelentes opçõesde recreação ao ar livre e uma vida noturna fantástica.Embora tivesse várias boas ofertas de trabalho de empresasde alta tecnologia em Pittsburgh e conhecesse bem acidade, ele disse que achava que a cidade não tinha opçõesde estilos de vida, diversidade cultural, nem atitudestolerantes que pudessem torná-la atraente. Assim, resumiuele: “Como poderia me enquadrar aqui?”Esse jovem e as tendências de seu estilo de vidarepresentam uma profunda nova força na economiae na vida dos Estados Unidos. Ele faz parte do quechamo de classe criativa: um segmento da forçade trabalho de crescimento rápido, com excelenteformação e extremamente bem-pago, de cujo esforçoas empresas dependem cada vez mais para obtençãode lucros e crescimento econômico. Os membros daclasse criativa executam grande variedade de trabalhoem ampla diversidade de indústrias — da tecnologia aoentretenimento, do jornalismo às finanças, da fabricaçãosofisticada às artes. Conscientemente eles não pensam emsi mesmos como uma classe. No entanto, compartilhamum etos comum que valoriza criatividade, individualidade,diferença e mérito.A secretária criativaA característica distintiva da classe criativa é que seusmembros envolvem-se em atividades cuja função é “criarnovas formas significativas”. O centro supercriativo dessanova classe inclui cientistas e engenheiros, professoresuniversitários, poetas e romancistas, artistas, profissionaisdo entretenimento, atores, designers e arquitetos, bemcomo a “liderança inovadora” da sociedade moderna:escritores de não-ficção, editores, figuras da área cultural,pesquisadores de centros de pesquisa, analistas e outrosformadores de opinião. Os membros desse gruposupercriativo produzem novas formas ou desenhosfacilmente transferíveis e de grande utilidade — como acriação de um produto que pode ser fabricado, vendidoe usado amplamente; a descoberta de um teorema ou deuma estratégia que podem ser aplicados a muitos casos;ou a composição de uma música que pode ser executadainúmeras vezes.Além desse grupo central, a classe criativa tambéminclui “profissionais criativos” que trabalham em amplagama de indústrias de conhecimento intensivo, comosetores de alta tecnologia, serviços financeiros, profissõesnas áreas jurídica e de assistência médica e administraçãode empresas. Essas pessoas dedicam-se à solução criativa deproblemas, utilizando corpos complexos do conhecimentopara resolver problemas específicos. Normalmente, issoexige um alto grau de educação formal, portanto, elevadonível de capital humano. Pessoas que realizam esse tipo detrabalho podem, às vezes, descobrir métodos ou produtosque se tornam extremamente úteis, mas isso não faz parteda descrição da sua atividade básica. O que normalmentelhes é solicitado é que pensem por si mesmos. Eles aplicamou combinam abordagens comuns de forma inusitadapara resolver a situação, empregam muito discernimento etalvez tentem algo radicalmente novo de vez em quando.eJournal USA 29

A Ascensão da Classe CriativaRichard FloridaCientistas da Universidade Carnegie Mellon testam robô que joga futebol, criado a partir de dispositivo de transporte pessoal Segway(à esquerda, Segway inalterado)A prosperidade e o sucesso pessoal <strong>dos</strong> americanos cada vezmais dependem de jovens trabalhadores e de outros quemostram criatividade, individualidade, diferença e mérito.Richard Florida é professor de Administração eCriatividade na Escola de Administração Rotman, daUniversidade de Toronto, onde também é diretor acadêmicodo Lloyd and Delphine Martin Prosperity Institute.Recentemente escreveu Who’s Your City? [Qual a Identidadeda sua Cidade?] Este ensaio é um excerto de seu artigo “AAscensão da Classe Criativa” publicado originalmente narevista Washington Monthly.Nota: To<strong>dos</strong> os anos, empresas grandes e pequenas fazem“recrutamento” nos campi universitários, especialmentenos campi das universidades mais conceituadas (como aCarnegie Mellon), enviando funcionários para conhecere tentar contratar alunos. Na maioria das vezes, osestudantes mais procura<strong>dos</strong> não se enquadram noestereotipo daqueles com as melhores notas nem <strong>dos</strong> quecomparecem às entrevistas mais bem vesti<strong>dos</strong>, mas, em vezdisso, são aqueles que mostram mais criatividade.Quando caminhava pelo campus daUniversidade Carnegie Mellon, emPittsburgh, em um belo dia de primavera,deparei-me com uma mesa repleta dejovens que conversavam e desfrutavam do tempoexcelente. Muitos vestiam camisetas azuis idênticascom a inscrição “Trilogy@CMU” — Trilogy é umaempresa de software de Austin, com sede no Texas,conhecida por recrutar nossos melhores alunos.Caminhei na direção da mesa. “Vocês estão aquipara recrutar?”, perguntei. “Não, de modo algum”,responderam com firmeza. “Não somos olheiros.Estamos apenas passando o tempo e jogandoum pouco de Frisbee com nossos amigos.” Queinteressante, pensei. Eles vieram ao campus num diaútil, fizeram todo o trajeto desde Austin, só parapassar o tempo com alguns novos amigos.Notei um membro do grupo deitado na grama,vestindo uma regata tank top. Esse jovem tinha o cabelomulticolorido e espetado, o corpo coberto de tatuagense vários piercings nas orelhas. Um preguiçoso, pensei,Gene J. Puskar/© AP ImageseJournal USA 28

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