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2 A história da Bíblia como história do livro - Maxwell - PUC-Rio

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2. A história <strong>da</strong> Bíblia <strong>como</strong> história <strong>do</strong> <strong>livro</strong> 77<br />

Outros exemplos de Bíblia rica em recursos hipertextuais<br />

eram as versões poliglotas. Realiza<strong>da</strong> entre 1514 e<br />

1517, a Poliglota Complutesiana (Figura 38) foi o primeiro<br />

exemplar impresso <strong>da</strong> categoria (REILLY, 1911). Apresenta<strong>da</strong><br />

em seis volumes (quatro para o AT, um para o NT e um<br />

para comentários), ela trazia os textos bíblicos em <strong>do</strong>is, três<br />

ou quatro idiomas paralelamente: o hebraico, o grego (Septuaginta),<br />

latim e aramaico. Sua origem recai sobre a necessi<strong>da</strong>de<br />

eminente em sua época de comparar os textos bíblicos<br />

<strong>da</strong> Vulgata com os originais.<br />

Apesar de to<strong>da</strong>s as riquezas gráficas adquiri<strong>da</strong>s ao<br />

longo de sua história, a Bíblia Sagra<strong>da</strong> encontraria nos anos<br />

seguintes um certo direcionamento à simplici<strong>da</strong>de gráfica.<br />

Alguns <strong>do</strong>s avanços mais notáveis no que se refere à hipertextuali<strong>da</strong>de<br />

permaneceriam, mas ca<strong>da</strong> vez ocupan<strong>do</strong> espaços<br />

mais discretos. Ain<strong>da</strong> que notáveis exemplares impressos<br />

continuassem a surgir pontualmente, o impulso missionário<br />

de levar a Palavra de Deus a to<strong>do</strong>s os povos, ocasionou<br />

uma produção mais intensa e ao mesmo tempo mais<br />

funcional em relação à apresentação visual <strong>do</strong>s textos sagra<strong>do</strong>s.<br />

De fato, o surgimento, no século XVIII, <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des<br />

bíblicas – que tinham <strong>como</strong> intuito permitir o acesso às<br />

Escrituras a to<strong>da</strong>s as pessoas – forçou a diminuição nos<br />

custos de produção, de mo<strong>do</strong> a eliminar tu<strong>do</strong> que pudesse<br />

aumentar o número de textos e, conseqüentemente, tamanho<br />

e páginas. Apesar disso, mesmo as mais simples edições<br />

<strong>da</strong> Bíblia sempre cui<strong>da</strong>ram em deixar pequenas referências<br />

marginais que direcionavam o leitor ao mínimo de<br />

interpretação possível (ROGERSON, 2003).<br />

Isso tu<strong>do</strong> estava ain<strong>da</strong> associa<strong>do</strong>, pelo la<strong>do</strong> protestante,<br />

ao ascetismo crescente <strong>da</strong>s <strong>do</strong>utrinas puritanas e pietistas<br />

que aboliram qualquer elemento que pudesse ser entendi<strong>do</strong><br />

<strong>como</strong> intermédio entre Deus e os homens, mesmo comentários<br />

acrescenta<strong>do</strong>s na sua Palavra escrita. Pelo la<strong>do</strong><br />

católico, o controle intenso sobre a produção e o acesso<br />

sempre restrito aos leigos limitaram novos desenvolvimentos<br />

gráficos, ain<strong>da</strong> que, em suas Bíblias, houvesse espaço para<br />

o trabalho ornamental e ilustrativo ve<strong>da</strong><strong>do</strong> às versões protestantes.<br />

Muitos <strong>do</strong>s elementos visuais que a Bíblia, tanto impressa<br />

quanto manuscrita, a<strong>do</strong>taria seriam comuns aos demais<br />

<strong>livro</strong>s de sua época que contivessem as mesmas características<br />

funcionais. No entanto, enquanto a tecnologia<br />

gráfica se desenvolvia e novas linguagens visuais eram assimila<strong>da</strong>s<br />

pelas publicações seculares, a Bíblia Sagra<strong>da</strong><br />

sustentaria por muitos séculos a imagem de <strong>livro</strong> antigo ca<strong>da</strong><br />

vez mais intoca<strong>do</strong> em sua forma, a ponto de, em determina<strong>do</strong><br />

momento histórico, sua visuali<strong>da</strong>de se tornar quase<br />

que exclusiva e característica. Assim, sua forma, desde a<br />

encadernação até a composição tipográfica, seria índice de<br />

suas origens remotas aos primeiros anos <strong>da</strong> imprensa e <strong>do</strong>s<br />

manuscritos. Do mesmo mo<strong>do</strong>, a idéia de autoria que surgiu<br />

e se difundiu no século XVIII, se tornan<strong>do</strong> algo muito natural<br />

na idéia de <strong>livro</strong> atualmente, continuou, de certo mo<strong>do</strong>, inadequa<strong>da</strong><br />

quanto à Bíblia. De um la<strong>do</strong> porque seriam vários e

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