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2 A história da Bíblia como história do livro - Maxwell - PUC-Rio

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2. A história <strong>da</strong> Bíblia <strong>como</strong> história <strong>do</strong> <strong>livro</strong> 72<br />

A premissa básica dessa religião é mais <strong>do</strong> que clara,<br />

ou seja, a fé na vi<strong>da</strong>, morte e ressurreição de Jesus Cristo,<br />

entendi<strong>da</strong>s <strong>como</strong> a ação misericordiosa de Deus para a salvação<br />

de to<strong>da</strong>s as almas <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> original. Os textos que<br />

narram esses eventos e que sobre eles se sustentam foram<br />

os considera<strong>do</strong>s sagra<strong>do</strong>s e com autori<strong>da</strong>de para fazerem<br />

parte <strong>do</strong> Novo Testamento <strong>da</strong> Bíblia. Mesmo sen<strong>do</strong> esses<br />

os escritos que traziam as boas novas <strong>da</strong> religião que então<br />

surgia, seus segui<strong>do</strong>res optaram por não aban<strong>do</strong>nar os escritos<br />

anteriores à vin<strong>da</strong> <strong>do</strong> Messias. Sua colocação <strong>como</strong><br />

“Antigo Testamento” apenas atesta sua posição em relação<br />

à “nova” mensagem <strong>do</strong>s Evangelhos e à nova aliança (Testamento)<br />

feita com Deus.<br />

A escolha feita pelos cristãos por manter, <strong>como</strong> integrantes<br />

<strong>do</strong> seu Livro sagra<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s os <strong>livro</strong>s <strong>da</strong> Tanak ju<strong>da</strong>ica<br />

não aconteceu sem debates e determinou um novo<br />

mo<strong>do</strong> de olhar sobre aqueles <strong>livro</strong>s. O que para os judeus<br />

representava um conjunto histórico <strong>da</strong> criação e libertação<br />

<strong>do</strong> seu povo finaliza<strong>do</strong> com as profecias <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> de um<br />

novo messias, era para os cristãos o atesta<strong>do</strong> <strong>da</strong> divin<strong>da</strong>de<br />

de Cristo. Assim, to<strong>da</strong> a leitura <strong>do</strong> Antigo Testamento passaria<br />

a ser feita sob a ótica <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e obra de Jesus. Suas<br />

narrativas não seriam interpreta<strong>da</strong>s somente por sua descrição<br />

literal, mas também através de uma leitura tipológica<br />

(também chama<strong>da</strong> de espiritual) 44 em que os eventos seriam<br />

símbolos que representavam o anúncio <strong>da</strong> trajetória<br />

cristã. O reveren<strong>do</strong> G. Lampe (1969, p.157, tradução nossa)<br />

afirma que:<br />

Cristo era o cumprimento <strong>da</strong>s promessas bíblicas. O mo<strong>do</strong><br />

desse cumprimento deveria ser entendi<strong>do</strong> e comunica<strong>do</strong> em<br />

termos de profecias e tipos. No primeiro caso, as passagens<br />

<strong>da</strong>s Escrituras eram toma<strong>da</strong>s para referir-se diretamente a<br />

Ele; havia uma imediata correlação entre a profecia e o<br />

cumprimento, tanto que o testemunho apostólico sobre Sua<br />

vi<strong>da</strong>, morte e Ressurreição era uma asserção aberta após o<br />

evento, <strong>do</strong> qual os profetas de Israel já teriam declara<strong>do</strong> de<br />

forma misteriosa e oculta antes <strong>do</strong> tempo.<br />

O autor continua explican<strong>do</strong> que:<br />

A semelhança tipológica detectava e <strong>da</strong>va continui<strong>da</strong>de ao<br />

cumprimento <strong>do</strong> propósito divino nos eventos <strong>do</strong>s Evangelhos.<br />

Nelas os atos salvíficos de Deus nos tempos antigos<br />

deveriam ser recapitula<strong>do</strong>s: Jesus atuou <strong>como</strong> um novo<br />

Moisés ou novo Elias; sua morte e Ressurreição seria um<br />

novo e grande Êxo<strong>do</strong>; suas tentações correlacionariam às<br />

provações de Israel no deserto, descritas no Deuteronômio.<br />

(LAMPE, 1969, p.157, tradução nossa)<br />

44 Esse tipo de leitura se subdividia ain<strong>da</strong> em outras três: a<br />

alegórica, a moral e a anagógica. A primeira relacionaria os eventos<br />

<strong>do</strong> AT com a vi<strong>da</strong> de Cristo. A leitura moral relacionava os<br />

passos de Cristo e suas mensagens à vi<strong>da</strong> comum <strong>do</strong> fiel, enquanto<br />

a leitura anagógica relacionava à Igreja Triunfante, numa<br />

visão profética <strong>do</strong> futuro. (SMALLEY, 1969)

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