23.11.2012 Views

2 A história da Bíblia como história do livro - Maxwell - PUC-Rio

2 A história da Bíblia como história do livro - Maxwell - PUC-Rio

2 A história da Bíblia como história do livro - Maxwell - PUC-Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

2. A história <strong>da</strong> Bíblia <strong>como</strong> história <strong>do</strong> <strong>livro</strong> 57<br />

fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong>des e pelo desenvolvimento <strong>da</strong> instrução<br />

entre os leigos, ao mesmo tempo em que se formava<br />

uma nova classe burguesa, tiveram repercussões profun<strong>da</strong>s<br />

nas condições em que os <strong>livro</strong>s eram compostos, escritos,<br />

copia<strong>do</strong>s e difundi<strong>do</strong>s. (FEBVRE; MARTIN, 1992, p.22).<br />

A leitura <strong>da</strong> Bíblia deixava de ser exclusiva e autoreferencial<br />

e passava a ser alvo de críticas e debates também<br />

a partir <strong>da</strong> leitura de outros textos. A importância desse<br />

perío<strong>do</strong> para a construção <strong>da</strong> sua hipertextuali<strong>da</strong>de se deu<br />

no senti<strong>do</strong> em que diversos recursos gráficos foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s<br />

na reprodução <strong>da</strong>s Escrituras de mo<strong>do</strong> a facilitar os estu<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s textos tanto no que se refere ao manuseio quanto<br />

à interpretação. A exegese bíblica ganhou corpo fora <strong>do</strong>s<br />

mosteiros e os leigos acadêmicos passaram a fazer uso <strong>do</strong><br />

Livro na busca <strong>do</strong>s “ver<strong>da</strong>deiros senti<strong>do</strong>s” <strong>da</strong> Palavra. Assim,<br />

a interpretação literal e linear já não eram suficiente para<br />

fun<strong>da</strong>mentar os argumentos a favor <strong>da</strong> intervenção divina<br />

na humani<strong>da</strong>de. Era preciso contextualizar os fatos, relacionar<br />

os textos entre si, revisar as traduções, entender os textos<br />

à luz <strong>da</strong> tradição e uma série de práticas que guiariam<br />

ao ver<strong>da</strong>deiro conhecimento <strong>da</strong> mensagem de Deus.<br />

Evidentemente, ao relacionar esse perío<strong>do</strong> aos avanços<br />

significativos <strong>da</strong> leitura hipertextual <strong>da</strong> Bíblia, não se<br />

desconsidera os diversos momentos em que, por to<strong>da</strong> a sua<br />

história anterior, seus leitores, clérigos ou não, souberam<br />

adequar sua leitura às necessi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> contexto. De fato,<br />

desde seu surgimento no seio <strong>do</strong> Ju<strong>da</strong>ísmo, a Bíblia já encontrara<br />

diversos instrumentos para auxílio na sua leitura.<br />

As midraxim (méto<strong>do</strong>s de exegese ju<strong>da</strong>ica) deram origem a<br />

algumas práticas de leitura que foram her<strong>da</strong><strong>da</strong>s e a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s<br />

pelos cristãos na sua Bíblia.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, tão longa e diversa é a tradição exegética<br />

na história <strong>da</strong> Bíblia Cristã que a pretensão de tratá-la<br />

em to<strong>da</strong> sua profundi<strong>da</strong>de seria tão ousa<strong>da</strong> quanto infactível.<br />

Assim, são expostas aqui, bastante superficialmente,<br />

algumas práticas exegéticas mais significativas no senti<strong>do</strong><br />

de sua importância para a leitura hipertextual <strong>da</strong> Bíblia a<br />

partir <strong>da</strong> ótica <strong>do</strong>s instrumentos gera<strong>do</strong>s <strong>como</strong> auxiliares<br />

nesse tipo de leitura.<br />

Dos instrumentos mais importantes para a leitura hipertextual<br />

destacam-se, primeiramente, <strong>do</strong>is grupos que<br />

estão interliga<strong>do</strong>s entre si pelo elemento comum já descrito,<br />

a exegese, mas que originam tratamentos específicos.<br />

O primeiro grupo é forma<strong>do</strong> pelos instrumentos de referências,<br />

mais especificamente as concordâncias e glosas 42 . O<br />

segun<strong>do</strong> grupo é formato pelas subdivisões e referências<br />

marginais.<br />

42<br />

Do Grego. glossa “fala estranha”. Raiz <strong>do</strong> termo “glossário”,<br />

lista explicativa de palavras.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!