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2 A história da Bíblia como história do livro - Maxwell - PUC-Rio

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2. A história <strong>da</strong> Bíblia <strong>como</strong> história <strong>do</strong> <strong>livro</strong> 21<br />

em três grandes grupos: o Pentateuco (hat-Tōrah ou Livros<br />

<strong>da</strong> Lei), Profetas (Nebi’im) e Escritos (wa-Kéthubîm).<br />

Canoniza<strong>da</strong> pela última vez em torno <strong>do</strong> ano 200 d.C.<br />

pelos judeus, sua lista conta com 24 <strong>livro</strong>s agrupa<strong>do</strong>s nas três<br />

partes supra cita<strong>da</strong>s. Ain<strong>da</strong> que esse conjunto de <strong>livro</strong>s seja<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> também entre os cristãos, sua divisão não acontece<br />

<strong>da</strong> mesma maneira em to<strong>da</strong>s as suas ramificações. De fato,<br />

os 24 <strong>livro</strong>s ju<strong>da</strong>icos foram transforma<strong>do</strong>s em 39 pelo Cristianismo<br />

através <strong>da</strong> divisão de alguns <strong>livro</strong>s comuns <strong>da</strong> coleção<br />

anterior.<br />

A primeira normalização ou canonização <strong>do</strong>s <strong>livro</strong>s<br />

que viriam a compor a Bíblia Sagra<strong>da</strong> no Cristianismo se<br />

deu no momento <strong>da</strong> oficialização dessa religião no perío<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> reina<strong>do</strong> de Constantino, no século IV d.C. Foi quan<strong>do</strong><br />

aos 39 <strong>livro</strong>s <strong>do</strong> Antigo Testamento (24 <strong>da</strong> Tanak) juntaramse<br />

outros 27 que compunham o chama<strong>do</strong> Novo Testamento,<br />

escritos depois de Cristo e que tomam por base sua vi<strong>da</strong> e<br />

ensinamentos. A Igreja a<strong>do</strong>tou ain<strong>da</strong> sete <strong>livro</strong>s a mais, que<br />

constavam de um cânon anterior <strong>da</strong> Bíblia ju<strong>da</strong>ica e que era<br />

provavelmente usa<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> de Jesus Cristo e <strong>do</strong>s primeiros<br />

cristãos (McDONALD, 1995, p.127-133).<br />

Essa composição de 73 <strong>livro</strong>s sobreviveu durante mil<br />

anos, até que, depois de muitas controvérsias, os movimentos<br />

resultantes <strong>da</strong> Reforma Protestante, no século XVI, determinaram<br />

para si o uso <strong>do</strong> cânon hebreu clássico (Tanak),<br />

excluí<strong>do</strong>s os sete <strong>livro</strong>s <strong>do</strong> primeiro cânon (conheci<strong>do</strong>s até<br />

então <strong>como</strong> deuterocanônicos 16 , passaram a ser denomina<strong>do</strong>s<br />

“apócrifos” 17 pelos protestantes), em ordem e divisão<br />

diferencia<strong>da</strong>, mais os 27 <strong>livro</strong>s <strong>do</strong> Novo Testamento, configuran<strong>do</strong><br />

um total de 66 <strong>livro</strong>s. Na ver<strong>da</strong>de, os primeiros reforma<strong>do</strong>res<br />

não chegaram a abolir totalmente os deuterocanônicos,<br />

deixan<strong>do</strong>-os <strong>como</strong> um anexo e recomen<strong>da</strong>n<strong>do</strong> sua<br />

leitura 18 . O que lhes foi retira<strong>do</strong> foi o status de <strong>livro</strong>s sagra<strong>do</strong>s,<br />

fican<strong>do</strong> somente reconheci<strong>do</strong>s <strong>como</strong> <strong>livro</strong>s recomen<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

para o ensino e leitura. Mais tarde esses <strong>livro</strong>s foram<br />

16 Deuteros “segun<strong>do</strong>” + kanon “norma”: <strong>livro</strong>s gregos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s<br />

<strong>como</strong> canônicos pelo catolicismo romano. É importante destacar<br />

que, ain<strong>da</strong> que menos agressivo que sua outra tradução,<br />

esse também não é um termo amplamente usa<strong>do</strong> hoje entre os<br />

católicos, uma vez que para eles os sete <strong>livro</strong>s são tão canônicos<br />

quanto os demais.<br />

17 Do grego apokryphos ou escondi<strong>do</strong>. Toma<strong>do</strong> <strong>como</strong> sinônimo<br />

de não-canônico por São Jerônimo, foi também a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />

dessa forma pelos protestantes. Por tratar-se de um termo um reconheci<strong>da</strong>mente<br />

pejorativo não será usa<strong>do</strong> nesse trabalho, exceto<br />

quan<strong>do</strong> representar a fala protestante. A Igreja Católica Romana<br />

reconhece, entretanto, <strong>como</strong> apócrifos aqueles <strong>livro</strong>s que não fazem<br />

parte <strong>do</strong> seu cânon, <strong>como</strong> o Evangelho de Tiago ou o recémdescoberto<br />

Evangelho de Ju<strong>da</strong>s.<br />

18 “Nós distinguimos esses <strong>livro</strong>s sagra<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s apócrifos<br />

[...]. To<strong>da</strong> a Igreja pode ler e tomar <strong>como</strong> instrumentos de instrução,<br />

uma vez que eles [deuterocanônicos] concor<strong>da</strong>m com os canônicos;<br />

mas estão distantes de ter tal poder e eficácia para que<br />

possamos confirmar por seu testemunho qualquer trecho de fé <strong>da</strong><br />

religião Cristã, muito menos questionar a autori<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s outros<br />

<strong>livro</strong>s sagra<strong>do</strong>s.” (BRÉS, 2004, 320-321, tradução nossa)

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