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2 A história da Bíblia como história do livro - Maxwell - PUC-Rio

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2. A história <strong>da</strong> Bíblia <strong>como</strong> história <strong>do</strong> <strong>livro</strong> 49<br />

2.4.1.2.<br />

A Bíblia impressa<br />

Os séculos XV e XVI testemunharam <strong>do</strong>is acontecimentos<br />

que afetariam decisivamente o curso <strong>da</strong> História no Ocidente:<br />

o surgimento <strong>da</strong> imprensa e a Reforma Protestante. Não<br />

são poucos os autores que traçam profun<strong>da</strong>s relações entre<br />

esses <strong>do</strong>is eventos, algumas vezes estabelecen<strong>do</strong> a dependência<br />

<strong>do</strong> sucesso de um em função <strong>do</strong> surgimento <strong>do</strong> outro<br />

39 . À esta pesquisa não cabe aprofun<strong>da</strong>r nessa discussão<br />

que, além de polêmica, não acrescenta mais informações<br />

aos objetivos propostos. Entretanto, é notável que esses<br />

<strong>do</strong>is momentos tenham lega<strong>do</strong> à humani<strong>da</strong>de <strong>do</strong>is exemplares<br />

que se tornariam ícones <strong>da</strong> Bíblia na Moderni<strong>da</strong>de: a<br />

Bíblia de Gutenberg e a Bíblia de Lutero.<br />

Ao contrário <strong>do</strong> que muitas vezes se pensa, nenhuma<br />

<strong>da</strong>s duas obras foram originais em suas categorias. Sua importância<br />

recai totalmente sobre seus aspectos simbólicos.<br />

No primeiro caso, não teria si<strong>do</strong> realmente, <strong>como</strong> afirmam<br />

alguns historia<strong>do</strong>res, a Bíblia Sagra<strong>da</strong> o primeiro <strong>livro</strong> impresso<br />

com a nova técnica <strong>do</strong>s tipos móveis de Gutenberg<br />

(BLACK, 1963, p. 415). De fato, para McMurtrie (1997,<br />

p.166), evidências apontam para o <strong>livro</strong> “Julgamento <strong>do</strong><br />

Mun<strong>do</strong>”, que teria si<strong>do</strong> impresso pelo menos dez anos antes<br />

<strong>da</strong> famosa “Bíblia de 42 linhas”.<br />

Por isso, autori<strong>da</strong>des competentes consideram-no [O Julgamento<br />

<strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>] o exemplar mais antigo impresso com<br />

tipos móveis ora existente, e, <strong>como</strong> tal, um <strong>do</strong>cumento realmente<br />

muito precioso.<br />

Seu argumento vai além, afirman<strong>do</strong> que mesmo Gutenberg<br />

não teria si<strong>do</strong> o autor direto na confecção <strong>da</strong> conheci<strong>da</strong><br />

Bíblia. Mas sem dúvi<strong>da</strong> esse <strong>livro</strong>, além de ser o mais<br />

famoso incunábulo conheci<strong>do</strong>, é também o marco <strong>do</strong> sucesso<br />

<strong>da</strong> nova técnica de reprodução que revolucionaria a cultura<br />

humana.<br />

A comparação entre o projeto gráfico <strong>da</strong>s primeiras edições<br />

<strong>da</strong> Bíblia impressa com os manuscritos até então<br />

produzi<strong>do</strong>s é tão óbvia quanto lógica. Não havia outros <strong>livro</strong>s<br />

que servissem de modelos senão aqueles anteriormente escritos<br />

à mão. Provavelmente os primeiros impressores encontraram<br />

algumas dificul<strong>da</strong>des em reproduzir fielmente o<br />

trabalho artesanal <strong>do</strong>s escribas, inclusive porque esses exigiam<br />

recursos tecnológicos que somente seriam desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

mais tarde. Era o caso <strong>da</strong>s rubricas que marcavam as<br />

entra<strong>da</strong>s de capítulos. A abundância de cores dificilmente<br />

seria reproduzi<strong>da</strong> pelas rústicas matrizes tipográficas <strong>da</strong> é-<br />

39 Elizabeth Eisenstein (1983, p.167-206) enfatiza em sua<br />

obra a dívi<strong>da</strong> que o sucesso <strong>da</strong> Reforma tem com o advento <strong>da</strong><br />

imprensa, enquanto Lucien Febvre (1982, p. 407-476) é mais modera<strong>do</strong><br />

e propõe uma certa relação de interdependência, onde a<br />

Reforma seria grande impulsiona<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s temas que a imprensa<br />

cui<strong>da</strong>ria de reproduzir.

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