Com o emprego <strong>de</strong>ste método que é rigorosamente científico, o governopo<strong>de</strong> ter, em breve, um corpo <strong>de</strong> oficiais perfeitamente selecionadospela Morte e um povoamento rápido e instantâneo dos cemitérios -- oque, afinal, é o fim natural <strong>de</strong> todas as guerras a que os oficiais, sejam<strong>de</strong>sta ou daquela corporação, são obrigados a servir com todos os riscos evantagens.Há, porém, o método empírico que é mais humano e compatível como grau <strong>de</strong> adiantamento a que chegou a nossa humanida<strong>de</strong> atualmente. Nãohá morte, nem sangue, nem bravura, nem salvas.Este método é muito usado na guarda nacional e poucas outras entida<strong>de</strong>s(vocabulário do football) militares. Vamos ver em que consiste.Um tal método tem por princípio básico só admitir à promoção, oficiaisque nunca tenham visto soldados, fortalezas, quartéis, etc.Por esse processo, estão fatalmente eliminados todos os oficiais quehajam servido em guarnições longínquas.O mais relevante conhecimento exigido, para as promoções <strong>de</strong> acordocom esse processo empírico, é o <strong>de</strong> uma perfeita sabedoria nas marcas <strong>de</strong>papel <strong>de</strong> ofícios, <strong>de</strong> grampos, colchetes e alfinetes, para papéis. Contam-secomo ultrameritórios os serviços pacíficos em linhas telegráficas, em leitura<strong>de</strong> pluviômetros, em conversas com bugres filósofos e em construção <strong>de</strong>estradas <strong>de</strong> ferro que não acabam mais.Em caso <strong>de</strong> merecimento igual, entre os candidatas, promovido seráo que tiver melhor "pistolão".Para isso, o oficial precavido não se <strong>de</strong>ve afastar da capital do país;e, nela, sempre cultivar a amiza<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rosos políticos e pessoas <strong>de</strong> seuamor e amiza<strong>de</strong>; e é, por isso, que os oficiais que servem em guarniçõeslongínquas, fronteiras, etc., não po<strong>de</strong>m entrar na lista das promoções,<strong>de</strong>terminação que se subenten<strong>de</strong> nesse sistema empírico que a sabedoriados tempos consagrou com alguns retoques.Não falei nas promoções nos bombeiros. Emendo a mão. Nos bombeiros-- corporação reduzida -- as promoções <strong>de</strong>vem ser feitas em família.É o melhor.O que acabo <strong>de</strong> dizer, são como o croquis das minhas idéias sobrepromoções nas classes armadas, sendo que algumas não me pertencem propriamente,antes a todos os militares, suas mulheres, filhas e noivas. Eis aí.Capitão Ortiz y Valdueza (Do Exército da Bruzundanga).Reconheço a rubrica supra e a letra do Capitão Ortiz y Valdueza, doCorpo <strong>de</strong> Submarinos do Exército da República os Estados Unidos daBruzundanga.(Tenho o sinal público e, à margem, "grátis"), -- O COPISTA.Careta, Rio, 29-1-21.Rejuvenescimento(Crônica Militar)"Todas as medidas esperadas para resolver o problema dorejuvenescimento dos quadros do Exército, das discutidas no Congresso,não conseguiram sair do campo das discussões.Rejuvenescer os quadros não significa somente melhorar ofuturo dos oficiais; é concorrer para que não reine o <strong>de</strong>sânimo.para que seja mantido o ardor profissional.Não é possível esperar dum oficial que moireja <strong>de</strong> seis a oitoanos em cada posto, que ele tenha sempre o mesmo entusiasmo.que a própria ida<strong>de</strong> consegue arrefecer.E com a ida<strong>de</strong> vem naturalmente a diminuição do vigor físicoexigido para o <strong>de</strong>sempenho do árduo trabalho <strong>de</strong> oficial <strong>de</strong> tropa."É assim que se exprime sabiamente um jornal <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>. Estamos<strong>de</strong> pleno acordo com as opiniões do nosso colega diário; mas julgamos,no nosso humil<strong>de</strong> parecer, que ele só encara uma face do problema. É
nossa opinião que essa questão <strong>de</strong> rejuvenescimento, é uma questão gerale interessa, não só aos militares, como também a outras classes da socieda<strong>de</strong>.Que ardor profissional po<strong>de</strong> ter um carpinteiro que tem cinqüenta anos<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e trabalha no ofício <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os <strong>de</strong>zesseis?A sua obra há <strong>de</strong> se ressentir da fadiga dos seus músculos cansadose do <strong>de</strong>sinteresse que traz a monotonia <strong>de</strong> fazer durante anos a mesmatarefa. A socieda<strong>de</strong> per<strong>de</strong> muito com isso, pois os seus trabalhos nãoterão a perfeição que havia nos que executava com trinta anos <strong>de</strong> vida.Seria inútil repetir exemplos como este, pois eles estão aí aos pontapés,para mostrar o quanto é indispensável <strong>de</strong>cretar medidas que rejuvenesçamos quadros <strong>de</strong> todas as profissões.Para as funções públicas, inclusive as militares, já o célebre filósofopolítico-militar dinamarquês, Hans Reykavyk propôs dois métodos paraobter o remoçamento dos quadros:Um, aparente meramente, e <strong>de</strong> origem feminina; o segundo substanciale rigorosamente científico.O primeiro método se baseia nas pinturas, pomadas e massagens. Nãohá negar que o seu emprego, quando executado por operador hábil, dá aoindivíduo que a ele se sujeita a aparência <strong>de</strong> mocida<strong>de</strong>; mas é só aparênciae não restitui a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> força vital que o indivíduo per<strong>de</strong>u como correr dos anos.De resto, ele ia levar para a caserna hábitos <strong>de</strong> camarim <strong>de</strong> atriz.A guerra em si mesma nada tem <strong>de</strong> teatral; só acham essa cousa nelaos pintores <strong>de</strong> batalhas que recebem encomendas dos governos, e os literatosda moda.A guerra em si é uma cousa brutal e horrendamente ignóbil; a únicaconsi<strong>de</strong>ração que rege a batalha, se há uma, está na cabeça <strong>de</strong> quem adirige, e isto não é matéria para tela, nem para páginas literárias, masnotas e riscos numa carta topográfica, em escala conveniente com convençõesa<strong>de</strong>quadas.Além disto, introduzindo hábitos teatrais no viver guerreiro, iria issoperturbar a ação dos combatentes, diminuir-lhes a eficiência com a suposição<strong>de</strong> que <strong>de</strong>viam tomar belas atitu<strong>de</strong>s, para obter o aplauso da galeria,distraindo-lhes do verda<strong>de</strong>iro objetivo <strong>de</strong> sua ação que é dar cabo doinimigo, por fas ou nefas.Esse sistema <strong>de</strong> aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> beleza não po<strong>de</strong> ser adotado, sendo essatambém a conclusão a que chega, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> exaustiva análise, o gran<strong>de</strong>filósofo dinamarquês que nos guia nestas <strong>de</strong>spretensiosas notas.Resta o método científico que se estriba na psicologia experimental eé corrigido pela sociologia transcen<strong>de</strong>nte.Não posso transcrever aqui todas as consi<strong>de</strong>rações que prece<strong>de</strong>m aexposição que o Senhor Hans Reykavyk faz <strong>de</strong>sse método.Bastará dizer-lhes que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> expor fatos concretos em abundância,ele estabelece o postulado <strong>de</strong> que o general <strong>de</strong>ve ser moço; <strong>de</strong> menos <strong>de</strong>trinta anos, pois é nessa ida<strong>de</strong> que os homens têm o máximo <strong>de</strong> iniciativa.Saído das escolas militares o oficial será logo general, ganhando comotenente, <strong>de</strong>pois irá <strong>de</strong>scendo <strong>de</strong> graduação <strong>de</strong> forma a chegar aos sessentacomo tenente, ganhando como general.Eis em linhas gerais o plano <strong>de</strong> rejuvenescimento dos quadros <strong>de</strong> oficiaismilitares, a que chega o ilustre Reykavyk, após uma análise <strong>de</strong>talhadadas conclusões da psicologia experimental, convenientemente corrigidas pelasociologia transcen<strong>de</strong>nte.Além <strong>de</strong> outras vantagens, tem este método a <strong>de</strong> fazer que os tenentes<strong>de</strong>ixem, por morte, para as viúvas, filhos, filhas, genros e netos um montepioque porá estes a coberto <strong>de</strong> todas as necessida<strong>de</strong>s -- montepio <strong>de</strong>general.Pelo seu caráter geral e abstrato, com as necessárias modificações,ele po<strong>de</strong> aplicar-se, não só a todas as corporações militares, como tambéma quaisquer outras civis, estipendiadas pelo governo.
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