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Os Bruzundangas, de Lima Barreto Texto ... - Universia Brasil

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Quando ficam ricos, estão completamente embotados, para não dizermais...Houve um pintor viriático que veio com uns quadros dramáticos.cenográficos para a Bruzundanga, precedido <strong>de</strong> uma fama <strong>de</strong> todos osdiabos, a ponto <strong>de</strong> um guarda-livros, Filinto não hesitar em dizer que eraLeonardo Da Vinco.Quando publicar estas notas em volume, que está a aparecer emedição <strong>de</strong> Jacinto Ribeiro dos Santos, meu bom amigo e camarada, hei <strong>de</strong>juntar uma reprodução do retrato eqüestre <strong>de</strong> um rei <strong>de</strong>le, o pintor, queé o mo<strong>de</strong>lo mais perfeito do maneirismo, do apelo aos uniformes, aoschamalotes, às plumas que conheço, em pintura.Estas notas foram escritas ao correr da pena; mas, entretanto, po<strong>de</strong>rei<strong>de</strong>senvolvê-las se os interessados me provocarem. Escrevo em dia oportuno.ABC, Rio, 7-9-1919.Lei <strong>de</strong> promoções(Crônica Militar)O que tem até agora regulado as promoções, quer no exército e armada,quer na polícia e guarda nacional, é o arbítrio, o capricho e a ignorânciacega dos elementos da genesíaca cartesiana, que os metafísicos <strong>de</strong>finemerroneamente como aplicação da álgebra à geometria.No semi-século genial e fecundo que me<strong>de</strong>ou entre Descartes e Leibnitz,muita conquista útil foi obtida, no terrena da análise transcen<strong>de</strong>nte,mesmo antes da sua completa sistematização pelo gênio do último daquelesfilósofos.Fermat, Cavallieri, Roberval e outros muitos concorreram para o estabelecimento<strong>de</strong>finitivo do instrumento leibnitziano -- uma imortal conquistacientífica, para obtenção da qual o espírito humano estava assazmaduro, tanto assim que Newton, pela mesma época, apresentou o seucálculo das fluxões.Todo esse lento e paciente trabalho que absorveu o espírito <strong>de</strong> tantosgran<strong>de</strong>s homens da Humanida<strong>de</strong>, obriga-nos a dispensar um culto acendradoà memória <strong>de</strong>les, por isso lhes cito aqui os nomes, ao lembrar assuas <strong>de</strong>scobertas que muito lucraram com o rigor e a justiça das promoçõesnos batalhões dos colégios equiparados e linhas <strong>de</strong> tiro.Nestas unida<strong>de</strong>s, o acesso ao posto imediato é <strong>de</strong>terminado por umprocesso rigorosamente científico, <strong>de</strong> um rigor verda<strong>de</strong>iramente astronômico.É preciso estendê-lo ao resto das forças armadas.Suponhamos um sargento que quer ser alferes. Pega-se o candidatoe faz-se engolir a seguinte beberagem:Ácido azótico .......................................... 5 g.Oxalato <strong>de</strong> potássio .................................... 7 g.Magnésia calcinada ..................................... 3 g.Bicloreto <strong>de</strong> mercúrio .................................. 2 g.Água <strong>de</strong>stilada ......................................... 100 g.Deve-se dar ao paciente tudo isto <strong>de</strong> uma só vez. Se o sujeito nãobater a bota, examinam-se as fezes com o papel tournesol, que, no caso <strong>de</strong>avermelhar-se, indica que o tipo po<strong>de</strong> ser alferes. No contrário, não.Isto não tem nada que ver com Leibnitz, nem com o seu cálculoinfinitesimal; mas não me ficava bem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> citar o imortal filósofo ea sua magna obra, po<strong>de</strong>ndo, se assim não proce<strong>de</strong>sse, ser confundido comum qualquer legislador metafísico e anarquizado, por aí, que não é senhordo saber integral da humanida<strong>de</strong>.A dosagem que indiquei, <strong>de</strong>ve variar quando se tratar <strong>de</strong> polícias,guardas nacionais e oficiais <strong>de</strong> fazenda. Para os primeiros carregar noácido azótico, para os segundos e terceiros, dobrar a dose <strong>de</strong> bicloreto <strong>de</strong>mercúrio.

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