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Internacionalização de negócios - Câmara Ítalo-Brasileira de ...

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Hélio Morrone CosentinoFrancesco Paternò(Organizadores)Internacionalização <strong>de</strong> negócios: estratégia<strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<strong>de</strong> empresas italianas e brasileirasInternazionalizzazione: strategia di crescita esviluppo sostenibile di imprese italiane ebrasiliane1ª EdiçãoSão PauloCâmara Ítalo - <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio, Indústria e Agricultura <strong>de</strong> São Paulo2012Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 1


Ficha <strong>de</strong> CatalogaçãoI 61Internacionalização <strong>de</strong> negócios: estratégia <strong>de</strong> crescimento e<strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>de</strong> empresas italianas ebrasileiras=Internazionalizzazione: strategia di crescita esviluppo sostenibile di imprese italiane e brasiliane /organização Hélio Morrone Cosentino, Francesco Paternò. –São Paulo: Universida<strong>de</strong> Presbiteriana Mackenzie, 2012.BibliografiaISBN1.Internacionalização <strong>de</strong> negócios 2. Desenvolvimentosustentável 3. Empresas italianas 4. Empresas italianas I.Cosentino, Helio Morrone II. Paternó, FrancescoCDD 338.88Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 2


ORGANIZAÇÃOHélio Morrone CosentinoFrancesco PaternòAUTORESAdiliana dos Santos PeresAlan DuarteAlexandre Nabil GohbrilÁlvaro Alves <strong>de</strong> Moura JrAn<strong>de</strong>rson Freitas SilvaAndré Castilho Ferreira da CostaAndresa Silva Neto FrancischiniBruno Elias LozanoDaniela CoutinhoDaniele VitorinoFátima GuardaniFrancesco PaternòHélio Morrone CosentinoJoaquim C. RacyMarcos AfonsoMário Donato da SilvaNelson Destro FragosoPaulo Rogério ScaranoRicardo M. GioiaRiyemi MahmoudRodrigo Augusto PrandoRodrigo <strong>de</strong> OliveiraSaulo Soares SouzaREVISÃO TÉCNICAMarcelo José Ranieri CardosoYolanda Maria Guimarães Ranieri CardosoCOLABORAÇÃO TÉCNICA E APOIODaniel Martinez LimaMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 3


Os capítulos são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> legal <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> seus autores.É permitida a reprodução total ou parcial <strong>de</strong>ste livro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não possua finscomerciais.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 4


Em memória <strong>de</strong> Alessandra GhobrilMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 5


PREFAZIONEIn quest’anno 2012 il Brasile vive un momento molto speciale. Fatti e nonsoltando promesse cominciano a rivelare un nuovo grado di maturità e svilupposostenibile <strong>de</strong>lla società Brasiliana conquistati negli ultimi quindici anni.Rimangono però profon<strong>de</strong> sfi<strong>de</strong> nell’affrontare questioni nazionali emondiali cruciali per il consolidamento di questo processo.In questo insieme di contrasti, tra opportunità e pericoli, sottostimare laforte i<strong>de</strong>ntità Brasile-Italia come strumento di sviluppo nel produrre affari,certamente sarebbe una visione miope, senza prece<strong>de</strong>nti per imprese e governida ambo le parti.Il “Momento Italia-Brasile” 2011-2012 rappresenta una ricerca effettivaper stringere le relazioni tra i due paesi, nella ricerca di una convergenza diinteressi finora poco sfruttati. Nel completare a marzo 2012 cento e dieci anni dilavoro l’ITALCAM, certamente, è una <strong>de</strong>lle organizzazioni più rilevanti nell’effetuare e consolidare questi legami, in forma pragmatica, in quanto, hasviluppato lungo questo periodo competenze fondamentali per intermediazionee facilitazione di azioni commerciali e culturali tra i due paesi.Così più che un opera di ricerca acca<strong>de</strong>mica, questo libro rappresentauna celebrazione effettiva <strong>de</strong>lla coniugazione-congiunzione <strong>de</strong>gli sforzi <strong>de</strong>i suoiautori e <strong>de</strong>ll’ITALCAM per fotografare le relazioni Brasile-Italia con le diversesfaccettature. I capitoli certamente non esauriscono le varie tematiche, mapermettono per mezzo <strong>de</strong>lle informazioni ottenute con 400 interviste e 43imprese una visione semplificata e didattica di questa realtà.Servono inoltre come banco di dati e punto di partenza fondamentale pernuovi studi e progetti di affari impresariali.L’ITALCAM, cerca così di contribuire e promuovere una effettivapartecipazione tra l’università e l’impresa per l’azione di giovani stu<strong>de</strong>nti, i loroprofessori, orientatori, impresari e industriali nella realizzazione di conoscenzeapplicate negli affari.Edoardo PollastriPresi<strong>de</strong>nte ITALCAMMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 6


SUMÁRIOIntrodução........................................................................................................... 07Capítulo 1: Italianida<strong>de</strong> e negócios .....................................................................09Capítulo 2: O processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia na trajetória <strong>de</strong> internacionalizaçãodas organizações: um estudo sobre a influência das formações <strong>de</strong> estratégia nainternacionalização das empresas ítalo-brasileiras.................................................20Capítulo 3: Internacionalização <strong>de</strong> negócios: estratégia <strong>de</strong> crescimento e<strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>de</strong> empresas italianas e brasileiras.........................77Capítulo 4: O papel da inovação nas estratégias <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> empresasitalianas e brasileiras.............................................................................................91Capítulo 5: A confiança do público jovem nos produtos <strong>de</strong> origem italiana...........109Capítulo 6: Da Itália ao Brasil: biografia e socieda<strong>de</strong> na trajetória do empreen<strong>de</strong>dorFrancisco Matarazzo..............................................................................................126Capítulo 7: Empreen<strong>de</strong>dorismo e o sistema <strong>de</strong> incubação no Brasil e na Itália......145Capítulo 8: A influência do investimento estrangeiro direto italiano no Brasilglobalizado..............................................................................................................151Capítulo 9: Consi<strong>de</strong>rações sobre a cooperação Brasil-Itália...................................169Capítulo 10: O papel da Câmara Ítalo-brasileira <strong>de</strong> comércio <strong>de</strong> São Paulo nasrelações internacionais Itália-Brasil..........................................................................177Capítulo 11: Câmara Ítalo - <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio, Indústria e Agricultura <strong>de</strong> SãoPaulo.........................................................................................................................181Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 7


INTRODUÇÃOIntroduçãoEste livro é fruto <strong>de</strong> um acordo <strong>de</strong> cooperação entre a ITALCAM –Câmara Ítalo-<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio, Indústria e Agricultura e aUNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE com o objetivo <strong>de</strong>estabelecer uma melhor compreensão das relações bilaterais <strong>de</strong> negóciosentre Itália e Brasil. Nasceu <strong>de</strong> uma percepção subjetiva <strong>de</strong> que as relaçõescomerciais, históricas e culturais entre os dois países é subaproveitada nageração sustentada <strong>de</strong> novos negócios.O Projeto teve início em agosto <strong>de</strong> 2009 e término em março <strong>de</strong> 2011,tendo sido inicialmente dividido em três macros áreas (ver figura na página aseguir), sofrendo incrementos conforme oportunida<strong>de</strong>s que se apresentaram no<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua execução.Área 1 - ITALIANIDADE E NEGÓCIOS: aquela que investigou asrelações do jovem gestor e/ou estudante <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Empresas eComércio Exterior, <strong>de</strong> ascendência italiana ou não, frente ao potencialentrosamento com a cultura italiana e sua disposição para fazer negócios eparticipar <strong>de</strong> empresas italianas.Principais subdimensões consi<strong>de</strong>radas: como o jovem gestor se alocana cultura italiana vigente no Brasil e seus meios <strong>de</strong> acesso a ela; sua potencialintenção <strong>de</strong> entrosamento nessa cultura; a imagem percebida por ele dasempresas e negócios; sua disposição em fazer negócios com empresasitalianas.Área 2 - ESTRATÉGIAS: foi a interface agregadora do projeto e,possivelmente, a mais relevante. Aqui também foram incluídas as questões <strong>de</strong>internacionalização e dada sua complexida<strong>de</strong> foi realizada em duas fases. Naprimeira fase (exploratória) procuramos obter um <strong>de</strong>senho da estrutura vigentee, posteriormente, aprofundamos as questões, <strong>de</strong> forma a enten<strong>de</strong>r as relaçõesentre estratégias e o processo <strong>de</strong> internacionalização das empresas.Consi<strong>de</strong>raram-se as principais subdimensões: ciclo <strong>de</strong> vida doproduto/empresa e ambiente competitivo; oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios; processo(trajetória) <strong>de</strong> internacionalização; estrutura organizacional das empresas nainternacionalização e processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias nainternacionalização.Área 3 - MARCA ITÁLIA: aquela que avaliou a visão e aceitação dojovem consumidor frente a “marca país”. Muitas nuances foram consi<strong>de</strong>radas(marca construída, marca percebida, marca turismo, marca território, etc.).Buscou-se observar o que o jovem consumidor enten<strong>de</strong> e vê como um produtoitaliano e sua disposição em aceitá-lo.O projeto contou com a participação <strong>de</strong> todo o staff da ITALCAM e <strong>de</strong>onze professores do CCSA – Centro <strong>de</strong> Ciências Sociais e Aplicadas dauniversida<strong>de</strong> e um professor convidado da FUNENSEG – Fundação EscolaNacional <strong>de</strong> Seguros.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 8


Teve a participação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 400 alunos que participaram daspesquisas envolvidas, 43 empresas, a maior parte por indicação da ITALCAM<strong>de</strong>ntre seus associados e 3 grupos (total 15 alunos) que trabalharam os temasdiretamente em seus trabalhos <strong>de</strong> graduação interdisciplinar (TGI) soborientação direta dos professores pesquisadores envolvidos.O produto final, mais do que um simples relatório <strong>de</strong> resultados gerouum livro que compilou os diversos aspectos relacionados ao projeto, além <strong>de</strong>seus resultados.Na constituição dos capítulos optou-se por permitir que os autoresusassem o formato e linguagem que julgassem mais conveniente ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ias, sempre mantendo rigor científico, porém livrespara simplificarem o texto e sua organização <strong>de</strong> forma a torna-lo agradável atodos os tipos <strong>de</strong> leitores. Os autores são integralmente responsáveis peloscapítulos que assinam.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 9


CAPÍTULO 1ITALIANIDADE E NEGÓCIOSHélio Morrone CosentinoAndré Castilho Ferreira da CostaSaulo Soares SouzaINTRODUÇÃOA percepção subjetiva <strong>de</strong> que as relações comerciais, históricas eculturais entre Brasil e Itália são subaproveitadas na geração sustentada <strong>de</strong>novos negócios é um sentimento bastante evi<strong>de</strong>nte no discurso doempresariado, quer seja em fóruns, seminários ou grupos setoriais <strong>de</strong>promoção comercial <strong>de</strong> ambos os países.A proposta <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a relação entre “italianida<strong>de</strong> e negócios” nasceuda perspectiva <strong>de</strong> que a gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> ítalo-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes brasileirospo<strong>de</strong>ria ter influência estratégica nas relações bilaterais <strong>de</strong> negócios entre oBrasil e a Itália.Embora o termo italianida<strong>de</strong> possa ser <strong>de</strong>finido como proposto porAulete (2010), Weiszflog (2010) e Houaiss (2010) como o caráter ou qualida<strong>de</strong>peculiar do que ou <strong>de</strong> quem é italiano, ou mesmo pelo sentimento <strong>de</strong> afinida<strong>de</strong>ou <strong>de</strong> amor pela Itália, ficam algumas lacunas no seu entendimento. Asociologia e a antropologia buscam preencher tais espaços sem obter completosucesso, pois se pren<strong>de</strong>m, sobretudo, às questões <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural entreBrasil e Itália, abordando <strong>de</strong> maneira menos pragmática as questõesempresariais.Este trabalho procura preencher tal lacuna e, assim, subsidiar políticaspúblicas e o planejamento estratégico <strong>de</strong> empresas em nível local ou em seuprocesso <strong>de</strong> internacionalização.Neste contexto, buscou-se investigar as relações do jovem gestor e/ouestudante <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Empresas e Comércio Exterior, <strong>de</strong>ascendência italiana ou não, frente ao potencial entrosamento com a culturaitaliana e sua disposição para fazer negócios e participar <strong>de</strong> empresasitalianas. A opção por escolher os jovens como amostra <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>u-se pelasuposição que, muito provavelmente, esta parcela populacional alcançará emuma década posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no mercado <strong>de</strong> trabalho e po<strong>de</strong>rá, portanto,agir <strong>de</strong> forma estratégica na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão em negócios.Para tanto, procurou-se respon<strong>de</strong>r a duas questões essenciais:• Qual o grau <strong>de</strong> atrativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens brasileiros (estudantes eprofissionais) <strong>de</strong> ascendência italiana ou não com a cultura e negócios comempresas italianas?• Qual a influência estratégica da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural Brasil-Itália noestabelecimento <strong>de</strong> negócios entre os dois países?Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 10


Para uma melhor compreensão dos resultados <strong>de</strong>ste estudo abordaramseinicialmente algumas questões relevantes à idéia e conceito <strong>de</strong> italianida<strong>de</strong>.Embora propalado que este tema seja amplamente estudado e disponha <strong>de</strong>farta literatura, tal fato não se revelou verda<strong>de</strong>iro, pois boa parte do materialencontrado <strong>de</strong>monstra pouca materialida<strong>de</strong> científica, ou seja, encontra-sebaseado em opiniões romantizadas e em uma cultura mítica.Dadalto (2008) aborda a questão competentemente em sua obra Odiscurso da italianida<strong>de</strong> no Espírito Santo: realida<strong>de</strong> ou mito construído?concluindo:Contudo, não há dados objetivos suficientes que justifiquem afirmar queo estado é constituído em mais <strong>de</strong> 60% por ítalo <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes ou que ai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do capixaba seja fundada na italianida<strong>de</strong>. O Espírito Santo ésabidamente território em que prospera a diversida<strong>de</strong> cultural. Porém, aeficácia <strong>de</strong> uma prática discursiva, sustentada no entusiasmo ufanista da<strong>de</strong>rrota da adversida<strong>de</strong>, dá alento ao mito da italianida<strong>de</strong> na supremacia daconfiguração da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> capixaba (DADALTO, 2008).Talvez as conclusões <strong>de</strong>ssa autora possam ser estendidas a outrassituações e estados brasileiros, pois a revisão da literatura, baseada em termoschaves como “italianida<strong>de</strong>, italianity ou italianitá” e suas variações, realizadabibliograficamente e em mecanismos eletrônicos acadêmicos e empresariaisque acessam bases <strong>de</strong> dados tais como o PORTAL CAPES, EBSCO,PROQUEST, etc., retorna um número pouco significativo <strong>de</strong> resultados,especialmente associados ao ambiente empresarial. Apesar disso, pu<strong>de</strong>mos<strong>de</strong>stacar aspectos interessantes que comumente são associados à idéia <strong>de</strong>italianida<strong>de</strong> e que, portanto, permitiriam sua utilização <strong>de</strong> forma estratégica.ITALIANIDADEBechelloni (2007) afirma que o termo “italianida<strong>de</strong>” não possui origemcerta, mas que teria sido criado ou utilizado mais formalmente a partir dosestudos <strong>de</strong> Piero Basseti na década <strong>de</strong> 2.000.Em um <strong>de</strong> seus estudos este último afirma:A Italianida<strong>de</strong> não é italocêntrica. Para <strong>de</strong>fini-la da melhor maneirapossível <strong>de</strong>ve-se encará-la como uma manifestação que é global (o conjuntodas comunida<strong>de</strong>s italianas no âmbito global) e, ao mesmo tempo, local (asinúmeras ramificações ou subconjuntos <strong>de</strong> italianos itálicos, italianos suíços,italianos da Dalmácia, ítalo-americanos, ítalo-argentinos etc., aos quais <strong>de</strong>vemacrescentar-se todos os que apreciam o modo <strong>de</strong> vida italiano, um estilo <strong>de</strong>vida e uma cultura muito típicos e fáceis <strong>de</strong> se reconhecer). A italianida<strong>de</strong> estápresente em todo o mundo e ligada por fortes correntes compartilhadas. Ositálicos se i<strong>de</strong>ntificam, pelo seu modo <strong>de</strong> ser itálico, com uma cultura,economia, divertimentos, moda e cozinha <strong>de</strong> origem itálica... (BASSETTI,2005).Curiosamente o autor não cita a comunida<strong>de</strong> ítalo-brasileira, apesar dos25 milhões <strong>de</strong> ítalo-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes que existiriam no Brasil. Fato este queparece mais freqüente que o normal também em diversos outros estudos, oque eventualmente po<strong>de</strong>ria sugerir um caráter <strong>de</strong> importância secundário, dadoà imigração italiana no Brasil e, portanto, a seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 11


Bechelloni (2007) ressalta ainda a importância da visão <strong>de</strong> Basseti sobrea italianida<strong>de</strong>, uma vez que sua atuação como Presi<strong>de</strong>nte da Câmara <strong>de</strong>Comércio <strong>de</strong> Milão, da União das Câmaras <strong>de</strong> Comércio Italianas e da Uniãodas Câmaras <strong>de</strong> Comércio Italiana no mundo certamente contribuiu para umavisão cosmopolita e pragmática do tema. Afirma ainda que a presença italianano mundo é tão ativa e está presente em diversos lugares e papéis, impelidapor seus empreendimentos e por outras qualida<strong>de</strong>s e atributos culturais que<strong>de</strong>rivam do legado <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> civilização itálica. Tais qualida<strong>de</strong>s eatributos seriam, por assim dizer, contagiosos, por serem adquiridos, no todoou em parte, por outras pessoas em todo o mundo que não são etnicamenteitalianas, nem <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> italianos.Bao (2010) faz um resgate sócio-histórico da construção da italianida<strong>de</strong>no Brasil procurando mostrar como a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> italiana foi sendohistoricamente tecida no Brasil sob condições sociais singulares, mediada porrelações e interações sociais específicas que promoveram tal i<strong>de</strong>ntificação.Kanaan (2008) ressalta as peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tal i<strong>de</strong>ntificação, quandoafirma em seus estudos que um contexto aparentemente estruturado em“italianos” e “brasileiros” comporta também poros <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> frente agrupos <strong>de</strong> novos imigrantes e que as fronteiras simbólicas entre os gruposmostraram-se fluídas e negociáveis. A autora afirma compreen<strong>de</strong>r italianida<strong>de</strong>como referências simbólicas que referem a qualida<strong>de</strong>s morais e que versamsobre o “bom” trabalhador, o “bom” operário e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem.Gomes complementa as i<strong>de</strong>ias anteriores quando afirma sobre aimigração italiana ao Brasil que a importância <strong>de</strong>ste grupo no movimentomigratório europeu que teve como <strong>de</strong>stino o Brasil, é enorme por várias razões:- Uma <strong>de</strong>las é <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m quantitativa: entre 1870 e 1920, momento áureodo largo período <strong>de</strong>nominado como da "gran<strong>de</strong> imigração", os italianoscorrespon<strong>de</strong>ram a 42% do total dos imigrantes entrados no Brasil, ou seja, em3,3 milhões <strong>de</strong> pessoas, os italianos eram cerca <strong>de</strong> 1,4 milhões (GOMES2000).- Outras são <strong>de</strong> natureza qualitativa: o italiano reuniu as duas condições<strong>de</strong> imigração mais valorizadas por autorida<strong>de</strong>s públicas, por intelectuais e porempresários privados. A proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> língua, religião e costumes, fez oimigrante italiano mais facilmente assimilável por nossa socieda<strong>de</strong> do que osalemães ou japoneses, por exemplo; além disto, correspon<strong>de</strong>u aos i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong>branqueamento <strong>de</strong> nossa população, acreditado como <strong>de</strong>sejável para que nostornássemos mais "civilizados" diante <strong>de</strong> nossos próprios olhos e aos olhos domundo (GOMES 2000).Chama a atenção a questão da origem do imigrante italiano chegado aoBrasil (Tabela 1), que predominantemente proveio do Norte da Itália (53,5%)contra o restante vindo da região meridional (12,4%) e sul (33,2%), quandousualmente afirma-se o inverso.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 12


Tabela 1 - Distribuição geográfica da imigração italiana ao Brasil (1876 a 1920)1º VENETO 365.710 29,4%2º CAMPANIA 166.080 13,4%3º CALABRIA 113.155 9,1%4º LOMBARDIA 105.973 8,5%5º ABBRUZZO/MOLISE 93.020 7,5%6º TOSCANA 81.056 6,5%7º EMILIA - ROMAGNA 59.877 4,8%8º BASILICATA 52.888 4,3%9º SICILIA 44.390 3,6%10º PIEMONTE 40.336 3,5%11º PUGLIA 34.833 2,8%12º MARCHE 25.074 2,1%13º LAZIO 15.982 1,3%14º UMBRIA 11.818 1%15º LIGURIA 9.328 0,8%16º SARDEGNA 6.113 0,5%TOTAL: 1.225.633 100%Fonte: Brasil 500 anos <strong>de</strong> povoamento. IBGE. Rio <strong>de</strong> Janeiro. 2000As questões <strong>de</strong> caráter discriminatório entre os próprios italianos,concernentes à origem regional dos grupos imigrantes, não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>ser consi<strong>de</strong>radas. No entanto, o próprio processo migratório <strong>de</strong> distribuição daspopulações sobre o território brasileiro, ao longo do tempo, encarregou-se <strong>de</strong>mitigar tais aspectos, dado o espalhamento e a miscigenação forçosa <strong>de</strong> taisgrupos, embora algumas regiões do sul do Brasil <strong>de</strong>monstrem até hoje algunsclusters mais significativos. Ainda assim, os muitos universos italianosdisseminados extensivamente criaram características únicas <strong>de</strong> italianida<strong>de</strong> noBrasil.A visão <strong>de</strong> Zanini (2005) sobre italianida<strong>de</strong> revela uma visãointeressante sobre as questões da italianida<strong>de</strong>, contrariando o senso comum. Oautor afirma que a invocação da italo-brasilianida<strong>de</strong> é trabalhada positivamentee pragmaticamente, uma vez que os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, em sua maior parte, nãoteriam <strong>de</strong>sejo manifesto <strong>de</strong> viver na Itália. Cultivariam uma forma <strong>de</strong> sedistinguir que tem operacionalida<strong>de</strong> apenas aqui, no universo brasileiro.Designar-se “italiano” faria mais sentido aqui, na medida em que se acionariampositivida<strong>de</strong>s que se agregariam às suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s individuais e <strong>de</strong>notariam<strong>de</strong>terminado estilo <strong>de</strong> vida.MÉTODOSMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 13


Para respon<strong>de</strong>r às questões propostas nesse trabalho utilizou-se umapesquisa exploratória <strong>de</strong>scritiva, aten<strong>de</strong>ndo aos preceitos <strong>de</strong> Richardson(1999) que afirma que o procedimento exploratório <strong>de</strong>ve ser utilizado quandonão se tem informação sobre <strong>de</strong>terminado tema e se <strong>de</strong>seja conhecer ofenômeno, e que o procedimento <strong>de</strong>scritivo busca <strong>de</strong>screver as características<strong>de</strong> tal fenômeno.O estudo baseou-se em um instrumento <strong>de</strong> pesquisa que procurouavaliar o constructo italianida<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> 40 questões objetivas divididas em 3categorias previamente <strong>de</strong>finidas pelos pesquisadores:• CULTURA ITALIANA - como o jovem e futuro gestor alocam-sena cultura italiana vigente no Brasil;• NEGÓCIOS - a imagem percebida por ele das empresas enegócios italianos e sua disposição em fazer negócios com empresas italianas;• ACESSIBILIDADE - seus meios <strong>de</strong> acesso à cultura italiana e suapotencial intenção <strong>de</strong> entrosamento nela.O referido instrumento foi aplicado a 324 estudantes <strong>de</strong> ambos os sexos(50% <strong>de</strong> cada), em sua ampla maioria (91%) com ida<strong>de</strong>s entre 19 e 22 anos epertencentes às classes sociais A e B, todos os alunos <strong>de</strong> 3º a 5º semestre (<strong>de</strong>um total 08 semestres) dos cursos <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Empresas e <strong>de</strong>Comércio Exterior da Universida<strong>de</strong> Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo -Capital / Brasil, sendo que meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>les (54%) já trabalhavam em algum nível<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> produtiva em sua área <strong>de</strong> formação.Os resultados obtidos geraram um banco <strong>de</strong> dados que foi tratadoexclusivamente <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scritiva em uma 1ª fase.Em uma 2ª fase utilizou-se uma técnica estatística multivariada<strong>de</strong>nominada “Análise Fatorial Confirmatória” que permitiu selecionar e agruparas respostas relevantes em subdimensões operacionais (fatores). Emsequência, a partir <strong>de</strong>stes fatores, procurou-se obter um mo<strong>de</strong>lo matemáticoque pu<strong>de</strong>sse aferir o grau <strong>de</strong> relação <strong>de</strong> tais fatores à italianida<strong>de</strong>, fazendo-seuso <strong>de</strong> outra técnica <strong>de</strong> estatística multivariada <strong>de</strong>nominada “SEM – StructuralEquation Mo<strong>de</strong>ling” e tendo como auxílio o software “PLS - Partial LeastSquares Regression”.Em uma 3ª e última fase, criaram-se índices que pu<strong>de</strong>ssem “medir” ograu <strong>de</strong> italianida<strong>de</strong> no grupo <strong>de</strong> ítalo-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes versus <strong>de</strong>maisrespon<strong>de</strong>ntes, comparando-os. Para tanto, utilizamos técnicas comparativas <strong>de</strong>populações a partir <strong>de</strong> amostras emparelhadas, tais como “Teste T” e “ANOVAcom medidas repetidas” tendo como auxílio o software estatístico IBM – SPSS(18.0).Em todos os tratamentos estatísticos aten<strong>de</strong>ram-se aos pressupostos erequisitos estatísticos recomendados por Maroco (2008), Moore (2006) e Hair(2005).Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 14


ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃODado o objetivo do presente capítulo, optou-se por simplificar aapresentação dos resultados, resumindo as i<strong>de</strong>ias sempre que possível eevitando a colocação dos outputs numéricos gerados pelos softwares.1ª fase - Resultados Descritivos:Dentre os resultados <strong>de</strong> cunho puramente <strong>de</strong>scritivo <strong>de</strong>stacam-se <strong>de</strong>imediato a proporção <strong>de</strong> entrevistados que possuem ascendência italiana(63%), sendo que a parcela mais representativa advém <strong>de</strong> seus bisavós.A ampla maioria <strong>de</strong>les (88%) teve sua formação escolar prévia emescolas particulares, o que constitui no Brasil, via <strong>de</strong> regra, um ensino <strong>de</strong>melhor qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>nota um po<strong>de</strong>r aquisitivo elevado (classe A e AB). Talfato é corroborado por estudarem agora na Universida<strong>de</strong> PresbiterianaMackenzie, cujos custos são bastante elevados frente às <strong>de</strong>mais instituições <strong>de</strong>ensino do mercado. Dessa parcela <strong>de</strong> alunos, a ampla maioria (72%) nãopossuiu na fase escolar pré-universitária ligação com escolas vinculadasculturalmente a países estrangeiros. Apenas 4% tiveram sua formação emescolas ítalo-brasileiras e uma parcela mais consi<strong>de</strong>rável em escolas norteamericanase inglesas (16%).Os respon<strong>de</strong>ntes afirmam conhecer muito intensivamente a línguaportuguesa (98%), e quando questionados sobre o conhecimento <strong>de</strong> idiomasestrangeiros, o inglês <strong>de</strong>monstra ser prepon<strong>de</strong>rante (51% possuemconhecimento bastante intenso + 33% grau intermediário). Segue-se o idiomaespanhol em proporções mais mo<strong>de</strong>stas estando as <strong>de</strong>mais línguas - italianas,francesas, alemãs e línguas orientais - praticamente alinhadas, em patamaresinsignificantes no grau <strong>de</strong> conhecimento dos entrevistados.Po<strong>de</strong>-se afirmar que os jovens gestores reconhecem no idiomaestrangeiro um fator prepon<strong>de</strong>rante como diferencial em sua carreira, quandoafirmam que estudam línguas estrangeiras para “benefícios pessoais eprofissionais que possam ter no futuro (36%)”; afirmam ainda que “estudamidiomas para conhecimento da cultura do país e potenciais benefíciosprofissionais e pessoais advindos <strong>de</strong>sse conhecimento (43%)”.Quando estimulados a escolherem como uma “1º opção para umapróxima língua estrangeira que <strong>de</strong>sejam estudar” obtém-se em grau<strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> preferência: espanhol, francês/inglês, italiano (13%), alemão echinês.Estimulados a escolherem um novo idioma para estudo, apenas por“gosto pessoal” sem consi<strong>de</strong>rarem questões práticas ligadas a suas carreiras,os jovens gestores escolhem o italiano em primeira posição (33%), seguido dofrancês (29%), alemão (12%) e as <strong>de</strong>mais línguas - inclusive inglês - em níveismuito inferiores (<strong>de</strong> 3 a 8%).Caso pu<strong>de</strong>ssem cursar uma parte <strong>de</strong> seus cursos <strong>de</strong> graduação em umauniversida<strong>de</strong> no exterior (intercâmbio), os jovens gestores selecionariam como1ª opção os EUA/Inglaterra (65%), estando a Itália (6%) alinhada com os<strong>de</strong>mais países. Como uma 2ª opção <strong>de</strong> escolha Espanha e Itália (12%)crescem mo<strong>de</strong>radamente em relação a outros países.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 15


Para um aperfeiçoamento após a graduação (MBA, Mestrado,Doutorado) a maior preferência é pelo USA/Inglaterra (83%) contra 2% daItália. Se pu<strong>de</strong>ssem fazer uma 2ª opção em suas escolhas, a Itália seriaelevada para um nível <strong>de</strong> 9%.Para realizar um estágio profissional, durante ou após a graduação, osrespon<strong>de</strong>ntes preferem as empresas <strong>de</strong> origem norte-americanas (39%) ebrasileiras (29%) contra apenas 3% das italianas.Quando em condições similares (cargo, salário e benefícios) os jovensgestores escolhem como seu primeiro emprego trabalhar em empresasbrasileiras ou norte-americanas (em nível próximo a 34% para cada uma <strong>de</strong>las)e somente 4% para as italianas.Instados a mudarem sua opção em relação à questão acima, lembrandolhesa crise econômica que afetou o mundo no ano <strong>de</strong> 2008, os jovensgestores preferem com ampla margem <strong>de</strong> vantagem empresas brasileira (42%)frente às <strong>de</strong>mais (norte-americanas 20% e italianas 5%).Quando os jovens gestores são convidados a buscar um paísestrangeiro para “construírem sua carreira” a Itália e Japão ficam com apenas3% das escolhas, o que po<strong>de</strong>ria sugerir que o fluxo migratório Brasil – Itália (ouJapão) não atrairia mais os estudantes brasileiros. Se os respon<strong>de</strong>ntes sãoestimulados a “fazerem sua vida fora do Brasil, pensando principalmente emseus gostos pessoais e sendo suas carreiras apenas um objetivo <strong>de</strong>ntremuitos” a escolha da Itália como <strong>de</strong>stino cresce pouco (11%). Tal fatocorroboraria a afirmação anterior sobre a migração brasileira.Dentre os entrevistados 78% afirmam conhecer e po<strong>de</strong>r citarnominalmente algumas empresas genuinamente italianas presentes emterritório brasileiro. Porém, 53% <strong>de</strong>les são indiferentes quanto ao fato <strong>de</strong>empresas italianas oferecerem-lhes oportunida<strong>de</strong>s diferenciadas frente aempresas brasileiras. Se as empresas italianas são comparadas com outrasempresas estrangeiras o quadro mantém-se mais evi<strong>de</strong>nte, quando osrespon<strong>de</strong>ntes afirmam não perceber diferenciais nas empresas italianas (63%).No momento em que se afirma que “as empresas italianas são poucoimportantes no cenário internacional” uma parcela bastante significativa dosentrevistados (69%) discorda. Quando a mesma situação é levada ao cenáriobrasileiro, o valor tem leve <strong>de</strong>créscimo (61%), ou seja, em ambos os casos osjovens gestores reconhecem a importância da empresa italiana no contextointernacional.Estimulados a optarem pela origem da empresa on<strong>de</strong> prefeririamtrabalhar (brasileira, norte-americana, japonesa, chinesa e européia), semprecomparando com empresas italianas, não se observa, grosso modo, nenhumcomportamento notável, ou seja, as empresas italianas e as <strong>de</strong>mais sãocolocadas em patamares próximos. Apesar disso, os respon<strong>de</strong>ntes consi<strong>de</strong>ramempresas brasileiras um pouco menos competitivas que empresas italianas;julgam também que empresas italianas são tão competitivas como quaisqueroutras empresas <strong>de</strong> quaisquer países (há uma leve dissonância com oresultado anterior, portanto).Novamente estimulados a respon<strong>de</strong>rem se escolheriam trabalhar emuma empresa italiana, agora “por gosto pessoal ou simpatia”, há uma leveprepon<strong>de</strong>rância dos que respon<strong>de</strong>m positivamente. Fato notável é que osMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 16


avaliados não escolheriam trabalhar em empresas italianas por serem<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> italianos (32% diriam preferir, contra 68% que sãoindiferentes ou diriam não).Consi<strong>de</strong>ram que trabalhar numa empresa italiana ajudaria o<strong>de</strong>senvolvimento da carreira do jovem gestor (73%), mas eles não vêem suascarreiras com boas chances <strong>de</strong> progresso ao permanecer durante muitos anosnessas empresas (58%), exceto se trabalharem longo período em umaempresa italiana que tenha se instalado no Brasil recentemente - o gestor e aempresa começarem juntos - o que lhes ofereceria alguma atrativida<strong>de</strong> (52%).Os entrevistados não julgam que empresas italianas no exterior tratariamseus funcionários (brasileiros) <strong>de</strong> forma discriminatória, e nem que seriamimpedidos <strong>de</strong> evoluírem em suas carreiras por sua nacionalida<strong>de</strong>.A ampla maioria dos interessados (83%) afirmou que não dariapreferência por fazer negócios com empresas italianas ou comprar produtositalianos havendo presença <strong>de</strong> similares.Apenas uma pequena parcela dos entrevistados freqüenta associaçõesculturais, clubes e eventos ligados a algum país e sua cultura com maiorintensida<strong>de</strong> (25%), sem forte prepon<strong>de</strong>rância <strong>de</strong> qualquer nação (Itália – 9%).Para eles, não há um motivo especial para fazê-lo, sendo lazer e cultura geralos principais motivadores dos que freqüentam.Apenas 25% dos entrevistados costumam frequentar mostras <strong>de</strong>cinema, exposições, shows e eventos promovidos por algum país estrangeiro,sendo que a ampla maioria não frequentou recentemente festivaisgastronômicos (82%), festas típicas (72%) ou festas religiosas (93%)promovidas por tais países. Quando estimulados a indicar suas participaçõesespecificamente no “Ano da França no Brasil” os resultados não foramdiferentes.Quando questionados sobre os motivos para não freqüentaremcostumeiramente tais eventos, alegaram dois principais motivos: não haverdivulgação suficiente (69%) e que tais acontecimentos não aten<strong>de</strong>riam a seusgostos pessoais (22%).Dentre os respon<strong>de</strong>ntes, praticamente, a totalida<strong>de</strong> afirmou usarintensamente a internet, porém para 88% dos entrevistados o uso da re<strong>de</strong> quetenha qualquer vínculo com a Itália (cultura, emprego, negócios, lazer, músicas,filmes, etc.) restringe-se a, no máximo, 05 a 10% <strong>de</strong>sse tempo.Em relação a filmes italianos (TV, cinema, ví<strong>de</strong>o) 20% entrevistadosafirmam ter assistido a 01 único filme italiano nos últimos 06 meses, contra54% que não assistiram a nenhum.Para “Festivais <strong>de</strong> cinema italiano”, nos últimos 02 anos, praticamente atotalida<strong>de</strong> dos respon<strong>de</strong>ntes (96%) não frequentou nem mesmo parcialmentetais eventos.Festas típicas da cultura italiana em São Paulo (incluídas festasreligiosas) são pouco frequentadas pelos respon<strong>de</strong>ntes (63% nunca foram e34% foram poucas vezes).A ampla maioria dos respon<strong>de</strong>ntes (80%) nunca comprou qualquerpublicação impressa (livros, revistas, jornais e catálogos) que possuam ligaçãoexplícita com a Itália ou sua cultura.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 17


Dentre os entrevistados 42% não saberiam citar o nome <strong>de</strong> qualquersite, revista, canal <strong>de</strong> TV ou canal <strong>de</strong> comunicação italianos acessíveis noBrasil.Quando estimulados a respon<strong>de</strong>r se têm ou teriam interesse em teracesso aos canais <strong>de</strong> TV italianos RAI, 43% já têm acesso, mas não osassistem, enquanto 10% não têm e nem <strong>de</strong>sejam ter, contra 3% que assistemcom frequência. Todos os entrevistados que assistem aos canais italianosdisponíveis consi<strong>de</strong>ram-nos <strong>de</strong> baixa qualida<strong>de</strong>, frisando o excesso <strong>de</strong>“programas <strong>de</strong> auditório” que teriam pouco ou nenhum conteúdo aproveitável.Se os entrevistados pu<strong>de</strong>ssem receber via internet notícias,entretenimento, acesso a informações <strong>de</strong> cursos e negócios, oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>emprego, bolsas <strong>de</strong> estudos, acesso a rádios e TV's italianos, fornecidas pelogoverno italiano, 53% teriam forte interesse em cadastrar-se em uma re<strong>de</strong>/site<strong>de</strong> relacionamento Itália-Brasil. Outros 36% revelam que “talvez” tivesseminteresse.2ª Fase – Resultados por Mo<strong>de</strong>lagem matemáticaO mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> equações estruturais (SEM) obtido procurou aferir acapacida<strong>de</strong> estatística que os 3 fatores (CULTURA ITALIANA, NEGÓCIOS eACESSIBILIDADE) teriam para explicar o constructo italianida<strong>de</strong>.O mo<strong>de</strong>lo obtido, no entanto, não foi consi<strong>de</strong>rado significativo, o quesugere fortemente que o grupo <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ntes estudados possui poucovínculo com a Italianida<strong>de</strong>. Ou seja, por extensão do raciocínio, verifica-se abaixa influência da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural Brasil-Itália na atrativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovensbrasileiros (<strong>de</strong> ascendência italiana ou não) com a cultura e negócios comempresas italianas.Os resultados obtidos nessa fase <strong>de</strong> tratamento dos dados possuemperfeita sintonia com os resultados obtidos na fase anterior (1ª fase -Resultados Descritivos).A análise individualizada <strong>de</strong> cada um dos 3 fatores (grau <strong>de</strong> impactodas variáveis no constructo) po<strong>de</strong>rá proporcionar em trabalhos subsequenteseventuais ações estratégicas que gerem efeitos <strong>de</strong>sejados sobre a italianida<strong>de</strong>.3ª Fase – Comparação do grau <strong>de</strong> italianida<strong>de</strong> do grupo <strong>de</strong> ítalo<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntesVersus <strong>de</strong>mais respon<strong>de</strong>ntesA presença <strong>de</strong> dois grupos com características distintas (ítalo<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntese os <strong>de</strong>mais respon<strong>de</strong>ntes) po<strong>de</strong>ria influenciar <strong>de</strong>cisivamentenos resultados do estudo. Desta forma, optou-se por comparar os resultados(médias) obtidos com cada grupo com relação aos 3 fatores (CULTURAITALIANA, NEGÓCIOS e ACESSIBILIDADE). Em um momento posteriorgeramos os scores representados na Tabela 2, incluindo o constructoitalianida<strong>de</strong> que foi <strong>de</strong>finido pelos pesquisadores como uma pon<strong>de</strong>ração empartes iguais das médias obtidas a partir dos 03 fatores.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 18


acessibilida<strong>de</strong> aos jovens, sob a pena <strong>de</strong> tais laços extinguirem-sepermanentemente ou ficarem relegados a níveis inservíveis.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 20


CAPÍTULO 2O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA NATRAJETÓRIA DE INTERNACIONALIZAÇÃO DASORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DASFORMAÇÕES DE ESTRATÉGIA NA INTERNACIONALIZAÇÃODAS EMPRESAS ÍTALO-BRASILEIRASAn<strong>de</strong>rson Freitas SilvaBruno Elias LozanoMário Donato da SilvaRodrigo <strong>de</strong> OliveiraHélio Morrone Cosentino (Orientador)1 INTRODUÇÃOComumente as organizações buscam novos mercados além <strong>de</strong> seuslimites locais, como parte da constante busca pelo aprimoramento ecrescimento <strong>de</strong> seus negócios. Em um primeiro momento a busca ocorregeralmente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu próprio país e, posteriormente, a internacionalizaçãotorna-se uma etapa natural <strong>de</strong> sua evolução.Muitas permeiam as fronteiras <strong>de</strong> seus países e procuram evoluir nocenário internacional <strong>de</strong> uma maneira equivocada. A internacionalização faz,ou <strong>de</strong>veria fazer parte da trajetória do <strong>de</strong>senvolvimento que as organizaçõespassam ao longo do tempo, e não um simples recurso para saída <strong>de</strong> crises oufuga da concorrência.Talvez, pior do que se internacionalizar por razões precipitadas, sejafazê-lo sem um planejamento estratégico a<strong>de</strong>quado. A formação <strong>de</strong> estratégiana trajetória <strong>de</strong> internacionalização é ponto fundamental nesse processo, poiscom o planejamento a<strong>de</strong>quado as empresas alcançam posicionamentocoerente no mercado e obtenção <strong>de</strong> melhores resultados, com menores custose, principalmente, menos riscos.Esse trabalho é relevante, pois busca relacionar o processo <strong>de</strong> formação<strong>de</strong> estratégia com a trajetória <strong>de</strong> internacionalização das organizações. Procurai<strong>de</strong>ntificar se as organizações partem para o mercado externo por meio <strong>de</strong> umaestratégia <strong>de</strong>liberada, ou seja, planejada e alinhada previamente, ou se esseprocesso <strong>de</strong> internacionalização se dá por meio <strong>de</strong> estratégias emergentes.Tais aspectos serão abordados por meio do problema <strong>de</strong> pesquisa,questionando: o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia influencia na trajetória <strong>de</strong>internacionalização da empresa?Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 21


2 REFERENCIAL TEÓRICOPara consecução <strong>de</strong>ste estudo foi necessário levantar alguns conceitos.2.1 EstratégiaNo mercado competitivo em que as empresas estão inseridas asestratégias que as organizações estabelecem são fatores-chave para aobtenção <strong>de</strong> vantagem competitiva. Sua compreensão parte das <strong>de</strong>finições eteorias apresentadas a seguir.2.1.1 Conceito <strong>de</strong> estratégiaAurélio (2007) <strong>de</strong>fine estratégia como a arte militar <strong>de</strong> planejar eexecutar movimentos e operações a favor <strong>de</strong> ações táticas, ou, como a arte <strong>de</strong>aplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista aobjetivos específicos.Mintzberg e Quinn (2001) afirmam que o conceito <strong>de</strong> estratégia não étão simples <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido. Para os autores, estratégia é uma idéia <strong>de</strong> como aempresa, no mercado ou prestes a mudar <strong>de</strong> mercado, preten<strong>de</strong> relacionar-secom o público, sendo ele em geral seu cliente, fornecedor, acionista oustakehol<strong>de</strong>r. As estratégias <strong>de</strong>finidas ao longo do tempo acabam assimespelhando a imagem da empresa.Já na visão <strong>de</strong> Wright et al. (2000) estratégia refere-se aos planos daalta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e osobjetivos gerais da organização. I<strong>de</strong>ntificam ainda a estratégia a partir <strong>de</strong> trêspontos <strong>de</strong> vantagem: a formulação ou <strong>de</strong>senvolvimento da estratégia, aimplantação da estratégia e o controle estratégico.Segundo Porter (2003), a competição administrativa num <strong>de</strong>terminadosetor encontra-se arraigada na sua economia subjacente e em algumas forçascompetitivas que estão além dos combatentes nele estabelecidos. Os clientes,os fornecedores, os entrantes em potencial e os produtos substitutos, todossão concorrentes mais ou menos ostensivos ou ativos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do setor.A partir <strong>de</strong>sta análise o autor propôs o mo<strong>de</strong>lo das “5 Forças”:• Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha dos fornecedores;• Ameaça <strong>de</strong> novos entrantes;• Ameaça <strong>de</strong> produtos substitutos;• Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha dos clientes;• Rivalida<strong>de</strong> entre concorrentes.Na concepção do autor, após uma análise <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo para omercado, as empresas po<strong>de</strong>m posicionar-se e estipular estratégias, para seu<strong>de</strong>senvolvimento na obtenção <strong>de</strong> vantagem competitiva.A estratégia é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver um plano <strong>de</strong> ação que incluiposicionamento da empresa, <strong>de</strong> modo que suas capacida<strong>de</strong>s proporcionem amelhor <strong>de</strong>fesa contra as forças competitivas; e/ ou a influência no equilíbrio dasforças, através <strong>de</strong> manobras estratégicas, melhorando, <strong>de</strong>ssa forma, a posiçãoda empresa; e/ou a antecipação <strong>de</strong> mudanças nos fatores subjacentes àsforças e da reação da empresa a essas alterações, na esperança <strong>de</strong> explorálas<strong>de</strong> modo favorável, através da escolha <strong>de</strong> uma estratégia a<strong>de</strong>quada aoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 22


Muitas vezes surgem oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios para as empresas além<strong>de</strong> seu âmbito local, exigindo que elas se lancem no mercado externo.2.2 InternacionalizaçãoFatores como a globalização e a busca por uma posição em ummercado competitivo trazem como consequência questões <strong>de</strong> concorrência quevêm se tornando cada vez mais intensas. Uma melhor compreensão doprocesso <strong>de</strong> internacionalização é necessária para a adoção <strong>de</strong> meios quepermitam o crescimento sustentável do negócio.2.2.1 Conceito <strong>de</strong> InternacionalizaçãoSegundo Aurélio (2009), internacionalização é <strong>de</strong>finida como o ato <strong>de</strong>tornar-se internacional.Costa e Lorga (2003), afirmam que o conceito <strong>de</strong> internacionalizaçãopo<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como a necessida<strong>de</strong> das empresas se manteremcompetitivas em mercados alargados.Soares (2004) acrescenta que as distâncias do comércio exteriordiferenciam a administração <strong>de</strong> uma empresa que se volta para o negóciointernacional da administração voltada somente para o mercado doméstico.Internacionalizar uma empresa é introduzir no seu planejamentoestratégico (visão <strong>de</strong> longo prazo) o objetivo <strong>de</strong> buscar e manter negóciosinternacionais, tanto em relação à importação quanto à exportação. (SOARES,2004).Honório (2006) cita conceitos <strong>de</strong> internacionalização sob o ponto<strong>de</strong> vista <strong>de</strong> diversos autores, conforme Quadro 01.Quadro 1: Conceitos <strong>de</strong> Internacionalização na visão <strong>de</strong> diversos autoresCONCEITOA internacionalização refere-se a umprocesso contínuo <strong>de</strong> evolução pelo qual a firmaamplia seu envolvimento internacional como umafunção do aumento do conhecimento e docomprometimento com o mercado estrangeiro.A internacionalização é um processo queocorre mediante a construção contínua <strong>de</strong>relacionamentos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, uma vez que estratégiasisoladas dificilmente favorecem a obtenção <strong>de</strong>informações e <strong>de</strong> recursos financeiros necessáriosà exploração <strong>de</strong> novos mercados.A internacionalização é <strong>de</strong>finida como umprocesso <strong>de</strong> conscientização da firma a respeitodas influências direta e indireta das transaçõesinternacionais sobre o seu futuro e, em <strong>de</strong>corrênciadisso, sobre o modo como estabelece e conduztransações com outros países.AUTORESJohanson e Wie<strong>de</strong>rsheim-Paul, 1975;Johanson e Wahlne, 1977.Coviello e Munro,1997;Bridgewater, 1999;Chetty e Holm,2000;Sharmae Blomstermo,2003;Ritter e Gemun<strong>de</strong>n, 2003.Beamish et al. (1993)Fonte: Adaptado a partir <strong>de</strong> Honório (2006).Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 26


uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção no exterior. Outro ponto <strong>de</strong> convergênciaimportante entre a Teoria do Ciclo do Produto e o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Uppsalarefere-se ao <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> internacionalização emetapas. (FRANCISCHINI, 2009);• Teoria Eclética, <strong>de</strong>senvolvida por Dunning (1971) – Segundo Costa eLorga (2003), Dunnig integra as teorias <strong>de</strong> Hymer e Kin<strong>de</strong>lberger, teoria<strong>de</strong> ciclo <strong>de</strong> vida do produto <strong>de</strong> Vernon e teoria da internalização. Oobjetivo central da Teoria Eclética é assegurar o acesso a mercados <strong>de</strong>inputs e explorar tanto o potencial <strong>de</strong> mercado quanto uma vantagemcomparativa no processo produtivo;Francischini (2009) acrescenta que na teoria eclética, Dunning consi<strong>de</strong>raa classificação em grupos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, localização e internalizaçãopara classificar as vantagens competitivas em mercados internacionais.2.2.3 Teorias recentes da InternacionalizaçãoNeste tópico serão apresentadas as teorias mais recentes <strong>de</strong>internacionalização (itens 2.2.3.1, 2.2.3.2 e 2.2.3.3), segundo a ótica <strong>de</strong>Francischini (2009) em sua Tese <strong>de</strong> Doutorado, com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>screverseus conceitos e origens.2.2.3.1 Internacionalização e Diversificação em Produtos e MercadosConforme Cantwell e Piscitello (1999), a internacionalização é umamaneira <strong>de</strong> consolidar as capacitações <strong>de</strong> uma empresa. Isso ocorre através<strong>de</strong> recursos para diversificação, seja <strong>de</strong> produtos ou <strong>de</strong> mercados.Essa linha <strong>de</strong> pensamento é complementada por Penrose (2006)quando afirma que a diversificação po<strong>de</strong> assumir três formas: o ingresso <strong>de</strong>novos mercados com novos produtos, a partir <strong>de</strong> uma mesma área produtiva jáexistente; uma expansão no mesmo mercado por meio <strong>de</strong> novos produtosoriundos <strong>de</strong> outra área tecnológica; e o ingresso em novos mercados comnovos produtos baseados em outras áreas tecnológicas.2.2.3.2 As Dimensões da Internacionalização e MundializaçãoChenais (1996), ao analisar o processo <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong>empresas, consi<strong>de</strong>ra as seguintes dimensões: o intercâmbio comercial, oinvestimento produtivo no exterior e os fluxos <strong>de</strong> capital monetário ou capitalfinanceiro. Mais adiante o autor <strong>de</strong>staca o surgimento <strong>de</strong> uma quarta dimensão,baseada nos ativos intangíveis das empresas e no capital humano, que chama<strong>de</strong> “internacionalização tecno-financeira”.Com relação ao capitalismo mundial, Chenais (1996) <strong>de</strong>staca que osinvestimentos diretos no exterior têm reforçado a posição dos Estados Unidos,Europa e Japão. Por outro lado, os países que não fazem parte <strong>de</strong>sse grupoencontram-se <strong>de</strong>sconectados dos fluxos <strong>de</strong> capital internacionalizado.2.2.3.3 A Firma Born GlobalMadsen e Servais (1997) afirmam que o termo Born Global cujosignificado seria “Nascer Global/Globalizada” é utilizado para <strong>de</strong>finir empresasque <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua fundação ou logo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fundada, consi<strong>de</strong>ra em suasestratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento a atuação global.Embora haja discordância sobre alguns aspectos conceituais,Francischini (2009) apresenta itens <strong>de</strong> consenso entre os diversos autoressobre a Born Global:Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 28


- a atuação internacional é consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fundação ou em poucotempo após, sem o <strong>de</strong>senvolvimento primário <strong>de</strong> vantagens monopolísticas nomercado interno;- essas firmas ten<strong>de</strong>m a atuar em segmentos <strong>de</strong> mercado e apresentammaior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação <strong>de</strong> produtos para mercados específicos;- o <strong>de</strong>senvolvimento das capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inovação é fundamental para aatuação em mercados internacionais;- as novas tecnologias <strong>de</strong> produção e comunicação reduzem os custos<strong>de</strong> transação e têm favorecido o surgimento <strong>de</strong>ssa categoria <strong>de</strong> firmas;- as firmas <strong>de</strong>senvolvem adaptações em seus produtos, o que torna osmercados mais homogêneos;- os fornecedores com competências complementares são tambémselecionados a partir <strong>de</strong> acordos <strong>de</strong> colaboração;- há o estabelecimento <strong>de</strong> parcerias para a distribuição dos produtos emercados internacionais.2.2.4 Objetivos da InternacionalizaçãoLemaire (1997) sugere que os objetivos para as empresasinternacionalizarem-se são <strong>de</strong>vidos a diversos fatores, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>seguir o ciclo <strong>de</strong> vida internacional do produto até a busca por uma otimizaçãofiscal. Porém, apenas com os recentes progressos no domínio da estratégia éque se encontrou uma forma que permite esclarecer o fenômeno dainternacionalização: a procura pela vantagem competitiva.A entrada em mercados internacionais envolve incerteza, riscos ecomplexida<strong>de</strong>. A incerteza resulta da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operar em mercadosbastante distintos do doméstico, isto é, em ambientes cujos sistemas político,social e econômico e cujo marco legal po<strong>de</strong>m ter características bastantediferenciadas. (TANURE e DUARTE, 2006).Com a globalização, as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> produção e comércio internacionalficaram intimamente interligadas: a transnacionalização <strong>de</strong> empresas espalhousepelo mundo e a maior parte dos novos produtos que chegam ao mercado étransacionável internacionalmente (tra<strong>de</strong>d goods) ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m pesadamente<strong>de</strong> componentes transacionáveis. (LIMA e VASCONCELLOS, 2006)Tanure e Duarte (2006) complementam ao sugerirem que a entrada emmercados <strong>de</strong> outros países tem seus custos compensados a partir dosbenefícios resultantes da expansão da empresa, da conquista <strong>de</strong> outrosmercados, da obtenção <strong>de</strong> economia <strong>de</strong> escala e também do fortalecimento <strong>de</strong>uma posição competitiva, que gera um aumento da lucrativida<strong>de</strong> e a reduçãodo risco <strong>de</strong> atuação em apenas um mercado.2.2.5 Formas <strong>de</strong> InternacionalizaçãoCom base nos conceitos <strong>de</strong> Tanure e Duarte (2006), i<strong>de</strong>ntifica-se umconjunto institucional que possibilita o ingresso <strong>de</strong> produtos, tecnologia ououtros recursos <strong>de</strong> uma organização em um país estrangeiro <strong>de</strong> investimento.Para essas expansões existem diversas escolhas que envolvem riscos eproprieda<strong>de</strong>s diferentes. O quadro 2 ilustra as diversas maneiras <strong>de</strong>internacionalização das empresas na visão dos autores:Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 29


Quadro 2: Classificação dos modos <strong>de</strong> entradaPOREXPORTAÇÃOIndiretaCooperativaDiretaCONTRATUALLicenciamentoFranchisingAcordo TécnicoContrato <strong>de</strong> serviçosContrato <strong>de</strong> administraçãoContrato <strong>de</strong> produçãoAliança contratualPORINVESTIMENTOInvestimentoGreenfieldSubsidiária <strong>de</strong>controle integralSubsidiária <strong>de</strong>controle integralJoint VentureFonte: TANURE e DUARTE (2006, p. 8)Com base nessa classificação, os autores exploram as idéias envolvidasnesses modos <strong>de</strong> entrada:• Entrada por exportação - forma <strong>de</strong> mais fácil acesso para as empresas<strong>de</strong> menor porte, que por terem poucas alternativas viáveis <strong>de</strong> expandirsepara o exterior, buscam esta maneira como expansão <strong>de</strong> suaorganização. Este é o mo<strong>de</strong>lo pelo qual os produtos finais ouintermediários <strong>de</strong> uma empresa são fabricados fora do país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino esubseqüentemente transferidos para ele. Dentre os tipos <strong>de</strong> exportação,a exportação indireta é utilizada por intermediários, geralmente agentesou distribuidores, que realizam a compra no país <strong>de</strong> origem daorganização que internacionalizou. Já no segmento <strong>de</strong> exportaçãodireta, os intermediários estão sediados no local <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino. Por últimotemos a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exportação cooperativa a qual se situa entre osdois tipos <strong>de</strong> exportação já mencionados, indiretos e diretos, que tantopo<strong>de</strong> envolver acordos com um parceiro, para uso <strong>de</strong> sua re<strong>de</strong> <strong>de</strong>distribuição no mercado <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino, como a formação <strong>de</strong> cooperativas econsórcios.• Entrada Contratual - caracteriza-se pela associação não-patrimonial, <strong>de</strong>longo prazo, entre uma firma internacional e uma instituição em um paísestrangeiro. Envolve a transferência <strong>de</strong> tecnologia ou capacitação daempresa para aquele país. Esse modo <strong>de</strong> entrada no exterior distingueseda exportação principalmente por se constituir em veículo para atransferência <strong>de</strong> conhecimentos e competências. Para a entrada viacontratual, as três maneiras mais utilizadas pelas organizações sãolicenciamento, franchising e contratos <strong>de</strong> produção.• Entrada por Investimento - esta maneira <strong>de</strong> internacionalização dasorganizações envolve a proprieda<strong>de</strong>, por uma firma internacional, <strong>de</strong>indústrias, unida<strong>de</strong>s ou fábricas em um país estrangeiro. Esses termossão caracterizados como subsidiárias, <strong>de</strong> maneira que po<strong>de</strong>m serunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apenas complementação do processo fabril da organizaçãoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 30


do país <strong>de</strong> origem, na qual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> inteiramente da importação <strong>de</strong>produtos semi-produzidos da matriz (o que po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>radocomo extensão do modo <strong>de</strong> entrada por exportação). Outro tipo <strong>de</strong>subsidiárias são as unida<strong>de</strong>s fabris responsáveis pela industrializaçãototal do produto. Com a procura <strong>de</strong> locais no mundo que sejam maiseficientes na produção, distribuição e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novastecnologias, as empresas passam a ter a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tornar maiscomplexa sua atuação mundial. Ao investir em uma subsidiária nomercado externo, a empresa po<strong>de</strong> optar por um negócio já existente(aquisição) ou totalmente novo (investimento tipo greenfield).Concluindo, as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção estrangeiras po<strong>de</strong>m serclassificadas como sole ventures, <strong>de</strong> controle e proprieda<strong>de</strong> total daorganização matriz, ou joint ventures, com controle e proprieda<strong>de</strong>divididos entre a matriz e um ou mais parceiros locais.A forma <strong>de</strong> levar os bens da empresa aos seus clientes é uma <strong>de</strong>cisãoimportante com reflexos em relação ao investimento necessário, do controle eda flexibilida<strong>de</strong> conseguidos e do risco assumidos. Decisões erradas a estenível po<strong>de</strong>rão traduzir-se em resultados inesperados e até mesmo irreversíveis.(COSTA e LORGA, 2003).2.2.6 Impacto da internacionalização no <strong>de</strong>sempenho das organizaçõesSegundo Hemais (2005), <strong>de</strong>vido ao fato do <strong>de</strong>sempenho empresarial serum conceito multidimensional, não há um consenso na literatura a respeito do<strong>de</strong>sempenho da empresa nas ativida<strong>de</strong>s no exterior. O autor cita Baldauf et al.(2000) ao sugerir o <strong>de</strong>sempenho nas internacionalizações como “os resultadosobtidos pela firma com as vendas internacionais”. Porém, ao citar Shoham(1998), o autor observa a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> exportações como sendo “as <strong>de</strong>cisões eativida<strong>de</strong>s internacionais <strong>de</strong> marketing realizadas pela firmainternacionalmente” e <strong>de</strong>sempenho como sendo “o resultado agregado dasvendas internacionais <strong>de</strong> uma firma”.Um dos principais problemas enfrentados pelos pesquisadores na áreaestá relacionado à forma <strong>de</strong> operacionalização do <strong>de</strong>sempenho exportador,reconhecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo como um construto multidimensional. (HEMAIS,2005).Concluindo, Hemais (2005) cita Louter et al. (1991) ao afirmar queembora medidas objetivas sejam as <strong>de</strong>finições operacionais predominantes do<strong>de</strong>sempenho exportador, alguns autores têm <strong>de</strong>fendido o uso conjunto <strong>de</strong>medidas subjetivas e objetivas, uma vez que o sucesso nas exportações não é<strong>de</strong>finido da mesma maneira por todos os executivos <strong>de</strong> exportação.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 31


3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS3.1 Problema <strong>de</strong> PesquisaSegundo Kerlinger (1979), um problema é uma questão que mostra umasituação que necessita <strong>de</strong> discussão, investigação, <strong>de</strong>cisão ou solução. Para oautor, a <strong>de</strong>finição mais satisfatória é: “um problema é uma questão quepergunta como as variáveis estão relacionadas”.A pesquisa a ser realizada neste trabalho abordará a seguinte questão:o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia influencia na trajetória <strong>de</strong>internacionalização da empresa?Desta forma, as variáveis envolvidas no estudo são:• Variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte - o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia.• Variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte - trajetória <strong>de</strong> internacionalização da empresa.3.2 HipóteseRichardson (1999) <strong>de</strong>fine hipótese como uma resposta possível <strong>de</strong> sertestada e fundamentada para uma pergunta feita relativa ao fenômenoescolhido. O pesquisador <strong>de</strong>ve examinar a literatura sobre o fenômeno e obtera maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento possível, para respon<strong>de</strong>r ao problemaformulado.Logo, a hipótese do trabalho é <strong>de</strong> que o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>estratégia influencia <strong>de</strong> fato na trajetória <strong>de</strong> internacionalização dasorganizações.3.3 Objetivo GeralPara Richardson (1999) objetivos gerais <strong>de</strong>finem, <strong>de</strong> certa forma,o que se preten<strong>de</strong> alcançar com a realização da pesquisa. Sendo assim, temsecomo objetivo geral do trabalho: i<strong>de</strong>ntificar a influência do processo <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> estratégia e seu impacto na trajetória <strong>de</strong> internacionalizaçãodas organizações.3.4 Objetivos EspecíficosAinda segundo Richardson (1999) os objetivos específicos<strong>de</strong>finem as etapas a serem cumpridas para alcançar o objetivo geral. Destaforma, os objetivos específicos <strong>de</strong>ste trabalho são:• Analisar os processos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia existentes;• I<strong>de</strong>ntificar como se dá a formação <strong>de</strong> estratégia em empresas quese internacionalizam;• Relacionar a trajetória <strong>de</strong> internacionalização das organizaçõescom o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia.3.5 Tipo <strong>de</strong> pesquisaExistem três tipos <strong>de</strong> plano <strong>de</strong> pesquisa que po<strong>de</strong>m ser realizados emum trabalho científico. O Quadro 3 apresenta tais tipos:Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 32


Quadro 3: Tipos <strong>de</strong> plano <strong>de</strong> pesquisaTIPOSExploratóriaDescritivaExplicativaDESCRIÇÃOQuando não se teminformação sobre <strong>de</strong>terminadotema e se <strong>de</strong>seja conhecer ofenômeno.Quando se <strong>de</strong>seja<strong>de</strong>screver as características <strong>de</strong> umfenômeno.Quando se <strong>de</strong>seja analisaras causas ou conseqüências <strong>de</strong>um fenômeno.FONTE: Adaptado a partir <strong>de</strong> Richardson (1999, p. 66)Adotando a visão <strong>de</strong>ste quadro o tipo <strong>de</strong> pesquisa a ser realizado nestetrabalho será <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>scritivo e explicativo, pois se busca analisar etambém relacionar as causas e conseqüências do processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>estratégias na trajetória <strong>de</strong> internacionalização das organizações.3.6 Método <strong>de</strong> pesquisaMétodo em pesquisa significa a escolha <strong>de</strong> procedimentos sistemáticospara a <strong>de</strong>scrição e explicação dos fenômenos. Isto significa <strong>de</strong>limitar umproblema <strong>de</strong> pesquisa, realizar observações e interpretá-las com base nasrelações encontradas, fundamentando-se nas teorias e conceitos existentes.(RICHARDSON, 1999)3.6.1 Método <strong>de</strong> pesquisa qualitativaSegundo Sasterby-Smisth (1999), a entrevista qualitativa éutilizada para:• provocar a expressão e opinião do entrevistado sobre as questõesemanadas do objetivo geral e dos objetivos específicos da pesquisa;• buscar as conexões conceituais entre o “mundo” do respon<strong>de</strong>nte e oReferencial Teórico;• Enten<strong>de</strong>r a lógica, passo a passo, <strong>de</strong> uma situação que não está clara.(apud MANUAL DE TGI, 2007)3.6.2 Método <strong>de</strong> pesquisa quantitativaO Manual <strong>de</strong> TGI (2007) sugere que o método <strong>de</strong> pesquisa quantitativocaracteriza-se pela quantificação da coleta <strong>de</strong> dados e o tratamento <strong>de</strong>stes pormeio <strong>de</strong> técnicas estatísticas. Desta forma permite-se garantir a precisão dosresultados, reduzir as distorções <strong>de</strong> análise e interpretação, possibilitando umamargem <strong>de</strong> segurança mínima quanto às inferências.3.6.3 Método aplicado e coleta <strong>de</strong> dadosMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 33


Observando as características metodológicas <strong>de</strong>ste estudo, para estetrabalho foi utilizado um misto entre o método qualitativo e quantitativo, pois sebuscava alcançar uma compreensão qualitativa das razões subjacentes aoproblema <strong>de</strong> pesquisa e também quantificar os dados e os resultados daamostra para a população-alvo.4 ANÁLISE DOS GRÁFICOS DE RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOSAPLICADOSO presente trabalho utilizou-se <strong>de</strong> um questionário composto por 62questões objetivas divididas em 5 categorias: caracterização das empresas,estratégia, ciclo <strong>de</strong> vida dos produtos, inovação e internacionalização. Cadacategoria com seu respectivo localizador: Carac, Estr, Ciclo, Inov e, Inter,conforme anexo1 ao final <strong>de</strong>ste capítulo. Foram entrevistadas 34 empresas apartir <strong>de</strong> contatos fornecidos pela Câmara <strong>de</strong> Ítalo-<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio(ITALCAM), sendo que os respon<strong>de</strong>ntes eram os contatos oficiais dasempresas ou seus prepostos, sempre ligados à área <strong>de</strong> estratégia da empresa.Os respon<strong>de</strong>ntes pu<strong>de</strong>ram manifestar e acrescentar novas idéias, <strong>de</strong>talhes eopiniões enquanto respondiam as questões objetivas. Os resultadosampliados po<strong>de</strong>m ser observados no Anexo 2, também ao final docapítulo, inclusive com os gráficos gerados por questão.4.1 Caracterização das empresasEste bloco <strong>de</strong> questões teve como objetivo enten<strong>de</strong>r as característicasdas empresas participantes da pesquisa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua origem até o seu processo<strong>de</strong> internacionalização.O resultado da pesquisa permitiu observar que a maior parte dasempresas são relativamente recente (23% foram fundadas a partir do ano 2000e 20% na década <strong>de</strong> 1990). A ampla maioria das empresas entrevistadas temorigem jurídica brasileira, enquanto que as <strong>de</strong> origem italiana somam umaparcela menor (32%).A gran<strong>de</strong> maioria dos respon<strong>de</strong>ntes (67%) afirma ter vínculos bilateraisBrasil- Itália, sendo que 29% <strong>de</strong>ste total são <strong>de</strong> origem italiana e 38% <strong>de</strong>origem brasileira.Po<strong>de</strong>-se observar que parcela significativa dos respon<strong>de</strong>ntes (52%)afirmou que a empresa nasceu a partir <strong>de</strong> um produto que se <strong>de</strong>senvolveu parauma especialida<strong>de</strong> e diversos produtos afins.Relacionando a diversificação <strong>de</strong> produto, duas estratégias distintas<strong>de</strong>spontam nos resultados: 38% das empresas não migraram para outro tipo <strong>de</strong>mercado e 38% adicionaram outro segmento <strong>de</strong> mercado visando adiversificação.Em relação ao mercado internacional, <strong>de</strong> acordo com as empresasrespon<strong>de</strong>ntes, 63% têm a América do Sul como a região com maiorimportância para as exportações, mesmo que mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas nãoproduzam no exterior.A maioria das empresas respon<strong>de</strong>ntes que apostaram nainternacionalização realizou a internacionalização em estágios, primeiroMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 34


ajustando a categoria comercial e <strong>de</strong>pois a produtiva, sendo que 44% levaramem média <strong>de</strong> 6 a 10 anos no processo.Na caracterização das empresas respon<strong>de</strong>ntes, i<strong>de</strong>ntifica-se que suamaior parte é <strong>de</strong> origem brasileira com vínculos com a Itália. Tais organizaçõessão <strong>de</strong> diferentes segmentos <strong>de</strong> mercado e a maioria nasceu a partir <strong>de</strong> umúnico produto que se <strong>de</strong>senvolveu para uma especialida<strong>de</strong> e diversos produtosafins. Constata-se que a América do Sul é a região com maior importância paraas exportações. O processo <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong>stas organizações levou,em média, <strong>de</strong> 6 a 10 anos.4.2 EstratégiaPara este bloco foram consi<strong>de</strong>radas as questões referentes à estratégiadas organizações em seus processos <strong>de</strong> internacionalização. Ressalta-se queas questões Estr6 a Estr11 são correspon<strong>de</strong>ntes às empresas que utilizam osserviços da Câmara <strong>de</strong> Comércio Brasil-Itália.Conforme Tanure e Duarte (2006), a entrada em mercadosinternacionais envolve incertezas, riscos e complexida<strong>de</strong>. Com base nos dadoslevantados na pesquisa, é possível observar que as empresas utilizam-se dasmais variadas estratégias <strong>de</strong> internacionalização, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alianças estratégicas aaquisição <strong>de</strong> empresas no exterior ou contratos <strong>de</strong> produção. Isto se aplica aoque os autores conceituam a respeito dos diferentes modos <strong>de</strong>internacionalização. As escolhas dos modos como as empresas expan<strong>de</strong>mpara os mercados externos envolvem riscos e proprieda<strong>de</strong>s diferentes,aplicando-se às características e estratégias <strong>de</strong> tais organizações.De acordo com a pesquisa, com relação à <strong>de</strong>cisão das organizaçõespara produzir no exterior, foram <strong>de</strong>stacados como aspectos a consi<strong>de</strong>rar aproximida<strong>de</strong> cultural entre os países e o acesso a recursos <strong>de</strong> produção (12%cada), seguidos dos aspectos <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção noexterior e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção em regiões on<strong>de</strong> jáexercia uma forte presença exportadora (9% cada). O que reflete asconceituações <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong> Mintzberg e Quinn (2001), on<strong>de</strong> asestratégias são traçadas <strong>de</strong> diversas maneiras e se enquadram, <strong>de</strong>ntro das<strong>de</strong>finições dos “5Ps” da estratégia, <strong>de</strong> acordo com os processos <strong>de</strong> cadaorganização.Segundo Mintzberg et al (2000), as estratégias realizadas po<strong>de</strong>m serfrutos <strong>de</strong> formações estratégicas <strong>de</strong>liberadas ou <strong>de</strong> formações estratégicasemergentes. I<strong>de</strong>ntifica-se na pesquisa que, no processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>estratégia na trajetória <strong>de</strong> internacionalização das organizações, há umequilíbrio quanto ao tipo <strong>de</strong> formação estratégica adotado pelas empresaspesquisadas, po<strong>de</strong>ndo ser estratégias <strong>de</strong>liberadas ou emergentes. Taisaspectos <strong>de</strong>monstram que a formação <strong>de</strong> estratégia po<strong>de</strong> estar atrelada aomo<strong>de</strong>lo das “5 forças” <strong>de</strong> Porter (2003), on<strong>de</strong> na concepção do autor, após umaanálise <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo para o mercado, as empresas po<strong>de</strong>m posicionar-se eestipular estratégias, para seu <strong>de</strong>senvolvimento na obtenção <strong>de</strong> vantagemcompetitiva.A pesquisa aponta que gran<strong>de</strong> parte das empresas que buscam o apoio<strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s procura um misto <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> conotação relacional ecompetências técnicas particulares. O que se aplica às conceituações <strong>de</strong> Hax eMajluf (1991), on<strong>de</strong> os processos cognitivos dos indivíduos, além dosMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 35


processos sociais/organizacionais e os processos políticos são os processosque auxiliam as organizações na formação <strong>de</strong> estratégia. Para as empresasque utilizam, especificamente, os serviços da Câmara <strong>de</strong> Comércio Brasil-Itália,i<strong>de</strong>ntifica-se que, dos aspectos abordados, a competência técnica parainformar e orientar as empresas é a que mais se <strong>de</strong>staca.I<strong>de</strong>ntifica-se ainda, com a pesquisa, que as empresas consi<strong>de</strong>ram o ciclo<strong>de</strong> vida dos produtos exportados semelhante ao que ocorre no país <strong>de</strong> origem.Sendo que gran<strong>de</strong> parte dos respon<strong>de</strong>ntes possuem produtos exclusivos parao mercado externo e afirmam que há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação dosprodutos para os mercados internacionais. Desta forma po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar umarelação com as organizações que já nascem globais (Born Global) on<strong>de</strong>,segundo Francischini (2009), uma das características <strong>de</strong>ssas organizações é o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> adaptações em seus novos produtos, o que torna osmercados mais homogêneos.4.3 Ciclo <strong>de</strong> vida do produtoPara este bloco foram consi<strong>de</strong>radas as questões referentes ao ciclo <strong>de</strong>vida dos produtos das organizações em seus processos <strong>de</strong> internacionalizaçãoe quais foram as razões que levaram as empresas a estas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>vido àslinhas atuais e originais <strong>de</strong> produtos.De acordo com os resultados obtidos, 41,2% das empresas respon<strong>de</strong>ntesconcordam que os produtos originais ficaram <strong>de</strong>fasados diante do mercado,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fundação da empresa. Mais da meta<strong>de</strong> das empresas discordam queos produtos originais tornaram-se pouco competitivos em relação àconcorrência.Observa-se que até 47% dos produtos <strong>de</strong>stas empresas, sofreram umaseleção natural ao longo do tempo com sua linha <strong>de</strong> produtos e que mais dameta<strong>de</strong> concordam que aumentaram sua categoria <strong>de</strong> produtos sob pena donegócio extinguir-se.A gran<strong>de</strong> maioria das empresas (70,6%) concorda que sofreram umaevolução natural <strong>de</strong> sua linha <strong>de</strong> produtos ao longo do tempo eaproximadamente meta<strong>de</strong> não teve ruptura entre produtos originais esucessores, sendo que 41,2% das empresas informaram que os produtosoriginais sofreram adaptações leves.Gran<strong>de</strong> parte das empresas entrevistadas teve seus produtos originais<strong>de</strong>fasados ao longo do tempo. A pesquisa <strong>de</strong>monstra também que essesprodutos se mantiveram competitivos em relação à concorrência.Demonstra-se também que, tiveram <strong>de</strong> aumentar suas categorias <strong>de</strong>produtos, para não sofrer uma seleção natural referente ao mercado. Mas que,para a gran<strong>de</strong> maioria, a razão <strong>de</strong>ste aumento foi <strong>de</strong>vida ao risco do negócioextinguir-se.Dentre as adaptações dos produtos originais para o mercado atual,aproximadamente meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>las sofreram adaptações leves em seus produtos,a outra meta<strong>de</strong> se divi<strong>de</strong> entre gran<strong>de</strong>s adaptações ou se mantiveramindiferentes.4.4 InovaçãoPara este bloco foram consi<strong>de</strong>radas as questões referentes à inovação dasorganizações em seus processos <strong>de</strong> internacionalização.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 36


Diante da pesquisa realizada i<strong>de</strong>ntifica-se que 35,3% da empresas, nãopossuem laboratório <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento, e daquelas quepossuem, estes laboratórios localizam-se no país <strong>de</strong> origem da empresa.Referente a incentivos à Inovação, a maioria das empresas entrevistadas55,9% acreditam que os estímulos culturais e financeiros seriam os melhorescaminhos para sua obtenção. Sendo que 32,4% dos respon<strong>de</strong>ntes apostam emestímulos culturais e 23,5% para financeiros.Os respon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>monstram também que 32,4% das empresas quebuscaram a internacionalização <strong>de</strong> seus negócios o fizeram por necessida<strong>de</strong>smercadológicas. E que somente 23,6% <strong>de</strong>finiram este objetivo na criação daempresa.De acordo com a pesquisa, a maior parte das empresas não possuilaboratório <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento e nem <strong>de</strong> inovação. Comometodologia <strong>de</strong> incentivo à inovação as empresas indicam que estímulosculturais e financeiros são os gran<strong>de</strong>s agentes responsáveis por incentivos.A internacionalização, segundo as respostas das empresas, foirealizada, em sua maioria, por necessida<strong>de</strong>s mercadológicas, isto é, diante <strong>de</strong>uma ameaça externa, concorrência e perda <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> mercado.4.5 InternacionalizaçãoEsse bloco apresenta a análise dos dados obtidos com as questõessobre o processo <strong>de</strong> internacionalização das empresas, influências internas eexternas do questionário aplicado.De acordo com a pesquisa, a maior parte das empresas (29%) aindanão se internacionalizou, mas pensam na possibilida<strong>de</strong>. Tanure e Duarte(2006) afirmam que o modo <strong>de</strong> exportação direta é o mais fácil para empresas<strong>de</strong> menor porte, o que é refletido nas respostas dos questionários quando seapresenta maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empresas internacionalizadas por esse modo(41%).Empresas que já se internacionalizaram assim o fizeram por visualizaruma oportunida<strong>de</strong> no mercado externo, o que também se mostra como atrativopara as empresas que ainda não se internacionalizaram.Lemaire (1997) sugere que os objetivos para as empresasinternacionalizarem-se são <strong>de</strong>vidos a diversos fatores, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>seguir o ciclo <strong>de</strong> vida internacional do produto até a busca por uma otimizaçãofiscal. Os resultados da pesquisa <strong>de</strong>monstram que o fator incentivos fiscais nopaís <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino foi <strong>de</strong> muita influência para a internacionalização, segundo 27%das empresas, o que aponta concordância com a afirmação <strong>de</strong> Lemaire.Fatores como acordos comerciais entre países envolvidos, proximida<strong>de</strong>cultural, condição <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, e potenciais fornecedoresem países <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino foram consi<strong>de</strong>radas como <strong>de</strong> média influência parainternacionalização. Já a atuação das Câmaras <strong>de</strong> Comércio, a presença <strong>de</strong>imigrantes no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> investimentos, e condições geográficas foramconsi<strong>de</strong>radas como fatores <strong>de</strong> pouca influência para a internacionalização.As empresas encontram restrições para entrada <strong>de</strong> produtos,principalmente nos países da América do Norte. Para iniciar ou obterassistência para os negócios no exterior as empresas buscam, em sua maioria,entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caráter não governamental. Dentre essas entida<strong>de</strong>s as maisprocuradas pelas empresas são as Câmaras <strong>de</strong> Comércio.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 37


A satisfação das empresas em relação a entida<strong>de</strong>s governamentais ounão governamentais que auxiliam a entrada e manutenção no comérciointernacional é <strong>de</strong> insatisfação com o SEBRAE, pouca insatisfação comMinistérios e seus Órgãos e com as Secretaria <strong>de</strong> Estado, indiferença comrelação a Bancos Oficiais <strong>de</strong> Financiamento, Bancos Privados <strong>de</strong>Financiamento, Câmaras <strong>de</strong> Comércio, Institutos <strong>de</strong> Comércio eCon/Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> classe e pouca satisfação quanto a Consultorias Privadas.5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAISA formação <strong>de</strong> estratégia é um ponto fundamental para o futuro e o sucessodas organizações. O mundo corporativo é extremamente dinâmico, e é nesteambiente altamente competitivo que as organizações buscam alternativas paratraçar o caminho para o sucesso. Para as empresas que procuram nosmercados externos uma alternativa para o seu crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento,o caminho torna-se ainda mais difícil e o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégiana trajetória <strong>de</strong> internacionalização das organizações é o ponto <strong>de</strong> partida parai<strong>de</strong>ntificar se este processo dar-se-á <strong>de</strong> uma forma eficiente e a<strong>de</strong>quada.O objetivo geral <strong>de</strong>ste trabalho era i<strong>de</strong>ntificar a influência do processo <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> estratégia e seu impacto na trajetória <strong>de</strong> internacionalização dasorganizações. Por meio da análise e estratificação dos objetivos específicos, foipossível apontar alguns fatores que permitiram realizar uma abordagemobjetiva ao tema proposto.De acordo com o referencial teórico, a estratégia e seus processos <strong>de</strong>formação dão-se <strong>de</strong> várias formas diferentes. Tais processos po<strong>de</strong>mcaracterizar-se <strong>de</strong> acordo com a estrutura, histórico, stakehol<strong>de</strong>rs, objetivos eoutros aspectos das organizações. O fato da estratégia ser originada <strong>de</strong> forma<strong>de</strong>liberada ou emergente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> justamente <strong>de</strong> todas essas característicasque as organizações apresentam. Portanto, não existe um mo<strong>de</strong>lo padrão paraformação <strong>de</strong> estratégia, mas sim variâncias empresariais que caracterizam amo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong>stes processos.Dentro do cenário <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia na trajetória <strong>de</strong>internacionalização cabe <strong>de</strong>stacar que os diferentes mo<strong>de</strong>los, para iniciar esteprocesso, contribuem para as variações e tipos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> uma estratégia.Primeiramente, há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar a forma como a organização preten<strong>de</strong> seinternacionalizar. Os modos <strong>de</strong> entrada nos mercados externos apresentamcaracterísticas diversas, seja por exportação, contratual ou por investimento, oposicionamento nestes mercados <strong>de</strong>manda estratégias completamentediferentes para aten<strong>de</strong>r a essa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> opções.Com base na pesquisa realizada, é possível i<strong>de</strong>ntificar que <strong>de</strong> fato ainternacionalização é uma etapa importante para as empresas que buscam um<strong>de</strong>senvolvimento maior. A pesquisa permite inferir que, por visualizar asoportunida<strong>de</strong>s que a globalização e a expansão internacional proporcionam, asorganizações têm buscado alcançar esta etapa cada vez mais rápido e,principalmente, com qualida<strong>de</strong>.Fatores macro e micro-econômicos, variáveis ambientais, análises <strong>de</strong> riscose oportunida<strong>de</strong>s, além das características das empresas, são questõesimportantes que <strong>de</strong>finem com que estratégia, como e quando a empresa <strong>de</strong>veou po<strong>de</strong> se internacionalizar. Portanto, diante dos fatos apresentados,Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 38


eferencias teóricos e análises <strong>de</strong> pesquisa apontadas, é possível confirmar ahipótese apresentada por este trabalho que, <strong>de</strong> fato, o processo <strong>de</strong> formação<strong>de</strong> estratégia influencia na trajetória <strong>de</strong> internacionalização das organizações.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 39


ANEXO 1 – Questionário aplicado aos entrevistadosPESQUISA MACKENZIE - ITALCAM - 20101. Em que ano foi fundada a empresa?2. Qual a origem (jurídica) <strong>de</strong> sua empresa?a. <strong>Brasileira</strong>b. Italianac. Outra:3. Sua empresa possui laços ou vínculos culturais/ emocionais, formais ouinformais, com outro país? Não consi<strong>de</strong>rar questões comerciais.a. Não possuib. Não saberia dizerc. Sim, a empresa é juridicamente brasileira, mas com laços com aItáliad. Sim, a empresa é juridicamente italiana, mas com laços com oBrasile. Sim, com outros países4. A empresa, na época <strong>de</strong> sua criação nasceu a partir <strong>de</strong> um produto emespecial? Escolher apenas uma.a. Sim, nasceu a partir <strong>de</strong> um único produto e <strong>de</strong>dica-seexclusivamente a ele até hoje (pouco ou nenhuma modificação foiintroduzida ao longo do tempo)b. Sim, nasceu a partir <strong>de</strong> um único produto que <strong>de</strong>senvolveu-separa uma especialida<strong>de</strong> e diversos produtos afins (o produtoinicial ganhou <strong>de</strong>rivações e evoluções consistentes)c. Não, nasceu a partir <strong>de</strong> muitos tipos <strong>de</strong> produtos e suas variações5. A qual das categorias seguintes pertencem os produtos que remontam àorigem (fundação) da empresa? Escolher apenas um.a. Alimentíciob. Maquinárioc. TecidosMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 40


d. Designe. Mobiliáriof. Vestuáriog. Tecnologia e processos industriaish. Farmacêuticoi. Serviços diversosj. Finançask. Turismol. Setor automotivo em geralm. Cultural/editorialn. Outros:6. Com a evolução da empresa ao longo do tempo houve alteração <strong>de</strong>ssacategoria, ou seja, a empresa MIGROU para uma nova categoria <strong>de</strong>produtos? Escolher apenas um.a. Não se aplica a meu casob. Não, permanece estritamente na mesma categoria escolhida naquestão anteriorc. Sim, começou em uma categoria e ao longo do tempo avançouem outras categorias, mas não abandonou sua origem, ou seja,"adicionou" outras categorias à iniciald. Sim, começou em uma categoria e ao longo do tempo modificousua categoria, ou seja, "trocou" a original por outra diferenteCICLO VIDA DO PRODUTO/EMPRESA E AMBIENTECOMPETITIVO. Avalie as afirmações a seguir, dando a cada uma <strong>de</strong>lasuma nota <strong>de</strong> 1 a 5 (5=Concordo totalmente, 4=Concordo parcialmente,3=Sou Indiferente, 2=Discordo parcialmente, 1=Discordo totalmente.7. Os produtos iniciais/originais da época da fundação da empresaficaram ina<strong>de</strong>quados ou <strong>de</strong>fasados frente às necessida<strong>de</strong>s e<strong>de</strong>sejos mais atuais do mercado8. Os custos dos produtos iniciais/originais tornaram-nos poucocompetitivos frente à concorrência externaMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 41


9. A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo emsua linha <strong>de</strong> produtos, ou seja, produtos menos competitivosforam substituídos/mortos por novos produtos.10. O acréscimo ou troca <strong>de</strong> categoria na área <strong>de</strong> atuação daempresa ocorreu por necessida<strong>de</strong>s diversas, que tiveram que seratendidas sob pena do negócio extinguir-se.11. A empresa teve uma evolução natural em sua linha <strong>de</strong> produtosao longo do tempo, ou seja, produtos menos a<strong>de</strong>quados aomercado sofreram transformações, incrementos eaperfeiçoamentos para adaptá-los às novas necessida<strong>de</strong>s12. Não houve uma ruptura entre a linha <strong>de</strong> produtos originais/iniciaisda empresa e seus sucessores até os dias <strong>de</strong> hoje13. Os produtos originais/iniciais da empresa receberam ao longo dotempo, até os dias <strong>de</strong> hoje, apenas adaptações leves(embalagem, rótulos, campanhas publicitárias, etc)14. Os produtos originais/iniciais da empresa receberam ao longo dotempo, até os dias <strong>de</strong> hoje, adaptações bastante consistentes(nova formulação, novos sabores, novos processos, novo públicoalvo, etc.)15. O chamado "processo <strong>de</strong> internacionalização" <strong>de</strong> uma empresa prevêfases distintas, em uma sequência lógica, como a apresentada abaixo.I<strong>de</strong>ntifique a fase em que sua empresa se encontra. Escolha apenasuma.a. Fase 0 - ainda não nos internacionalizamos, mas pensamos nestapossibilida<strong>de</strong> (não há nenhum estudo, ação efetiva ouplanejamento formal)b. Fase 1 - ainda não nos internacionalizamos, mas este tema estáem andamento e faz parte <strong>de</strong> estudos, planejamento e açõesformais dos gestores da empresac. Fase 2- já nos internacionalizamos por meio <strong>de</strong> comércio <strong>de</strong>exportação <strong>de</strong> nossos produtos para outros paísesMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 42


d. Fase 3 - já nos internacionalizamos pela exportação <strong>de</strong> produtose pelo estabelecimento <strong>de</strong> parceiros fracos nos países <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino(distribuidores comerciais)e. Fase 4- já nos internacionalizamos pela exportação <strong>de</strong> produtos,estabelecimento <strong>de</strong> parceiros firmes nos países <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino (jointventures)f. Fase 5 - já nos internacionalizamos e buscamos sócios efetivospara implantação <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa empresa além <strong>de</strong>nosso país <strong>de</strong> origemg. Fase 6 - já nos internacionalizamos, completando todas asetapas anteriores e já exportamos a partir <strong>de</strong>sta nova base"estrangeira" <strong>de</strong> nossa empresa16. I<strong>de</strong>ntifique com maior precisão as estratégias atualmente utilizadas porsua empresa nos mercados internacionais em que ela atua. (É permitidomarcar mais <strong>de</strong> uma opção)a. Exportação, por meio <strong>de</strong> intermediários localizados no Brasil.b. Exportação, por meio <strong>de</strong> intermediários localizados no exterior.c. Exportação, por meio <strong>de</strong> distribuidores localizados no exterior.d. Exportação, por meio <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s próprias da empresalocalizadas no Brasile. Exportação por meio <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s próprias da empresalocalizadas no exteriorf. Contrato <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> partes <strong>de</strong> um produto.g. Contrato <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> um produto inteiro.h. Aquisição <strong>de</strong> uma empresa no exterior, com controle minoritáriopelo adquirente.i. Aquisição <strong>de</strong> uma empresa no exterior, com controle total peloadquirente.j. Franquia (franchising).k. Acordos <strong>de</strong> licenciamento.l. Aliança estratégica.m. Joint venture.n. Planta <strong>de</strong> produção adquirida no exterior.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 43


o. Planta <strong>de</strong> produção no exterior iniciada “a partir do zero”(greenfield).17. Qual a porcentagem atual do faturamento da empresa que tem origemnas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exportação?a. Não se aplica a meu casob. Nadac. Menos que 10%.d. De 11% a 25%.e. De 26 a 50%.f. Mais que 50%.18. A atuação da empresa no exterior é atualmente realizada através <strong>de</strong>:a. Não se aplica a meu casob. Exportação direta.c. Exportação formalizada em escritórios comerciais localizados noexterior.d. Manutenção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exterior responsáveisapenas pela montagem final dos produtos.e. Manutenção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exterior, responsáveispela totalida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção, inclusive seleção <strong>de</strong>fornecedores.19. Qual das seguintes afirmações reflete melhor a escolha dos países paraos quais a empresa exporta? Escolher somente uma.a. Não se aplica a meu caso.b. A escolha dos países para os quais a empresa exporta ocorreunaturalmente ou seja, não houve nenhuma estratégia para aseleção <strong>de</strong> mercados,foram apenas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negóciosque surgiram em dado momento.c. A empresa buscou primeiramente aten<strong>de</strong>r países queapresentassem "maior proximida<strong>de</strong> cultural" (o que reduziu anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação dos produtos e serviços já oferecidos).20. A tabela a seguir traz as principais regiões geográficas on<strong>de</strong> estãolocalizados os principais mercados para exportação. Em uma escala <strong>de</strong> 4(muito importante) a 1 (pouca importância), classifique o grau <strong>de</strong>Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 44


importância <strong>de</strong>ssas regiões para as exportações <strong>de</strong> sua empresa. Paraas regiões que a empresa não exporta seus produtos, assinale com acoluna “Não Exp”.a. América do Sul (Brasil em particular).b. America do Sul ( inclusive outros países além do Brasil)c. América Central (México em particular)d. América Central (outros países além do México)e. América do Norte (EUA em particular)f. América do Norte (Canadá em particular)g. Europa Centralh. Leste Europeui. Ásia (China e Japão)j. Ásia (outros países além <strong>de</strong> China e Japão)k. Áfrical. Oceania21. (Apenas para empresas que <strong>de</strong>senvolveram a internacionalização emestágios: primeiro a categoria comercial e <strong>de</strong>pois a produtiva). O períodoconsi<strong>de</strong>rado entre o <strong>de</strong>senvolvimento das exportações e oestabelecimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exterior foi, em média, <strong>de</strong>:a. Não se aplica a meu casob. De 1 a 5 anos.c. De 6 a 10 anos.d. De 11 a 15 anos.e. Mais <strong>de</strong> 15 anos.22. Quanto aos aspectos consi<strong>de</strong>rados pela empresa no processo <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão para produzir no exterior, é possível afirmar que (escolhasomente uma):a. Não se aplica a meu casob. A empresa <strong>de</strong>cidiu <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção emregiões on<strong>de</strong> já exercia uma forte presença exportadora.c. Um dos principais aspectos consi<strong>de</strong>rados para o<strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> internacionalização (tanto aMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 45


categoria comercial quanto produtiva) foi a proximida<strong>de</strong> culturalentre os países.d. A escolha da localização das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exteriorconsi<strong>de</strong>rou mais fortemente o acesso a recursos <strong>de</strong> produção(matérias-primas e mão-<strong>de</strong>-obra, principalmente).e. A escolha da localização das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exteriorfoi influenciada pela existência <strong>de</strong> incentivos gerados por acordos<strong>de</strong> comércio firmados entre os países.f. A manutenção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exterior favorece oestabelecimento <strong>de</strong> uma base <strong>de</strong> produção mais ampla, o quefacilita o acesso aos fornecedores no exterior.23. Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>senvolvidas no exterior são realizadas através<strong>de</strong>:a. A empresa não produz no exteriorb. Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção própria estabelecida para esse fim.c. Formalização <strong>de</strong> acordos <strong>de</strong> licenciamento com empresas locais.d. Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção estabelecida através da aquisição <strong>de</strong>empresas locais.e. Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção estabelecida através da formalização <strong>de</strong>joint- ventures com empresas locais.24. O processo <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> sua empresa teve como principaltipo <strong>de</strong> estratégia:a. A chamada estratégia "emergente”, ou seja, <strong>de</strong>cisõesestratégicas adotadas em tempo real com os acontecimentos,todas com alcance a curto prazo, muitas vezes com aspectoscorretivos e flexibilizadas caso a caso.b. A chamada estratégia "<strong>de</strong>liberada", ou seja, <strong>de</strong>cisões resultantes<strong>de</strong> um planejamento estratégico <strong>de</strong> curto/médio/longo prazo,muito mais focadas em um objetivo final.c. Não se aplica a meu caso.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 46


Em uma escala <strong>de</strong> 1 a 5, em que (1) significa pouca ou nenhumainfluência e (5) muita influência, caracterize a importância dos aspectos aseguir para o processo <strong>de</strong> internacionalização da sua empresa:25. Incentivos Fiscais no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dos investimentos26. Formalização <strong>de</strong> Acordos Comerciais entre os países envolvidos27. Atuação das Câmaras <strong>de</strong> Comércio28. Presença <strong>de</strong> imigrantes no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dos investimentos29. Proximida<strong>de</strong> Cultural30. Condições Geográficas31. Condições <strong>de</strong> Financiamento <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s32. Presença <strong>de</strong> Potenciais Fornecedores em países <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dosinvestimentos33. Com relação à regulação dos produtos em mercados internacionais épossível afirmar que:a. Não se aplica a meu casob. A empresa enfrenta restrições similares para seus produtos emdiferentes regiões geográficas.c. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos empaíses da América do Sul.d. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos empaíses da América Central.e. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos empaíses da América do Norte.f. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos empaíses da Europa.g. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos empaíses Asiáticos.h. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos empaíses africanos e da Oceania.34. Sua empresa utiliza serviços <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s/órgãos para criação ouassistência <strong>de</strong> negócios no exterior? Escolher apenas uma.a. Não se aplica a meu casob. Não usaMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 47


c. Sim, usa entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caráter governamental (Ministérios,Secretarias, Bancos oficiais <strong>de</strong> financiamento)d. Sim, usa entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caráter NÃO governamental (Câmaras <strong>de</strong>Comércio, Institutos <strong>de</strong> Comércio Exterior, (Con)Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>classe, Consultorias, ONG’s, Bancos privados etc.)e. Utiliza diversos tipos (um mix das opções/entida<strong>de</strong>s acima)35. Se sua empresa utiliza serviços <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s/órgãos para criação ouassistência <strong>de</strong> negócios no exterior, assinale quais são os que costumautilizar com maior frequência (VOCÊ PODE ASSINALAR QUANTASOPÇÕES DESEJAR)a. Ministérios e seus órgãosb. Secretarias <strong>de</strong> estadoc. Bancos oficiais <strong>de</strong> financiamentod. Bancos privadose. Câmaras <strong>de</strong> Comérciof. Institutos <strong>de</strong> Comércio Exteriorg. (Con)Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> classeh. Consultorias privadasi. SEBRAEQual seu nível <strong>de</strong> satisfação com estes órgãos/ entida<strong>de</strong>s (5=Muitosatisfeito a 1=Pouco satisfeito).36. Ministérios e seus órgãos37. Secretarias <strong>de</strong> estado38. Bancos oficiais <strong>de</strong> financiamento39. Bancos privados40. Câmaras <strong>de</strong> Comércio41. Institutos <strong>de</strong> Comércio Exterior42. (Con)Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> classe43. Consultorias privadas44. Bancos Privados45. SEBRAEMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 48


um <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> comércio exterior que possa traduzir seuscatálogos, etc)53. Com relação às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) épossível afirmar que:a. Não se aplica a meu casob. A empresa não mantém laboratórios <strong>de</strong> P&D.c. Os laboratórios <strong>de</strong> P&D da empresa estão localizados no país <strong>de</strong>origem.d. A empresa mantém laboratórios <strong>de</strong> P&D no exterior em regiõesgeográficas em que <strong>de</strong>senvolve ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção.e. A empresa mantém laboratórios <strong>de</strong> P&D no exterior em regiõesgeográficas em que não <strong>de</strong>senvolve ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção.Avalie as afirmações a seguir, dando a cada uma <strong>de</strong>las uma nota <strong>de</strong> 0a 5 ( 5=Concordo totalmente, 4=Concordo parcialmente, 3=Sou Indiferente ,2=Discordo parcialmente, 1=Discordo totalmente).54. O ciclo <strong>de</strong> vida dos produtos exportados é semelhante ao queocorre no seu país <strong>de</strong> origem55. Há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação dos produtos para mercadosinternacionais56. Há produtos exclusivos para o mercado internacional57. A empresa <strong>de</strong>senvolve parcerias em pesquisa no exterior58. A questão da inovação é fortemente presente nas relações com opaís ao qual se exporta o produto59. Se sua empresa ainda não iniciou seu processo <strong>de</strong> internacionalização,ou seja, você está pensando em ter vínculos comerciais externos ao país<strong>de</strong> origem, qual das fases abaixo po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada como a maiorresponsável pelo início futuro <strong>de</strong>stas operações?a. Não se aplica a meu casob. Quando sentir uma ameaça do mercado internoc. Quando surgir uma oportunida<strong>de</strong> no mercado externod. Não saberia dizerMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 50


60. Se sua empresa já iniciou seu processo <strong>de</strong> internacionalização, ou seja,já começou a ter vínculos comerciais externos ao país <strong>de</strong> origem, qualdas fases teria sido a mais responsável pelo início <strong>de</strong>stas operações?a. Não se aplica a meu casob. Sentia uma ameaça do mercado internoc. Enxergava uma oportunida<strong>de</strong> no mercado externod. Não saberia dizer61. Diante da cultura do mercado italiano, qual o meio mais eficaz <strong>de</strong>incentivar a inovação <strong>de</strong>ntro da organização?a. Estímulo financeiro para geração <strong>de</strong> novas idéiasb. A inovação <strong>de</strong>ve ser levada ao conhecimento <strong>de</strong> toda a empresa,como forma <strong>de</strong> criar uma cultura <strong>de</strong> estímulo constante àinovação.c. Dar liberda<strong>de</strong> para que o trabalhador possa ser criativo, não sóexecutando tarefas que lhe são atribuídasd. Tornar o trabalhador participativo em todos os processos daempresa, para que ele esteja ciente da sua contribuição no todo enas partes do processo produtivo62. Quando a inovação <strong>de</strong>ve ser implementada em uma empresa quepreten<strong>de</strong> se internacionalizar?a. Des<strong>de</strong> sua criação, on<strong>de</strong> a missão, visão e valores <strong>de</strong>finem comoa empresa irá atuar no mercadob. Quando o mercado sinaliza que a inovação <strong>de</strong>ve ser implantadac. Quando a empresa necessita obter vantagem competitivad. Na fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição das suas estratégiasMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 51


ANEXO 2 - Gráficos <strong>de</strong> análise do questionário aplicado1 Análise <strong>de</strong>scritiva por categorias1.1 Caracterização das empresasCarac1: A pesquisa possui na sua maioria <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ntes (23%),empresas com fundação a partir do ano 2000, seguida pela década <strong>de</strong> 90 com20%.Carac2: Das 34 empresas respon<strong>de</strong>ntes, a gran<strong>de</strong> maioria é <strong>de</strong> origembrasileira (65%). As <strong>de</strong> origem italiana somam-se em 32% e apenas 3% temcomo origem outros países.Carac3: De acordo com a pesquisa, com 38% a maior parte dosrespon<strong>de</strong>ntes possui vínculos com a Itália. Sendo que 29% são <strong>de</strong> origemitaliana com vínculos com o Brasil.Carac4: Com 52% da população, a maioria das empresas nasceu a partir<strong>de</strong> um único produto que se <strong>de</strong>senvolveu para uma especialida<strong>de</strong> e diversosprodutos afins.Carac5: Das empresas respon<strong>de</strong>ntes, 24% prestam serviços diversos,seguido pela indústria alimentícia com 24% e um nivelamento entre as <strong>de</strong>maisindústrias.Carac6: A pesquisa aponta um empate técnico entre as empresas quenão migraram para outro tipo <strong>de</strong> mercado com 38% e as empresas queadicionaram outro segmento <strong>de</strong> mercado visando à diversificação.Carac7: Segunda a pesquisa, 41% das empresas respon<strong>de</strong>ntes nãopossuem faturamento oriundo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s no exterior.Carac8: De acordo com a pesquisa, com 63% a América do Sul é a regiãocom maior importância para as exportações.Carac9: Das empresas que <strong>de</strong>senvolveram a internacionalização emestágios. Primeiro a categoria comercial e <strong>de</strong>pois a produtiva, 44% levaram emmédia <strong>de</strong> 6 a 10 anos.Carac10: Das empresas respon<strong>de</strong>ntes, 64% não produz no exterior. Jánas empresas que produzem, há um equilíbrio entre os diversos modosativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção.1.2 EstratégiaEstr1: De acordo com a pesquisa, há um equilíbrio entre os diversos tipos<strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong> internacionalização que as empresas adotam. Destacam-se asalianças estratégicas e as exportações por meio <strong>de</strong> intermediários localizadosno Brasil, com 16% e 14% respectivamente. Salienta-se que para esta questãoas empresas podiam selecionar mais <strong>de</strong> uma alternativa.Estr2: Para 36% da população pesquisada, a escolha dos países para osquais a empresa exporta ocorreu naturalmente, ou seja, sem nenhumaestratégia para a seleção <strong>de</strong> mercados.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 52


Estr3: No processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão para a produção no exterior, <strong>de</strong>staca-seum nivelamento entre os aspectos apontados pelos entrevistados, sendo que12% apontam a proximida<strong>de</strong> cultural, 12% o acesso a recursos <strong>de</strong> produção eapenas 3% os incentivos gerados por acordos comerciais.Estr4: Segundo a pesquisa, 47% dos respon<strong>de</strong>ntes não seinternacionalizaram ou não souberam respon<strong>de</strong>r quanto ao principal tipo <strong>de</strong>estratégia adotada no processo <strong>de</strong> internacionalização. Destaca-se que entreas organizações que utilizaram <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão estratégica, 26% foram <strong>de</strong>estratégia <strong>de</strong>liberada e 26% <strong>de</strong> emergente.Estr5: Das empresas que procuram o apoio <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>staca-se que44% buscam, em proporções equilibradas, um misto <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> conotaçãorelacional e competências técnicas particulares, em proporções equilibradas.Estr6: Para as empresas que utilizam os serviços da Câmara <strong>de</strong>Comércio Brasil-Itália, 54% dos respon<strong>de</strong>ntes afirmam que a competênciatécnica para informar e orientar as empresas está entre a 1º ou a 2ª colocaçãono ranking <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s.Estr7: No aspecto <strong>de</strong> gerar análises <strong>de</strong> novos mercados, a maioria dosrespon<strong>de</strong>ntes (32%) consi<strong>de</strong>ra esta competência na 4ª colocação do ranking<strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s.Estr8: Para 27% dos respon<strong>de</strong>ntes, a competência técnica para promoveruma maior visibilida<strong>de</strong> e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relacionamento para as empresas e seusprodutos está na 3ª colocação do ranking <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s.Estr9: Para 27% dos respon<strong>de</strong>ntes, a competência técnica <strong>de</strong> promovermissões empresariais e <strong>de</strong> negócios está na 5ª colocação do ranking <strong>de</strong>priorida<strong>de</strong>s.Estr10: Para 27% dos respon<strong>de</strong>ntes, a competência técnica <strong>de</strong> atuarcomo “brokers” <strong>de</strong>senvolvendo relacionamentos e procurando parceiros paracada empresa está na 2ª colocação do ranking <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s.Estr11: Das empresas respon<strong>de</strong>ntes, 32% consi<strong>de</strong>ram a competênciatécnica para suprir <strong>de</strong>ficiências que as empresas possam ter como a menosimportante no ranking <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s.Estr12: Dos respon<strong>de</strong>ntes, 38% concordam parcialmente que o ciclo <strong>de</strong>vida dos produtos exportados é semelhante ao que ocorre no país <strong>de</strong> origem.Estr13: A pesquisa aponta que a gran<strong>de</strong> maioria das empresaspesquisadas (73%) concorda que há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação dos produtospara os mercados internacionais.Estr14: A pesquisa aponta também que a gran<strong>de</strong> maioria das empresaspesquisadas (70%) possui produtos exclusivos para o mercado internacional.Estr15: De acordo com a pesquisa, 51% das empresas não <strong>de</strong>senvolvemnenhum tipo <strong>de</strong> parcerias em pesquisa no exterior. Já 36% <strong>de</strong>senvolvem ou já<strong>de</strong>senvolveram algum tipo <strong>de</strong> parceria <strong>de</strong> pesquisa no mercado internacional.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 53


1.3 Ciclo <strong>de</strong> vida do produtoCiclo1: De acordo com os resultados obtidos, 41,2% das empresasconcordam que os produtos originais ficaram <strong>de</strong>fasados diante do mercado<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fundação da empresa.Ciclo2: A gran<strong>de</strong> maioria das empresas discorda parcial (35,3%) outotalmente (20,6%) que os produtos originais tornaram-se pouco competitivosem relação à concorrência.Ciclo3: A gran<strong>de</strong> maioria das empresas concorda parcial (23,5%) outotalmente (23,5%) formando um total <strong>de</strong> 47% que sofreram uma seleçãonatural ao longo do tempo com sua linha <strong>de</strong> produtos.Ciclo4: Diante da pesquisa realizada 52,9% das empresas pesquisadasconcordam que aumentaram sua categoria <strong>de</strong> produtos sob a pena do negócioextinguir-se.Ciclo5: A gran<strong>de</strong> maioria das empresas (70,6%) concorda que sofreramuma evolução natural <strong>de</strong> sua linha <strong>de</strong> produtos ao longo do tempo.Ciclo6: A pesquisa <strong>de</strong>monstra que 50% das empresas respon<strong>de</strong>ntesconcordam parcial ou totalmente em não ter tido ruptura entre produtosoriginais e sucessores. Já 29,4% discordam parcial e totalmente.Ciclo7: Na pesquisa realizada, 41,2% das empresas informaram que osprodutos originais sofreram adaptações leves.Ciclo8: A maioria das empresas concorda parcialmente (29,4%) que osprodutos originais receberam adaptações e interessantemente 23,5% semantém indiferente a adaptações.1.4 InovaçãoInov1: Diante da pesquisa realizada, i<strong>de</strong>ntifica-se que 35,3% dasempresas não possuem laboratório <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento, e que26,5% das empresas que possuem laboratórios localizam-se no país <strong>de</strong> origemda empresa.Inov2: A maioria (32,4%) das empresas entrevistadas acredita que oestímulo cultural na organização seria o melhor caminho para o incentivo dainovação. 23,5% acreditam que participação dos funcionários ou estímulosfinanceiros seria os responsáveis motivacionais.Inov3: A pesquisa <strong>de</strong>monstra que 32,4% das empresas que buscaram ainternacionalização <strong>de</strong> seus negócios o fizeram por necessida<strong>de</strong>smercadológicas. E que somente 23,6% <strong>de</strong>finiram este objetivo na criação daempresa.1.5 InternacionalizaçãoInter1: Segundo a pesquisa realizada, significativa maioria das empresas(29%) ainda não se internacionalizou, mas pensam na possibilida<strong>de</strong>. Já 26% seencontram no processo <strong>de</strong> internacionalização por exportação.Inter2: Entre os tipos <strong>de</strong> atuação das empresas no comércio exterior, 41%das empresas realizam exportação direta e 16% das empresas exportaçãoformalizada em escritórios comerciais localizados no exterior.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 54


Inter3: A análise do gráfico <strong>de</strong>monstra que incentivos fiscais no país <strong>de</strong><strong>de</strong>stino foram <strong>de</strong> "Muita Influência" para a internacionalização da empresa(27%) ou <strong>de</strong> "Média Influência" para a internacionalização da empresa (24%).Inter4: Com relação a acordos comerciais entre países envolvidos, gran<strong>de</strong>maioria, 45% das empresas citaram que exerce "Média Influência" para ainternacionalização, já 18% das empresas citaram que exerce "MuitaInfluência" para internacionalização.Inter5: De acordo com a pesquisa, para gran<strong>de</strong> parte das empresas(39%), atuação das Câmaras <strong>de</strong> Comércio é um fator <strong>de</strong> "Pouca Influência"para o processo <strong>de</strong> internacionalização. 18% das empresas citaram que aatuação das Câmaras <strong>de</strong> Comércio tem "Muito Pouca ou Média Influência".Inter6: Segundo a pesquisa 33% das empresas citam a presença <strong>de</strong>imigrantes no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dos investimentos como um fator <strong>de</strong> "PoucaInfluência" para internacionalização e 27% das empresas citam que é um fator<strong>de</strong> "Muito Pouca Influência" para internacionalização.Inter7: Gran<strong>de</strong> parte das empresas citou que a Proximida<strong>de</strong> Cultural foi <strong>de</strong>"Média Influência" para a internacionalização. Já 30% das empresas citaramque foi <strong>de</strong> "Pouca Influência".Inter8: De acordo com os resultados obtidos, 44% das empresasquestionadas citam que Condições Geográficas são <strong>de</strong> "Pouca Influência" paraa internacionalização, sendo que 19% das empresas citaram que CondiçõesGeográficas são <strong>de</strong> "Média Influência" para a internacionalização.Inter9: Condições <strong>de</strong> Financiamento <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s foram escolhidas comofator <strong>de</strong> "Média Influência" para 42% das empresas. Já 21% das empresasescolheram Condições <strong>de</strong> Financiamento <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s como um fator <strong>de</strong>"Muita Influência".Inter10: Quanto a Potenciais Fornecedores em países <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino, 33%das empresas citaram ser um fator <strong>de</strong> "Média Influência" e 24% citaram ser umfator <strong>de</strong> "Muita Influência". Já 9% das empresas citaram ser um fator <strong>de</strong> "MuitoPouca Influência".Inter11: Com relação à regulação dos produtos em mercadosinternacionais, as empresas encontram maiores restrições para seus produtosem países da América do Norte (18% das empresas) e em países <strong>de</strong> diferentesregiões geográficas (9% das empresas). 3% das empresas encontram maioresrestrições em países Africanos e da Oceania, ou Asiáticos ou da Europa.Inter12: A maioria das empresas (41%) utiliza entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caráter nãogovernamental para criação ou assistência <strong>de</strong> negócios no exterior. Já 21%das empresas utilizam um mix <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s e órgãos.Inter13: As entida<strong>de</strong>s ou órgãos mais utilizados pelas empresasrespon<strong>de</strong>ntes para criação ou assistência <strong>de</strong> negócios no exterior são asCâmaras <strong>de</strong> Comercio, utilizadas por 62% das empresas e Bancos Privados,utilizados por 38% das empresas. É importante salientar que para esta questãoas empresas po<strong>de</strong>riam selecionar mais <strong>de</strong> uma alternativa.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 55


Inter14: Quanto ao nível <strong>de</strong> satisfação com relação aos Ministérios e seusÓrgãos, 43% das empresas respon<strong>de</strong>ntes apontaram a posição <strong>de</strong> "ParcialInsatisfação" enquanto 35% apontaram a posição <strong>de</strong> "insatisfação".Inter15: O nível <strong>de</strong> satisfação em relação s Secretarias <strong>de</strong> Estado é <strong>de</strong>"Parcial Insatisfação" para 43% das empresas e <strong>de</strong> "Insatisfação" para 38%das empresas.Inter16: Para Bancos Oficiais <strong>de</strong> Financiamento, segundo o questionárioaplicado, 40% das empresas tem o nível <strong>de</strong> satisfação <strong>de</strong> "Indiferença". Já 24%das empresas tem o nível <strong>de</strong> satisfação "Parcialmente Satisfeito".Inter17: Segundo as empresas respon<strong>de</strong>ntes, o nível <strong>de</strong> satisfação comBancos Privados é <strong>de</strong> "Indiferença" 32% das empresas e "Parcial Satisfação"28% das empresas.Inter18: O nível <strong>de</strong> satisfação com as Câmaras <strong>de</strong> Comércio é <strong>de</strong>"Indiferença" para 34% das empresas e <strong>de</strong> "Parcial Satisfação" para 28% dasempresas.Inter19: O nível <strong>de</strong> satisfação com os Institutos <strong>de</strong> Comércio é <strong>de</strong>"Indiferença" para 34% das empresas e <strong>de</strong> "Parcial Insatisfação" para 26% dasempresas.Inter20: O nível <strong>de</strong> satisfação com as Con/Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> classe é <strong>de</strong>"Indiferença" para 41% das empresas e <strong>de</strong> "Insatisfação" para 27% dasempresas.Inter21: O nível <strong>de</strong> satisfação com as Consultorias Privadas é <strong>de</strong> "ParcialSatisfação" para 38% das empresas e <strong>de</strong> "Parcial Insatisfação" para 33% dasempresas.Inter22: O nível <strong>de</strong> satisfação com o SEBRAE é <strong>de</strong> "Insatisfação" para43% das empresas e <strong>de</strong> "Indiferença" para 22% das empresas.Inter23: Segundo as empresas respon<strong>de</strong>ntes, 52% se internacionalizaramao visualizar uma oportunida<strong>de</strong> no mercado externo e 15% das empresas seinternacionalizou ao sentir uma ameaça no mercado interno.Inter24: Das empresas que não começaram o processo <strong>de</strong>internacionalização, 100% preten<strong>de</strong>m se internacionalizar quando surgir umaoportunida<strong>de</strong> no mercado externo.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 56


Assunto: Caracterização Localizador: Carac1 # Questão: 1Descrição Em que ano foi fundada a empresa?30%Caract1 - Em que ano foi fundada a Empresa?25%20%15%23%20%17%13% 13%10%5%7%3% 3%0%A partir <strong>de</strong> 2.000 Década <strong>de</strong> 90 Década <strong>de</strong> 80 Antes <strong>de</strong> 1940 Década <strong>de</strong> 60 Década <strong>de</strong> 70 Década <strong>de</strong> 40 Década <strong>de</strong> 50Assunto: Caracterização Localizador: Carac2 # Questão: 2Descrição Qual a origem (jurídica) <strong>de</strong> sua empresa?Caract2 - Qual a origem (jurídica) <strong>de</strong> sua empresa?70%60%50%40%30%20%10%0%65%32%3%<strong>Brasileira</strong> Italiana OutrosAssunto: Caracterização Localizador: Carac3 # Questão: 3Descrição Sua empresa possui laços ou vínculos culturai/ emocionais, formais ou informais, com outro país?45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%Caract3 - Sua empresa possui laços ou vínculos culturai/ emocionais, formais ouinformais, com outro país?38%29%<strong>Brasileira</strong>, mas com laços com a Itália Italiana, mas com laços com o Brasil Não possui Sim, com outros países26%6%Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 57


Assunto: Caracterização Localizador: Carac4 # Questão: 4Descrição A empresa, na época <strong>de</strong> sua criação nasceu a partir <strong>de</strong> um produto em especial?60%50%Caract4 - A empresa, na época <strong>de</strong> sua criação nasceu a partir <strong>de</strong> um produto em especial?52%40%30%26%23%20%10%0%Sim, um único produto que <strong>de</strong>senvolveu-se para uma especialida<strong>de</strong> ediversos produtos afinsSim, um único produto e <strong>de</strong>dica-se exclusivamente a ele até hojeNão, nasceu a partir <strong>de</strong> muitos tipos <strong>de</strong> produtos e suas variaçõesAssunto: Caracterização Localizador: Carac5 # Questão: 5Descrição A qual das categorias seguintes pertencem os produtos que remontam à origem da empresa?Caract5 -A qual das categorias seguintes pertencem os produtos que remontam àorigem da empresa?30%25%24%20%18%15%10%5%12%9%6% 6%3% 3% 3% 3% 3% 3% 3% 3% 3%0%ServiçosdiversosAlimentício Tecnologia eprocessosindustriaisMobiliário Finanças Vestuário cursos Cultural /EditorialPapeleiro Eletronico Tecidos Máquinas Farmacêutico FomentoIndustriaisMercantilMaquinárioAssunto: Caracterização Localizador: Carac6 # Questão: 6Descrição A empresa ao longo do tempo a empresa MIGROU para uma nova categoria <strong>de</strong> produtos?Caract6 - A empresa ao longo do tempo a empresa MIGROU para uma novacategoria <strong>de</strong> produtos?45%40%35%38%35%30%25%20%21%15%10%5%6%0%Não, permanece na mesma categoriaSim, começou em uma categoria e ao longo dotempo "adicionou" outras categorias à inicial.Não se aplica a meu casoSim, começou em uma categoria e ao longo dotempo "trocou" a original por outra diferenteMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 58


Assunto: Ciclo <strong>de</strong> Vida Localizador: Ciclo1 # Questão: 7Descrição Os produtos iniciais/originais da época da fundação da empresa ficaram <strong>de</strong>fasados35,0%30,0%25,0%20,0%15,0%10,0%5,0%0,0%Ciclo1 - Os produtos iniciais/originais da época da fundação da empresa ficaram <strong>de</strong>fasados29,4%20,6% 20,6%17,6%11,8%Concordo parcialmente Sou Indiferente Discordo parcialmente Discordo total Concordo totalmenteAssunto: Ciclo <strong>de</strong> Vida Localizador: Ciclo2 # Questão: 8Descrição Os custos dos produtos originais tornaram-nos pouco competitivos frente à concorrência externa40,0%35,0%30,0%25,0%20,0%15,0%10,0%5,0%0,0%Ciclo2 - Os custos dos produtos originais tornaram-nos pouco competitivos frente àconcorrência externa35,3%23,5%20,6%11,8%Discordo parcialmente Concordo parcialmente Discordo total Sou Indiferente Concordo totalmente8,8%Assunto: Ciclo <strong>de</strong> Vida Localizador: Ciclo3 # Questão: 9Descrição A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo em sua linha <strong>de</strong> produtos30,0%25,0%Ciclo3 - A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo em sua linha <strong>de</strong>produtos26,5%23,5% 23,5%20,0%15,0%10,0%5,0%14,7%11,8%0,0%Discordo total Concordo totalmente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Sou IndiferenteMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 59


Assunto: Ciclo <strong>de</strong> Vida Localizador: Ciclo4 # Questão: 10Descrição O acréscimo <strong>de</strong> categoria foram implementadas sob pena do negócio extinguir-se.35,0%30,0%25,0%20,0%15,0%10,0%5,0%0,0%Ciclo4 - O acréscimo <strong>de</strong> categoria foram implementadas sob pena do negócio extinguir-se29,4%23,5% 23,5%17,6%5,9%Concordo parcialmente Concordo totalmente Discordo total Discordo parcialmente Sou IndiferenteAssunto: Ciclo <strong>de</strong> Vida Localizador: Ciclo5 # Questão: 11Descrição A empresa teve uma evolução natural em sua linha <strong>de</strong> produtos ao longo do tempoCiclo5 - A empresa teve uma evolução natural em sua linha <strong>de</strong> produtos ao longo dotempo50,0%47,1%40,0%30,0%20,0%10,0%0,0%23,5%14,7%11,8%2,9%Concordo parcialmente Concordo totalmente Discordo parcialmente Discordo total Sou IndiferenteAssunto: Ciclo <strong>de</strong> Vida Localizador: Ciclo6 # Questão: 12Descrição Não houve uma ruptura entre a linha <strong>de</strong> produtos originais da empresa e seus sucessores até hoje40,0%35,0%30,0%25,0%20,0%15,0%10,0%5,0%0,0%Ciclo6 - Não houve uma ruptura entre a linha <strong>de</strong> produtos originais da empresa eseus sucessores até hoje32,4%17,6%20,6% 20,6%Concordo totalmente Concordo parcialmente Sou Indiferente Discordo parcialmente Discordo total8,8%Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 60


Assunto: Ciclo <strong>de</strong> Vida Localizador: Ciclo7 # Questão: 13Descrição Os produtos originais/iniciais receberam apenas adaptações levesCaract7 - Os produtos originais/iniciais receberam apenas adaptações leves45,0%40,0%35,0%30,0%25,0%20,0%15,0%10,0%5,0%0,0%41,2%26,5%14,7%11,8%5,9%Discordo parcialmente Sou Indiferente Discordo total Concordo parcialmente Concordo totalmenteAssunto: Ciclo <strong>de</strong> Vida Localizador: Ciclo8 # Questão: 14Descrição Os produtos originais/iniciais receberam adaptações bastante consistentesCiclo8 - Os produtos originais/iniciais receberam adaptações bastante consistentes35,0%30,0%25,0%20,0%15,0%29,4%23,5%20,6%14,7%11,8%10,0%5,0%0,0%Concordo parcialmente Sou Indiferente Discordo total Discordo parcialmente Concordo totalmenteAssunto: Internacionalização Localizador: Inter1 # Questão: 15Descrição I<strong>de</strong>ntifique a fase em que sua empresa encontra-se no processo <strong>de</strong> internacionalização"35%30%25%20%15%10%5%0%Iter1 - I<strong>de</strong>ntifique a fase em que sua empresa encontra-se "processo <strong>de</strong> internacionalização"29%F0 - não nosinternacionalizamos,pensamos nesta possibilida<strong>de</strong>26%F2 - internacionalizamos pormeio <strong>de</strong> comércio <strong>de</strong>exportação18%F6 - completamos todas asetapas anteriores e jáexportamos a partir <strong>de</strong>sta novabase "estrangeira"12%9%3% 3%F1 - não nos F3 - internacionalizamos pela F4 - internacionalizamos pela F5 - internacionalizamos einternacionalizamos, mas este exportação <strong>de</strong> produtos e pelo exportação <strong>de</strong> produtos e buscamos implantação <strong>de</strong> umatema está em andamento estabelecimento distribuidores estabelecimento <strong>de</strong> jointventuresunida<strong>de</strong> fora do país <strong>de</strong> origemcomerciaisMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 61


Assunto: Estratégia Localizador: Estr1 # Questão: 16Descrição Estratégias utilizadas por sua empresa nos mercados internacionais em que ela atua20%18%16%14%12%10%8%6%4%2%0%16%Aliançaestratégica14%Estr1 - Estratégias utilizadas por sua empresa nos mercados internacionais em queela atuaExportação, Joint venturepor meio <strong>de</strong>intermediárioslocalizados noBrasil11% 11%Exportação,por meio <strong>de</strong>distribuidoreslocalizados noexterior8% 8% 8%Exportação,por meio <strong>de</strong>unida<strong>de</strong>spróprias daempresalocalizadas noBrasilAcordos <strong>de</strong>licenciamentoExportação,por meio <strong>de</strong>intermediárioslocalizados noexterior5% 5%FranquiaPlanta <strong>de</strong>produçãoadquirida noexterior3% 3% 3% 3% 3%GreenfieldContrato <strong>de</strong>produção <strong>de</strong>um produtointeiroAquisição <strong>de</strong>uma empresano exterior,com controletotal peloadquirentePlanta <strong>de</strong>produçãoadquirida noexteriorExportação pormeio <strong>de</strong>unida<strong>de</strong>spróprias daempresalocalizadas noexteriorAssunto: Caracterização Localizador: Carac7 # Questão: 17Descrição Qual a porcentagem atual do faturamento da empresa tem origem nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exportação?50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%Caract7 - Qual a porcentagem atual do faturamento da empresa tem origem nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>exportação?41%18% 18%Nada Menos que 10%. De 26 a 50%. Mais que 50%. De 11% a 25%.15%9%Assunto: Internacionalização Localizador: Inter2 # Questão: 18Descrição A atuação da empresa no exterior é atualmente realizada através <strong>de</strong>:Inter2 - A atuação da empresa no exterior é atualmente realizada através <strong>de</strong>:50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%41%16%44%Exportação direta.Exportação formalizada em escritórios comerciais localizados noexterior.Não se aplica a meu casoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 62


Assunto: Estratégia Localizador: Estr2 # Questão: 19Descrição Estratégia <strong>de</strong> escolha dos países para os quais a empresa exporta?Estr2 - Estratégia <strong>de</strong> escolha dos países para os quais a empresa exporta?50%45%40%36%30%20%18%10%0%Não se aplica ao meu caso.A escolha dos países para os quais a empresa exporta ocorreu A empresa buscou primeiramente aten<strong>de</strong>r países que apresentassemnaturalmente ou seja, não houve nenhuma estratégia para a seleção <strong>de</strong>"maior proximida<strong>de</strong> cultural".mercados.Assunto: Caracterização Localizador: Carac8 # Questão: 20Descrição Grau <strong>de</strong> importância <strong>de</strong>ssas regiões para as exportaçõesCaract8 - Grau <strong>de</strong> importância <strong>de</strong>ssas regiões para as exportações45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%38%América do Sul (Brasil).25%America do Sul (inclusive outrospaíses além do Brasil).13% 13%Ásia (China e Japão). Europa Central. América do Sul (Brasil emparticular).6% 6%Ásia (outros países).Assunto: Caracterização Localizador: Carac9 # Questão: 21Descrição Desenvolvimento das exportações e o estabelecimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exterior50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%Caract9 - Desenvolvimento das exportações e o estabelecimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção noexterior (Apenas para empresas que <strong>de</strong>senvolveram a internacionalização em estágios:primeiro a categoria comercial e <strong>de</strong>pois a produtiva)44%38%De 6 a 10 anos. De 1 a 5 anos. De 11 a 15 anos. Mais <strong>de</strong> 15 anos.13%6%Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 63


Assunto: Estratégia Localizador: Estr3 # Questão: 22Descrição Aspectos consi<strong>de</strong>rados pela empresa no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão para produzir no exteriorEstr3 - Aspectos consi<strong>de</strong>rados pela empresa no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão para produzirno exterior60%50%40%30%20%10%0%55%Não se aplica ao meu caso.12% 12%Proximida<strong>de</strong> cultural entre ospaíses.9% 9%Acesso a recursos <strong>de</strong> produção A manutenção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>(matérias-primas e mão-<strong>de</strong>-obra, produção no exterior favorece oprincipalmente). estabelecimento <strong>de</strong> uma base <strong>de</strong>produção mais ampla.Desenvolver ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>produção em regiões on<strong>de</strong> jáexercia uma forte presençaexportadora.3%Incentivos gerados por acordos <strong>de</strong>comércio firmados entre os países.Assunto: Caracterização Localizador: Carac10 # Questão: 23Descrição Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>senvolvidas no exterior são realizadas através <strong>de</strong>:Caract10 - Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>senvolvidas no exterior são realizadas através <strong>de</strong>:70%60%50%40%30%20%10%0%64%A empresa não produz no exterior15%9%6% 6%Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção própria estabelecida Formalização <strong>de</strong> acordos <strong>de</strong> licenciamento Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção estabelecida através Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção estabelecida atravéspara esse fim.com empresas locais. da formalização <strong>de</strong> joint- ventures comempresas locais.da aquisição <strong>de</strong> empresas locais.Assunto: Estratégia Localizador: Estr4 # Questão: 24Descrição O processo <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> sua empresa teve como principal tipo <strong>de</strong> estratégiaEstr4 - O processo <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> sua empresa teve como principal tipo<strong>de</strong> estratégia50%47%40%30%26% 26%20%10%0%A chamada estratégia "<strong>de</strong>liberada", ou seja, <strong>de</strong>cisões resultantes <strong>de</strong>um planejamento estratégicoA chamada estratégia "emergente" , ou seja, <strong>de</strong>cisões estratégicasadotadas em tempo real com os acontecimentosNão se aplica a meu caso.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 64


Assunto: Internacionalização Localizador: Inter3 # Questão: 25Descrição Incentivos Fiscais no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dos investimento foram importantes para internacionalização30%25%27%Inter3 -Incentivos Fiscais no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dos investimento foram importantes parainternacionalização24%20%15%10%5%18%15% 15%0%Muita Influência Média Influência Pouca Influência Nenhuma Influência Muito Pouca InfluênciaAssunto: Internacionalização Localizador: Inter4 # Questão: 26Descrição Acordos Comerciais entre os países envolvidos foram importantes para internacionalizaçãoInter4 - Acordos Comerciais entre os países envolvidos foram importantes parainternacionalização50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%45%18%15%12%9%Média Influência Muita Influência Nenhuma Influência Pouca Influência Muito Pouca InfluênciaAssunto: Internacionalização Localizador: Inter5 # Questão: 27Descrição Atuação das Câmaras <strong>de</strong> Comércio foram importantes para processo <strong>de</strong> InternacionalizaçãoInter5 - Atuação das Câmaras <strong>de</strong> Comércio foram importantes para processo <strong>de</strong>Internacionalização45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%39%18% 18%15%9%Pouca Influência Muito Pouca Influência Média Influência Muita Influência Nenhuma InfluênciaMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 65


Assunto: Internacionalização Localizador: Inter6 # Questão: 28Descrição Presença <strong>de</strong> imigrantes no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dos investimento foi importante para interancionalização40%35%30%25%20%15%10%5%0%Inter6 - Presença <strong>de</strong> imigrantes no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dos investimento foi importante parainterancionalização33%27%18%Pouca Influência Muito Pouca Influência Nenhuma Influência Média Influência Muita Influência15%6%Assunto: Internacionalização Localizador: Inter7 # Questão: 29Descrição Proximida<strong>de</strong> Cultural foi importante para internacionalizaçãoInter7 - Proximida<strong>de</strong> Cultural foi importante para internacionalização45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%39%30%21%6%3%Média Influência Pouca Influência Muito Pouca Influência Muita Influência Nenhuma InfluênciaAssunto: Internacionalização Localizador: Inter8 # Questão: 30Descrição Condições Geográficas foram importantes para internacionalizaçãoInter8 - Condições Geográficas foram importantes para internacionalização50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%42%21%18%15%3%Média Influência Muita Influência Pouca Influência Nenhuma Influência Muito Pouca InfluênciaMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 66


Assunto: Internacionalização Localizador: Inter9 # Questão: 31Descrição Condições <strong>de</strong> Financiamento <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s foram importante para Internacionalização50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%Inter9 -Condições <strong>de</strong> Financiamento <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s foram importante para Internacionalização42%21%18%15%3%Média Influência Muita Influência Pouca Influência Nenhuma Influência Muito Pouca InfluênciaAssunto: Internacionalização Localizador: Inter10 # Questão: 32Descrição Potenciais Fornecedores em países <strong>de</strong> <strong>de</strong>stistino foi importante para internacionalização40%35%30%25%20%15%10%5%0%33%Inter10 - Potenciais Fornecedores em países <strong>de</strong> <strong>de</strong>stistino foi importante parainternacionalização24%18%Média Influência Muita Influência Nenhuma Influência Pouca Influência Muito Pouca Influência15%9%Assunto: Internacionalização Localizador: Inter11 # Questão: 33Descrição Com relação à regulação dos produtos em mercados internacionais, a empresa encontramaiores restrições para seus produtos em que países?70%60%50%40%30%20%10%0%18%Inter11 - Com relação à regulação dos produtos em mercados internacionais, aempresa encontra maiores restrições para seus produtos em que países?9%Países da América do Norte. Países <strong>de</strong> diferentes regiõesgeográficas.6%Países da América do Sul.3% 3% 3%Países Africanos e daOceania.59%Países Asiáticos. Países da Europa. Não se aplica a meu casoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 67


Assunto: Internacionalização Localizador: Inter12 # Questão: 34Descrição Sua empresa utiliza serviços <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s/órgãos para criação ou assistência <strong>de</strong>negócios no exterior?50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%Inter12 - Sua empresa utiliza serviços <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s/órgãos para criação ou assistência <strong>de</strong>negócios no exterior?41%Sim, usa entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caráter NÃOgovernamental (Câmaras <strong>de</strong> Comércio,Institutos <strong>de</strong> Comércio Exterior,(Con)Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> classe, Consultorias,ONG’s, Bancos privados etc.)21%Utiliza diversos tipos (um mix dasopções/entida<strong>de</strong>s acima)18%Não usa3%Sim, usa entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carátergovernamental (Ministérios, Secretarias,Bancos oficiais <strong>de</strong> financiamento)18%Não se aplica a meu casoAssunto: Internacionalização Localizador: Inter13 # Questão: 35Descrição Serviços <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s/órgãos utilizados para criação ou assistência <strong>de</strong> negócios no exterior70%60%50%40%30%20%10%0%62%Inter13 - Serviços <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s/órgãos utilizados para criação ou assistência <strong>de</strong>negócios no exterior38%26%Câmaras <strong>de</strong> Comércio Bancos privados Bancos oficiais <strong>de</strong>financiamento18%12% 12%SEBRAE Consultorias privadas Institutos <strong>de</strong> ComércioExterior9%6%Ministérios e seus órgãos (Con)Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>classeAssunto: Internacionalização Localizador: Inter14 # Questão: 36Descrição Nível <strong>de</strong> satisfação com Ministérios e seus ÓrgãosInter14 - Nível <strong>de</strong> satisfação com Ministérios e seus Órgãos50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%43%35%17%4%Parcialmente insatisfeito Insatisfeito Indiferente SatisfeitoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 68


Assunto: Internacionalização Localizador: Inter15 # Questão: 37Descrição Nível <strong>de</strong> satisfação com Secretarias <strong>de</strong> estado50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%Inter15 - Nível <strong>de</strong> satisfação com Secretarias <strong>de</strong> estado43%38%19%Parcialmente insatisfeito Insatisfeito IndiferenteAssunto: Internacionalização Localizador: Inter16 # Questão: 38Descrição Nível <strong>de</strong> satisfação com Bancos oficiais <strong>de</strong> financiamentoInter16 - Nível <strong>de</strong> satisfação com Bancos oficiais <strong>de</strong> financiamento45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%40%24%20%12%4%Indiferente Parcialmente insatisfeito Insatisfeito Parcialmente satisfeito SatisfeitoAssunto: Internacionalização Localizador: Inter17 # Questão: 39Descrição Nível <strong>de</strong> satisfação com Bancos privadosInter17 - Nível <strong>de</strong> satisfação com Bancos privados40%35%30%25%20%15%10%5%0%32%28%20%12%8%Indiferente Parcialmente satisfeito Parcialmente insatisfeito Insatisfeito SatisfeitoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 69


Assunto: Internacionalização Localizador: Inter18 # Questão: 40Descrição Nível <strong>de</strong> satisfação com Câmaras <strong>de</strong> Comércio40%35%30%25%20%15%10%5%0%Inter18 - Nível <strong>de</strong> satisfação com Câmaras <strong>de</strong> Comércio34%28%17%14%7%Indiferente Parcialmente satisfeito Parcialmente insatisfeito Satisfeito InsatisfeitoAssunto: Internacionalização Localizador: Inter19 # Questão: 41Descrição Nível <strong>de</strong> satisfação com Institutos <strong>de</strong> Comércio ExteriorInter19 - Nível <strong>de</strong> satisfação com Institutos <strong>de</strong> Comércio Exterior45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%37%26%22%11%4%Indiferente Parcialmente insatisfeito Parcialmente satisfeito Insatisfeito SatisfeitoAssunto: Internacionalização Localizador: Inter20 # Questão: 42Descrição Nível <strong>de</strong> satisfação com Con/Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> classeInter20 - Nível <strong>de</strong> satisfação com Con/Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> classe45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%41%27% 27%5%Indiferente Insatisfeito Parcialmente insatisfeito Parcialmente satisfeitoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 70


Assunto: Internacionalização Localizador: Inter21 # Questão: 43Descrição Nível <strong>de</strong> satisfação com Consultorias privadasInter 21 - Nível <strong>de</strong> satisfação com Consultorias privadas40%35%30%25%20%15%10%5%0%38%33%17%8%4%Parcialmente satisfeito Parcialmente insatisfeito Insatisfeito Satisfeito IndiferenteAssunto: Internacionalização Localizador: Inter22 # Questão: 45Descrição Nível <strong>de</strong> satisfação com SEBRAEInter22 - Nível <strong>de</strong> satisfação com SEBRAE50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%43%22%17%13%4%Insatisfeito Indiferente Satisfeito Parcialmente satisfeito Parcialmente insatisfeitoAssunto: Estratégia Localizador: Estr5 # Questão: 46Descrição Quais os tipos <strong>de</strong> serviços que predominantemente você procura <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s?50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%Estr5 - Quais os tipos <strong>de</strong> serviços que predominantemente você procura <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s?44%32%12% 12%Um misto <strong>de</strong> ambos, em proporções equilibradas Serviços <strong>de</strong> conotação relacional Não se aplica a meu caso Serviços que exigem competências técnicasparticularesMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 71


Assunto: Estratégia Localizador: Estr6 # Questão: 47Descrição Competência técnica para informar e orientar as empresas sobre questões fiscais, legais, etcEstr6 - Competência técnica para informar e orientar as empresas sobre questõesfiscais, legais, etc30%25%27% 27%23%20%15%10%5%14%9%0%1º Lugar 2º Lugar 6º Lugar 4º Lugar 5º LugarAssunto: Estratégia Localizador: Estr7 # Questão: 48Descrição Competência gerar análises <strong>de</strong> novos mercado permitindo sua penetração com maior segurança40%35%30%25%20%15%10%5%0%32%Estr7 - Competência gerar análises <strong>de</strong> novos mercado permitindo sua penetraçãocom maior segurança23%14% 14%9% 9%4º Lugar 6º Lugar 1º Lugar 3º Lugar 2º Lugar 5º LugarAssunto: Estratégia Localizador: Estr8 # Questão: 49Descrição Promove uma maior visibilida<strong>de</strong> e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relacionamento para as empresas e seus produtos35%30%25%20%15%10%5%0%Estr8 - Promove uma maior visibilida<strong>de</strong> e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relacionamento para as empresas e seusprodutos27%23%18%14%9% 9%3º Lugar 1º Lugar 2º Lugar 5º Lugar 4º Lugar 6º LugarMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 72


Assunto: Estratégia Localizador: Estr9 # Questão: 50Descrição Promover missões empresariais e <strong>de</strong> negócios focadas em produto/segmento <strong>de</strong> mercado/clienteEstr9 - Promover missões empresariais e <strong>de</strong> negócios focadas em produto/segmento<strong>de</strong> mercado/cliente30%27% 27%25%20%15%14% 14% 14%10%5%0%5º Lugar 3º Lugar 1º Lugar 6º Lugar 4º Lugar 2º Lugar5%Assunto: Estratégia Localizador: Estr10 # Questão: 51Descrição Atuar como “brokers” <strong>de</strong>senvolvendo relacionamentos e procurando parceiros para cada empresaEstr10 - Atuar como “brokers” <strong>de</strong>senvolvendo relacionamentos e procurandoparceiros para cada empresa40%35%30%25%20%15%10%5%0%36%23%18%14%9%2º Lugar 5º Lugar 3º Lugar 4º Lugar 1º LugarAssunto: Estratégia Localizador: Estr11 # Questão: 52Descrição Competência para suprir <strong>de</strong>ficiências que as empresas possam ter40%35%30%25%20%15%10%5%0%Estr11 - Competência para suprir <strong>de</strong>ficiências que as empresas possam ter32%23%18%14%9%5%6º Lugar 3º Lugar 4º Lugar 5º Lugar 1º Lugar 2º LugarMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 73


Assunto: Inovação Localizador: Inov1 # Questão: 53Descrição Com relação às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)45,0%40,0%35,0%30,0%25,0%20,0%15,0%10,0%5,0%0,0%Inov1 -Com relação às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)38,2%35,3%26,5%Não possui P&D P&D no país <strong>de</strong> origem Não se aplicaAssunto: Estratégia Localizador: Estr12 # Questão: 54Descrição O ciclo <strong>de</strong> vida dos produtos exportados é semelhante ao quEstr12 - O ciclo <strong>de</strong> vida dos produtos exportados é semelhante ao que ocorre no seupaís <strong>de</strong> origem40%35%30%25%20%15%10%5%0%38%19% 19%16%9%Concordam parcialmente São Indiferentes Discordam parcialmente Concordam totalmente Discordam totalmenteAssunto: Estratégia Localizador: Estr13 # Questão: 55Descrição Há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação dos produtos para mercados internacionaisEstr13 - Há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação dos produtos para mercados internacionais50%45%40%30%20%10%0%27%12% 12%3%Concordam parcialmente Concordam totalmente Discordam totalmente São Indiferentes Discordam parcialmenteMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 74


Assunto: Estratégia Localizador: Estr14 # Questão: 56Descrição Há produtos exclusivos para o mercado internacional50%45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%Estr14 - Há produtos exclusivos para o mercado internacional42%27%15%9%6%Concordam parcialmente Concordam totalmente Discordam parcialmente Discordam totalmente São IndiferentesAssunto: Estratégia Localizador: Estr15 # Questão: 57Descrição A empresa <strong>de</strong>senvolve parcerias em pesquisa no exteriorEstr15 - A empresa <strong>de</strong>senvolve parcerias em pesquisa no exterior40%35%30%25%20%15%10%5%0%35%26%16%13%10%Discordam totalmente Concordam parcialmente Discordam parcialmente São Indiferentes Concordam totalmenteAssunto: Estratégia Localizador: Inov2 # Questão: 58Descrição A questão da inovação é fortemente presente nas relações com país que se exporta35%30%25%20%15%10%5%0%Inov2 - A questão da inovação é fortemente presente nas relações com o país que seexporta31%22%19%São Indiferentes Discordam totalmente Concordam parcialmente Discordam parcialmente Concordam totalmente16%13%Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 75


Assunto: Internacionalização Localizador: Inter23 # Questão: 59Descrição Fases responsável pelo início do processo <strong>de</strong> internacionalização60%50%Inter23 - Fases responsável pelo início do processo <strong>de</strong> internacionalização52%40%30%33%20%15%10%0%Enxergava uma oportunida<strong>de</strong> no mercado externo Sentia uma ameaça do mercado interno Não se aplica a meu casoAssunto: Internacionalização Localizador: Inter24 # Questão: 60Descrição Fases atuais para empresdas não iniciaram seu processo <strong>de</strong> internacionalizaçãoInter24 - - Fase responsável por futuro processo <strong>de</strong> internacionalização120%100%100%80%60%40%20%0%Quando surgir uma oportunida<strong>de</strong> no mercado externo0%Quando surgir uma ameaça no mercado internoAssunto: Inovação Localizador: Inov3 # Questão: 61Descrição Qual o meio mais eficaz <strong>de</strong> incentivar a inovação <strong>de</strong>ntro da organização?Inov3 - Qual o meio mais eficaz <strong>de</strong> incentivar a inovação <strong>de</strong>ntro da organização?40,0%35,0%30,0%25,0%20,0%15,0%10,0%5,0%0,0%32,4%23,5% 23,5%17,6%2,9%Estimulo cultural Contribuição participativa Estimulo financeiro Incentivo à criativida<strong>de</strong> Não se aplicaMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 76


Assunto: Inovação Localizador: Inov4 # Questão: 62Descrição Quando a inovação <strong>de</strong>ve ser implementada em uma empresa que preten<strong>de</strong> se internacionalizar?40,0%35,0%30,0%25,0%20,0%15,0%10,0%5,0%0,0%Inov4 - Quando a inovação <strong>de</strong>ve ser implementada em uma empresa que preten<strong>de</strong> seinternacionalizar?32,4%23,5%20,6% 20,6%Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mercado Na criação da emprensa Definição das estratégias Vantagem competitiva2,9%Não se aplicaMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 77


CAPÍTULO 3INTERNACIONALIZAÇÃO DE NEGÓCIOS:ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO EDESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE EMPRESASITALIANAS E BRASILEIRASAn<strong>de</strong>rson Freitas SilvaAndresa Silva Neto FrancischiniBruno Elias LozanoMário Donato da SilvaRodrigo <strong>de</strong> OliveiraNota dos organizadores: este capítulo foi gerado a partir dos resultados do capítulo 2, tendoutilizado o mesmo banco <strong>de</strong> dados obtidos na ocasião (ver anexos daquele capítulo). A similarida<strong>de</strong> emalgumas <strong>de</strong> suas seções iniciais foi mantida propositalmente, para que o leitor possa utilizá-loin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer a consultas no texto anterior.INTRODUÇÃOAs organizações têm buscado novos mercados no exterior a partir <strong>de</strong>diferentes motivações. Esse processo po<strong>de</strong> envolver <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a busca pormercados internacionais, a partir da saturação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>crescimento no mercado local, até a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> atuação internacional<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fase <strong>de</strong> fundação da empresa. Nesse contexto, a internacionalizaçãotem sido cada vez mais consi<strong>de</strong>rada entre as estratégias <strong>de</strong> crescimento e<strong>de</strong>senvolvimento das empresas.As teorias clássicas que tratam sobre a internacionalização <strong>de</strong> empresasforam <strong>de</strong>senvolvidas a partir da análise <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas multinacionaisamericanas e européias, em sua maioria, que já apresentavam forte presençanos mercados nacionais. A literatura brasileira está direcionada para a análiseda internacionalização <strong>de</strong> empresas que já tinham conquistado vantagenscompetitivas no mercado doméstico, antes da realização <strong>de</strong> investimentosdiretos no exterior. Esses investimentos tiveram como <strong>de</strong>stino países daAmérica Latina, principalmente, em <strong>de</strong>corrência da forte presença exportadora.Partindo <strong>de</strong>ssas consi<strong>de</strong>rações, o objetivo <strong>de</strong>sse capítulo é avaliar, entreum conjunto <strong>de</strong> empresas, como o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégiainfluencia em suas trajetórias <strong>de</strong> internacionalização. Desta forma, os objetivosespecíficos que guiaram o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse estudo são:(a) I<strong>de</strong>ntificar os processos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia consi<strong>de</strong>rados entreas empresas estudadas.(b) Relacionar as influências das estratégias com o processo <strong>de</strong>internacionalização;Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 78


As conclusões apresentadas baseiam-se em entrevistas realizadas com 34empresas indicadas pela Câmara Ítalo-<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio (ITALCAM),sendo que os respon<strong>de</strong>ntes eram os contatos oficiais das empresas ou seusprepostos, sempre ligados à área <strong>de</strong> estratégia da empresa. Os respon<strong>de</strong>ntespu<strong>de</strong>ram manifestar e acrescentar novas i<strong>de</strong>ias, <strong>de</strong>talhes e opiniões enquantorespondiam as questões objetivas.Para tanto, foi consi<strong>de</strong>rado um questionário composto por 62 questõesobjetivas divididas em 05 categorias: (1) Caracterização das empresas; (2)estratégia; (3) Ciclo <strong>de</strong> vida dos produtos; (4) Inovação e (5)Internacionalização. O questionário está no Anexo I <strong>de</strong>sse capítulo.O capítulo está dividido em três seções. A primeira seção trata doreferencial teórico, on<strong>de</strong> são apresentados os conceitos <strong>de</strong> estratégia evantagem competitiva. Essa seção traz também as principais teorias quetratam do processo <strong>de</strong> internacionalização, consi<strong>de</strong>rando as abordagenstradicionais e recentes para o tema bem como um conjunto <strong>de</strong> característicasdo processo <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> empresas brasileiras. Na segundaseção tem-se a análise dos resultados e finalmente a conclusão do estudo.1. REFERENCIAL TEÓRICO1.1. Estratégia: Conceito e seu Processo <strong>de</strong> Formação.No cenário atual em que prevalece a alta competitivida<strong>de</strong> entre asempresas, as estratégias <strong>de</strong>finidas pelas organizações são fundamentais parao alcance <strong>de</strong> vantagens competitivas. Assim, essa seção parte dacompreensão dos aspectos teóricos que <strong>de</strong>finem o conceito <strong>de</strong> estratégia.Mintzberg e Quinn (2001) afirmam que o conceito <strong>de</strong> estratégia não étão simples <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido. Para os autores, estratégia é uma idéia <strong>de</strong> como aempresa preten<strong>de</strong> relacionar-se com o público no mercado em que já atua oupreten<strong>de</strong> atuar. Vale <strong>de</strong>stacar que como público enten<strong>de</strong>-se seus clientes,fornecedores, acionistas e stakehol<strong>de</strong>rs. Além disso, as estratégias <strong>de</strong>finidasao longo do tempo influenciam a imagem da empresa.Para Wright et al. (2000) o conceito <strong>de</strong> estratégia está relacionado comos planos da alta administração para alcançar resultados consistentes,<strong>de</strong>stacando aqui a missão e os objetivos gerais da organização. Para osmesmos autores, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> estratégia envolve três etapas: (1) aformulação ou <strong>de</strong>senvolvimento da estratégia, (2) sua implantação e (3) ocontrole estratégico.Para Porter (2003), a competição administrativa em um <strong>de</strong>terminadosetor encontra-se arraigada na sua economia subjacente e em algumas forçascompetitivas. Nesse contexto, os clientes, os fornecedores, os entrantes empotencial e os produtos substitutos po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados comoconcorrentes, com níveis <strong>de</strong> influência diferenciados <strong>de</strong> acordo com o setor ouativida<strong>de</strong> econômica. Partindo <strong>de</strong>ssa análise, o autor <strong>de</strong>senvolveu o Mo<strong>de</strong>lodas Cinco Forças: (1) Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha dos fornecedores; (2) Ameaça <strong>de</strong>novos entrantes; (3) Ameaça <strong>de</strong> produtos substitutos; (4) Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganhados clientes e (5) Rivalida<strong>de</strong> entre concorrentes.Ainda segundo o mesmo autor, após a análise <strong>de</strong>ssas forças, umaempresa é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir seu posicionamento no mercado em que atua eMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 79


também estabelece suas estratégias, objetivando o seu <strong>de</strong>senvolvimentobaseado na obtenção <strong>de</strong> vantagens competitivas.A estratégia é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver um plano <strong>de</strong> ação que incluiposicionamento da empresa, <strong>de</strong> modo que suas capacida<strong>de</strong>s proporcionem amelhor <strong>de</strong>fesa contra as forças competitivas. Ainda, é importante avaliar suainfluência no equilíbrio das forças, através <strong>de</strong> manobras estratégicas,melhorando, <strong>de</strong>ssa forma, a posição da empresa. Esse processo po<strong>de</strong> envolvera antecipação <strong>de</strong> mudanças nos fatores subjacentes às forças e da reação daempresa a essas alterações, na esperança <strong>de</strong> explorá-las <strong>de</strong> modo favorável,através da escolha <strong>de</strong> uma estratégia a<strong>de</strong>quada ao novo equilíbrio competitivoantes <strong>de</strong> seu conhecimento pelos concorrentes (PORTER, 2003).Thompson Jr. (2000) complementa esse conceito, sugerindo que aestratégia da empresa consiste no conjunto <strong>de</strong> mudanças competitivas eabordagens comerciais que os gerentes executam para atingir o melhor<strong>de</strong>sempenho da empresa. A estratégia, na verda<strong>de</strong>, é o planejamento do jogo<strong>de</strong> gerência para reforçar a posição da organização no mercado, promover asatisfação dos clientes e atingir os objetivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho.O planejamento do jogo gerencial para dirigir uma empresa com sucessoenvolve todas as funções e <strong>de</strong>partamentos principais – compras, produção,financeiro, comercialização, recursos humanos e pesquisa & <strong>de</strong>senvolvimento(P&D). O <strong>de</strong>safio da implementação da estratégia é moldar todas as <strong>de</strong>cisões eações da empresa em um padrão coeso. (THOMPSON JR., 2000).Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que o planejamentopreconiza a formação da estratégia como um processo formal, que segue umconjunto específico <strong>de</strong> etapas. Esses passos partem da análise da situaçãoatual da empresa até o <strong>de</strong>senvolvimento e a exploração <strong>de</strong> diferentes cenáriosalternativos. O objetivo é a geração <strong>de</strong> um conjunto coor<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> planos,capaz <strong>de</strong> guiar a organização até o alcance <strong>de</strong> seus objetivos.Para os autores, as principais etapas que se encontram na maioria<strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los são as seguintes: (a) <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> objetivos e metas e (b)elaboração e quantificação dos resultados que a organização preten<strong>de</strong>alcançar ao longo do tempo, nas suas diversas áreas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s.Segundo Hax e Majluf (1991) a estratégia é resultado <strong>de</strong> três diferentesprocessos que contribuem para a sua formação:(1) O processo cognitivo dos indivíduos on<strong>de</strong> o entendimento racional doambiente externo e capacida<strong>de</strong>s internas da empresa resi<strong>de</strong>m;(2) Os processos sociais e organizacionais que contribuem para acomunicação interna e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma opinião consensual;(3) Os processos políticos que tratam da criação, retenção etransferência <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntro da organização.Os mesmos autores sugerem ainda que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa perspectiva, otrabalho do CEO (Chief Executive Officer) é visto como a gestão <strong>de</strong>sses trêsprocessos. Isso requer que os executivos <strong>de</strong>senvolvam uma visão ampla doque se quer atingir, e gerenciem uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> forças organizacionais queconduzam para o <strong>de</strong>scobrimento, evolução e enriquecimento <strong>de</strong>ssa visão.Já para Certo e Peter (2005) a análise <strong>de</strong> questões críticas fornece aestrutura necessária para o estudo atual da organização e propicia aformulação <strong>de</strong> estratégias eficazes. Os autores sugerem que para a formulação<strong>de</strong> tais estratégias é necessário respon<strong>de</strong>r a quatro questões básicas:Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 80


(1) Quais são os propósitos e objetivos da organização?(2) Para on<strong>de</strong> a organização está indo no momento?(3) Que fatores ambientais críticos a organização enfrenta atualmente?(4) O que po<strong>de</strong> ser feito para que os objetivos organizacionais sejamalcançados <strong>de</strong> forma mais efetiva no futuro?Sendo assim, Mintzberg e Quinn (2001) observam que a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>uma estratégia focada permite à empresa alcançar objetivos apontados aolongo dos anos, muitas vezes difíceis <strong>de</strong> serem atingidos no curto prazo. E que<strong>de</strong> certa forma as empresas também formam as suas estratégias com base navivência, como prezar pela qualida<strong>de</strong> dos produtos ou do atendimento aosclientes.1.2. Tipos <strong>de</strong> Estratégia e Vantagem Competitiva.Mintzberg e Quinn (2001) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a teoria <strong>de</strong> que a estratégia temsido usada <strong>de</strong> diversas maneiras. Assim sendo, cinco <strong>de</strong>finições estratégicaspo<strong>de</strong>m ser traçadas como os “5 Ps” da estratégia, sendo elas:(1) Estratégia como Plano: envolve a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> açãoconsciente, seguindo uma diretriz ou um conjunto <strong>de</strong> diretrizes;(2) Estratégia como Pretexto: tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iludir ou enganar aconcorrência;(3) Estratégia como Padrão: é um padrão conseqüente <strong>de</strong> um fluxo <strong>de</strong>ações, ou seja, a estratégia é consistência no comportamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadasações;(4) Estratégia como Posição: é a estratégia da organização <strong>de</strong> acordocom o ambiente no qual a mesma esta inserida;(5) Estratégia como Perspectiva: é a estratégia sob a perspectiva <strong>de</strong>como a organização vê o mundo, on<strong>de</strong> as empresas constroem sua i<strong>de</strong>ologiaem torno <strong>de</strong>ssa visão.Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que com base na<strong>de</strong>finição dos “5 Ps” da estratégia as organizações <strong>de</strong>senvolvem seus planosfuturos. O conjunto <strong>de</strong>sses planos po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como “estratégiapretendida” e seu <strong>de</strong>senvolvimento consi<strong>de</strong>ra também eventos passados,<strong>de</strong>finidos como “estratégias realizadas”. Esse conjunto <strong>de</strong> planos sugere quenem sempre as estratégias realizadas são fruto <strong>de</strong> uma estratégia pretendida,mas sim <strong>de</strong> uma estratégia emergente, na qual <strong>de</strong>terminado padrão realizadonão era expressamente pretendido. De acordo com Wright et al. (2000), o fato<strong>de</strong> estratégias realizadas não terem sido pretendidas po<strong>de</strong> ser explicado apartir <strong>de</strong> eventos ambientais.A Figura 1 permite observar que as intenções realizadas po<strong>de</strong>m serchamadas <strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong>liberada. Ou seja, uma estratégia pretendida po<strong>de</strong>ou não ser realizada, porém uma estratégia realizada nem sempre é fruto <strong>de</strong>uma estratégia <strong>de</strong>liberada, sendo que po<strong>de</strong> ser realizada por meio <strong>de</strong> umaestratégia emergente.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 81


Figura 2: Estratégias Deliberadas e EmergentesFonte: Mintzberg et al. (2000, p.19)Para Porter (1989), a vantagem competitiva surge fundamentalmente dovalor que a empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa ocusto <strong>de</strong> fabricação pela empresa. O valor é aquilo que os compradores estãodispostos a pagar. Ainda, o autor <strong>de</strong>staca três tipos básicos <strong>de</strong> vantagemcompetitiva <strong>de</strong>finidas na figura a seguir:Figura 2: Tipos <strong>de</strong> Vantagens CompetitivasTipos <strong>de</strong> VantagensDescriçãoCompetitivas(1) Li<strong>de</strong>rança em custos A empresa tem como objetivo alcançar omenor custo <strong>de</strong> produção no setor em que atua,obtendo assim uma margem lucrativa maior doque seus concorrentes;(2) Diferenciação A empresa tem como objetivo ser a única aatuar na produção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado bem,obtendo assim vantagem competitiva e adiferenciação frente seus concorrentes. Adiferenciação po<strong>de</strong> envolver o próprio produto, osistema <strong>de</strong> entrega, a <strong>de</strong>finição das estratégias <strong>de</strong>marketing, entre outros aspectos.(3) Enfoque O enfoque se caracteriza em selecionar umsegmento ou um grupo <strong>de</strong> segmentos na indústriae adaptar sua estratégia para atendê-los,excluindo os outros. O objetivo é otimizar aestratégia para o alcance <strong>de</strong> segmentos-alvo..Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 82


Fonte: Organizado pelos autores. Baseado em Porter (1989)1.3. O Conceito <strong>de</strong> Internacionalização: Teorias Clássicas eAbordagens Recentes.Esta seção apresenta as principais teorias <strong>de</strong>senvolvidas para a análisedos processos <strong>de</strong> internacionalização e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> empresasinternacionais, a partir da consi<strong>de</strong>ração dos principais autores que estudam otema. Primeiramente tem-se a apresentação das teorias clássicas,<strong>de</strong>senvolvidas a partir <strong>de</strong> 1960 e, em seguida, são consi<strong>de</strong>radas asabordagens recentes para o tema.Hymer (1960) foi um dos primeiros autores a pesquisar o processo <strong>de</strong>internacionalização <strong>de</strong> empresas a partir da investigação das operaçõesinternacionais formalizadas em diferentes países, <strong>de</strong>senvolvendo, assim, aTeoria do Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Mercado. Ao analisar a influência do comérciointernacional no <strong>de</strong>senvolvimento das operações internacionais, Hymer (1960)<strong>de</strong>staca que as empresas frequentemente <strong>de</strong>senvolvem operaçõesinternacionais em países em que o comércio internacional é ou foi importante,representando uma estratégia <strong>de</strong> substituir exportações ou <strong>de</strong> gerarimportações.A partir da Teoria do Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Mercado, é possível afirmar que aformalização <strong>de</strong> operações internacionais por parte <strong>de</strong> empresas nacionais éuma maneira <strong>de</strong> explorar, no mercado internacional, vantagens já conquistadasno mercado local. Inicialmente, a empresa introduz a inovação e o produtoexibe uma elevada taxa <strong>de</strong> crescimento, se é crescente o número <strong>de</strong>consumidores que passam a usá-lo. A partir da saturação do mercado, arentabilida<strong>de</strong> começa a apresentar <strong>de</strong>clínio e ao mesmo tempo outrasempresas entram no mercado e po<strong>de</strong>m passar a dominar os custos <strong>de</strong>produção. (HYMER, 1983).Vernon (1966) <strong>de</strong>senvolveu a Teoria do Ciclo do Produto e suasanálises partem da hipótese <strong>de</strong> que todos os países <strong>de</strong>senvolvidos têm igualacesso aos avanços da ciência e do conhecimento, ainda que afirme que essaigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso não garante a aplicação dos novos conhecimentos no<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos <strong>de</strong> forma equânime. Vernon (1979)ressalta que as inovações são <strong>de</strong>senvolvidas no mercado doméstico em queestá localizada a firma.No entanto, o mesmo autor <strong>de</strong>staca que as inovações <strong>de</strong>senvolvidas emmercados locais ten<strong>de</strong>m a consi<strong>de</strong>rar as características <strong>de</strong>stes mercados, oque aumenta as chances <strong>de</strong> que as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção também sejam<strong>de</strong>senvolvidas localmente, como forma <strong>de</strong> minimizar custos <strong>de</strong> transporte. Jána fase <strong>de</strong> maturação do produto, novas firmas passam a atuar no mercado ecomo resultado <strong>de</strong> maior concorrência surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diferenciação.Ao término <strong>de</strong>sse estágio, a <strong>de</strong>manda pelo novo produto ten<strong>de</strong> a aumentar e aempresa passa a consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> padronização. Conforme aempresa exporta seus produtos para outros países, os empresários passam aavaliar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exterior(VERNON, 1979).Buckley e Casson (1976) <strong>de</strong>senvolveram a Teoria daInternacionalização das Ativida<strong>de</strong>s. O mo<strong>de</strong>lo proposto pelos autores trazoutras opções <strong>de</strong> entrada partindo <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> proposições.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 83


Inicialmente, ao avaliar o modo <strong>de</strong> entrada mais a<strong>de</strong>quado, a empresa <strong>de</strong>vediferenciar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção e as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distribuição, pois aprodução po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvida no país <strong>de</strong> origem enquanto a distribuição terá<strong>de</strong> ser no exterior. Além disso, a função produção encontra-se relacionada àstecnologias <strong>de</strong>senvolvidas pela empresa, enquanto a função distribuição, àsativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marketing.Os autores também tratam dos custos que envolvem os modos <strong>de</strong>entrada. A exportação dos produtos envolve custos, principalmente <strong>de</strong>transporte e aqueles relacionados a tarifas, que não existirão se a empresaoptar pela produção internacional. Por outro lado, a produção no exterior levaao surgimento <strong>de</strong> custos provenientes da comunicação da tecnologia usada noprocesso produtivo e do treinamento <strong>de</strong> funcionários no exterior, além daspossíveis perdas <strong>de</strong> economias <strong>de</strong> escala já alcançadas no país <strong>de</strong> origem.Dunning (1980; 1993; 1997) analisa o processo <strong>de</strong> internacionalizaçãodas empresas a partir do estabelecimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção noexterior. O autor reforça que o objetivo das empresas é a transformação <strong>de</strong>insumos em produtos <strong>de</strong> maior valor através <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> produção.A opção pela produção no exterior por parte <strong>de</strong> uma firma consi<strong>de</strong>ra aexistência <strong>de</strong> três grupos <strong>de</strong> vantagens: Proprieda<strong>de</strong> (Ownership), Localização(Location) e Internalização (Internalization), que juntas compõem o Mo<strong>de</strong>lo OLI,<strong>de</strong>finido no “Paradigma Eclético da Produção Internacional” <strong>de</strong>senvolvidopor John Dunning. Em seus estudos mais recentes, Dunning (1997) passou aconsi<strong>de</strong>rar as consequências das mudanças que estão ocorrendo nosmercados globais para o entendimento dos <strong>de</strong>terminantes da criação <strong>de</strong>empresas multinacionais e do Paradigma Eclético <strong>de</strong> Produção Internacional.O Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Uppsala tem como principal característica a análise dosprocessos <strong>de</strong> internacionalização das empresas a partir <strong>de</strong> aspectosorganizacionais, no qual a firma é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise. Diferentemente dasteorias vistas anteriormente, o foco da teoria não se constitui nos aspectosmacroecômicos relacionados ao comércio internacional. Johanson e Vahlne(1977), seus proponentes, <strong>de</strong>stacam que as firmas <strong>de</strong>senvolvem operaçõesinternacionais em cada país em quatro etapas sucessivas: (1) Desenvolvimento<strong>de</strong> exportações não regulares; (2) Desenvolvimento <strong>de</strong> exportações utilizandose<strong>de</strong> agentes <strong>de</strong> representação; (3) Estabelecimento <strong>de</strong> uma subsidiária<strong>de</strong>dicada a vendas; e (4) Eventualmente, estabelecimento <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>produção.Inicialmente a empresa não possui qualquer conhecimento sobre omercado em que atua, <strong>de</strong>senvolvendo apenas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exportação. Emseguida, a firma passa a contar com informações superficiais sobre o mercado,o que leva à contratação <strong>de</strong> representantes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. A partir do acessoa informações que permitem o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ampla e diversificadaexperiência <strong>de</strong> mercado, a firma vai optar pelo estabelecimento <strong>de</strong> umasubsidiária encarregada pelas vendas no exterior, o que po<strong>de</strong>, finalmente,evoluir para o estabelecimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exterior.Nos anos recentes, o surgimento <strong>de</strong> novos processos <strong>de</strong>internacionalização levaram ao <strong>de</strong>senvolvimento das abordagens recentes parao tema.Chesnais (1996) analisa o processo <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> empresasa partir da consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> três dimensões: o intercâmbio comercial, oMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 84


investimento produtivo no exterior e os fluxos <strong>de</strong> capital monetário ou capitalfinanceiro. O autor consi<strong>de</strong>ra que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>exportação é uma das dimensões do processo, <strong>de</strong>finida como“internacionalização comercial”. Outras dimensões possíveis são a“internacionalização produtiva”, caracterizada pelo estabelecimento <strong>de</strong>unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exterior e a “internacionalização financeira”,caracterizada pela intensificação <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong> capital financeiro entre os países.Porém, a partir da evolução das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas pelas empresasno exterior, Chesnais (1996) <strong>de</strong>staca o surgimento <strong>de</strong> outra dimensão para oprocesso <strong>de</strong> internacionalização, baseada nos ativos intangíveis das empresase no capital humano, <strong>de</strong>finida como “internacionalização tecno-financeira”.Essa dimensão está baseada na criação <strong>de</strong> know-how e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento.A <strong>de</strong>finição da firma Born Global po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma abordagemrecente para o tema <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> empresas. O termo é utilizadopara <strong>de</strong>finir uma firma que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fundação ou após pouco tempo <strong>de</strong>fundada, consi<strong>de</strong>ra a atuação global em suas estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.O conceito apresenta muitas diferenças quando comparado às teoriastradicionais, que tratam a internacionalização como um processo a ser<strong>de</strong>senvolvido em etapas, <strong>de</strong> maneira incremental, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong>conhecimento sobre os mercados internacionais e pela consi<strong>de</strong>ração daincerteza em atuar no exterior (MADSEN e SERVAIS, 1997).Knight e Cavusgil (2004) também <strong>de</strong>finem uma firma “Born Global” comoaquela que adota a internacionalização em períodos curtos após a fundação.Os autores <strong>de</strong>stacam que a entrada em mercados internacionais é feita em umperíodo <strong>de</strong> até três anos. É possível afirmar que os autores consi<strong>de</strong>rados paraa análise do surgimento e caracterização <strong>de</strong> uma firma como “Born Global”apresentam pontos convergentes em seus trabalhos, ainda que com ênfasesdiferenciadas: (1) A atuação internacional é consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fundação ouem pouco tempo após, sem o <strong>de</strong>senvolvimento primário <strong>de</strong> vantagensmonopolísticas no mercado interno; (2) essas firmas ten<strong>de</strong>m a atuar emsegmentos <strong>de</strong> mercado e apresentam maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação <strong>de</strong>produtos para mercados específicos; (3) O <strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>inovação é fundamental para a atuação em mercados internacionais; (4) asnovas tecnologias <strong>de</strong> produção e comunicação reduzem os custos <strong>de</strong>transação e têm favorecido o surgimento <strong>de</strong>ssa categoria <strong>de</strong> firmas; (5) asfirmas <strong>de</strong>senvolvem adaptações em seus produtos, o que torna os mercadosmais homogêneos; (6) os fornecedores com competências complementaressão também selecionados a partir <strong>de</strong> acordos <strong>de</strong> colaboração; (7) há oestabelecimento <strong>de</strong> parcerias para a distribuição dos produtos em mercadosinternacionais.Finalmente, Francischini (2009) <strong>de</strong>staca que as novas abordagens para oestudo da internacionalização <strong>de</strong> empresas representam um novo caminhopara a análise <strong>de</strong> casos em que as teorias clássicas não se mostrama<strong>de</strong>quadas ou não são capazes <strong>de</strong> explicar os fenômenos em sua totalida<strong>de</strong>,principalmente quando empresas brasileiras e seus processos <strong>de</strong>internacionalização estão sendo consi<strong>de</strong>rados.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 85


1.4. Internacionalização <strong>de</strong> Empresas <strong>Brasileira</strong>sO <strong>de</strong>bate brasileiro sobre a internacionalização <strong>de</strong> empresas nacionaistem sido intensificado nos últimos anos a partir da análise do tema sob osenfoques diferenciados. Essa seção traz as principais características dainternacionalização <strong>de</strong> empresas brasileiras, bem como as fases e asmotivações que envolveram o processo.A adoção <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> internacionalização por parte <strong>de</strong> empresasbrasileiras é um processo tardio, principalmente quando comparado comoutras, <strong>de</strong> países emergentes. Entre as décadas <strong>de</strong> 60 e 70, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>internacionalização estavam concentradas em exportações, enquanto no finaldos anos 70 e início dos 80 um pequeno número <strong>de</strong> empresas brasileiras haviarealizado investimentos diretos no exterior (BARRETO e ROCHA, 2003;ROCHA, SILVA e CARNEIRO, 2007; FLEURY e FLEURY, 2007).Quanto ao aspecto da internacionalização tardia, Ricupero e Barreto(2007) <strong>de</strong>stacam que o processo <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> empresas nacionaisfoi iniciado em um cenário econômico marcado pelo baixo crescimento,principalmente durante a década <strong>de</strong> 80. A realização <strong>de</strong> investimentos diretosexternos a partir da década <strong>de</strong> 90 po<strong>de</strong> ser entendida como um caminho paramanter o dinamismo alcançado internamente em períodos anteriores.Os mesmos autores ressaltam a existência <strong>de</strong> uma estreita correlaçãoentre o estabelecimento <strong>de</strong> relações comerciais e a realização <strong>de</strong>investimentos diretos no exterior por empresas nacionais. Assim, ainternacionalização é entendida como um caminho para o aumento dacompetitivida<strong>de</strong> da empresa bem como um meio <strong>de</strong> sobreviver em ambientesmais competitivos.A maioria das empresas brasileiras passou a <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>produção no exterior através da realização <strong>de</strong> Investimentos Diretos Externos(IDE) apenas a partir <strong>de</strong> 1990 (ROCHA et al., 2007). Esses investimentos têmsido caracterizados pelo estabelecimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s próprias no exterior,aquisições <strong>de</strong> outras empresas e ainda por meio do estabelecimento <strong>de</strong> jointventures (FLEURY e FLEURY, 2007).Outro aspecto importante para a caracterização da internacionalização <strong>de</strong>empresas brasileiras refere-se à localização dos investimentos. De maneirageral, os países <strong>de</strong>senvolvidos são consi<strong>de</strong>rados a melhor alternativa parainiciar o processo <strong>de</strong> internacionalização. Porém, aspectos relacionados àsofisticação dos mercados e à falta <strong>de</strong> conhecimento sobre tais mercadospo<strong>de</strong>m representar barreiras à entrada para empresas brasileiras. Comoresultado, elas iniciam o processo <strong>de</strong> internacionalização em países maispróximos geograficamente. (TANURE, CYRINO e PENIDO, 2007).Consi<strong>de</strong>rando a importância da presença comercial para a localizaçãodos investimentos, Silva (2003) ressalta que as empresas buscam países quejá representam importantes mercados para seus produtos. Nesse sentido,Rocha et al. (2007) <strong>de</strong>stacam que muitos dos investimentos eminternacionalização <strong>de</strong>senvolvidos por empresas brasileiras têm como <strong>de</strong>stinopaíses da América Latina.A análise das motivações para a internacionalização <strong>de</strong> empresasbrasileiras permite afirmar que elas não po<strong>de</strong>m ser generalizadas, já que háMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 86


particularida<strong>de</strong>s importantes que <strong>de</strong>vem ser estudadas em maior profundida<strong>de</strong>.Ricupero e Barreto (2007) <strong>de</strong>stacam que a adoção da internacionalizaçãocomo meio <strong>de</strong> ultrapassar barreiras comerciais é uma das motivações maisantigas consi<strong>de</strong>rada pelas gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> manufatura européias e norteamericanas.Destacam, inclusive, que esta foi a motivação para oestabelecimento <strong>de</strong> empresas no Brasil e em outros países da América Latinano século XIX.Entre as outras motivações possíveis já tratadas na literatura sobre otema, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar também a busca pela li<strong>de</strong>rança global. Partindo <strong>de</strong>ssaperspectiva, as empresas formalizaram investimentos no exterior e operações<strong>de</strong> fusão e aquisição que possibilitaram o posicionamento das mesmas comoglobal players em seus setores (COUTINHO, HIRATUKA e SABBATINI, 2008).Outra importante motivação para a internacionalização das ativida<strong>de</strong>s é abusca pela manutenção do crescimento no mercado interno. Rocha et al.(2007) consi<strong>de</strong>ram que há empresas que já dominam uma parcela importantedo mercado brasileiro e reconhecem na internacionalização um caminho para acontinuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento. O acesso a recursos estratégicos também <strong>de</strong>veser consi<strong>de</strong>rado. A partir <strong>de</strong>ssa motivação, as empresas buscam ainternacionalização como meio <strong>de</strong> garantir o acesso ao capital internacional,matérias-primas, tecnologia e know how (ROCHA et al., 2007).É importante reforçar que a análise das principais motivações parainternacionalização <strong>de</strong>monstra a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma empresa ter mais <strong>de</strong>uma motivação para a internacionalização, as quais interagemdiferenciadamente. A classificação das empresas entre as categorias <strong>de</strong>motivação não apresentam fronteiras claramente <strong>de</strong>finidas. Como resultado,uma mesma empresa aparece como exemplo em mais <strong>de</strong> uma categoria <strong>de</strong>motivação.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS2.1. Caracterização das Empresas e Internacionalização:As questões que envolvem a caracterização das empresas foramelaboradas com o objetivo <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r as características das empresasparticipantes da pesquisa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua origem até o seu processo <strong>de</strong>internacionalização.O resultado da pesquisa permitiu observar que a maior parte dasempresas foram fundadas recentemente (23% foram fundadas a partir do ano2000 e 20% na década <strong>de</strong> 1990). A ampla maioria das empresas entrevistadastem origem jurídica brasileira, enquanto que as <strong>de</strong> origem italiana somam umaparcela menor (32%). A gran<strong>de</strong> maioria dos respon<strong>de</strong>ntes (67%) afirma tervínculos bilaterais Brasil- Itália, sendo que 29% <strong>de</strong>ste total são <strong>de</strong> origemitaliana e 38% <strong>de</strong> origem brasileira.Po<strong>de</strong>-se observar que parcela significativa dos respon<strong>de</strong>ntes (52%)afirmou que a empresa nasceu a partir <strong>de</strong> um produto que se <strong>de</strong>senvolveu parauma especialida<strong>de</strong> e diversos produtos afins. Dessa maneira, é possívelafirmar que as empresas estudadas apresentam aspectos teóricosMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 87


estabelecidos para uma empresa Born Global, ou seja, já foram criadasvisando também a atuação internacional.Relacionando a diversificação <strong>de</strong> produto, duas estratégias distintas<strong>de</strong>spontam nos resultados: 38% das empresas não migraram para outro tipo <strong>de</strong>mercado e 38% adicionaram outro segmento <strong>de</strong> mercado visando adiversificação.Em relação ao mercado internacional, <strong>de</strong> acordo com as empresasrespon<strong>de</strong>ntes, 63% têm a América do Sul como a região com maiorimportância para as exportações, mesmo que mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas nãoproduzam no exterior. Essa característica é convergente com os principaisaspectos que caracterizam a internacionalização <strong>de</strong> empresas brasileiras:iniciam a internacionalização em países mais próximos geograficamente etambém em regiões em que já alcançaram forte presença exportadora.A maioria das empresas respon<strong>de</strong>ntes que apostaram nainternacionalização realizou o processo em estágios, primeiro ajustando acategoria comercial e <strong>de</strong>pois a produtiva, sendo que 44% levaram em média <strong>de</strong>6 a 10 anos. O <strong>de</strong>senvolvimento da internacionalização em estágios éreferenciado no Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Uppsala e o tempo para início dainternacionalização também é baixo, o que difere da maioria das empresasbrasileiras.Na caracterização das empresas respon<strong>de</strong>ntes, i<strong>de</strong>ntifica-se que suamaior parte é <strong>de</strong> origem brasileira com vínculos com a Itália. Tais organizaçõessão <strong>de</strong> diferentes segmentos <strong>de</strong> mercado e a maioria nasceu a partir <strong>de</strong> umúnico produto que se <strong>de</strong>senvolveu para uma especialida<strong>de</strong> e diversos produtosafins.Para a análise do processo <strong>de</strong> internacionalização das empresasentrevistadas, foram <strong>de</strong>senvolvidas questões específicas. De acordo com apesquisa, cerca <strong>de</strong> 29% das empresas ainda não se internacionalizou, maspensam na possibilida<strong>de</strong>. Empresas que já se internacionalizaram assim ofizeram por visualizar uma oportunida<strong>de</strong> no mercado externo, o que também semostra como atrativo para as empresas que ainda não se internacionalizaram.Os resultados da pesquisa <strong>de</strong>monstram que o fator “incentivos fiscais” no país<strong>de</strong> <strong>de</strong>stino foi o que revelou muita influência para a internacionalização,segundo 27% das empresas.Fatores como acordos comerciais entre países envolvidos, proximida<strong>de</strong>cultural, condição <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, e potenciais fornecedoresem países <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino foram consi<strong>de</strong>radas como <strong>de</strong> média influência parainternacionalização. Já a atuação das Câmaras <strong>de</strong> Comércio, a presença <strong>de</strong>imigrantes no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> investimentos, e condições geográficas foramconsi<strong>de</strong>radas como fatores <strong>de</strong> pouca influência para a internacionalização.As empresas encontram restrições para entrada <strong>de</strong> produtos,principalmente nos países da América do Norte. Para iniciar ou obterassistência para os negócios no exterior, as empresas buscam, em suamaioria, entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caráter não governamental. Dentre essas entida<strong>de</strong>s asmais procuradas pelas empresas são as Câmaras <strong>de</strong> Comércio.A satisfação das empresas em relação a entida<strong>de</strong>s governamentais ounão governamentais que auxiliam a entrada e manutenção no comérciointernacional é <strong>de</strong> insatisfação com o SEBRAE (Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio àsMicro e Pequenas Empresas), pouca insatisfação com Ministérios e seusMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 88


Órgãos e com as Secretaria <strong>de</strong> Estado, Indiferença com relação a BancosOficiais <strong>de</strong> Financiamento, Bancos Privados <strong>de</strong> Financiamento, Câmaras <strong>de</strong>Comércio, Institutos <strong>de</strong> Comércio e Con/Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> classe e poucasatisfação quanto a Consultorias Privadas.2.2. Estratégia e Inovação:Para a análise <strong>de</strong>sses aspectos, foi consi<strong>de</strong>rado um conjunto <strong>de</strong> questõesque tratavam da estratégia das organizações em seus processos <strong>de</strong>internacionalização e do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> inovações. Ressalta-se que asquestões Estr6 a Estr11 são correspon<strong>de</strong>ntes às empresas que utilizam osserviços da Câmara <strong>de</strong> Comércio Brasil-Itália.Com base nos dados levantados na pesquisa, é possível observar que asempresas utilizam-se das mais variadas estratégias <strong>de</strong> internacionalização,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> alianças estratégicas a aquisição <strong>de</strong> empresas no exterior ou contratos<strong>de</strong> produção. Isto se aplica ao que os autores conceituam a respeito dosdiferentes modos <strong>de</strong> internacionalização. As escolhas dos modos como asempresas expan<strong>de</strong>m para os mercados externos envolvem riscos eproprieda<strong>de</strong>s diferentes, aplicando-se às características e estratégias <strong>de</strong> taisorganizações.Com relação à <strong>de</strong>cisão das organizações para produzir no exterior, foram<strong>de</strong>stacados como aspectos a consi<strong>de</strong>rar a proximida<strong>de</strong> cultural entre os paísese o acesso a recursos <strong>de</strong> produção (12% cada), seguidos dos aspectos <strong>de</strong>manutenção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exterior e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção em regiões on<strong>de</strong> já exercia uma forte presençaexportadora (9% cada). O que reflete as conceituações <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>estratégia <strong>de</strong> Mintzberg e Quinn (2001), on<strong>de</strong> as estratégias são traçadas <strong>de</strong>diversas maneiras e se enquadram, <strong>de</strong>ntro das <strong>de</strong>finições dos “5Ps” daestratégia, <strong>de</strong> acordo com os processos <strong>de</strong> cada organização.Segundo Mintzberg et al (2000), as estratégias realizadas po<strong>de</strong>m serfrutos <strong>de</strong> formações estratégicas <strong>de</strong>liberadas ou <strong>de</strong> formações estratégicasemergentes. I<strong>de</strong>ntifica-se na pesquisa que, no processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>estratégia na trajetória <strong>de</strong> internacionalização das organizações, há umequilíbrio quanto ao tipo <strong>de</strong> formação estratégica adotado pelas empresaspesquisadas, po<strong>de</strong>ndo ser estratégias <strong>de</strong>liberadas ou emergentes. Taisaspectos <strong>de</strong>monstram que a formação <strong>de</strong> estratégia po<strong>de</strong> estar atrelada aomo<strong>de</strong>lo das “5 forças” <strong>de</strong> Porter (2003), on<strong>de</strong> na concepção do autor, após umaanálise <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo para o mercado, as empresas po<strong>de</strong>m posicionar-se eestipular estratégias, para seu <strong>de</strong>senvolvimento na obtenção <strong>de</strong> vantagemcompetitiva.A pesquisa aponta que gran<strong>de</strong> parte das empresas que buscam o apoio<strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s procura um misto <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> conotação relacional ecompetências técnicas particulares. O que se aplica às conceituações <strong>de</strong> Hax eMajluf (1991), on<strong>de</strong> os processos cognitivos dos indivíduos, além dosprocessos sociais/organizacionais e os processos políticos são os processosque auxiliam as organizações na formação <strong>de</strong> estratégia. Para as empresasque utilizam, especificamente, os serviços da Câmara <strong>de</strong> Comércio Brasil-Itália,i<strong>de</strong>ntifica-se que, dos aspectos abordados, a competência técnica parainformar e orientar as empresas é a que mais se <strong>de</strong>staca.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 89


É possível afirmar ainda que as empresas consi<strong>de</strong>ram o ciclo <strong>de</strong> vida dosprodutos exportados semelhante ao que ocorre no país <strong>de</strong> origem. Sendo quegran<strong>de</strong> parte dos respon<strong>de</strong>ntes possuem produtos exclusivos para o mercadoexterno e afirmam que há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação dos produtos para osmercados internacionais. Desta forma po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar uma relação com asorganizações que já nascem globais (Born Global) on<strong>de</strong>, segundo Francischini(2009), uma das características <strong>de</strong>ssas organizações é o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>adaptações em seus novos produtos, o que torna os mercados maishomogêneos.Especialmente quanto ao ciclo <strong>de</strong> vida dos produtos, <strong>de</strong> acordo com osresultados obtidos, 41,2% das empresas respon<strong>de</strong>ntes concordam que osprodutos originais ficaram <strong>de</strong>fasados diante do mercado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fundação daempresa. Mais da meta<strong>de</strong> das empresas discordam que os produtos originaistornaram-se pouco competitivos em relação à concorrência.Observa-se que até 47% dos produtos <strong>de</strong>stas empresas, sofreram umaseleção natural ao longo do tempo com sua linha <strong>de</strong> produtos e que mais dameta<strong>de</strong> concordam que aumentaram sua categoria <strong>de</strong> produtos sob pena donegócio extinguir-se.A gran<strong>de</strong> maioria das empresas (70,6%) concorda que sofreu umaevolução natural <strong>de</strong> sua linha <strong>de</strong> produtos ao longo do tempo eaproximadamente meta<strong>de</strong> não teve ruptura entre produtos originais esucessores, sendo que 41,2% das empresas informaram que os produtosoriginais sofreram adaptações leves.Gran<strong>de</strong> parte das empresas entrevistadas teve seus produtos originais<strong>de</strong>fasados ao longo do tempo. A pesquisa <strong>de</strong>monstra também que essesprodutos se mantiveram competitivos em relação à concorrência.Ainda, é possível afirmar que as empresas tiveram que <strong>de</strong>senvolvercategorias <strong>de</strong> produtos, aumentar suas categorias <strong>de</strong> produtos com o objetivo<strong>de</strong> evitarem a seleção natural. Porém, para a maioria das empresas, a razão<strong>de</strong>ste aumento foi <strong>de</strong>vida ao risco <strong>de</strong> extinção do negócio.Dentre as adaptações dos produtos originais para o mercado atual,aproximadamente meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>las sofreram adaptações leves em seus produtos,a outra meta<strong>de</strong> se divi<strong>de</strong> entre gran<strong>de</strong>s adaptações ou se mantiveramindiferentes.Diante da pesquisa realizada i<strong>de</strong>ntifica-se que 35,3% da empresas, nãopossuem laboratório <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento, e daquelas quepossuem, estes laboratórios localizam-se no país <strong>de</strong> origem da empresa. Esseaspecto <strong>de</strong>monstra que essas empresas não <strong>de</strong>senvolveram a categoria <strong>de</strong>internacionalização <strong>de</strong>finida por Chesnais (1996) como “tecno-científica”.Referente a incentivos à Inovação, a maioria das empresas entrevistadas(55,9%) acredita que os estímulos culturais e financeiros seriam os melhorescaminhos para sua obtenção. Ainda, 32,4% dos respon<strong>de</strong>ntes apostam emestímulos culturais e 23,5% para financeiros.Os respon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>monstram também que 32,4% das empresas quebuscaram a internacionalização <strong>de</strong> seus negócios o fizeram por necessida<strong>de</strong>smercadológicas. Somente 23,6% <strong>de</strong>finiram este objetivo na criação daempresa.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 90


3. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAISA formação <strong>de</strong> estratégia é um ponto fundamental para o futuro e osucesso das organizações. O mundo corporativo é extremamente dinâmico, e éneste ambiente altamente competitivo que as organizações buscamalternativas para traçar o caminho para o sucesso. Para as empresas queprocuram nos mercados externos uma alternativa para o seu crescimento e<strong>de</strong>senvolvimento, o caminho torna-se ainda mais difícil e o processo <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> estratégia na trajetória <strong>de</strong> internacionalização das organizações éo ponto <strong>de</strong> partida para i<strong>de</strong>ntificar se este processo dar-se-á <strong>de</strong> uma formaeficiente e a<strong>de</strong>quada.O objetivo geral <strong>de</strong>ste trabalho era i<strong>de</strong>ntificar a influência do processo <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> estratégia e seu impacto na trajetória <strong>de</strong> internacionalização dasorganizações. Por meio da análise e estratificação dos objetivos específicos, foipossível apontar alguns fatores que permitiram realizar uma abordagemobjetiva ao tema proposto.De acordo com o referencial teórico, a estratégia e seus processos <strong>de</strong>formação dão-se <strong>de</strong> várias formas diferentes. Tais processos po<strong>de</strong>mcaracterizar-se <strong>de</strong> acordo com a estrutura, histórico, stakehol<strong>de</strong>rs, objetivos eoutros aspectos das organizações. O fato da estratégia ser originada <strong>de</strong> forma<strong>de</strong>liberada ou emergente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> justamente <strong>de</strong> todas essas característicasque as organizações apresentam. Portanto, não existe um mo<strong>de</strong>lo padrão paraformação <strong>de</strong> estratégia, mas sim variâncias empresariais que caracterizam amo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong>stes processos.Dentro do cenário <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia na trajetória <strong>de</strong>internacionalização cabe <strong>de</strong>stacar que os diferentes mo<strong>de</strong>los, para iniciar esteprocesso, contribuem para as variações e tipos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> uma estratégia.Primeiramente, há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar a forma como a organização preten<strong>de</strong> seinternacionalizar. Os modos <strong>de</strong> entrada nos mercados externos apresentamcaracterísticas diversas, seja por exportação, contratual ou por investimento, oposicionamento nestes mercados <strong>de</strong>manda estratégias completamentediferentes para aten<strong>de</strong>r a essa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> opções.Com base na pesquisa realizada, é possível i<strong>de</strong>ntificar que <strong>de</strong> fato ainternacionalização é uma etapa importante para as empresas que buscam um<strong>de</strong>senvolvimento maior. A pesquisa permite inferir que, por visualizar asoportunida<strong>de</strong>s que a globalização e a expansão internacional proporcionam, asorganizações têm buscado alcançar esta etapa cada vez mais rápido e,principalmente, com qualida<strong>de</strong>.Fatores macro e micro-econômicos, variáveis ambientais, análises <strong>de</strong>riscos e oportunida<strong>de</strong>s, além das características das empresas, são questõesimportantes que <strong>de</strong>finem com que estratégia, como e quando a empresa <strong>de</strong>veou po<strong>de</strong> se internacionalizar. Portanto, diante dos fatos apresentados, dasreferencias teóricas e análises <strong>de</strong> pesquisa apontadas, é possível confirmar ahipótese apresentada por este trabalho que, <strong>de</strong> fato, o processo <strong>de</strong> formação<strong>de</strong> estratégia influencia na trajetória <strong>de</strong> internacionalização das organizações.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 91


CAPÍTULO 4O PAPEL DA INOVAÇÃO NAS ESTRATÉGIASDE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESASITALIANAS E BRASILEIRASAlan DuarteDaniela CoutinhoDaniele VitorinoMarcos AfonsoRiyemi MahmoudAndré Castilho Ferreira da Costa (orientador)1. INTRODUÇÃOA internacionalização <strong>de</strong> empresas consiste na participação ativa nosmercados externos. Ela é o caminho natural para algumas empresas semanterem competitivas, pois <strong>de</strong>vido ao elevado grau <strong>de</strong> concorrência domercado interno, algumas empresas acham necessário explorar novosmercados para tornarem-se competitivas não apenas nacionalmente, comotambém internacionalmente. Porém, é necessário consi<strong>de</strong>rar também asdificulda<strong>de</strong>s enfrentadas no processo <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong>vido aosdiversos idiomas, hábitos, culturas e leis presentes nos mercados externos.Além disso, existe também a falta <strong>de</strong> informação e conhecimento “teórico”sobre melhores estratégias a seguir e como iniciar o processo <strong>de</strong>internacionalização. (LOUREIRO e SANTOS, 1991; PROENÇA 2004).A participação no mercado internacional po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> modo ativo epermanente ou <strong>de</strong> maneira eventual. Um importante fator que <strong>de</strong>ve ser levadoem consi<strong>de</strong>ração é a globalização. Com o crescimento das economiasemergentes e a expansão das fronteiras entre países, a globalização facilita ainteração entre mercados que eram divergentes, possibilitando uma troca <strong>de</strong>informação mais rápida e que po<strong>de</strong> levar a um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas eestratégias mais eficazes <strong>de</strong> internacionalização. Com isso, maisoportunida<strong>de</strong>s surgem para organizações conseguirem colocar em práticaprojetos e planejamentos sobre o início da inserção das empresas em um novomercado internacional. (LUDOVICO, 2009; LOUREIRO e SANTOS, 1991)Neste projeto, preten<strong>de</strong>-se estabelecer uma ligação entre oplanejamento estratégico utilizado pelas empresas italianas no processo <strong>de</strong>internacionalização com as possíveis práticas inovadoras <strong>de</strong>sse processo.Além disso, <strong>de</strong>seja-se <strong>de</strong>linear se a inovação leva vantagem competitiva paraempresa que preten<strong>de</strong> investir no mercado internacional.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 92


2. REFERENCIAL TEÓRICO2.1. ESTRATÉGIASO termo estratégia é muito utilizado para <strong>de</strong>terminar os caminhos queas empresas utilizam para obter vantagem competitiva. (KLUYVER, 2007,p.1). Uma estratégia <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> é reconhecida como um fator importantepara uma empresa alcançar o sucesso (THOMPSON, 2008, p.452). Porém,não existe um consenso entre os autores quando é discutida uma <strong>de</strong>finiçãoexata para estratégia, ou ainda <strong>de</strong> uma estratégia bem-sucedida (BARNEY,2007, p. 5). O que torna o conceito <strong>de</strong> estratégia aplicada em algumasorganizações muito abrangentes e difusas do real significado (THOMPSON,2008).Thompson (2008) <strong>de</strong>fine estratégia como um conjunto <strong>de</strong> etapas <strong>de</strong>ações que <strong>de</strong>vem ser realizadas para conduzir as operações das empresas,<strong>de</strong>terminando ainda objetivas a serem cumpridos pelos gestores para que aempresa tenha um bom <strong>de</strong>sempenho financeiro e <strong>de</strong> mercado.A estratégia como prática <strong>de</strong>staca o comportamento na interação entreos mercados, interno e externo, e relaciona também as rotinas do dia a dia quepossibilita a construção <strong>de</strong> estratégicas baseadas no quotidiano(BERNARDES, 2008).Durante muito tempo a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> alta participação no mercado era oprincipal <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> sucesso empresarial, medido através do retorno peloinvestimento. Hoje, o que se procura não é apenas aumentar a participação <strong>de</strong>mercado, mas sim adquirir vantagem competitiva com a formulação <strong>de</strong>estratégias sustentáveis. Melhor, o objetivo das empresas é adquirir umavantagem competitiva sustentável, ou seja, se diferenciar da concorrência comprodutos e/ou serviços difíceis <strong>de</strong> serem copiados por outros. A busca porparticipação do mercado ocorre através <strong>de</strong> investimentos, sendo esses<strong>de</strong>stinados a novos produtos, melhorias ao composto <strong>de</strong> marketing ecrescimento <strong>de</strong> ativos operacionais. Porém, essas ações <strong>de</strong>vem sersustentadas por estratégias que irão garantir um diferencial no mercado, compotencial para se tornar uma vantagem competitiva. (LUCE, 1988)Os direcionamentos das estratégias traçadas para o mercado, interno ouexterno, po<strong>de</strong>m ocorrer através da análise <strong>de</strong> um ambiente geral em que asempresas estão inseridas, caracterizadas por tendências apresentadas pelosmercados. As mudanças e acontecimentos no mercado global que po<strong>de</strong>influenciar as <strong>de</strong>cisões no âmbito organizacional, como: “mudançastecnológicas; tendências <strong>de</strong>mográficas; tendências culturais; clima econômico;condições legais e políticas; e acontecimentos internacionais específicos”(THOMPSON 2008).Empresas que <strong>de</strong>sejam se manter no mercado precisam estar aptas a<strong>de</strong>senvolver estratégias a níveis crescentes <strong>de</strong> inovação. Os ciclos <strong>de</strong> vida dosprodutos estão cada vez mais curtos com a entrada <strong>de</strong> novos produtos cadavez mais rápido. Por isso, cada vez mais empresas procuram adquirir novosMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 93


meios <strong>de</strong> conseguir um diferencial, e entrar em um mercado internacional po<strong>de</strong>ser um meio <strong>de</strong> trazer esse melhor retorno esperado. (GONÇALVES 2008)Desta forma, a capacida<strong>de</strong> que as empresas têm <strong>de</strong> diversificar peranteos imprevistos do mercado valorizam a organização e isso po<strong>de</strong> constituir achave do sucesso <strong>de</strong>stes grupos que adquirem experiência e melhoram aqualida<strong>de</strong> do produto ou serviço oferecido (MILAN, 2008).No cenário atual, on<strong>de</strong> a competitivida<strong>de</strong> é cada vez mais acirrada, asempresas têm estabelecido um número crescente <strong>de</strong> alianças (TAUHATA,2004). As alianças estratégicas se apresentam como uma forma <strong>de</strong>maximização das ativida<strong>de</strong>s entre empresas, e ainda é um aspecto bastanterelevante no processo <strong>de</strong> internacionalização. (LIBONI e TAKAHASHI, 2007)O processo <strong>de</strong> formação das alianças estratégicas ocorre, em muitoscasos, pelo fato da diminuição dos riscos e também sobre a questão <strong>de</strong>complementar as competências entre empresas. As alianças estratégicasgeralmente ocorrem em mercado integrado, on<strong>de</strong> há diminuição das fronteirase as transações são mais simplificadas. (LIBONI e TAKAHASHI, 2007)2.2. INTERNACIONALIZAÇÃOPercebe-se a cada dia que a relação entre as economias está cada vezmais internacionalizada, sendo necessária a participação <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong>número <strong>de</strong> economias, inclusive o Brasil. O tema internacionalização é umtema que chama atenção <strong>de</strong> vários agentes econômicos, <strong>de</strong>vido ao rápidoprocesso <strong>de</strong> abertura das economias. É cada vez mais comum corporaçõesulrapassarem as fronteiras para buscar aquisições estratégicas, ou ainda,fusões para fortalecerem-se no mercado internacional. Após essa busca pornovos patamares <strong>de</strong> negócios internacionais, houve o aumento dacompetitivida<strong>de</strong>, que posteriormente gerou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maiorcoperação entre as organizações (LOUREIRO E SANTOS, 1991).O acesso a novos mercados é facilitado com investimento e ativida<strong>de</strong>srealizadas em outros países, porém as tarefas se tornam mais complexas<strong>de</strong>vido às novas normas <strong>de</strong> gestão; em contra partida, há uma gran<strong>de</strong>evolução no <strong>de</strong>senvolvimeto financeiro e na criação <strong>de</strong> emprego on<strong>de</strong> essasempresas estão inseridas (LUDOVICO, 2009).Assim como citado no início <strong>de</strong>ste projeto, empresas interessadas emobter vantagem competitiva <strong>de</strong>vem formular estratégias eficientes e que sejaum diferencial no mercado. A internacionalização está presente cada vez maisnas estratégias das gran<strong>de</strong>s empresas, por isso <strong>de</strong>ve ser tratada <strong>de</strong> formaespecial, <strong>de</strong>vido a sua complexida<strong>de</strong> (LUDOVICO, 2009).Países interessados em atuar no mercado externo <strong>de</strong>vem formularestratégias <strong>de</strong> médio e longo prazo para que consigam ter uma participaçãocompetitiva no mercado, sendo assim será possível a inserção em outro país.O direcionamento a outros mercados é uma meta para as empresas que<strong>de</strong>sejam se tornar lí<strong>de</strong>r no setor, pois a concorrência internacional é capaz <strong>de</strong>transformar empresas mais eficientes e inovadoras. A li<strong>de</strong>rança po<strong>de</strong> serconseguida no mercado nacional também, pois o know-how <strong>de</strong> realizar tarefase formular estratégias adquiridas no novo mercado, normalmente é trazidoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 94


para o país <strong>de</strong> origem, levando a uma evolução geral do negócio. (LOUREIROe SANTOS, 1991).Loureiro e Santos (1991) conclui que o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>estratégias <strong>de</strong> internacionalização passa por evoluções nas estratégias,incluindo formas mais complexas, <strong>de</strong>vido à presença no mercado externo. Oque po<strong>de</strong> ser observado é o resultado positivo, na maioria dos casos, que ainternacionalização traz para a organização tanto em termos quantitativoscomo qualitativos.O<strong>de</strong>brecht (1992) afirma que a sustentação da organização no mercadoexterior é o potencial que a empresa po<strong>de</strong>rá alcançar na inserção <strong>de</strong>stemercado, pois a empresa <strong>de</strong>ve se sustentar por si própria e não ficar na<strong>de</strong>pendência da empresa se<strong>de</strong>. Não existe uma estratégia padrão ou a maisa<strong>de</strong>quada para se internacionalizar. Cada situação <strong>de</strong>termina qual é a melhorestratégia a ser utilizada <strong>de</strong> acordo com os objetivos a serem seguidos, e écomprovado que nenhuma estratégia costuma ser respeitada.Segundo Ludovico (2009) se internacionalizar é participar ativamente domercado externo, eliminando barreiras protecionistas do mercado nacional.Em todo e qualquer mercado a internacionalização se faz necessário paramanter a competitivida<strong>de</strong>. Caso haja uma preocupação apenas em aten<strong>de</strong>r omercado interno, essas empresas sofrerão pressões externas <strong>de</strong> outrasorganizações. O que muitas vezes <strong>de</strong>termina a participação no mercado localé o grau <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização internacional que ela possui.Para Amatucci (2009), a internacionalização <strong>de</strong> empresas écaracterizada, na maioria dos casos, por empresas que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m ven<strong>de</strong>r ouprestar serviços fora <strong>de</strong> seu país <strong>de</strong> origem, a fim <strong>de</strong> obter vantagemcompetitiva e aumento geográfico da criação <strong>de</strong> valor. A empresa investedinheiro em outro país com intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar finalida<strong>de</strong>s produtivas. Elapo<strong>de</strong> escolher em realizar a venda <strong>de</strong> produtos diretamente para o cliente ououtra opção seria a fabricação <strong>de</strong>ntro do país que <strong>de</strong>seja se internacionalizar.Para a fabricação é necessário uma mobilida<strong>de</strong> do capital para <strong>de</strong>senvolver osprojetos estratégicos e alavancagem da competitivida<strong>de</strong> das empresas.Ainda <strong>de</strong> acordo com Amatucci (2009), são diversas as razões que asorganizações possuem para internacionalizar, <strong>de</strong>stacando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> barreirastarifárias que são impostos que po<strong>de</strong>m ser vencidos se as empresas setornarem um player local até ao contrário. O fato <strong>de</strong> a empresa optar eminvestir em outros países são as barreiras tarifárias originadas pelo governo,que são a garantia do acesso a uma matéria-prima em falta, po<strong>de</strong>ndo assimcompetir no ambiente comprador como player local ao invés <strong>de</strong> importar.Na análise <strong>de</strong> Kotabe e Helsen (2000), a cultura <strong>de</strong> um país é um fator<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância no momento <strong>de</strong> se internacionalizar. Há alguns fatoreson<strong>de</strong> há uma complexida<strong>de</strong> como as preferências estéticas, na qual possuitraços culturais. Cada país possui tipos <strong>de</strong> políticas, como livre mercado oueconomia centralizada. Portanto, é preciso consi<strong>de</strong>rar as políticas existentesnos países antes <strong>de</strong> se internacionalizar, pois assim é possível diminuir o risco<strong>de</strong> proibição ou restrição do produto ou serviço.Para Proença (2004), é necessário que uma empresa que seinternacionaliza seja uma organização globalizada como um todo, nãovisualizando o processo <strong>de</strong> expansão somente como um único negócioMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 95


internacional. Para o sucesso da internacionalização, po<strong>de</strong> ser citado o casodas empresas internacionais que se instalaram no Brasil, que apesar dasdiferenças culturais existentes entre os países em que as mesmas atuam, elassabem cumprir os padrões estabelecidos pelo novo mercado <strong>de</strong> atuação. Éessencial que as empresas que preten<strong>de</strong>m se expandir para mercadosinternacionais tenham a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investir e analisar previamente omercado do país em que a mesma preten<strong>de</strong> atuar. Existe uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>se analisar o território pretendido, as leis vigentes, além das regras do governoque po<strong>de</strong>m interferir nos processos da empresa.2.3. INOVAÇÃOO uso <strong>de</strong> um novo conhecimento oferecido para integrar um produto ouserviço po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como inovação, que está integrada com o contextoestratégico e competitivo da empresa. “Esse novo conhecimento po<strong>de</strong> serrelacionado à tecnologia e ao mercado” AFUAH (2003, p. 13). A criação <strong>de</strong>novas i<strong>de</strong>ias que possam ajudar os processos administrativos e técnicostambém é consi<strong>de</strong>rada inovação. A diferença entre esses processos é que ainovação técnica está relacionada à incrementação <strong>de</strong> produtos, serviços ouprocessos, ou até mesmo a reformulação da forma <strong>de</strong> fazê-los. Por outro lado,a inovação administrativa está relacionada a toda estrutura organizacional eaos processos administrativos da empresa, po<strong>de</strong>ndo ou não afetar na inovaçãotécnica (AFUAH, 2003).Na tentativa <strong>de</strong> um melhor entendimento da inovação, Afuah (2003)explica os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> inovação levando em consi<strong>de</strong>ração produto e mercado.A inovação se diz radical quando o conhecimento tecnológico écompletamente diferente do que já existe, ou seja, é a ativida<strong>de</strong> criativaassociada à gestão <strong>de</strong> mudanças maiores. Por outro lado, a inovaçãoincremental é o complemento no conhecimento já existente, ou seja, menoresmudanças que surgem na acumulação <strong>de</strong> idéias ou experiências, assim comomelhoria nos produtos ou processos, que posteriormente po<strong>de</strong>m sertransformadas, ou não, em inovação radical.Com relação à escolha <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo específico para a inovação, Britoet. al. 2009, apud Besanko 2007, “complementa que a importância dainovação para se obter vantagem competitiva provem da habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umaempresa explorar as oportunida<strong>de</strong>s criadas pelo mercado”, ocorrendo <strong>de</strong>diversas formas, por exemplo, na introdução <strong>de</strong> novos produtos e serviços.Com relação a explorar as oportunida<strong>de</strong>s que o mercado oferece, Neto(1985) <strong>de</strong>staca que a velocida<strong>de</strong> da informação e as rápidas mudanças que omercado sofre atualmente, diminuindo cada vez mais o ciclo <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> umproduto, <strong>de</strong>monstram que o conservadorismo e a cautela <strong>de</strong>masiada po<strong>de</strong> setornar um risco maior para as organizações. Atualmente, a <strong>de</strong>manda dosconsumidores faz com que as organizações inventem um número cada vezmaior <strong>de</strong> produtos que atendam suas necessida<strong>de</strong>s. A velocida<strong>de</strong> com queessas mudanças acontecem faz com que seja cada vez mais difícil aten<strong>de</strong>r àsexpectativas e exigências <strong>de</strong> um consumidor sem mudar os conceitos eobjetivos da organização.Segundo Neto (1985), novas propostas <strong>de</strong> produtos e serviçosconstituem o mo<strong>de</strong>lo que po<strong>de</strong>m revolucionar uma organização através daMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 96


criação <strong>de</strong> um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio. A empresa <strong>de</strong>ve procurarcontinuamente conhecer quais a necessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sejos dos clientes não sãoatendidos pelo mercado, e tentar atendê-los com estratégias <strong>de</strong> inovação.Essa é a forma mais eficiente <strong>de</strong> se conseguir uma vantagem competitivasustentável para a empresa, conseguindo levar ao mercado produtos ouserviços inovadores.Quanto à criação <strong>de</strong> um novo produto, é citado pelos autores que existeuma gran<strong>de</strong> relação entre o <strong>de</strong>sempenho obtido pela empresas e o grau <strong>de</strong>investimento em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). A forma como ainovação afeta a vantagem competitiva <strong>de</strong> uma empresa varia <strong>de</strong> acordo como investimento que a mesma faz em inovação, permitindo à empresainovadora a criação <strong>de</strong> um novo padrão <strong>de</strong> competição no mercado atuante(TIDD, 2001).Afuah (2003), afirma que se po<strong>de</strong> lucrar com a inovação a partir <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo chamado Processo <strong>de</strong> Inovação Estratégico. Nesse processo, aempresa possui missões e objetivos. Para alcançar esses objetivos, aempresa explora o ambiente e os recursos da inovação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> qualqueroportunida<strong>de</strong> ou ameaça. Em seguida, após explorar as oportunida<strong>de</strong>s eameaças a empresa po<strong>de</strong> escolher em que ramo ela po<strong>de</strong> se especializar,para em seguida formular a melhor estratégia para ser adquirida (baixo custo,diferenciação <strong>de</strong> produto ou ambos). Essas estratégias po<strong>de</strong>m serestabelecidas se forem consi<strong>de</strong>rados: missão e objetivo, ameaças eoportunida<strong>de</strong>s, capacida<strong>de</strong>s, estratégia <strong>de</strong> negócios, <strong>de</strong> inovação e funcional,globalização, estrutura organizacional, processos ou sistemas, pessoas, lucrose suas proteções.3. METODOLOGIAPara esta pesquisa foi utilizado o método quantitativo, que na visão <strong>de</strong>Richardson (1999) é i<strong>de</strong>ntificado pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar as informações <strong>de</strong>forma numérica e também na captura das mesmas por meio <strong>de</strong> técnicasestatísticas. Este método assegura a precisão dos resultados, prevenindodistorções e interpretações das análises garantindo uma margem <strong>de</strong> segurançaem relação às interferências. Ele tem como características a seleção das idéias<strong>de</strong> uma pesquisa, com objetivo <strong>de</strong> transformá-las em questões para pesquisa.Por esse motivo, este método foi escolhido para quantificar esta pesquisa, poisprocura <strong>de</strong>monstrar a relação entre as variáveis, assim como na investigaçãodas causas entre os fenômenos. Sendo assim, este estudo tem como objetivoo tratamento das informações por meio <strong>de</strong> técnicas estatísticas, <strong>de</strong> forma aquantificar os dados apurados, e que os mesmos estabelecem ocomportamento das empresas no processo <strong>de</strong> internacionalização aplicada àinovação.A pesquisa <strong>de</strong>ste projeto foi realizada através <strong>de</strong> um questionáriopadronizado respondido por pessoas que têm algum interesse <strong>de</strong> seinternacionalizar, possuem algum vínculo com a Itália ou já iniciaram asativida<strong>de</strong>s no mercado internacional. Os dados obtidos com a aplicação doquestionário foram submetidos a um programa estatístico. O passo inicial daanálise <strong>de</strong>sses dados foi a codificação das respostas e a preparação do banco<strong>de</strong> dados para processamento no programa SPSS versão 17.0 (StatisticalMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 97


Package for Social Sciences), on<strong>de</strong> então foram realizadas análises <strong>de</strong>scritivase fatoriais. A partir daí foi possível obter uma análise completa da pesquisarealizada <strong>de</strong> acordo com os respon<strong>de</strong>ntes.4. RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOSAtravés <strong>de</strong> uma parceria realizada entre a Universida<strong>de</strong> PresbiterianaMackenzie e a Câmara <strong>de</strong> Comércio Italiana (Italcam), foi iniciado o processo<strong>de</strong> pesquisa sobre o papel da inovação nas estratégias <strong>de</strong> internacionalização<strong>de</strong> empresas italianas e brasileiras.Para a realização da pesquisa, partiu-se da criação <strong>de</strong> um questionárioelaborado pelos autores, com base no referencial teórico, o qual foi composto<strong>de</strong> 35 questões divididas em três critérios: inovação, estratégia einternacionalização. O questionário foi formulado e editado através doaplicativo Google Docs e enviado para uma população <strong>de</strong> 194 associados,conforme lista fornecida pela Italcam (Câmara <strong>de</strong> Comércio Italiana). Destetotal, 34 respostas foram obtidas das empresas em estudo e em seguida po<strong>de</strong>seiniciar a elaboração das análises <strong>de</strong>scritivas e análises fatoriais, conformemetodologia aplicada.A maioria das empresas pesquisadas tem sua origem jurídica no Brasil,e uma percentagem <strong>de</strong> 32% <strong>de</strong>las tem sua origem na Itália. Os setores queapresentam maior interesse em se internacionalizar ou já realizam algumaativida<strong>de</strong> no mercado internacional são: serviços diversos, alimentício etecnologia e processos industriais, conforme mostra figura 1. Também foiobservado que as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exportação ajudam significativamente nofaturamento das empresas, pois gran<strong>de</strong> maioria das empresas que possuemalguma ativida<strong>de</strong> no mercado externo apresenta uma porcentagem <strong>de</strong> 26% a50% ou mais <strong>de</strong> seu faturamento originado <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exportação. Issosignifica que o mercado internacional, antes <strong>de</strong> qualquer coisa, po<strong>de</strong> serlucrativo.Figura 1 - Categorias das empresasFonte: Elaborado pelos autoresMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 98


4.1. ESTRATÉGIASSegundo a pesquisa realizada, observou-se que 18% das empresaspesquisadas utilizam alianças estratégicas como uma estratégia para seinserir no mercado internacional. Porém, em sua maioria, as organizaçõesoptam por ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exportação, sendo estas realizadas <strong>de</strong> diversasmaneiras: por meio <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s próprias da empresa localizada no Brasil, pormeio <strong>de</strong> intermediários localizados no Brasil ou no exterior, por meio <strong>de</strong>distribuidores localizados no exterior. As empresas escolhem suas estratégias<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das facilida<strong>de</strong>s encontradas ou <strong>de</strong> acordo com seus objetivostraçados.Observou-se também que as empresas que optam por ter vínculoscomerciais externos ao país <strong>de</strong> origem preferem atuar <strong>de</strong> uma formaoportunista na escolha do país para o qual a empresa exporta (figura 2), ouseja, para gran<strong>de</strong> maioria das empresas, a escolha do país para o início <strong>de</strong>suas ativida<strong>de</strong>s no novo mercado ocorreu <strong>de</strong> uma forma natural, não havendonenhuma estratégia pré-<strong>de</strong>terminada para a seleção <strong>de</strong>sses mercados. Asempresas simplesmente i<strong>de</strong>ntificaram oportunida<strong>de</strong>s que surgiram em um<strong>de</strong>terminado momento. Porém, existem algumas empresas que analisam aproximida<strong>de</strong> cultural do país ao qual preten<strong>de</strong> explorar antes, pois <strong>de</strong>ssamaneira acredita-se que não há necessida<strong>de</strong> em fazer gran<strong>de</strong>s adaptações emseus produtos já existentes no país <strong>de</strong> origem.Figura 2 - Estratégias para se inserir no mercado internacionalFonte: Elaborado pelos autoresMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 99


Quanto aos aspectos consi<strong>de</strong>rados pelas empresas no processo <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão para produzir no exterior, foi possível afirmar que as empresasconsi<strong>de</strong>ram quatro como principais pontos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. São eles: o acesso aosrecursos <strong>de</strong> produção (matéria-prima, e mão-<strong>de</strong>-obra), uma base <strong>de</strong> produçãoampla que facilite acesso a fornecedores no exterior, regiões que possuemforte presença exportadora e a proximida<strong>de</strong> cultural entre os países envolvidos.Com relação às estratégias utilizadas pelas empresas no processo <strong>de</strong>internacionalização (figura 3), observou-se que as organizações utilizam tanto aestratégia <strong>de</strong>liberada, ou seja, as <strong>de</strong>cisões resultantes <strong>de</strong> um planejamentoestratégico <strong>de</strong> curto/médio/longo prazo, muito mais focadas em um objetivofinal, como, também, a estratégia emergente, on<strong>de</strong> as <strong>de</strong>cisões estratégicasadotadas em tempo real com os acontecimentos em curto prazo estão muitasvezes relacionadas aos aspectos corretivos e flexíveis, caso a caso.Figura 3 - Principais estratégias utilizadas no processo <strong>de</strong> internacionalizaçãoFonte: Elaborado pelos autores4.2. INTERNACIONALIZAÇÃODe acordo com a pesquisa realizada po<strong>de</strong>-se observar como ochamado processo <strong>de</strong> internacionalização está inserido no ambiente internodas empresas, ou seja, através da análise dos resultados obtidos po<strong>de</strong>mosi<strong>de</strong>ntificar em que fase do processo <strong>de</strong> internacionalização as empresas seencontram, como essas empresas atuam no mercado externo, quais são osvínculos comerciais que as empresas consi<strong>de</strong>ram mais importantes nesseMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 100


processo e quais as estratégias adotadas pelas empresas que preten<strong>de</strong>m atuarem mercados internacionais.No que diz respeito ao processo <strong>de</strong> internacionalização, as empresasque procuram atuar em outros mercados estão inseridas em níveis distintos<strong>de</strong>ste processo.Figura 4 – Atuação da empresa no exteriorFonte – Elaborado pelos autoresDestas, cerca <strong>de</strong> 60% ainda não exercem nenhum tipo <strong>de</strong> estudo, açãoefetiva ou planejamento formal com o intuito <strong>de</strong> atuar em mercados externos.Sendo que as empresas que já atuam em mercados internacionais, o fazemmajoritariamente por meio <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> seus produtos/serviços para estespaíses, como mostra na figura 4. Destaca-se ainda que uma parte significantedas empresas analisadas já se internacionalizou e atua nos mercadosestrangeiros não só por meio <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> seus produtos, mas tambématravés <strong>de</strong> filiais existentes nestes mercados em que as mesmas estãopresentes.Apesar <strong>de</strong> observarmos que parte significante das empresas já atua emmercados internacionais através <strong>de</strong> filiais, é importante salientar que aexportação direta é a estratégia mais utilizada. Esta estratégia é adotada, poisfacilita o processo <strong>de</strong> atingir novos mercados, diminuindo os custos fixos queas empresas teriam se mantivessem uma matriz em um <strong>de</strong>terminado mercadoexterno. Além disso, a empresa se beneficia dos créditos fiscais inci<strong>de</strong>ntessobre os insumos utilizados no processo produtivo. A não utilização <strong>de</strong>intermediários no processo <strong>de</strong> introdução do produto no mercado-alvo permiteainda que a empresa mantenha um maior controle sobre o processo <strong>de</strong>exportação em toda a sua linha <strong>de</strong> expansão. Este tipo <strong>de</strong> estratégia parainserção em um mercado internacional é adotada normalmente porcompanhias <strong>de</strong> pequeno ou médio porte.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 101


No caso <strong>de</strong> empresas que já mantêm negociações com mercadosinternacionais, observou-se que a exportação direta funciona como processoinicial <strong>de</strong> inserção nesses mercados. As empresas que inicialmente sórealizavam relações comerciais através <strong>de</strong> exportações levam <strong>de</strong> 5 a 10 anospara estabelecer unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção no exterior (figura 5), o que permiteuma maior vantagem competitiva, pois as empresas passam a atuar mais <strong>de</strong>perto, obtendo um maior controle e eficiência nos seus processos e operações.Figura 5 - Período para estabelecer unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção no exteriorFonte - Elaborado pelos autoresTanto para empresas que já atuam no mercado internacional como paraas que não iniciaram nenhum tipo <strong>de</strong> ação com esse intuito, o aspectoresponsável que leva as organizações que atuam apenas em mercados locaisa buscarem novos horizontes é a i<strong>de</strong>ntificação neste novo mercado <strong>de</strong> umaoportunida<strong>de</strong> como: menores barreiras tarifárias (impostos) e a oportunida<strong>de</strong>das empresas se tornarem um player local, oferecendo um produto/serviçopioneiro ou pouco ofertado neste mercado (figura 6). Além disso, outro aspectonão menos importante são as ameaças que po<strong>de</strong>m surgir no mercado internoque consequentemente levam as empresas a buscarem novos horizontes emmercados on<strong>de</strong> as ameaças externas possam ser controladas maiseficientemente.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 102


Figura 6 - Fases responsáveis pelo início das operaçõesFonte - Elaborada pelos autoresAssim, po<strong>de</strong>-se observar que gran<strong>de</strong> parte das empresas que atuam noexterior tem uma produção própria, quase sempre iniciada através <strong>de</strong>exportação direta <strong>de</strong> seus produtos, tendo preferência por esse tipo <strong>de</strong>estratégia ao invés <strong>de</strong> manterem parcerias ou alianças com empresas locais.Uma possível explicação para esta escolha po<strong>de</strong> estar relacionado a manterum maior controle do seu negócio, além <strong>de</strong> minimizar os riscos e ameaças quea internacionalização possa inferir na organização.4.2.1. ANÁLISE FATORIALPara obtenção <strong>de</strong> resultados mais precisos sobre a influência dasvariáveis no processo <strong>de</strong> internacionalização, foi realizada uma análise fatorial.Com este método <strong>de</strong> análise foi possível explicar o relacionamento entre umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> variáveis sem per<strong>de</strong>r a capacida<strong>de</strong> explicativa, em umesforço para encontrar um conjunto <strong>de</strong> fatores que <strong>de</strong>monstrem o que asvariáveis originais partilham em comum.Os fatores agrupados foram <strong>de</strong>nominados como: ajudas monetárias,incentivos governamentais e proximida<strong>de</strong> cultural como <strong>de</strong>monstrado nastabelas 2 e 3. A escala <strong>de</strong> análise refere-se à mensuração <strong>de</strong> influência dasvariáveis em uma escala <strong>de</strong> 1 a 5, on<strong>de</strong> um significa pouca influência e cincomuita influência.Tabela 3 – Matriz <strong>de</strong> RotaçãoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 103


VariáveisComponentesMonetário Governamental CulturalCondições <strong>de</strong> Financiamento <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 0,883Presença <strong>de</strong> Potenciais Fornecedores empaíses <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dos investimentos0,858Condições Geográficas 0,744investimentosIncentivos Fiscais no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dos0,713Atuação das Câmaras <strong>de</strong> Comércio 0,854Formalização <strong>de</strong> Acordos Comerciais entre ospaíses envolvidos0,785investimentosProximida<strong>de</strong> Cultural 0,847Presença <strong>de</strong> imigrantes no país <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino dos0,732Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.a. Rotationconverged in 7 iterations.Fonte – Elaborado pelos autoresÉ necessário salientar a importância que as empresas dão aos aspectosdo processo <strong>de</strong> internacionalização. O aspecto consi<strong>de</strong>rado como maisimportante pelas empresas pesquisadas foi o monetário, on<strong>de</strong> condições <strong>de</strong>financiamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, presença <strong>de</strong> potenciais fornecedores no país <strong>de</strong><strong>de</strong>stino dos investimentos, incentivos fiscais e condições geográficas são maisconsi<strong>de</strong>radas pelas empresas que preten<strong>de</strong>m iniciar alguma ativida<strong>de</strong> nomercado internacional. Dessa forma, observou-se que mesmo que umaoportunida<strong>de</strong> boa surja, as empresas também levam em consi<strong>de</strong>ração se oplanejamento po<strong>de</strong> ser levado adiante principalmente observando as condiçõesmonetárias em geral.O segundo ponto a ser levado em consi<strong>de</strong>ração é a intervenção <strong>de</strong>Câmaras <strong>de</strong> Comércio ou a formalização <strong>de</strong> acordos comerciais entre ospaíses envolvidos. Ou seja, as empresas ten<strong>de</strong>m a levar em consi<strong>de</strong>raçãoajudas governamentais. Aliás, isso po<strong>de</strong> ser um ponto forte e <strong>de</strong>cisivo natomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, pois o governo po<strong>de</strong> ajudar muito ou dificultar muito noprocesso <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> uma empresa que preten<strong>de</strong> iniciar suasativida<strong>de</strong>s em um novo mercado externo. Por fim, as empresas pesquisadasconsi<strong>de</strong>ram a proximida<strong>de</strong> cultural e a presença <strong>de</strong> imigrantes do país <strong>de</strong><strong>de</strong>stino como últimos fatores importantes quando se preten<strong>de</strong> iniciar oprocesso <strong>de</strong> internacionalização.4.3. INOVAÇÃOMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 104


Diante dos países Brasil e Itália que conhecem a importância dainserção <strong>de</strong> pesquisas e <strong>de</strong>senvolvimento voltados à inovação, observou-seque a maioria das empresas pesquisadas não <strong>de</strong>senvolvem pesquisa e<strong>de</strong>senvolvimento (P&D), <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> não possuírem uma cultura voltadapara inovação. Elas não possuem programas e laboratórios para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos ou processos inovadores.Pequena parte das empresas que possuem pesquisas e<strong>de</strong>senvolvimento tem seus laboratórios localizados no país <strong>de</strong> origem, portantonão obtendo uma relação com o outro país sobre as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidasem inovação. Isso resulta em uma gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> em inserir um produto nopaís em que se mantém aliança, por falta <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> sua cultua,costumes, etc.Em sua maioria, as empresas que têm o programa <strong>de</strong> pesquisa e<strong>de</strong>senvolvimento em plena ativida<strong>de</strong> acreditam que para incentivar aorganização como um todo, em um projeto direcionado a inovação e tornar issoum hábito, o trabalhador <strong>de</strong>ve estar presente em todos os processos daempresa e também ter um estímulo financeiro para a inovação. Dessa maneira,po<strong>de</strong>-se trazer uma maior motivação assim como um maior incentivo aosfuncionários. De acordo com a pesquisa, percebe-se também que uma parcelaconsi<strong>de</strong>rável das empresas leva o conhecimento da inovação para toda aorganização. Porém, observou-se que há uma pequena, porém consi<strong>de</strong>rável,parcela <strong>de</strong> empresas que acreditam que <strong>de</strong>vem dar liberda<strong>de</strong> ao trabalhadorpara que se sintam a vonta<strong>de</strong> em sugerir qualquer tipo <strong>de</strong> idéia.Sendo assim, po<strong>de</strong>-se resumir que as empresas incentivam ainovação <strong>de</strong>ntro das organizações <strong>de</strong> diversas formas, não existindo, então,uma estratégia única utilizada em geral pelas empresas.Na pesquisa também foi observado que existem quatro formas dainserção da inovação no processo <strong>de</strong> internacionalização. Algumasorganizações inovam quando o mercado sinaliza, outras empresas acreditamque a inovação <strong>de</strong>ve ser implantada quando a empresa necessita obtervantagem competitiva ou durante a <strong>de</strong>finição das estratégias. Já umaporcentagem relativa das empresas <strong>de</strong>fine que a inovação <strong>de</strong>ve ser introduzida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua criação, quando a empresa está sendo inserida no mercado.Enten<strong>de</strong>-se, portanto que as empresas possuem várias formas <strong>de</strong> implantar ainovação no processo <strong>de</strong> internacionalização, cada uma obtendo sua estratégiaúnica e diferenciada baseada em seus objetivos.4.3.1. ANÁLISE FATORIALFoi realizada uma análise fatorial, com base nas mesmas <strong>de</strong>finiçõescitadas anteriormente, sobre o ciclo <strong>de</strong> produtos da empresa e seu ambientecompetitivo que po<strong>de</strong> ser observado nas tabelas abaixo. Foi disponibilizado umgrau <strong>de</strong> classificação das variáveis <strong>de</strong> 1 a 5 (sendo 5 concordo totalmente e 1discordo totalmente).Para a realização da análise, foram consi<strong>de</strong>radas oito variáveis. Porém avariável custo dos produtos iniciais / originais pouco competitivos perante aconcorrência interna não apresentou um MSA satisfatório, ou seja, seu grau <strong>de</strong>explicação foi inferior a 0,50. Isso significa que na análise fatorial não seconsegue <strong>de</strong>screver <strong>de</strong> maneira a<strong>de</strong>quada as variações dos dados originais.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 105


Neste caso, o teste indicou um baixo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> explicação entre fatores eos indicadores. Portanto, esta variável foi retirada e um novo teste foi realizadopara obtenção <strong>de</strong> valores satisfatórios, ou seja, com o novo teste as variáveisapresentaram resultados significativos para o tratamento dos dados. Emseguida foram analisadas as seis variáveis, on<strong>de</strong> o programa SPSS agrupouasem dois fatores: inovação radical e inovação incremental.Tabela 6 – Matriz <strong>de</strong> RotaçãoVariáveisA empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempoem sua linha <strong>de</strong> produtos, ou seja, produtos menos competitivosforam substituídos/mortos por novos produtos.O acréscimo ou troca <strong>de</strong> categoria na área <strong>de</strong> atuação daempresa ocorreu por necessida<strong>de</strong>s diversas, que tiveram que seratendidas sob pena do negócio extinguir-se.Os produtos iniciais/originais da época da fundação daempresa ficaram ina<strong>de</strong>quados ou <strong>de</strong>fasados frente às necessida<strong>de</strong>se <strong>de</strong>sejos mais atuais do mercado.A empresa teve uma evolução natural em sua linha <strong>de</strong>produtos ao longo do tempo, ou seja, produtos menos a<strong>de</strong>quadosao mercado sofreram transformações, incrementos eaperfeiçoamentos para adaptá-los às novas necessida<strong>de</strong>s.Os produtos originais / iniciais da empresa receberam aolongo do tempo, até os dias <strong>de</strong> hoje, apenas adaptações leves(embalagem, rótulos, campanhas publicitárias, etc)Os produtos originais / iniciais da empresa receberam aolongo do tempo, até os dias <strong>de</strong> hoje, adaptações bastanteconsistentes (nova formulação, novos sabores, novos processos,novo público alvo, etc)Extraction Method: Principal Component Analysis.Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.a. Rotation converged in 3 iterations.Fonte – Elaborado pelos autoresInovaçãoIncremental0,8220,7850,772ComponenteInovaçãoRadical0,677 0,584-0,8810,715De acordo com a tabela anterior, no que diz respeito a produto, po<strong>de</strong>-seobservar a partir das empresas pesquisadas que a maioria busca se adaptar aomercado ao longo do tempo, fazendo apenas alterações leves em seusprodutos com o intuito <strong>de</strong> suprir as necessida<strong>de</strong>s externas / internas. Algumasempresas fazem essas adaptações em seus produtos para não se extinguiremou não per<strong>de</strong>rem seu market-share já conquistado anteriormente. Outrasempresas fazem buscando aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s encontradas no mercadoe substituem seus produtos menos a<strong>de</strong>quados em produtos mais a<strong>de</strong>quadospara seus clientes, ou seja, utilizam apenas a inovação incremental.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 106


Por outro lado, há empresas que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua criação até hoje, fizeramalterações consi<strong>de</strong>ráveis em seus produtos, chegando ao ponto <strong>de</strong> realizarnovas formulações, novos sabores, novo público-alvo, entre outros, comomostra o gráfico a seguir. Apesar <strong>de</strong> essas empresas representarem umaparcela menor, pois a inovação radical requer assumir riscos, elas <strong>de</strong>vem serlevadas em consi<strong>de</strong>ração para <strong>de</strong>monstrar que não existe uma estratégia <strong>de</strong>inovação única consi<strong>de</strong>rada pelas empresas na hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir se alteraçõesem seus produtos <strong>de</strong>vem ser feitas ou não. Mesmo porque ainda existemaquelas empresas que optam por não fazer nenhum tipo <strong>de</strong> alteração em seusprodutos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fase <strong>de</strong> criação da empresa até a atualida<strong>de</strong>, como tambémé <strong>de</strong>monstrado na figura abaixo.Figura 7 – Categorias ao longo do tempoFonte - Elaborado pelos autoresAs variáveis que dizem respeito a adaptações feitas no produto para omercado internacional também foram submetidas a uma análise fatorial. Foramrealizadas escalas <strong>de</strong> 1 a 5 no que diz respeito a importância para cadavariável. Sendo assim as variáveis foram agrupadas em dois fatores:adaptações nos processos e adaptações nos produtos.Tabela 9 – Matriz <strong>de</strong> RotaçãoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 107


VariáveisA questão da inovação é fortemente presente nasrelações com o país ao qual se exporta o produto.A empresa <strong>de</strong>senvolve parcerias em pesquisa noexterior.O ciclo <strong>de</strong> vida dos produtos exportados ésemelhante ao que ocorre no seu país <strong>de</strong> origem.Há produtos exclusivos para o mercadointernacional.ComponentesAdaptações nos Adaptações noprocessosproduto0,8280,7870,6120,918Há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação dos produtospara mercados internacionais.0,901Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a. Rotationconverged in 3 iterations.Fonte – Elabora pelos autoresDesta forma, a empresa que preten<strong>de</strong> inserir seus produtos no mercadointernacional <strong>de</strong>ve analisar se uma mudança em seus produtos <strong>de</strong>ve ser feitacom o objetivo <strong>de</strong> adaptá-los para um mercado diferente ao <strong>de</strong> origem.Segundo a pesquisa realizada, as empresas discordam que a inovação <strong>de</strong>vaestar fortemente presente nas relações com o país ao qual se exporta oproduto. Assim como também discordam que estabelecer parcerias empesquisas no exterior seja importante no processo <strong>de</strong> internacionalização.Em relação ao ciclo <strong>de</strong> vida dos produtos, as organizações <strong>de</strong>terminamque este seja diferente ao que ocorre no país <strong>de</strong> origem, ou seja, os produtos<strong>de</strong>senvolvidos para a exportação têm sua introdução, crescimento,amadurecimento e <strong>de</strong>clínio diferentes dos produtos já existentes, pois aspeculiarida<strong>de</strong>s do novo mercado são divergentes do país <strong>de</strong> origem.Sendo assim, na introdução dos produtos no mercado internacional, asempresas buscam inserir produtos exclusivos para este novo mercado,produtos estes que não existem no mercado <strong>de</strong> origem. As organizações fazemadaptações para inserir no exterior os produtos que sejam direcionados ao seupúblico-alvo internacional.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 108


5. CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAISA partir da pesquisa realizada com gestores <strong>de</strong> empresas que possuemvínculo no mercado internacional, estão se iniciando no processo <strong>de</strong>internacionalização ou apenas possuem intenções <strong>de</strong> iniciar ativida<strong>de</strong>sinternacionais, po<strong>de</strong>-se concluir que, em termos gerais, as empresas nãoutilizam estratégias únicas ou fazem seu planejamento visando pontosespecíficos. As organizações tomam suas <strong>de</strong>cisões, em sua maioria, <strong>de</strong>maneira natural sem <strong>de</strong>terminar estratégias específicas para a seleção <strong>de</strong>novos mercados ou até mesmo para fazer mudanças em seus produtos.No geral, as empresas buscam i<strong>de</strong>ntificar oportunida<strong>de</strong>s que venham asurgir com o tempo, e aproveitá-las em algum <strong>de</strong>terminado momento. Isso<strong>de</strong>ve acontecer <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> as empresas analisadas realizarem suasativida<strong>de</strong>s em diferentes e mais variados setores. Sendo assim, utilizamestratégias e fazem planejamentos diferentes por possuírem objetivos muitodivergentes. Esse po<strong>de</strong> ser o motivo para que as organizações enxerguem omercado <strong>de</strong> uma maneira tão diversificada.No que diz respeito a inovação, as empresas também divergem bastanteos seus pontos <strong>de</strong> vista. Elas usam estratégias diversas para se inserir nomercado internacional, e fazem a implantação da inovação em diferentesestágios e <strong>de</strong> maneiras diferentes. Elas optam por implantar a inovação naempresa quando o mercado sinaliza ou até mesmo quando a empresanecessita obter vantagem competitiva.Com relação à inovação no processo <strong>de</strong> internacionalização, asempresas não utilizam estratégias inovadoras para iniciar suas ativida<strong>de</strong>s nomercado externo. Elas preferem fazer uso <strong>de</strong> estratégias que já existem e quesão mais utilizadas. O que foi observado é que as empresas que realizamativida<strong>de</strong>s no mercado internacional, ou têm apenas a intenção, fazemmudanças em seus produtos, po<strong>de</strong>ndo essas mudanças ser uma inovaçãoradical ou incremental. Assim como tem empresas que oferecem produtos parao mercado internacional completamente diferente aos oferecidos no mercadonacional. Isso acontece <strong>de</strong>vido ao fato dos novos mercados apresentaremnecessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mandas diferentes aos do país <strong>de</strong> origem.Sendo assim, po<strong>de</strong>-se concluir que, em sua gran<strong>de</strong> maioria, as empresapesquisadas adotam oportunida<strong>de</strong>s que surgem em <strong>de</strong>terminado momento ecomeçam a agir por conta própria, e a partir <strong>de</strong>ste novo momento, buscamformas diferentes <strong>de</strong> implantar a inovação no processo <strong>de</strong> internacionalizaçãocada uma obtendo sua estratégia única e diferenciada baseando-se em seuspróprios objetivos.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 109


CAPÍTULO 5A CONFIANÇA DO PÚBLICO JOVEM NOSPRODUTOS DE ORIGEM ITALIANAFátima GuardaniRicardo M. GioiaINTRODUÇÃOA relação dos brasileiros com a Itália tem sido crescente a partir a partirda vinda dos primeiros imigrantes, no final do século XIX. A maioria <strong>de</strong>ssesimigrantes se instalou nos estados das regiões Sul e Su<strong>de</strong>ste do Brasil, on<strong>de</strong>prevalece atualmente a maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ítalo-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes (BERTONHA,2005). A vinda <strong>de</strong>sses imigrantes provocou modificações na cultura local, pormeio, <strong>de</strong>ntre outros aspectos, da utilização <strong>de</strong> produtos comuns a seus hábitosoriginais <strong>de</strong> consumo.No <strong>de</strong>correr das últimas décadas, tem crescido o número <strong>de</strong> brasileirosque viaja para a Itália, seja por motivos referentes a trabalho ou lazer. Deacordo com a Associação <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Agentes <strong>de</strong> Viagens, a Itália tem seconstituído como um dos principais <strong>de</strong>stinos internacionais dos brasileiros.Esse aspecto leva a um incremento no relacionamento entre brasileiros eitalianos, ao conhecimento dos hábitos <strong>de</strong> consumo italianos, bem comoprovoca maior contato com empresas italianas e produtos <strong>de</strong> origem italiana.A importação <strong>de</strong> produtos provenientes da Itália tem sido crescente, bemcomo os investimentos <strong>de</strong> empresas italianas no Brasil. De acordo com aCâmara Ítalo-<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio, Indústria e Agricultura, a Itália ocupa asexta posição como país parceiro comercial do Brasil e a décima posição comoinvestidor (ITALCAM, 2011). Dessa forma, amplia-se o número <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong>origem italiana que ven<strong>de</strong>m e produzem seus produtos no Brasil, bem comocresce a presença e a diversificação <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> origem italiana nomercado brasileiro.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 110


Para o crescimento do relacionamento comercial e para acompetitivida<strong>de</strong> das empresas italianas, é importante i<strong>de</strong>ntificar a confiançaque os brasileiros <strong>de</strong>positam nos produtos <strong>de</strong> origem italiana, uma vez que aconfiança dos consumidores po<strong>de</strong> influenciar o <strong>de</strong>sempenho das empresas nomercado, perante a concorrência. Este aspecto é salientado por Walter e Ritter(2003), que também afirmam que a confiança dos clientes é um dos fatores<strong>de</strong>terminantes para que indiquem os produtos ou serviços a outros possíveisclientes. Nesse sentido, a confiança dos brasileiros é primordial para o<strong>de</strong>sempenho dos produtos <strong>de</strong> origem italiana e para o crescimento dosinvestimentos e expansão das empresas italianas no Brasil.A confiança nos produtos e serviços, <strong>de</strong> acordo com Hernan<strong>de</strong>z eMazzon (2005), envolve: a disposição do consumidor em confiar, fruto <strong>de</strong> suasexperiências anteriores (confiança disposicional); o cálculo que o consumidorfaz a respeito dos riscos assumidos ao confiar (confiança calculativa); a crençanas instituições sociais que possam oferecer proteção ao consumidor no casodas empresas não cumprirem suas promessas (confiança institucional); oconhecimento proporcionado por experiências anteriores com os produtos eserviços das empresas (confiança baseada em conhecimento); i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>características que façam com que os produtos e serviços pareçam confiáveis(confiança baseada em características). Em um estudo posterior, Hernan<strong>de</strong>z eSantos (2007) acrescentaram a confiança baseada em i<strong>de</strong>ntificação, a qual serefere à percepção <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong>s no que tange a atitu<strong>de</strong>s e valores comunsentre os consumidores e os produtos.Neste estudo, teve-se por objetivo i<strong>de</strong>ntificar os aspectos relativos àconfiança dos consumidores em produtos <strong>de</strong> origem italiana, tomando-se porbase a Escala <strong>de</strong> Confiança <strong>de</strong>senvolvida por Hernan<strong>de</strong>z e Mazzon (2005) ecomplementada por Hernan<strong>de</strong>z e Santos (2007). A pesquisa foi realizada juntoao público jovem, para i<strong>de</strong>ntificar a forma como aqueles que se constituem nosconsumidores do futuro têm <strong>de</strong>positado confiança nos produtos <strong>de</strong> origemitaliana e i<strong>de</strong>ntificar ações que possam levar ao crescimento <strong>de</strong>ssa confiança,incrementando o <strong>de</strong>sempenho dos produtos <strong>de</strong> origem italiana no mercadobrasileiro.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 111


Como questão subjacente à pesquisa encontra-se o conceito <strong>de</strong> marca.De fato, consumidores somente po<strong>de</strong>m confiar em produtos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadaorigem caso possam diferenciá-los <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> outras origens. Não hácomo diferenciar produtos <strong>de</strong> diferentes produtores caso não haja uma marcaestabelecida, conforme Keller (2006) – caso contrário, estaríamos no mundodas “commodities”, produtos genéricos sem diferenciação perceptível aosconsumidores, e portanto sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar confiança em suas váriascategorias.Dessa maneira, o capítulo apresenta-se dividido em: referencial teórico,no qual são explicados os conceitos <strong>de</strong> marca e confiança; procedimentosmetodológicos, no qual são abordados o tipo <strong>de</strong> pesquisa, o método utilizado, aamostragem e o tratamento dos dados; análise dos resultados, on<strong>de</strong> constamos resultados da pesquisa; as conclusões; e as referências bibliográficas.MarcaAntes <strong>de</strong> entrarmos nos <strong>de</strong>talhes da pesquisa, é necessário reveralgumas <strong>de</strong>finições, <strong>de</strong> forma prática.Segundo critérios da American Marketing Association (AMA) por marcapo<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r qualquer nome, símbolo visual ou fonético – ou umacombinação <strong>de</strong>sses elementos - que <strong>de</strong>termine o fornecedor ou fabricante <strong>de</strong>um produto específico num dado mercado, e o diferencie dos seusconcorrentes.Assim, teríamos como exemplos <strong>de</strong> marcas conhecidas no Brasil:- “Adria”, marca brasileira, porém <strong>de</strong> raízes italianas; a comunicaçãovisual <strong>de</strong> uma <strong>de</strong> suas embalagens é mostrada a seguir:Figura 1.1. – Embalagem do macarrão “Adria”Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 112


- “Ferrari”, marca italiana, e seu símbolo, mostrado a seguir:Figura 1.2 – Símbolo representativo da marca “Ferrari”.Fato notável com relação às marcas é o fato <strong>de</strong>las permitirem aoconsumidor não somente distinguir os produtores uns dos outros, mas tambémapren<strong>de</strong>r a respeito <strong>de</strong>las, formando expectativas a respeito <strong>de</strong> sua qualida<strong>de</strong> e<strong>de</strong>sempenho. Dessa forma, um consumidor po<strong>de</strong>, por exemplo, experimentar omacarrão Adria, gostar <strong>de</strong> sua textura ou sabor, e assim, da próxima vez quefor às compras, escolher essa tradicional marca como sua opção <strong>de</strong> massasalimentícias.As empresas, sabendo do po<strong>de</strong>r que as marcas possuem sobre oconsumidor – que na realida<strong>de</strong> é o próprio po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> escolha do consumidor –tem investido no fortalecimento <strong>de</strong> suas marcas, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumularmais “brand equity”, ou patrimônio <strong>de</strong> marca, ou ainda, valor <strong>de</strong> marca. Na<strong>de</strong>finição da Associação Americana <strong>de</strong> Marketing (AMA), brand equity é oconjunto total <strong>de</strong> ativos tangíveis e intangíveis que dá à empresa umavantagem competitiva.O patrimônio <strong>de</strong> marca é formado e gradativamente fortalecido emfunção principalmente <strong>de</strong> associações mentais que os consumidores fazemMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 113


costumeiramente com a marca. Por exemplo, uma dada marca <strong>de</strong> automóveispo<strong>de</strong> ser associada a “automóvel potente”, ou a “esportivo” ou ainda a “símbolo<strong>de</strong> status social”. Se uma marca consegue fixar todas essas associaçõespositivas junto aos seus consumidores, então terá uma posição privilegiada nomercado, pois esses atributos, juntos, são <strong>de</strong> difícil ultrapassagem por seusconcorrentes. Tal é a situação atual da marca “Ferrari”: não sendo a maiormontadora do mundo – nem sua controladora, a FIAT -, no entanto, é admiradae cobiçada por milhões <strong>de</strong> consumidores ao redor do mundo. Dado seu baixovolume <strong>de</strong> produção, seu preço somente po<strong>de</strong>ria ser altíssimo, tornando osautomóveis Ferrari verda<strong>de</strong>iros “objetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo”.O exemplo da Ferrari po<strong>de</strong> ser comparado a outros setores e segmentos<strong>de</strong> mercado. Assim, po<strong>de</strong>riam ser citadas outras marcas, <strong>de</strong> origem italiana,que possuem forte “brand equity”:⎯ Bulgari – relógios;⎯ Gucci – roupas e acessórios;⎯ Fendi - roupas e acessórios;⎯ Ermenegildo Zegna – moda masculina;⎯ Giorgio Armani – moda masculina e feminina;⎯ Maserati – automóveis;⎯ Lamborghini – automóveis;⎯ Alfa Romeo – automóveis.A lista acima é constituída, basicamente, por marcas que po<strong>de</strong>m serclassificadas <strong>de</strong>ntro do “mercado do luxo” ou luxury brands, dado o alto preçounitário que obtém no mercado, sendo ainda, freqüentemente, vítimas <strong>de</strong>pirataria ou falsificação no mercado negro.Mas a Itália não produz somente marcas <strong>de</strong> luxo: por exemplo, osautomóveis “FIAT” possuem gran<strong>de</strong> apelo popular no Brasil e em alguns outrospaíses. Produtos diversos como as massas “Barilla”, ou ainda ternos italianos<strong>de</strong> marcas relativamente <strong>de</strong>sconhecidas, embora <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>mser consi<strong>de</strong>rados itens <strong>de</strong> luxo. Produtos culturais, categorizados comoserviços, também têm ou tiveram gran<strong>de</strong> impacto a seu tempo, como osestúdios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign Pininfarina, as pinturas <strong>de</strong> Leonardo Da Vinci, os filmes <strong>de</strong>Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 114


Fe<strong>de</strong>rico Fellini, a Comédia Del´Arte no teatro, a literatura <strong>de</strong> Dante Alighieri aLampedusa e Italo Calvino, a teoria política <strong>de</strong> Gramsci, entre outros exemplos.Somando-se todos os casos listados acima, mais os omitidos, tanto comassociações positivas quanto com associações negativas – e essas po<strong>de</strong>mexistir em qualquer mercado – po<strong>de</strong>-se obter um indicador no qual a“procedência Itália” po<strong>de</strong> influir positiva ou negativamente em marcas jáexistentes e, principalmente, em marcas novas interessadas em ingressar nomercado brasileiro. A tal indicador chama-se, na literatura técnica, “efeito dopaís <strong>de</strong> origem” ou EPO, conforme Cateora e Graham (2001).Assim, a pergunta fundamental a ser respondida neste estudo é: aetiqueta “Ma<strong>de</strong> in Italy” inspira confiança nos consumidores brasileiros ? Seriapossível associar a esses produtos características marcantes e positivas, taiscomo beleza, elegância, tradição, luxo e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida ? SegundoSnai<strong>de</strong>rbaur (2009), - num estudo feito sobre a percepção que osconsumidores chineses tem a respeito <strong>de</strong> produtos “Ma<strong>de</strong> In Italy” -, a respostaé que sim, o país <strong>de</strong> procedência interfere na percepção <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> doproduto consumido . Contudo, mais além do que o país <strong>de</strong> origem “Itália”significa em termos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus produtos, tal estudo aponta para anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras associações, ligadas mais ao estilo <strong>de</strong> vida simbolizadopelos produtos. Os chineses valorizam muito a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> status comofonte <strong>de</strong> realização pessoal, e os produtos italianos oferecem isso, em suapercepção. Dessa forma, os esforços <strong>de</strong> comunicação – tais como propagandae publicida<strong>de</strong> - <strong>de</strong> produtos italianos na China <strong>de</strong>veriam valorizar sutilmente ostatus e a afluência <strong>de</strong> seus consumidores.Dado que a cultura italiana possui mais pontos <strong>de</strong> contato com a culturabrasileira que a chinesa, infere-se que não seriam necessárias gran<strong>de</strong>smodificações da comunicação <strong>de</strong> produtos italianos no Brasil.Apesar da existência <strong>de</strong> convergências culturais, um maior cuidado como <strong>de</strong>senvolvimento da imagem geral da Itália somente po<strong>de</strong> gerar efeitospositivos no seu EPO, revigorando fortemente o valor das etiquetas “Ma<strong>de</strong> inItaly”, ou seja, aumentando a confiança dos consumidores em produtos <strong>de</strong>ssaorigem.ConfiançaMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 115


A confiança dos consumidores nos produtos e serviços tem relação comsuas expectativas positivas, (ROUSSEAU et al, 1998) e com a disposição emacreditar que tais expectativas serão atingidas (MAYER; DAVIS;SCHOORMAN, 1995; DONEY; CANON; MUELEN, 1998), tornando-se assimvulnerável ao aceitar os riscos envolvidos (SHEPPARD; SHERMMAN, 1998).Nesse sentido, confiar nos produtos implica em aceitar os riscos ao comprá-lose consumi-los, acreditando que os mesmos cumprirão com as expectativasneles <strong>de</strong>positadas no momento da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compra.De acordo com Rousseau et al (1998), a confiança tem sido estudadatanto no nível individual, como em grupos, e na relação entre organizações esetores da economia, uma vez que se configura como <strong>de</strong>terminante inclusivepara o relacionamento comercial.Yamagishi, Cook e Watabe (1998), por meio <strong>de</strong> um estudo comparativono qual simularam transações comerciais <strong>de</strong> compra e venda <strong>de</strong> produtos eserviços, pu<strong>de</strong>ram i<strong>de</strong>ntificar que, quanto maior a incerteza envolvida, menor éa confiança dos consumidores e, como complementam Harisalo, Huttunen eMcInerney (2005) e Cook e Luo (2003), a confiança está associada àsinformações que os consumidores recebem quanto aos produtos e serviços.As informações recebidas pelos consumidores impactam na confiançaque <strong>de</strong>positarão nos produtos ao comprá-los e consumi-los. Andamson, Chan eHandford (2003) i<strong>de</strong>ntificaram que o nível <strong>de</strong> confiança dos clientes sofreinfluências das estratégias <strong>de</strong> comunicação das marcas. Nesse sentido, asinformações referentes à Itália, às empresas italianas e suas marcas, po<strong>de</strong>minfluenciar a confiança dos consumidores nos produtos <strong>de</strong> origem italiana.Mayer, Davis e Schoorman (1995) enfatizam que a propensão emconfiar varia conforme as características em termos <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> e cultura<strong>de</strong> cada indivíduo, além <strong>de</strong> contextos específicos e situações específicas, bemcomo das interpretações que os sujeitos fazem <strong>de</strong> tais situações. Com relaçãoàs influências <strong>de</strong> características culturais na propensão a confiar, Doney,Canon e Muelen (1998) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que as normas e os valores referentes acada cultura levam a que indivíduos <strong>de</strong> diferentes culturas apresentem distintaspropensões em confiar. Levando-se em consi<strong>de</strong>ração as conclusões <strong>de</strong>ssesautores, po<strong>de</strong>-se supor que os fatores que levam à confiança nos produtos porMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 116


parte dos consumidores italianos não sejam necessariamente os mesmos queinfluenciam os brasileiros, o que implica em uma análise da confiança que leveem consi<strong>de</strong>ração os aspectos <strong>de</strong> cada cultura.Morgan e Hunt (1994) concluíram que a confiança relaciona-se com ocomprometimento, sendo este <strong>de</strong>finido como o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> manter orelacionamento, refletindo-se assim na fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> a produtos e serviços.Rousseau et al (1998) i<strong>de</strong>ntificaram que a confiança po<strong>de</strong> resultar na formação<strong>de</strong> vínculos afetivos. Nesse sentido, os consumidores po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolvervínculos com produtos e serviços <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas marcas às quais se tornarãofiéis, provocando uma vantagem competitiva a essas empresas perante aconcorrência. Sendo assim, a confiança dos consumidores brasileiros nosprodutos <strong>de</strong> origem italiana po<strong>de</strong> levar a que os prefiram quando comparados aprodutos oriundos <strong>de</strong> outros locais e que <strong>de</strong>senvolvam um vínculo afetivo quevenha a se refletir em fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> a produtos <strong>de</strong> origem italiana.Hernan<strong>de</strong>z e Mazzon (2005) realizaram uma ampla revisão bibliográficajunto aos autores <strong>de</strong> diferentes áreas que abordam o conceito <strong>de</strong> confiança econcluíram que a confiança <strong>de</strong> um indivíduo po<strong>de</strong> resultar <strong>de</strong> cinco tipos <strong>de</strong>confiança, por eles i<strong>de</strong>ntificados na literatura: confiança disposicional -disposição do indivíduo em confiar, baseada em suas experiências, <strong>de</strong> ummodo geral, com outros indivíduos e situações; confiança calculativa - cálculodo indivíduo quanto aos riscos assumidos e às vantagens obtidas; confiançainstitucional - crença do indivíduo <strong>de</strong> que as instituições sociais possamprotegê-lo no caso dos produtos e serviços não cumprirem com as promessas;confiança baseada em conhecimento – fruto das experiências com os produtose serviços; confiança baseada em características - percepção <strong>de</strong>características que tornam os produtos e serviços confiáveis.Hernan<strong>de</strong>z e Mazzon (2005) realizaram um estudo com o objetivo <strong>de</strong>investigar a relevância <strong>de</strong>sses cinco tipos <strong>de</strong> confiança junto a clientes <strong>de</strong> lojas<strong>de</strong> comércio eletrônico e elaboraram uma primeira versão da Escala <strong>de</strong> Perfis<strong>de</strong> Confiança. Num trabalho posterior, Hernan<strong>de</strong>z e Santos (2007) realizaramum estudo junto a clientes <strong>de</strong> uma distribuidora <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> informática, noqual i<strong>de</strong>ntificaram um sexto tipo <strong>de</strong> confiança: a confiança baseada emi<strong>de</strong>ntificação. Conforme os autores, a confiança baseada em i<strong>de</strong>ntificaçãoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 117


efere-se à percepção <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong>s, bem como <strong>de</strong> valores comuns, o queleva à estima e ao afeto por parte dos consumidores.Tomando-se como base os tipos <strong>de</strong> confiança i<strong>de</strong>ntificados porHernan<strong>de</strong>z e Mazzon (2005) e Hernan<strong>de</strong>z e Santos (2007), a confiança dosconsumidores brasileiros nos produtos <strong>de</strong> origem italiana constitui-se: nadisposição <strong>de</strong>les em confiar <strong>de</strong> acordo com suas experiências <strong>de</strong> um modogeral; na relação que i<strong>de</strong>ntificam em termos <strong>de</strong> riscos e vantagens ao confiarnos produtos <strong>de</strong> origem italiana, na crença <strong>de</strong> que as instituições sociaisbrasileiras possam oferecer proteção no caso das empresas italianas nãocumprirem com suas promessas; na experiência anterior com os produtositalianos; na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> características que tornem os produtos italianosconfiáveis; na estima e no afeto associado aos produtos <strong>de</strong> origem italiana.Sendo assim, para i<strong>de</strong>ntificar a confiança dos consumidores brasileirospertencentes ao público jovem nos produtos <strong>de</strong> origem italiana, utilizou-se umaadaptação da Escala da Perfis <strong>de</strong> Confiança <strong>de</strong> Hernan<strong>de</strong>z e Mazzon (2005)complementada por Hernan<strong>de</strong>z e Santos (2007), <strong>de</strong> acordo com osprocedimentos metodológicos <strong>de</strong>scritos a seguir.PROCEDIMENTOS DE PESQUISAO estudo realizado é <strong>de</strong> natureza <strong>de</strong>scritiva, no sentido <strong>de</strong> que tevecomo objetivo estabelecer relações entre as variáveis e buscou-se <strong>de</strong>screverfenômenos a amostras selecionadas, por meio da aplicação <strong>de</strong> um questionáriojunto a consumidores do público jovem.Na elaboração do questionário a ser utilizado, procurou-se, <strong>de</strong> acordocom o que recomendam Hair Jr. et al (2005), incluir as explicações sobre aforma <strong>de</strong> preenchimento <strong>de</strong> seus itens, fornecendo aos respon<strong>de</strong>ntes as<strong>de</strong>vidas instruções relativas a cada uma das partes.Com o objetivo <strong>de</strong> instruir os respon<strong>de</strong>ntes quanto ao processo <strong>de</strong>preenchimento do questionário, apresentava-se, num primeiro parágrafo, umaexplicação acerca do que tratava o estudo. Em seguida, pedia-se aosrespon<strong>de</strong>ntes que indicassem alguns dos produtos <strong>de</strong> origem italiana por elesMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 118


consumidos, bem como a informação referente a viagens já realizadas à Itália eà <strong>de</strong>scendência italiana.No que tange à confiança dos clientes nos produtos <strong>de</strong> origem italiana,proce<strong>de</strong>u-se a uma adaptação da Escala <strong>de</strong> Perfis <strong>de</strong> Confiança <strong>de</strong> Hernan<strong>de</strong>ze Mazzon (2005), complementada por Hernan<strong>de</strong>z e Santos (2007). Solicitou-seaos respon<strong>de</strong>ntes que indicassem o quanto concordavam ou discordavam <strong>de</strong>cada um dos itens do questionário relativos aos fatores <strong>de</strong> confiança, conformeos seguintes critérios: “0 = Discordo totalmente”; “1 = Discordo muito”; “2 =Discordo pouco”; “3 = Concordo pouco”; “4 = Concordo muito”; “5 = Concordototalmente”. Os itens apresentaram variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntre os respon<strong>de</strong>ntes e nãosuscitaram dúvidas quanto ao conteúdo. O tempo <strong>de</strong> preenchimento variou <strong>de</strong>5 a 12 minutos.Seguindo-se as recomendações <strong>de</strong> Goo<strong>de</strong> e Hatt (1979), optou-se porincluir as questões referentes às informações pessoais dos respon<strong>de</strong>ntes naparte final do instrumento <strong>de</strong> pesquisa. Dessa forma, ao final do questionário,os respon<strong>de</strong>ntes preenchiam seus dados pessoais, incluindo faixa etária, sexo,grau <strong>de</strong> instrução, estado civil e renda média familiar.A amostra utilizada caracterizou-se como não probabilística. Osquestionários foram aplicados aos alunos <strong>de</strong> graduação do curso <strong>de</strong>Administração, em uma universida<strong>de</strong> privada da Gran<strong>de</strong> São Paulo, ao final <strong>de</strong>2010. Foram aplicados 200 questionários e foi possível obter 180 questionáriospreenchidos a<strong>de</strong>quadamente, ou seja, sem respostas situadas apenas nosextremos ou no meio termo e com todos os itens <strong>de</strong>vidamente preenchidospelos respon<strong>de</strong>ntes. Para a <strong>de</strong>finição do número <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ntes, procurou-seobservar as recomendações <strong>de</strong> Hair Jr. et al (2005), os quais indicam que onúmero mínimo <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ve ser equivalente a cinco vezes o número<strong>de</strong> assertivas do questionário.Os questionários preenchidos tiveram suas respostas digitadas nosoftware SPSS, versão 15.0. Após a digitação, iniciou-se o tratamento dosdados. Primeiramente, foi realizada uma análise, buscando-se i<strong>de</strong>ntificar, comorecomendam Hair Jr. et al (2005), a existência <strong>de</strong> observações atípicas, bemcomo <strong>de</strong> dados faltantes que pu<strong>de</strong>ssem atrapalhar as análises posteriores.Restaram então 167 questionários, que foram utilizados na análise.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 119


ANÁLISE DOS RESULTADOSCaracterização <strong>de</strong>mográfica da amostraOs respon<strong>de</strong>ntes dividiram-se <strong>de</strong> forma equilibrada entre ambos osgêneros, sendo que a amostra foi composta por 52,0% <strong>de</strong> indivíduos do sexomasculino e 48,0% do sexo feminino. Quanto ao estado civil, os respon<strong>de</strong>ntessão todos solteiros e possuem grau <strong>de</strong> instrução superior incompleto. A maiorparte dos respon<strong>de</strong>ntes, 47,8%, encontra-se na faixa etária <strong>de</strong> 18 a 20 anos,45,3% dos indivíduos entre 21 e 25 anos, e apenas 6,8% têm <strong>de</strong> 25 a 30 anos.No que se refere à distribuição dos respon<strong>de</strong>ntes conforme as faixas <strong>de</strong> rendafamiliar, os dados são apresentados na Tabela:Tabela 1: Distribuição da amostra por renda familiarRenda familiar Porcentagem PorcentagemAcumuladaMenos <strong>de</strong> R$ 1.000,00 2.6 2.6De RS 1.000,01 a R$ 2.000,00 8.3 10.9De RS 2.000,01 a R$ 4.000,00 16.0 26.9De RS 4.000,01 a R$ 6.000,00 17.3 44.2De RS 6.000,01 a R$ 10.000,00 17.9 62,2De RS 10.000,01 a R$ 20.000,00 19.9 80.1Total 100.0Fonte: dados da pesquisaTodos os respon<strong>de</strong>ntes são moradores da Gran<strong>de</strong> São Paulo e 47,8%indicaram ter <strong>de</strong>scendência italiana. Dentre os respon<strong>de</strong>ntes, apenas 10,2%viajaram à Itália, sendo que, <strong>de</strong>stes, 45,3% viajaram mais <strong>de</strong> uma vez.Quanto aos tipos <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> origem italiana consumidos, osrespon<strong>de</strong>ntes citaram diversos tipos, os quais po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificados naTabela:Tabela 2: Tipos <strong>de</strong> produtos consumidosTipos <strong>de</strong> produtosPorcentagemAlimentos e bebidas 65,7VestuárioCalçados43,226,4Acessórios 8,2Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 120


Perfumes 7.5Fonte: dados da pesquisaConfiança nos produtos <strong>de</strong> origem italianaA análise da confiança dos consumidores jovens nos produtos <strong>de</strong> origemitaliana foi realizada por meio <strong>de</strong> análise dos itens adaptados da Escala <strong>de</strong>Perfis <strong>de</strong> Confiança <strong>de</strong> Hernan<strong>de</strong>z e Mazzon (2005) complementada porHernan<strong>de</strong>z e Santos (2007). Na Tabela a seguir, apresentam-se asporcentagens dos itens relativos a cada um dos tipos <strong>de</strong> confiança.Tabela 3: Confiança nos produtos <strong>de</strong> origem italianaConfiançainstitucionalOs órgãos<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa protegemos consumidoresque compramprodutos <strong>de</strong> origemitalianaA Justiçabrasileira protege osconsumidores quetêm problemas comprodutos <strong>de</strong> origemitaliana.As leisbrasileiras sãosuficientes paragarantir a segurançados consumidoresque optam porcomprar produtos <strong>de</strong>origem italiana.DT DM DP CP CM CT3.0 8.5 20.7 48.8 9.8 9.19.9 8.1 22.4 40.4 12.4 6.810.2 8.9 25.5 36.9 13.4 5.1ConfiançacalculativaOs preçoscobrados pelosprodutos <strong>de</strong> origemitaliana são maisbaixos que os damaioria dos outrosDT DM DP CP CM CT21,1 12,0 32,5 28,9 4,2 1,2Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 121


produtos.Ascondiçõescomerciaisoferecidas nacompra <strong>de</strong> produtos<strong>de</strong> origem italianasão mais vantajosasque a da maioria dosoutros produtosA relaçãocustos x benefíciosdos produtos <strong>de</strong>origem italiana émelhor que a dosoutros.8.0 8.6 34.6 37.0 9.9 1.94.9 4.9 20.7 42.7 22.0 4.9Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 122


ConfiançadisposicionalA maioriadas empresasitalianas sepreocupa com obem-estar dosoutros, ao invés <strong>de</strong>olhar apenas ospróprios interesses.A maiorparte das empresas<strong>de</strong> origem italianacostuma cumprir oque promete.A maiorparte das empresasitalianas écompetente naquiloque faz.DT DM DP CP CM CT6.4 7.6 26.8 41.4 12.1 5.72.6 3.2 19.9 40.4 26.9 7.12.6 3.2 17.4 38.7 29.0 9.0Confiançabaseada emcaracterísticasAsempresas italianasprotegem osconsumidores <strong>de</strong>eventuais problemasque possam ocorrercom a utilização <strong>de</strong>seus produtos.As medidas<strong>de</strong> segurança dasempresas italianastornam seusprodutos segurospara o consumo..De umaforma geral, asempresas italianasoferecem produtosconfiáveis.DT DM DP CP CM CT5.0 4.3 27.3 47.2 11.2 5.04.8 3.0 25.5 44.8 17.0 4.83.0 1.2 11.0 33.5 37.8 13.4Confiançabaseada emDT DM DP CP CM CTMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 123


i<strong>de</strong>ntificaçãoEu tenhouma ligação afetivacom produtos <strong>de</strong>origem italiana.Eu tenhouma gran<strong>de</strong> estimapor produtos <strong>de</strong>origem italiana..Eu me sintobem utilizandoprodutos <strong>de</strong> origemitaliana.9.6 6.4 21.8 30.1 21.2 10.97.5 8.1 18.1 24.4 28.1 13.83.1 1.9 8.0 33.3 34.6 19.1Confiançabaseada emconhecimentoA maioriadas minhasexperiênciasanteriores comprodutos <strong>de</strong> origemitaliana foi positivaNas outrasvezes em que utilizeiprodutos <strong>de</strong> origemitaliana, não tiveproblemas.Tive boasexperiências namaioria das vezesem que utilizeiprodutos <strong>de</strong> origemitaliana.DT DM DP CP CM CT3.7 3.1 9.3 24.2 39.1 20.50.0 4.9 10.5 24.7 29.0 30.94.3 1.8 8.5 26.8 32.3 26.2Fonte: dados da pesquisaLegenda : DT = Discordo totalmente; DM = Discordo muito; DP = Discordo poucoCM = Concordo pouco; CM = Concordo muito; CT = Concordo totalmenteA confiança dos respon<strong>de</strong>ntes nos produtos <strong>de</strong> origem italiana parecenão estar baseada na crença <strong>de</strong> que as instituições brasileiras possamprotegê-las, uma vez que somente 18,9% concordam muito ou totalmente coma afirmação <strong>de</strong> que os órgãos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa protegem os consumidores queMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 124


compram produtos <strong>de</strong> origem italiana, 19,2% com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a Justiçabrasileira protege os consumidores que têm problemas com produtos <strong>de</strong>origem italiana e 18,5% que as leis brasileiras são suficientes para garantir asegurança dos consumidores que optam por comprar produtos <strong>de</strong> origemitaliana.Analisando-se o grau <strong>de</strong> concordância dos respon<strong>de</strong>ntes nos itens queexpressam os diversos tipos <strong>de</strong> confiança nos produtos <strong>de</strong> origem italiana,i<strong>de</strong>ntifica-se que, no que se refere à confiança calculada, apenas uma pequenaparcela, 5,4%, concordam muito ou totalmente com a afirmação <strong>de</strong> que ospreços cobrados pelos produtos <strong>de</strong> origem italiana são mais baixos que os damaioria dos outros produtos. Além disso, apenas 11,8% concordam muito outotalmente no que tange às condições comerciais oferecidas na compra <strong>de</strong>produtos <strong>de</strong> origem italiana serem mais vantajosas que a da maioria dos outrosprodutos. No entanto, essa soma correspon<strong>de</strong> a 26,9% no que se refere àrelação custos versus benefícios dos produtos <strong>de</strong> origem italiana. Dessa forma,percebe-se que, no que tange à confiança calculada, os respon<strong>de</strong>ntesi<strong>de</strong>ntificaram os produtos <strong>de</strong> origem italiana como produtos <strong>de</strong> custos altos,mas vantajosos em termos <strong>de</strong> benefícios.No que tange à disposição em confiar, i<strong>de</strong>ntifica-se que os respon<strong>de</strong>ntestêm uma percepção positiva das empresas italianas, pois 38,0% concordammuito ou totalmente com a afirmativa <strong>de</strong> que a maior parte das empresasitalianas é competente naquilo que faz e 37,0% com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a maiorparte das empresas <strong>de</strong> origem italiana costuma cumprir o que promete. Porém,somente 17,8% concordam muito ou totalmente com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a maioriadas empresas italianas se preocupa com o bem-estar dos outros, ao invés <strong>de</strong>olhar apenas os próprios interesses. Tal aspecto po<strong>de</strong> refletir uma pequenadivulgação da atuação das empresas italianas no que refere às suas ações <strong>de</strong>natureza ética ou social.Quanto à confiança baseada em características, os respon<strong>de</strong>ntesparecem i<strong>de</strong>ntificar positivamente as empresas italianas. Embora apenas 16,2% dos respon<strong>de</strong>ntes concor<strong>de</strong>m muito ou totalmente que as empresas italianasprotegem os consumidores <strong>de</strong> eventuais problemas que possam ocorrer com autilização <strong>de</strong> seus produtos, esse número aumenta para 21,8% quanto àsMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 125


medidas <strong>de</strong> segurança das empresas italianas tornarem seus produtos segurospara o consumo; e totaliza 51,2% quanto à afirmação <strong>de</strong> que, <strong>de</strong> uma formageral, as empresas italianas oferecem produtos confiáveis.Os resultados associados à confiança baseada em i<strong>de</strong>ntificaçãomostram uma relação <strong>de</strong> afeto dos respon<strong>de</strong>ntes para com os produtos <strong>de</strong>origem italiana. Dentre os respon<strong>de</strong>ntes, 53,7% concorda muito ou totalmenteque se sentem bem utilizando produtos <strong>de</strong> origem italiana. Quanto à afirmação<strong>de</strong> que têm uma ligação afetiva com produtos <strong>de</strong> origem italiana, 32,1%concordam muito ou totalmente e esse número sobe para 41,9% quanto a teruma gran<strong>de</strong> estima por produtos <strong>de</strong> origem italiana.Os níveis mais elevados <strong>de</strong> confiança estão associados à confiançabaseada em conhecimento. Dentre os respon<strong>de</strong>ntes, 59,6% concorda muito outotalmente com a afirmação <strong>de</strong> que a maioria das experiências anteriores comprodutos <strong>de</strong> origem italiana foi positiva. No que se refere à afirmação <strong>de</strong> quenas outras vezes em que utilizou produtos <strong>de</strong> origem italiana, não houveproblemas, esse valor sobe para 59,9% e correspon<strong>de</strong> a 58,5% quanto a boasexperiências na maioria das vezes em que utilizou produtos <strong>de</strong> origem italiana.Esses resultados po<strong>de</strong>m refletir um elevado nível <strong>de</strong> satisfação para com osprodutos <strong>de</strong> origem italiana.CONCLUSÕESA análise dos resultados da pesquisa permitiu i<strong>de</strong>ntificar que osrespon<strong>de</strong>ntes, consumidores predominantemente pertencentes à faixa etáriaentre 18 e 25 anos, possuem uma relação <strong>de</strong> confiança com os produtos <strong>de</strong>origem italiana. Essa confiança parece ser baseada principalmente emconhecimento, ou seja, fruto <strong>de</strong> experiências anteriores positivas com osprodutos <strong>de</strong> origem italiana. No entanto, po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar que a confiançabaseada em i<strong>de</strong>ntificação também se <strong>de</strong>staca, o que revela uma relação <strong>de</strong>afeto e estima para com os produtos <strong>de</strong> origem italiana. Outros aspectospositivos referem-se à confiança baseada em características, que apontampara uma i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> aspectos confiáveis nos produtos <strong>de</strong> origem italianae à confiança disposicional relativa às empresas italianas. Já a confiançainstitucional parece não estar fortemente associada aos produtos <strong>de</strong> origemMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 126


italiana, ou seja, a confiança nos produtos <strong>de</strong> origem italiana não está baseadana crença da proteção por parte da Justiça brasileira.No que se refere à confiança calculativa, i<strong>de</strong>ntifica-se que osrespon<strong>de</strong>ntes não associam os produtos <strong>de</strong> origem italiana a vantagens emtermos <strong>de</strong> preços mais baixos, mas sim à vantagens em termos <strong>de</strong> benefícios.De um modo geral, os respon<strong>de</strong>ntes confiam nos produtos <strong>de</strong> origemitaliana, principalmente pela experiência positiva para com esses produtos, pelai<strong>de</strong>ntificação que se traduz em afeto aos produtos e pela percepção <strong>de</strong>características que tornam os produtos confiáveis.Os resultados são favoráveis ao incremento da parceria comercial entreBrasil e Itália bem como ao crescimento dos investimentos provenientes daItália, uma vez que se trata <strong>de</strong> resultados relativos ao público jovem, que seconfigura como o mercado consumidor do futuro próximo.Este estudo apresenta limitações referentes à amostra utilizada, <strong>de</strong>natureza não probabilística e formada somente pelo perfil <strong>de</strong> consumidoresjovens da Gran<strong>de</strong> São Paulo, estudantes <strong>de</strong> ensino superior.Propõem-se novos estudos, junto a outras amostras <strong>de</strong> consumidores,com o objetivo <strong>de</strong> se traçar esses perfis <strong>de</strong> confiança em outros públicos. Damesma forma, cabe investigar a confiança dos italianos nos produtos <strong>de</strong> origembrasileira, com o objetivo <strong>de</strong> se incrementar a parceria comercial Brasil - Itália.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 127


CAPÍTULO 6DA ITÁLIA AO BRASIL: BIOGRAFIA E SOCIEDADENA TRAJETÓRIA DO EMPREENDEDOR FRANCISCOMATARAZZORodrigo Augusto PrandoINTRODUÇÃOBusca-se, neste escrito, tratar da trajetória <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> Francisco 1Matarazzo, bem como da tentativa <strong>de</strong> relacionar sua biografia com a socieda<strong>de</strong>brasileira. Sabidamente, Matarazzo foi uma das maiores fortunas do Brasil –quiçá do mundo – em sua época. Nos recentes estudos acerca da figura doempreen<strong>de</strong>dor, são inúmeras as características que a <strong>de</strong>finem como umapersonalida<strong>de</strong> distinta das <strong>de</strong>mais, como alguém visionário, sonhador,planejador, que assume riscos e ultrapassa as dificulda<strong>de</strong>s; enfim, nos dizeres<strong>de</strong> Schumpeter (1982): um indivíduo sociologicamente distinto.Francisco Matarazzo é, indubitavelmente, um empreen<strong>de</strong>dor, indivíduosociologicamente distinto. Sua saída da Itália e sua chegada ao Brasil <strong>de</strong>vemser compreendidas à luz da história, da imigração dos que vieram para “fazer aAmérica”. Milhares <strong>de</strong> italianos <strong>de</strong>slocaram-se para o Brasil, mas a gran<strong>de</strong>maioria inseriu-se na produção <strong>de</strong> café, assalariamento na indústria nascenteou em pequenos negócios. Já Francisco Matarazzo constitui uma fortuna eimpério econômico jamais visto nestas plagas. Sua ação empreen<strong>de</strong>dora foi <strong>de</strong>um sucesso que acabou por povoar a mentalida<strong>de</strong> nacional, estabelecendo,muitas vezes, dificulda<strong>de</strong>s em separar a realida<strong>de</strong> do mito, a história da estória.Numa socieda<strong>de</strong> alicerçada sobre a produção <strong>de</strong> monocultura voltada àexportação, trabalho escravo e gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> privada, e num país que, <strong>de</strong>seus mais que 500 anos, teve, praticamente, 400 anos <strong>de</strong> uma estrutura socialque imputava ao trabalho uma condição inferior, trabalhar era para o escravo.Será com tal socieda<strong>de</strong>, com essa mentalida<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ologia que FranciscoMatarazzo se encontrará e fará sua fortuna.Caberia, assim, a pergunta: por que a biografia <strong>de</strong> Francisco Matarazzo?A história, bem como os processos sociais, po<strong>de</strong>, com frequência, serininteligíveis, <strong>de</strong>masiados abstratos. Ao lançar luzes sobre uma biografia, sobreuma trajetória <strong>de</strong> vida, como, no caso, <strong>de</strong> Francisco Matarazzo, po<strong>de</strong>r-se-ámelhor compreen<strong>de</strong>r os processos históricos, as ações e mentalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> umempreen<strong>de</strong>dor. No atinente à importância da biografia para a compreensão dosprocessos sociais, assim se posiciona José <strong>de</strong> Souza Martins, relembrandopesquisas <strong>de</strong> Florestan Fernan<strong>de</strong>s:1Chamarei <strong>de</strong> Francisco, pois é forma como o nome foi aportuguesado, quando o texto for <strong>de</strong>minha autoria e Francesco quando for citação ipsis litteris <strong>de</strong> outros autores.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 128


Apesar das preocupações com as <strong>de</strong>terminações que fazem com que ahistória <strong>de</strong> cada um não seja mero produto do acaso, a concepção que oprofessor Florestan tem das histórias pessoais não é uma concepção<strong>de</strong>terminista. Por isso mesmo, ao dirigir sua curiosida<strong>de</strong> científica (e afetiva)para a biografia <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas pessoas, o que ele busca é <strong>de</strong>scobrir, semdúvida, <strong>de</strong> um lado, as alternativas biográficas que a socieda<strong>de</strong> abre para osseus membros (e também as alternativas que fecha) (MARTINS, 1996, p. 15-16).Tratando dos estudos <strong>de</strong> Florestan Fernan<strong>de</strong>s sobre Tiago MarquesAipobureu, Martins reflete a propósito do processo <strong>de</strong> análise do cientistasocial, mormente, do sociólogo, que, ao examinar a biografia <strong>de</strong> um indivíduo,busca[...] encarar a biografia como uma espécie <strong>de</strong> sucedâneo daexperimentação científica. Uma vez que os cientistas sociais, a rigor, nãopo<strong>de</strong>m fazer experimentos, ao menos por razões éticas, o recurso do confrontoentre personalida<strong>de</strong> e socieda<strong>de</strong>, entre biografia e História, oferece umaalternativa quase experimental para a verificação <strong>de</strong> como surgem e se<strong>de</strong>senrolam os processos sociais. Esses casos têm maior e mais rica<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evidências e <strong>de</strong> informações sobretudo para os estudossociológicos sobre mudança social (MARTINS, 1996, p. 16).A minha intenção, portanto, é <strong>de</strong> trabalhar com a biografia <strong>de</strong> FranciscoMatarazzo e cotejar essa trajetória <strong>de</strong> vida com a socieda<strong>de</strong> brasileira com aqual ele se <strong>de</strong>frontou ao chegar da Itália, bem como trazer à tona algunsestudiosos do empreen<strong>de</strong>dorismo e das características do empreen<strong>de</strong>dor. Noque tange à biografia <strong>de</strong> Francisco Matarazzo, a referência principal será aobra Matarazzo – vol. 1 e vol. 2 – A travessia e colosso brasileiro,respectivamente. Além do estudo pioneiro <strong>de</strong> José <strong>de</strong> Souza Martins: Con<strong>de</strong>Matarazzo – o empresário e a empresa.O texto, assim, estrutura-se – além <strong>de</strong>sta introdução – em: 1) Socieda<strong>de</strong>– na qual trago à baila alguns autores, principalmente, os intelectuais daGeração <strong>de</strong> 1930, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda e GilbertoFreyre; 2) Empreen<strong>de</strong>dorismo e Empreen<strong>de</strong>dores – um breve e parciallevantamento <strong>de</strong> teóricos que estudam a temática empreen<strong>de</strong>dorismo eempreen<strong>de</strong>dores; 3) Francisco Matarazzo – reconstrução, ainda quepanorâmica, da trajetória <strong>de</strong> vida do empreen<strong>de</strong>dor; e, à guisa <strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rações finais, 4) Biografia e Socieda<strong>de</strong>.1. SOCIEDADEDescrever o processo histórico <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong>brasileira implica, por parte do pesquisador, a articulação dos fenômenoseconômicos aos fenômenos sociais, políticos e culturais. No limite, a ocupaçãoe a expansão econômica no país são assentadas numa estrutura social dada;portanto, a dinâmica <strong>de</strong>sta socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser compreendida à luz <strong>de</strong> ummétodo que valorize as relações entre o local e o global e, maisespecificamente, que apresente a formação do modo <strong>de</strong> produção capitalistano Brasil. As relações entre capital e trabalho são, sem dúvida, elementosimportantes na visualização dos espaços geográficos. A contraposição campoversus cida<strong>de</strong>, as configurações entre as classes sociais e a predominância docapital acarretará não só a formação das cida<strong>de</strong>s brasileiras, bem como <strong>de</strong>Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 129


suas regiões metropolitanas (como será o caso da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – locusda ação empreen<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> Matarazzo).Não caberia <strong>de</strong>sprezar o fato <strong>de</strong> que a formação social brasileiraalicerçou-se no seguinte tripé: 1) monocultura voltada para a exportação, 2)trabalho escravo e 3) gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> terra. Assim, durante cerca <strong>de</strong> 500anos <strong>de</strong> nossa história, o país viveu em torno <strong>de</strong> quatro séculos sob essaestrutura social. A mudança estrutural <strong>de</strong> uma economia agrária exportadora,baseada no campo e escravocrata, para uma socieda<strong>de</strong> urbano-industrial e <strong>de</strong>trabalho livre e assalariado data da década <strong>de</strong> 30 do século passado. Dessaforma, viver em cida<strong>de</strong>s e, mais ainda, em metrópoles no Brasil, érelativamente recente, se comparado à história europeia, por exemplo.Do <strong>de</strong>scobrimento, em 1500, passando pela chegada da família real(1808), In<strong>de</strong>pendência (1822), libertação dos escravos (1888), a Proclamaçãoda República (1889) até ao cabo da Primeira República (1930), o país seráatravessado por inúmeras transformações sociais, política e econômicas.Contudo, a década <strong>de</strong> 30 será um marco, seja do ponto <strong>de</strong> vista histórico ou doponto <strong>de</strong> vista intelectual. No campo da intelectualida<strong>de</strong>, foram Gilberto Freyre,Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda, os principais pensadores a se<strong>de</strong>bruçarem sobre as transformações da socieda<strong>de</strong> brasileira. São, portanto,autores clássicos que nos oferecem, ainda hoje, instrumental analítico que nospermite <strong>de</strong>snudar a realida<strong>de</strong> do processo histórico então em voga.Uma base produtiva assentada na gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> fundiária, notrabalho escravo e nas fases econômicas monocultoras, gerou uma socieda<strong>de</strong>em que as classes e grupos sociais eram extremamente <strong>de</strong>siguais. O Estado,no Brasil, foi, praticamente, uma transferência dos aparatos burocráticosportugueses, com sua ética patrimonialista (FAORO, 2008). A economia, emsuas diversas esferas, foi, quase sempre, negócios <strong>de</strong> poucos (os gran<strong>de</strong>sproprietários), pois os escravos e, posteriormente, os trabalhadores livres eassalariados pouco participaram como empreen<strong>de</strong>dores. Em suma, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>sedos autores trabalhados (Prado Júnior, 2000; Fausto, 2003), que asocieda<strong>de</strong> brasileira até o estabelecimento do trabalho livre e assalariado (coma Abolição) foi incapaz <strong>de</strong> oferecer um ambiente propício ao <strong>de</strong>senvolvimentodas características dos agentes empreen<strong>de</strong>dores. As relações entre o Estado ea socieda<strong>de</strong>, bem como entre o Estado e a esfera econômica, traz,prepon<strong>de</strong>rantemente, a ação do Estado como catalisador do progressoeconômico. As conquistas burguesas – liberda<strong>de</strong>, igualda<strong>de</strong> e fraternida<strong>de</strong> –são, aqui, diferentes dos mo<strong>de</strong>los clássicos <strong>de</strong> revoluções burguesas(FERNANDES, 2006).Na acepção <strong>de</strong> Prado Júnior:Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realida<strong>de</strong> nosconstituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tar<strong>de</strong>ouro e diamantes; <strong>de</strong>pois, algodão, e em seguida café, para o comércioeuropeu. Nada mais que isto. E com tal objetivo, objetivo exterior, voltado parafora do país e sem atenção a consi<strong>de</strong>rações que não fossem o interessedaquele comércio, que se organizarão a socieda<strong>de</strong> e a economia brasileiras.Tudo se disporá naquele sentido: a estrutura, bem como as ativida<strong>de</strong>s do país(PRADO JÚNIOR, 2000, p. 20).Nesse evoluir, o sentido da colonização brasileira prestou-se ao papel <strong>de</strong>fornecedor <strong>de</strong> matéria-prima para a Europa. Sem exagero, os produtosMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 130


tropicais contribuíram significativamente para a Revolução Burguesa europeia.O centro <strong>de</strong>cisório não está na colônia e sim na metrópole. O aparatoburocrático português é, aqui, introduzido <strong>de</strong> forma alienígena, moldando ospadrões <strong>de</strong> relacionamentos entre os grupos e classes sociais. Sem,entretanto, per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista que a economia, assim como a socieda<strong>de</strong>, tenhasido orientada para os interesses do comércio metropolitano.Se em Prado Júnior os aspectos econômicos, portanto, o carátercomercial <strong>de</strong> nossa formação econômica inicial é ressaltado, será GilbertoFreyre que nos chamará a atenção para os aspectos da vida social com maiorênfase. O complexo casa gran<strong>de</strong> & senzala, tão bem estudado por Freyre,apresentará o lócus da sociabilida<strong>de</strong> na constituição <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> agrária,escravocrata e híbrida (FREYRE, 2001).Há, em Casa gra<strong>de</strong> & senzala, a valorização da colonização portuguesa,vitoriosa na construção <strong>de</strong> uma civilização nos trópicos. A miscibilida<strong>de</strong>,plasticida<strong>de</strong>, aclimatabilida<strong>de</strong> do português o predispôs à conquista <strong>de</strong> umacolônia com as dimensões do Brasil. A ausência <strong>de</strong> orgulho <strong>de</strong> raça permitiuque a miscigenação entre o branco português se processasse com índios enegros, sem maiores problemas. Entretanto, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> dominaçãoestabelecido garantia o po<strong>de</strong>r masculino: a família patriarcal. O domíniomasculino, não raro gerontocrático, permitiu ao homem, ao senhor, dono doengenho, po<strong>de</strong>r ilimitado. A legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> seu patrimônio(por isso, po<strong>de</strong>r patrimonialista) e <strong>de</strong> sua condição <strong>de</strong> patriarca (o homem maisvelho da família). A força do senhor, proprietário <strong>de</strong> terras, não conhece limites.Todos são submetidos a seu mando, numa socieda<strong>de</strong> em que o Estadoinexiste ou é pouco presente. A força da casa gran<strong>de</strong> espraia-se por toda asocieda<strong>de</strong>, socieda<strong>de</strong> que, em fins <strong>de</strong> conta, terá feições autoritárias eviolentas. Nos dizeres <strong>de</strong> Joaquim Nabuco, a escravidão será uma nódoa quenos marcará para sempre <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>lével (NABUCO, 2000).No que toca, ainda, à formação social, Buarque <strong>de</strong> Holanda apresentaráos tipos humanos que colonizaram a América: os aventureiros e ostrabalhadores. No enten<strong>de</strong>r do autor, a colonização brasileira teve apredominância do tipo humano aventureiro. Neste caso, aproxima-se <strong>de</strong>Freyre, ao <strong>de</strong>stacar a plasticida<strong>de</strong> do povo português e a ausência <strong>de</strong> umorgulho <strong>de</strong> raça. Há, no entanto, que <strong>de</strong>stacar que as características doaventureiro: ignora fronteiras, vive dos espaços ilimitados, dos projetos vastos,dos horizontes distantes. O aventureiro, consequentemente, enaltece o ganhofácil, sem esforço, sua visão é curto prazo. Obviamente, coaduna-se a essaséticas comportamentais uma visão <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>, a forma que o português iráedificar suas cida<strong>de</strong>s.Segundo Buarque <strong>de</strong> Holanda:Toda a estrutura <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong> colonial teve sua base fora dosmeios urbanos. É preciso consi<strong>de</strong>rar esse fato para se compreen<strong>de</strong>rexatamente as condições que, por via direta e indireta, nos governam até muito<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> proclamada nossa in<strong>de</strong>pendência política e cujos reflexos não seapagaram ainda hoje. [...] não foi a rigor uma civilização agrícola o que osportugueses instauraram no Brasil, foi, sem dúvida, uma civilização <strong>de</strong> raízesrurais. É efetivamente nas proprieda<strong>de</strong>s rústicas que toda a vida da colônia seconcentra durante os séculos iniciais da ocupação européia: as cida<strong>de</strong>s sãovirtualmente, se não <strong>de</strong> fato, simples <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>las. Com pouco exageroMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 131


po<strong>de</strong> dizer-se que tal situação não se modificou essencialmente até à Abolição.1888 representa o marco divisório entre duas épocas; em nossa evoluçãonacional, essa data assume significado singular e incomparável (BUARQUEDE HOLANDA, 2006, p. 69).A primazia da vida rural, da fazenda, no domínio português, sedistinguirá do domínio espanhol. Este é um “ladrilhador”, planeja suas cida<strong>de</strong>s,usa a lógica, a razão e os traçados retos para o plano urbano; aquele, aocontrário, é um semeador, amoldando-se à natureza, sem preocupação ouesforço racional <strong>de</strong> ocupar o espaço. Para Buarque <strong>de</strong> Holanda:Essa primazia acentuada da vida rural concorda bem com o espírito dadominação portuguesa, que renunciou a trazer normas imperativas e absolutas,que ce<strong>de</strong>u todas as vezes em que as conveniências imediatas aconselharam ace<strong>de</strong>r, que cuidou menos em construir, planejar ou plantar alicerces, do que emfeitorizar uma riqueza fácil e quase ao alcance da mão (BUARQUE DEHOLANDA, 2006, p. 97).E ainda:A cida<strong>de</strong> que os portugueses construíram na América não é produtomental, não chega a contradizer o quadro da natureza, e sua silhueta se enlaçana linha da paisagem. Nenhum rigor, nenhum método, nenhuma previdência,sempre esse significativo abandono que exprime a palavra “<strong>de</strong>sleixo”(BUARQUE DE HOLANDA, 1975, p. 115).O processo colonizador português privilegiou a fazenda em <strong>de</strong>trimentoda cida<strong>de</strong>, e esta, quando construída, não o era <strong>de</strong> forma racional, planejada.O ganho fácil, a visão <strong>de</strong> curto prazo, imprimiu um caráter litorâneo <strong>de</strong>ocupação e dominação sobre a colônia. Apenas no terceiro século <strong>de</strong>ocupação colonial, os portugueses a<strong>de</strong>ntram ao território, afastando-se da faixalitorânea, na busca <strong>de</strong> ouro das Minas Gerais.As relações entre o Estado e a socieda<strong>de</strong>, bem como entre o Estado e aesfera econômica, trazem, prepon<strong>de</strong>rantemente, a ação do Estado comocatalisador do progresso econômico. As conquistas burguesas – liberda<strong>de</strong>,igualda<strong>de</strong> e fraternida<strong>de</strong> – são, aqui, diferentes dos mo<strong>de</strong>los clássicos <strong>de</strong>revoluções burguesas (FERNANDES, 2006).O burguês, nosso efetivo empreen<strong>de</strong>dor, só aparecerá tardiamente noBrasil e, ainda por cima, ligado aos proprietários rurais (os cafeicultores).Destarte, essa classe social será mo<strong>de</strong>rna e empreen<strong>de</strong>dora na visãoeconômica e conservadora e retrógrada nos aspectos políticos e sociais(FERNANDES, 2006).Depreen<strong>de</strong>-se, pois, dos autores indicados que a socieda<strong>de</strong> brasileira,sua ocupação econômica e sua dimensão espacial, estão intrinsecamenteligadas à estrutura social aqui estabelecida: gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> agrária,monocultura <strong>de</strong> exportação e trabalho escravo. Após a Abolição, a velocida<strong>de</strong>das transformações sociais acelerou-se, e, por isso mesmo, a década <strong>de</strong> 1930será um ponto <strong>de</strong> inflexão importante em nossa história. Haverá o <strong>de</strong>clínio doNor<strong>de</strong>ste, do complexo casa gran<strong>de</strong> & senzala, do po<strong>de</strong>r político patriarcal e daescravidão, emergindo, no Su<strong>de</strong>ste, mormente na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, umnovo ethos, mais mo<strong>de</strong>rno, urbano e industrial. Se, até 1930, a populaçãobrasileira fora prepon<strong>de</strong>rantemente rural, a partir <strong>de</strong>ssa década e com duas outrês décadas a mais, a população concentrar-se-á nas cida<strong>de</strong>s e comMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 132


centralida<strong>de</strong> para a economia paulista, que, após a economia cafeeira, reuniuas condições econômicas, sociais, políticas e culturais para engendrar oprocesso <strong>de</strong> industrialização, <strong>de</strong> formação do modo <strong>de</strong> produção capitalista.2. EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORNo campo etimológico, Ferreira (1999) <strong>de</strong>fine empreen<strong>de</strong>dorismo comoa palavra empreen<strong>de</strong>r, acrescida do sufixo “ismo”. O vocábulo empreen<strong>de</strong>r é<strong>de</strong>finida como “1. Deliberar-se a praticar, propor-se, tentar (empresa laborial edifícil) 2. Pôr em execução (...)” (FERREIRA, 1999, p. 514). Assim: “O termoempreen<strong>de</strong>dorismo (entrepreneurship, em inglês) tem conotação prática, mastambém implica atitu<strong>de</strong>s e idéias. Significa fazer coisas novas, ou <strong>de</strong>senvolvermaneiras novas e diferentes <strong>de</strong> fazer as coisas” (DOLABELA, 1999a, p. 16).Segundo Dolabela (1999b), é interessante observar que cada ciênciaanalisa o empreen<strong>de</strong>dorismo com um foco diferente, o que explica tamanhadiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finições existentes. Nada obstante, há duas correntesprincipais <strong>de</strong>senvolvidas sobre o tema: a dos economistas, que relacionavam oempreen<strong>de</strong>dor à inovação e a dos comportamentalistas, que ressaltavam ascaracterísticas do empreen<strong>de</strong>dor, como criativida<strong>de</strong> e intuição. Oempreen<strong>de</strong>dor, ainda <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com Dolabela (1999b), é aquele quecria ou adquire uma empresa, mas que, principalmente, introduz inovações aonegócio, assumindo os riscos oriundos a ele. Na verda<strong>de</strong>, essa seria acondição sine qua non para diferenciar o verda<strong>de</strong>iro empreen<strong>de</strong>dor dos simplesproprietários <strong>de</strong> um negócio.O teórico Drucker (2003) – reconhecido no campo da Administração -assevera que o empreen<strong>de</strong>dor é aquele que começa seu próprio, novo epequeno negócio, recriando a forma <strong>de</strong> fazer, agregando valor ao negócio,criando um novo conceito ao produto ou serviço oferecido, assim: “Eles criamalgo novo, algo diferente, eles mudam ou transformam valores” (DRUCKER,2003. p. 29).Dolabela (1999a) <strong>de</strong>fine empreen<strong>de</strong>dorismo como “um fenômenocultural, ou seja, é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas”(DOLABELA, 1999a, p.33). Complementa, indicando que a palavraenterpreneurship é um termo “utilizado para <strong>de</strong>signar os estudos relativos aoempreen<strong>de</strong>dor, seu perfil, suas origens, seu sistema <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, seu universo<strong>de</strong> atuação” (DOLABELA, 1999b, p.43).A crer em Dornelas (2001), o empreen<strong>de</strong>dorismo requer a criação <strong>de</strong>algo novo e <strong>de</strong> valor; a <strong>de</strong>voção e o comprometimento <strong>de</strong> tempo e esforçonecessários; e a ousadia para assumir riscos calculados e tomar <strong>de</strong>cisõescríticas, sem <strong>de</strong>sanimar com as falhas e os erros. Mais do que isso, o autorindica que o fenômeno do empreen<strong>de</strong>dorismo é complexo e sua compreensão<strong>de</strong>ve levar em conta: 1) Fatores Pessoais (assumir riscos, realização pessoal,valores pessoais, li<strong>de</strong>rança, etc.); 2) Fatores Sociológicos (networking, equipes,influência dos pais, família, mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> sucesso, etc.); 3) FatoresOrganizacionais e 4) Ambiente. Nesse caso, o fenômeno só po<strong>de</strong>ria sercompreendido em sua totalida<strong>de</strong> levando-se em conta não apenas ascaracterísticas individuais do empreen<strong>de</strong>dor, mas, também, os fatoressociológicos e históricos, isto é, a socieda<strong>de</strong> que facilita ou impe<strong>de</strong> o<strong>de</strong>senvolvimento das aptidões individuais. Para Dornelas (2001, p. 37): “OMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 133


empreen<strong>de</strong>dor é aquele que <strong>de</strong>tecta uma oportunida<strong>de</strong> e cria um negócio paracapitalizar sobre ela, assumindo os riscos necessários”. Com efeito, nãoadiantaria ser empreen<strong>de</strong>dor se não houvesse oportunida<strong>de</strong> e, neste caso, asoportunida<strong>de</strong>s são, histórica e socialmente, construídas.No juízo <strong>de</strong> Dolabela (1999b), o significado da palavra é entendido <strong>de</strong>acordo com o contexto histórico no qual se está inserido. No século XVII,empreen<strong>de</strong>r significava a firme <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> fazer alguma coisa. Já nos dias <strong>de</strong>hoje, significa “a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda pessoa que está na base <strong>de</strong> uma empresa,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o franqueado, um dono <strong>de</strong> oficina mecânica, até aquele que criou e<strong>de</strong>senvolveu uma multinacional” (DOLABELA, 1999b, p. 67).Historicamente, portanto, ato <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r é tão antigo quanto àcivilização (BOM ÂNGELO, 2003). Dessa forma, é razoável constatar quefenômenos sociais, políticos e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r são intrínsecos ao trabalho e aoempreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as referências mais antigas da humanida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>finindo os movimentos culturais e as mudanças <strong>de</strong> paradigmas que vêmocorrendo no mundo.A<strong>de</strong>mais: “O empreen<strong>de</strong>dor sempre está buscando a mudança, reage aela, e a explora como sendo uma oportunida<strong>de</strong>” (DRUCKER, 2003, p. 36), ouseja, o empreen<strong>de</strong>dor não provoca a mudança, mas a vê como algo sadio. Ele,analisando o contexto, i<strong>de</strong>ntifica a mudança e enxerga uma perspectiva pormeio <strong>de</strong> <strong>de</strong>la (projeção do futuro).Na concepção <strong>de</strong> Dolabela (1999b, p.45), “O empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong>veconduzir ao <strong>de</strong>senvolvimento econômico, gerando e distribuindo riquezas ebenefícios para a socieda<strong>de</strong>”. Se a ação empreen<strong>de</strong>dora <strong>de</strong>ve conduzir ao<strong>de</strong>senvolvimento econômico tem-se, logicamente, que esta ação seja exitosa,isto é, que o empreen<strong>de</strong>dor obtenha sucesso em seu negócio. Ainda paraDolabela (1999a), o empreen<strong>de</strong>dor é um produto do meio em que vive, assim,o lugar, o tempo, a época e a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> um indivíduo po<strong>de</strong> exercerinfluência sobre suas <strong>de</strong>cisões, motivações e valores.Filion (1991) compreen<strong>de</strong> que o fator que melhor explica a visão doempreen<strong>de</strong>dor é seu sistema <strong>de</strong> relações, uma vez que é a partir <strong>de</strong>ssasrelações que se formam os valores do indivíduo, os quais constituem a basepara as suas experiências, visão <strong>de</strong> mundo e para a concepção <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação, entre outras coisas. Desse ângulo, há trêsníveis <strong>de</strong> relações: 1) Relações Primárias: familiares – ligações em torno <strong>de</strong>mais <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong>; 2) Relações Secundárias: conhecidos – ligações emtorno <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> bem <strong>de</strong>terminada e, por fim, 3) Relações Terciárias:Cursos, livros, viagens e exposições industriais (FILION, 1991, p. 68).As relações primárias, segundo o autor, envolvem pessoas próximas aoempreen<strong>de</strong>dor, como membros da família com quem ele mantém vinculo ouamigos íntimos. Por sinal, são essas relações as que mais influenciam seusvalores, atitu<strong>de</strong>s e a visão <strong>de</strong> mundo do indivíduo. As relações secundárias eterciárias são aquelas construídas ao longo da vida. As secundárias, <strong>de</strong> acordocom o autor, po<strong>de</strong>m vir a se <strong>de</strong>senvolver e se transformarem em primárias; jáas relações terciárias são escolhidas para satisfazerem necessida<strong>de</strong>sespecíficas.Ainda para Filion (1991), a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos é imprescindívelpara tornar sua visão realida<strong>de</strong>; e, quanto mais ambiciosa for a visão, maisqualificadas <strong>de</strong>verão ser as pessoas da sua re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos, ou seja,Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 134


é a partir da <strong>de</strong>finição da visão que a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos <strong>de</strong>ve serformada. Nessa or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações, são, principalmente, as relações quecontribuem para a formação dos valores, dos comportamentos e da percepçãodo mundo e <strong>de</strong> si mesmos do indivíduo, entre outras coisas, que darão a basepara que ele <strong>de</strong>senvolva uma visão <strong>de</strong> futuro e que adquira as experiênciasnecessárias para formar o conhecimento necessário ao negócio.Filion aduz que o empreen<strong>de</strong>dor “terá que apren<strong>de</strong>r a ser diferente, se<strong>de</strong>sejar ocupar e manter ocupado o nicho que tiver escolhido no mercado.Terá, ainda, que adquirir conhecimento relacionado com o que ele <strong>de</strong>sejarealizar” (FILION, 1991, p. 64).Alguns autores apresentam uma perspectiva distinta <strong>de</strong> análise dosfatores encontrados nos empreen<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> sucesso: as habilida<strong>de</strong>s.Rabaglio (2006) conceitua as habilida<strong>de</strong>s, ou o saber fazer, como aexperiência adquirida através dos conhecimentos técnicos colocados emprática. Gramigna (2002) diz que as habilida<strong>de</strong>s são utilizadas para obterresultados positivos, agindo com talento capacida<strong>de</strong> e técnica. Ou, ainda:Longe, portanto, <strong>de</strong> ser sempre o resultado <strong>de</strong> uma vocação natural dosseus fundadores, a i<strong>de</strong>ia da criação das empresas parece originar-se <strong>de</strong> umlongo processo <strong>de</strong> amadurecimento profissional e pessoal, pautados, <strong>de</strong>preferência, na racionalida<strong>de</strong> e planejamento, do que no ímpeto da realizaçãodas aspirações juvenis ou da visão inovadora <strong>de</strong> algum produto/serviço(VERSIANI e GUIMARÃES, 2004, p. 9).Tomando por base pesquisa realizada por Nassif et al (2004), oempreen<strong>de</strong>dor se apóia no ‘saber ser’ e no ‘saber fazer’ para ‘saber agir’,estando sempre atento ao ambiente que o cerca e aos seus próprios valores. O‘ser’ <strong>de</strong>ve saber e saber fazer e agir, pois sem isso não se empreen<strong>de</strong> e não setorna um empreen<strong>de</strong>dor.Dornelas (2001) divi<strong>de</strong> as habilida<strong>de</strong>s em três áreas: técnicas, gerenciaise características pessoais. A habilida<strong>de</strong> técnica diz respeito ao saber ouvir,saber falar, captar informações, ser bom orador, organizado, saber trabalharem equipe e li<strong>de</strong>rar e <strong>de</strong>senvolver now-how técnico na área <strong>de</strong> trabalho. Ahabilida<strong>de</strong> gerencial envolve todos os fatores referentes à criação,<strong>de</strong>senvolvimento e gerenciamento <strong>de</strong> uma nova empresa, em todas as áreasenvolvidas no negócio. Já as características pessoais envolvem serdisciplinado, assumir riscos, ser inovador, ser orientado a mudança, serpersistente e ser um lí<strong>de</strong>r visionário.Essas pessoas que estão por trás do movimento empreen<strong>de</strong>dor “sãopessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas peloque fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem serreconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem <strong>de</strong>ixar um legado”(DORNELAS, 2001. p. 19).Para Rabaglio (2001) e Dolabela (1999a), há alguns comportamentosque se <strong>de</strong>stacam mais, quando analisada a competência Empreen<strong>de</strong>dorismo: ainiciativa faz do empreen<strong>de</strong>dor um trabalhador incansável, semprequestionando assuntos pertinentes ao seu negócio, tem facilida<strong>de</strong> parasolucionar conflitos, possui flexibilida<strong>de</strong> e dinamismo, procura sempre apren<strong>de</strong>rcom experiência <strong>de</strong> terceiros ou com suas próprias experiências, utilizando-se<strong>de</strong> sua boa observação e percepção, <strong>de</strong>senvolvendo a auto-aprendizagem.Possui um método <strong>de</strong> organização, tendo sempre total integrida<strong>de</strong> eMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 135


perseverança naquilo que faz, não sendo apenas mais um aventureiro. Ahabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamento interpessoal, <strong>de</strong> negociação, e a boacomunicação e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> persuasão fazem com que estabeleça parceriaspositivas com o foco nos resultados. A empatia, bom humor, entusiasmo,otimismo, energia fazem com que o empreen<strong>de</strong>dor consiga traduzir seuspensamentos em ações. Po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado criativo e inovador, provocandomudanças no sistema em que atua, possui autonomia, autoconfiança,necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização, sabe trabalhar sozinho, acredita e sente paixãopelo o que faz. Da perspectiva dos autores, os empreen<strong>de</strong>dores conhecem oambiente e o ramo em que atuam, conseguindo, então, i<strong>de</strong>ntificaroportunida<strong>de</strong>s e prevenir-se contra possíveis ameaças, além <strong>de</strong> ter visão dofuturo e, <strong>de</strong>ssa maneira, manter o foco no resultado e nos objetivos <strong>de</strong>finidoscom sua boa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> síntese e atenção concentrada. Sabem manipularrecursos, tendo agilida<strong>de</strong> para assumir riscos calculados e manter umplanejamento estratégico. Os teóricos, <strong>de</strong> mais a mais, citam suas habilida<strong>de</strong>spara ouvir, seu espírito <strong>de</strong> equipe, lealda<strong>de</strong>, e comportamento ético.Na concepção <strong>de</strong> Timmons (2004), todo empreen<strong>de</strong>dor segue certosprincípios como sensibilida<strong>de</strong>, flexibilida<strong>de</strong> e adaptação a situações <strong>de</strong> novasoportunida<strong>de</strong>s com vistas a alcançar o sucesso, além <strong>de</strong> ter visão do negócio,vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e sempre investir em novas técnicas a fim <strong>de</strong> se tornarpaciente e <strong>de</strong>senvolver atitu<strong>de</strong>s profissionais. É importante, nessa mesmalinha, gostar e ter interesse pelo negócio, a ponto <strong>de</strong> fazer <strong>de</strong>ste um estilo <strong>de</strong>vida.O autor complementa dizendo que o sucesso do empreen<strong>de</strong>dor não éapenas uma questão <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>, mas sim das ações realizadas paraalcançar os objetivos almejados. Não basta ter inteligência e energia para setornar empreen<strong>de</strong>dor, pois todo indivíduo po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver, praticar e refinarcertas atitu<strong>de</strong>s, comportamentos e conhecimentos. O que fará do indivíduo umempreen<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> sucesso é a motivação para crescer, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mudança e aprendizagem com as experiências, além da motivação e ocompromisso com o próprio negócio.Com base em seus estudos, Timmons (1994) distribuiu em seis gran<strong>de</strong>sgrupos as características que consi<strong>de</strong>ra ser as mais relevantes <strong>de</strong>ntre osempreen<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> sucesso. A saber: 1) comprometimento e <strong>de</strong>terminação, 2)li<strong>de</strong>rança, 3) busca por oportunida<strong>de</strong>, 4) tolerância <strong>de</strong> risco, ambiguida<strong>de</strong>s eincerteza, 5) criativida<strong>de</strong>, autoconfiança e habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação e 6)motivação para crescer.O especialista ainda ressalta, bem como Dolabela (1999b), entre outros,que não existe um único conjunto <strong>de</strong> características que todo indivíduo <strong>de</strong>ve terpara alcançar o sucesso, uma vez que o resultado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quantopromissor e compensador a oportunida<strong>de</strong> é para o indivíduo e <strong>de</strong> quantomotivado ele está com o negócio.Até hoje, não foi possível estabelecer cientificamente um perfilpsicológico do empreen<strong>de</strong>dor, <strong>de</strong>vido às inúmeras variáveis que concorrem nasua formação. Diante disso, o perfil do empreen<strong>de</strong>dor certamente serádiferente em função do tempo que está no mercado (empreen<strong>de</strong>dores quecomeçaram há dois anos têm perfil diferente dos que atuam há vinte anos).Também influem a experiência <strong>de</strong> trabalho, a região <strong>de</strong> origem, o nível <strong>de</strong>educação, a religião, a cultura familiar (DOLABELA, 1999b, p.49).Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 136


Busquei, acima, trabalhar alguns autores que se <strong>de</strong>dicaram ao estudo doempreen<strong>de</strong>dorismo, das características do empreen<strong>de</strong>dor, <strong>de</strong> sua conduta,enfim. Na próxima seção – a reconstrução panorâmica da trajetória <strong>de</strong>Francisco Matarazzo – po<strong>de</strong>r-se-á, indubitavelmente, relacionar as idéias econceitos oriundos <strong>de</strong>ste tópico à história <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> Matarazzo.3. FRANCISCO MATARAZZOConforme evi<strong>de</strong>nciado alhures (Martins, 1973; Couto, 2004a; Marcovitch,2006), a história <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> Francesco Matarazzo ganhou uma dimensãomítica, lendária, para além da própria realida<strong>de</strong> dos fatos. Sua origem,ascensão e consolidação <strong>de</strong> seu império econômico foram tão singulares que,ainda hoje, povoam a memória social.Nascido em nove <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1854, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Castellabate –província <strong>de</strong> Salerno – na região <strong>de</strong> Nápoles, Francisco Matarazzo foi o nonofilho (e o mais velho) do casal Costábile Matarazzo e Mariangêla Jovane.Costábile Matarazzo era advogado e possuia, então, algumas proprieda<strong>de</strong>s.A infância <strong>de</strong> Francisco Matarazzo não é bem conhecida; contudo, sabeseque teria tido parte <strong>de</strong> seus estudos em Salerno, residindo na casa <strong>de</strong> umtio. Lá apren<strong>de</strong>u latim, matemática e catecismo no liceu local. Provavelmente,tenha terminado o curso preparatório, mas não chegou a entrar na Escola <strong>de</strong>Guerra. Sobre sua vida e negócios, Couto assevera que:Nos negócios, como o pai, Francesco atua principalmente comoadministrador, proprietário <strong>de</strong> terras e comerciante. Mas conhece a lavoura e acriação <strong>de</strong> animais. Familiariza-se, por exemplo, com a preparação e acomercialização <strong>de</strong> azeite <strong>de</strong> oliva, vinho e passa, trigo e farinha, queijos,tomates e figos secos. Trabalha com suinocultura, inclusive produção ecomércio <strong>de</strong> banha (COUTO, 2004a, p. 98 – <strong>de</strong>staques nossos).Em 1870, um fato <strong>de</strong>ixará sua família em condições precárias: a morte<strong>de</strong> seu pai, Costábile Matarazzo. Não só a morte, mas, semelhantemente, umacrise que se instala na Europa, agravando-se em 1880. Embora Franciscotenha tino para o comércio, seja rápido e inteligente na resolução dosproblemas que surgem, a crise é mais forte e acaba por atrapalhar,<strong>de</strong>sorganizar e mesmo comprometer os negócios dos Matarazzos.Em 1881, Francisco Matarazzo, já casado e com dois filhos, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> sairda Itália e vir para o Brasil. Sua <strong>de</strong>cisão, segundo Couto (2004a), <strong>de</strong>u-se porinfluência <strong>de</strong> um castellabatense que vivia no Brasil, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sorocaba:Grandino, que tinha se tornado um rico sapateiro e comerciante 2 ,possivelmente vereador. Num encontro em 1872 <strong>de</strong> Francisco Matarazzo comFrancisco Grandino, esse último questiona: E perchè non venite in Brasil? 3 .A crise que se abatera pela Europa, crise agrícola, dificulda<strong>de</strong>s enormese emigração eram, para Francisco Matarazzo, a opção mais viável. Tendo, aochegar ao Brasil, um apoio, era, então, necessário preparar a viagem. Assim:A certeza do apoio <strong>de</strong> Grandino é um trunfo importante. Não seria oprimeiro castellabatense em Sorocaba, mas um a mais da colônia italiana em2 Em trabalho pioneiro, José <strong>de</strong> Souza Martins em Con<strong>de</strong> Matarazzo: o empresário e a empresa,<strong>de</strong> 1973 (2ª Ed.), explica que, analisando o rol <strong>de</strong> vereadores da Câmara <strong>de</strong> Sorocaba, não i<strong>de</strong>ntificou, àépoca, nenhum nome italiano associado à profissão <strong>de</strong> sapateiro. No entanto, Ronaldo Costa Couto emMatarazzo – a travessia, <strong>de</strong> 2004, i<strong>de</strong>ntifica a personagem e a nomeia: Grandino.3 Tradução: E por que não vêm para o Brasil?Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 137


formação [...] Francesco sempre combinará audácia com prudência epragmatismo. Risco, sim; inconsequência nunca. A mudança foi pensada,planejada, avaliada, medida (COUTOa, 2004, p. 101-102)Não veio, contudo, ao Brasil <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> recursos; seus cálculosenvolveram dinheiro em espécie e “até o envio, em navio <strong>de</strong> carga, <strong>de</strong> banha<strong>de</strong> porco, cara e facilmente comercializável no Brasil” (COUTOa, 2004, p. 102).Chegou ao Rio <strong>de</strong> Janeiro, provavelmente, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1881, e, emseguida, foi para Santos. A emigração nunca é, somente, o <strong>de</strong>slocamentogeográfico, ela traz, <strong>de</strong> maneira similar, um <strong>de</strong>scolamento cultural, social.Francisco Matarazzo não po<strong>de</strong>ria ter sido <strong>de</strong>nominado como um emigrantecomum, pois havia sua família na Itália (com linhagens nobres) e porqueaportou no país com certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos, <strong>de</strong> capital. Tinha, ainda:“escolarida<strong>de</strong> muito superior à média, cabeça empresarial, projeto profissional,relacionamento prévio capaz <strong>de</strong> facilitar a inserção sócio-econômica emSorocaba (COUTOa, 2004, p. 114). Vê-se, claramente, que a crise econômicae a morte do pai levaram-no à emigração, mas não, antes, <strong>de</strong> planejar ecolocar em prática seus conhecimentos em agricultura, comércio eadministração. Sua conduta, nesse caso, não foi <strong>de</strong> um mero sonhador. Suafamília – mãe viúva e mais oito irmãos – <strong>de</strong>pendiam <strong>de</strong> seu sucesso no Brasil.Muitos dos emigrantes vieram para “fazer a América”, no entanto, poucos,raros mesmo, foram os que chegaram à condição <strong>de</strong> Francisco Matarazzo. Seuobjetivo era enriquecer, mas à custa <strong>de</strong> muito trabalho. Para pensarmos juntocom Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda (2006), sua ação não era <strong>de</strong> um meroaventureiro e sim pautada na ética do trabalho.Ainda na chegada ao Brasil, Matarazzo sofre sua primeira dificulda<strong>de</strong>: abanha <strong>de</strong> porco que seguia num navio naufraga na costa brasileira, na baía <strong>de</strong>Guanabara. Assim, um dos seus principais trunfos – a banha <strong>de</strong> porco – vai,literalmente, por água abaixo. Couto explica que Matarazzo, nesse momento:Acusa o golpe, mas não <strong>de</strong>sanima. Realista, sabe que a situação não éirremediável. Assim, mantém a vonta<strong>de</strong> e o projeto. Velho ditado alemão, muitoconhecido na Itália: “Perdita <strong>de</strong>lla volontà: danno completo; perdita di <strong>de</strong>naro edi Beni: nessun male”. Perda da vonta<strong>de</strong>: dano completo; perda <strong>de</strong> dinheiro e<strong>de</strong> bens: nenhum mal (COUTOa, 2004, p. 119).De Salerno segue para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, do Rio vai para Santos e <strong>de</strong>Santos chega em Sorocaba. Travessia do oceano e mais alguns milhares <strong>de</strong>quilômetros até o interior <strong>de</strong> São Paulo. A década <strong>de</strong> 1880, no Brasil, assistiráao ocaso do regime escravocrata. Aqui, como <strong>de</strong>stacado acima, a produçãoestava, quase exclusivamente, sob o braço do escravo. O estado <strong>de</strong> SãoPaulo, particularmente, teve importante papel na transição do trabalho escravopara o trabalho livre e assalariado, das condições estamentais <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>para a sociabilida<strong>de</strong> tipicamente capitalista. O <strong>de</strong>senvolvimento capitalistapressupõe a existência do trabalhador livre. Cardoso, ao explicar esse quadro,<strong>de</strong>clara que:A nova fazenda <strong>de</strong> café do Oeste Paulista, ao contrário, ganhou impulsono período <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio da escravatura, cujo golpe <strong>de</strong>cisivo havia sido <strong>de</strong>sferidopela proibição do tráfico negreiro em 1850. [...] O fazen<strong>de</strong>iro paulista do “Oeste”do Estado passou, então, a importar mão-<strong>de</strong>-obra livre e tornou-se atéabolicionista. Perdia sua condição <strong>de</strong> senhor, para tornar-se empresáriocapitalista. Em vez <strong>de</strong> comprar escravos, alugava a força <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 138


homens livres [...] o suprimento <strong>de</strong> escravos escasseava e o <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico e social do País, expresso na sua consciência jurídica, garantia queo imigrante seria inapelavelmente força <strong>de</strong> trabalho disponível. Força <strong>de</strong>trabalho que, a<strong>de</strong>mais, era tecnicamente superior à escrava e mais barata(CARDOSO, 1969, p. 190).O cafeicultor, mormente o do oeste paulista, consciente da novarealida<strong>de</strong> econômica e social, introduz um processo <strong>de</strong> racionalizaçãoeconômica, expressa na organização racional do trabalho e da produçãocapitalista. O imigrante que chegou imbuído do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> “Fazer a América”encontrou, aqui, uma estrutura social em processo <strong>de</strong> mudança. Ou seja, ocapitalismo necessita <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra livre e liberda<strong>de</strong> para o escravo era nãotrabalhar, já que livre era o seu senhor, que não trabalhava. No limite, aliberda<strong>de</strong> que o capitalismo prega é dupla: livre tem que ser o trabalhador para,juridicamente, estabelecer relações contratuais com o capitalista; livre,também, porque é <strong>de</strong>spossuído dos meios <strong>de</strong> produção. Coaduna-se, pois, o<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> trabalhar do imigrante com a nova sociabilida<strong>de</strong> capitalista quenecessitava <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> trabalhador.Se, sociologicamente, o país atravessava, na década <strong>de</strong> 1880,profundas transformações em sua economia e, consequentemente, naestrutura social, há, ainda, que se <strong>de</strong>bruçar na ação empreen<strong>de</strong>dora <strong>de</strong>Francisco Matarazzo. Na sua ação empreen<strong>de</strong>dora, é que se po<strong>de</strong>m visualizaras transformações macrossociais. Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sorocaba, Matarazzo ficadurante nove anos (1881 até 1890). Naquela região (Sorocaba, Itapetininga,Capão Bonito <strong>de</strong> Paranapanema e Apiaí), estabelece-se como comerciante,tropeiro, que viajava no lombo <strong>de</strong> mulas. Trabalha em <strong>de</strong>masia e integra-se nacultura local, já que tinha facilida<strong>de</strong>s para construir laços <strong>de</strong> simpatia eamiza<strong>de</strong>.Dessa fase da vida <strong>de</strong> Matarazzo, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>m-se, das entrevistasrealizadas por Couto (2004a, p. 13-7), inúmeros adjetivos e substantivos que<strong>de</strong>finiam sua personalida<strong>de</strong>: “coragem para arriscar”, “<strong>de</strong>terminação quaseobsessiva em enriquecer”, “não admitia ser empregado”, “inteligência”,“po<strong>de</strong>roso”, “visão incrível para os negócios”, “tinha o dom <strong>de</strong> acreditar”, “visãofuturista”, “era amado e também temido”, “admirado”, “um lí<strong>de</strong>r” e “suaascensão vertiginosa”. Com todos esses qualificativos, Matarazzo pôs-se anegociar, comprar e ven<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> tudo, mas, sempre, com enormes ganhos,quase nunca com prejuízos. Entretanto, o tropeirismo já mostravaesgotamento; e, ali, em Sorocaba, uma nova oportunida<strong>de</strong>: era local <strong>de</strong>passagem da ferrovia. Nas palavras <strong>de</strong> Couto:Ele [Matarazzo] escolheu bem. Sorocaba efervescia, repleta <strong>de</strong> novasiniciativas. Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> localização privilegiada, núcleo importante e dinâmico daprovíncia, ponto <strong>de</strong> passagem da Estrada <strong>de</strong> Ferro Sorocabana, pólo <strong>de</strong>atração <strong>de</strong> produtos e homens <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong> vasta faixa do territóriobrasileiro, como Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais(COUTOa, 2004, p. 140).Com posição geográfica privilegiada, Sorocaba era rota comercialimportante: por lá passavam os que se <strong>de</strong>slocavam para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, paraSão Paulo e para as regiões <strong>de</strong> mineração. Os alimentos – farinha, milho, feijãoe trigo – somados ao gado e mercadorias diversas fizeram da cida<strong>de</strong> local <strong>de</strong>florescimento do tropeirismo. A produção local também cresce na cida<strong>de</strong>, comMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 139


uma agricultura diferenciada (já que não acompanhou os ciclos da cana-<strong>de</strong>açucare café), baseada numa policultura e, por exemplo, na produção <strong>de</strong> milhoe, com isso, <strong>de</strong> suínos – que será importante, fundamental, para Matarazzo.Por sugestão <strong>de</strong> seu conterrâneo, Francisco Grandino, Matarazzopassou a comercializar banha <strong>de</strong> porco. Comprava as barrigadas <strong>de</strong> porco e,assim, tirava as tripas e fazia banha. Comprava a preços baixos a referidabarrigada, limpava, <strong>de</strong>rretia e vendia. Vislumbrou, logo, a enorme oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> ganho, <strong>de</strong> muito, muito dinheiro. Veio para o Brasil com um pouco <strong>de</strong>dinheiro, per<strong>de</strong>u sua carga <strong>de</strong> banha no naufrágio, não <strong>de</strong>sanimou e voltou àbanha, agora não só como comerciante, mas como produtor e ven<strong>de</strong>dor damercadoria. Havia capital para começar o negócio? Interessante, nessesentido, é a colocação <strong>de</strong> Couto:Seu capital principal era ele mesmo, A experiência, a cabeça privilegiadapara negócios, a simpatia e carisma, a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> ferro, a disposição para otrabalho. Algum conhecimento, talento para i<strong>de</strong>ntificar, criar, organizar,administrar e empreen<strong>de</strong>r. Fibra, inteligência e sorte. “Para ter êxito é precisodispensar atenção a cada <strong>de</strong>talhe”, dizia. A força e a coragem valem menossem a prudência (COUTOa, 2004, p.158).Como negociante, ven<strong>de</strong>dor, Matarazzo tinha a exata noção do valor daconfiança. Numa sociabilida<strong>de</strong> tipicamente rural, não há contrato. O que há é otrato pessoal, a palavra empenhada, a palavra <strong>de</strong> homem, o acordo no “fio dobigo<strong>de</strong>”. Como tinha talento para negociar, acabou por introduzir inovações emseu empreendimento: instituiu um sistema inovador <strong>de</strong> compra e venda aprazo, chegou, ainda, a introduzir ca<strong>de</strong>rnetas <strong>de</strong> compra a crédito. Por toda asua vida, consi<strong>de</strong>rou que o mais importante para o sucesso do negócio não eraa venda, mas sim uma boa compra. Comprar bem é, segundo sua opinião, osegredo para um bom negócio. O tropeiro viajava, montou seu armazém,<strong>de</strong>pois um açougue. Vendia secos e molhados, banha <strong>de</strong> porco norteamericana,azeite europeu, bebidas importadas.Em 1882, atento, como <strong>de</strong> costume, iniciará seu salto nos negócios: <strong>de</strong>comerciante mo<strong>de</strong>sto passará a pequeno industrial. Abriu uma pequena fábrica<strong>de</strong> banha <strong>de</strong> porco. Calcula tudo, não se esquece <strong>de</strong> nada. Coloca seu capitalconsciente do risco, mas sabia do enorme potencial <strong>de</strong> ganho. De formabastante simples começou com um tacho e uma prensa. Simples foi o começo,mas nada simples foi conseguir quem produzisse o tacho e mesmo a prensa <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira. Solução? Utilizou-se <strong>de</strong> seus conterrâneos que tinham domíniotécnico no trato com metais e ma<strong>de</strong>ira. Não nos esqueçamos <strong>de</strong> que o Brasilera, ainda, prepon<strong>de</strong>rantemente rural.A racionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Matarazzo, a lógica <strong>de</strong> sua conduta é, ainda hoje,impressionante. Seu espírito empreen<strong>de</strong>dor, sua enorme capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aliarconhecimentos com i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio o permitiuintroduzir constantes inovações. Há, sem dúvida, que se <strong>de</strong>stacar a inovaçãoque permitiu o salto <strong>de</strong> pequeno comerciante a gran<strong>de</strong> industrial: acomercialização da banha <strong>de</strong> porco em latas. Vejamos:[Matarazzo] Primeiro, “inventou” a fabriqueta <strong>de</strong> banha e seusequipamentos. Inclusive a feia, enorme, estranha e utilíssima prensa. Depoisteve um estalo “tecnológico” e comercial: vendê-la enlatada. Idéia simples eprática, que revolucionou a comercialização, o transporte, o armazenamento,todo o mercado. Barricas, a<strong>de</strong>us. Parece óbvio hoje, mas, na época, não era. EMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 140


é sobretudo isso que distingue o gran<strong>de</strong> empresário: a criativida<strong>de</strong>, a inovação,a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medir os riscos e avançar com firmeza. Enlatar a banha foi umtoque <strong>de</strong> mestre. É marco luminoso da trajetória empresarial <strong>de</strong> FrancescoMatarazzo e do grupo (COUTOa, 2004, p. 181).A barrica on<strong>de</strong> era transportada a banha era confeccionada com basenuma ma<strong>de</strong>ira que não se tinha no Brasil, além do mais, era pesada paracarregar e levava o comerciante a gastar muito dinheiro na sua aquisição eenorme risco <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o produto que ficava rançoso e impróprio para oconsumo. A inovação introduzida por Matarazzo será, em tudo, exitosa.Enlatando o produto garante-se a sua conservação e a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte,<strong>de</strong>ssa forma, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> importar para produzir e comercializar sua própriabanha <strong>de</strong> porco (recordando: a banha junto com a barrigada era <strong>de</strong>sprezada nomercado).Em 1888, Abolição dos Escravos; em 1889, Proclamação da República.Fatos históricos importantes e o Estado <strong>de</strong> São Paulo estava em sintonia comos novos tempos: “os paulistas entram muito fortes no regime fe<strong>de</strong>rativo, liberale oligárquico, que favoreceu sobretudo a burguesia do café” (COUTOa, 2004,p. 208-9). Em 1890, Sorocaba já parece pequena para a ambição <strong>de</strong>Matarazzo que, como <strong>de</strong> costume, faz boa leitura da situação econômica esocial, <strong>de</strong>cidindo mudar-se para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Ampliar e diversificaros seus negócios, apostar na dinâmica social da cida<strong>de</strong>, buscará amo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> capitalista, racionalida<strong>de</strong> empresarial e, por tudo isso, expandir oseu espírito empreen<strong>de</strong>dor 4 . Como sempre, Matarazzo era um:Observador, comerciante familiarizado com importações, vê que ocapitalismo em gestação está abrindo ótimas oportunida<strong>de</strong>s. Percebe que <strong>de</strong>vee po<strong>de</strong> entrar fundo em comércio exterior, ativida<strong>de</strong> que, bem estruturada egerenciada, é mina <strong>de</strong> dinheiro. A experiência sorocabana, apesar <strong>de</strong> limitada,abriria relacionamentos importantes e evi<strong>de</strong>nciará hipóteses interessantes <strong>de</strong>investimento (COUTOa, 2004, p.225).Na Itália, trabalhando com o pai, adquire conhecimentos; em Sorocaba,colocá-os em prática, obtém sucesso. Arguto observador, inovador nosnegócios, vislumbrou a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ganho nocomércio exterior, na importação e venda <strong>de</strong> mercadorias. Há, no entanto,inteligência acima da média: usa a experiência sorocabana para fazer maisdinheiro, muito mais dinheiro em São Paulo. Continua com sua premissa: oimportante é comprar bem.Em sua primeira década (1890) na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, é guindado àcondição <strong>de</strong> comerciante <strong>de</strong> peso e pioneiro da indústria. É, por excelência, oimigrante <strong>de</strong> sucesso. Sua trajetória, aqui, ultrapassará a realida<strong>de</strong>, serámitificada por seus contemporâneos. Ninguém realizou mais que ele o sentido<strong>de</strong> “fazer a América”. Na América, no Brasil, em Sorocaba, em São Paulo, nãosó fez como se fez. A F. Matarazzo & Cia. Ltda. tem enorme sucesso nocomércio da cida<strong>de</strong>, importando trigo e algodão dos EUA. Atua, ainda, nomercado <strong>de</strong> arroz, massas, banha, óleos, bacalhau e outros gêneros. Assim,oito anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua primeira fábrica – em Sorocaba –, Matarazzo reúne as4 Espírito empreen<strong>de</strong>dor, aqui, não é por acaso. Vale relembrar das teses weberianas daa<strong>de</strong>quação do espírito do capitalismo em relação aos valores do protestantismo. Sabidamente, Matarazzoera católico em sua religião, mas sua conduta racional, suas ações, são, na maior parte, muito próximasdaquelas preconizadas por Weber em seu clássico A ética protestante e o espírito do capitalismo.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 141


condições para dar um novo passo em sua vida, a constituição da socieda<strong>de</strong>com seus irmãos (Giuseppe e Luigi) do Moinho, da fabricação <strong>de</strong> farinha.A intuição <strong>de</strong> Matarazzo era, sempre, aliada à sua curiosida<strong>de</strong> econstante busca <strong>de</strong> informações, o que po<strong>de</strong> ser apreendido num episódiodatado <strong>de</strong> 1898. O couraçado norte-americano Maine foi explodido, emHavana, levando os EUA a entrarem em guerra contra a Coroa espanhola. Aotomar conhecimento da notícia, Matarazzo intuiu o aumento do preço dafarinha norte-americana, já que, no Brasil, a colônia italiana tinha, em sua dieta,a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pães e massas. Rapidamente, fretou um navio na Argentinae encheu os seus <strong>de</strong>pósitos com farinha, tornando-se, por conseguinte, o únicoimportador com farinha em estoque no país. O castellabatense parece, no maisdas vezes, o homem certo no lugar certo. A sorte po<strong>de</strong> lhe sorrir; mas, semcompetência, não haveria êxito econômico.Da ação <strong>de</strong> comerciante po<strong>de</strong>roso passará à <strong>de</strong> industrial. Nas palavras<strong>de</strong> Marcovitch:Além <strong>de</strong> sua relevância como negócio em si, multiplicando o capitalinvestido, o moinho teve uma importância capital no <strong>de</strong>senvolvimento dasindústrias Franscisco Matarazzo. As empresas seguintes foram nascendo parasuprir as necessida<strong>de</strong>s em matérias-primas das já existentes ou paraaproveitar melhor seus produtos secundários, numa integração vertical quehoje seria provavelmente <strong>de</strong>saconselhada pelos manuais <strong>de</strong> administração.Dadas as condições da época, no entanto, muitos consi<strong>de</strong>ram que esse foi umdos segredos do seu êxito espantoso (MARCOVITCH, 2006, p. 98 – <strong>de</strong>staquesnossos).Numa precária síntese <strong>de</strong> sua expansão econômica, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar:1) tropeiro em Sorocaba; 2) comerciante <strong>de</strong> banha em Sorocaba; 3) produzirá abanha; 4) comércio <strong>de</strong> secos e molhados; 5) inovação: acondiciona a banhaem latas; 6) em São Paulo: comércio exterior, importação – principalmente <strong>de</strong>farinha; 7) episódio do navio Maine: único com estoque <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> trigo nopaís; 8) inaugura o moinho – torna-se, portanto, industrial; 9) fábrica tecidos – aprincípio para suprir a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sacaria da farinha <strong>de</strong> trigo; 10) refina oóleo <strong>de</strong> algodão; 11) inaugura sua fábrica <strong>de</strong> sabão; 12) produz sabonetesfinos e perfumaria; 13) serrarias e fábricas <strong>de</strong> latas – início da metalurgia; 14)fábrica <strong>de</strong> móveis e utensílios <strong>de</strong> alumínio; 15) frigorífico – que tinha suahidrelétrica particular; 16) indústria química – fábrica <strong>de</strong> rayon; 17) fábrica <strong>de</strong>sulfuro <strong>de</strong> carbono; 18) fábrica <strong>de</strong> formicidas.Os quadros seguintes permitem visualizar melhor o “império” econômico<strong>de</strong> Matarazzo:Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 142


QUADRO 1 - Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo em 1937Estabelecimentos Localida<strong>de</strong>s Produção AnualMoinhos São Paulo, Antonina 3 600 000 sacas farinha“Mariangela” (fiação, tecelagem,alvejamento, tinturaria)São Paulo50 000 000 mBelenzinho (mercerização,estamparia, acabamento,São Paulo -100.000 fusos, 4.000 teares)Seda Artificial “Visco-seda” São Caetano do Sul 400 t <strong>de</strong> fiosCurtume (sola, peles, correias) São Caetano do Sul 400 t <strong>de</strong> solaSulfureto <strong>de</strong> Carbono, Formicida São Caetano do Sul 400 tDestilação do Alcatrão(naftalina, lisofenol, asfalto)São Caetano do Sul2 000 tAmido (cerealina, glucose,<strong>de</strong>xtrina)São Paulo -Feculas <strong>de</strong> Mandioca Caçapava 2 000 tLicores São Paulo 160 000 caixasFrigoríficos (carnes suínas) Jaguariúna 5 000 tSoda Caústica Granulada São Paulo 50 000 caixasEngenho <strong>de</strong> Arroz São Paulo, Iguape 450 000 sacosMoagem <strong>de</strong> Sal São Paulo, Mauá, Antonina 12 000 tRefinação <strong>de</strong> Sal Água Branca 12 000 tRefinação <strong>de</strong> Açucar Água Branca 375 000 sacosRefinação <strong>de</strong> Banha Água Branca 4 800 sacosFonte: Adaptado <strong>de</strong> Marcovitch (2006a, p. 104)QUADRO 1 - Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo em 1937 (Cont.)Estabelecimentos Localida<strong>de</strong>s Produção AnualDestilaria <strong>de</strong> Álcool e Aguar<strong>de</strong>nte Água Branca 8 200 000 lVelas Água Branca 300 000 caixasGlicerina Água Branca 500 tOleína Água Branca 2 000 tÓleo <strong>de</strong> Caroço <strong>de</strong> Algodão“Sol Levante”- -Óleo <strong>de</strong> Linhaça (cru e cozido) Água Branca 16 000 tÓleo <strong>de</strong> Rícino (medicinal eindustrial)- -Óleo <strong>de</strong> Coco (comestível e- -industrial)Tortas <strong>de</strong> Sementes Água Branca 42 000 tSabões Água Branca 20 000 tSabonetes Água Branca 500 000 dúziasPerfumaria Água Branca -K.I.D.(inseticida) Água Branca 750 000 caixasSerraria Água Branca 1 200 tPregos Água Branca 500 tFundição Água Branca -Serralheria Artística, OficinasMecânicas, Laboratório Químico,Almoxarifado GeralFonte: Adaptado <strong>de</strong> Marcovitch (2006a, p. 104)Água Branca -Para além <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> econômica, havia, em Matarazzo, umadimensão política, interna e externa. No campo da política externa, Matarazzoausentou-se do Brasil no período <strong>de</strong> vigência da Primeira Guerra Mundial,morando em Resina, próximo <strong>de</strong> Nápoles, na Itália. Ali, coor<strong>de</strong>nou,Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 143


voluntariamente, o abastecimento <strong>de</strong> alimentação para civis e para as tropasitalianas. Essa atitu<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>rada, segundo Couto (2004a), o principalmotivo para a concessão do título <strong>de</strong> Con<strong>de</strong> a Francisco Matarazzo, por parte<strong>de</strong> Vittorio Emanuele III, rei da Itália. Internamente, Matarazzo fundou epresidiu o CIESP – Centro das Indústrias do Estado <strong>de</strong> São Paulo – em 1928 eque, em 1931, se tornará FIESP – Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do Estado <strong>de</strong> SãoPaulo.Na condução <strong>de</strong> suas indústrias, Matarazzo passou, sem maioresproblemas, pela Crise <strong>de</strong> 1929, bem como pela Segunda Guerra Mundial. Tãobem que chegou, elegantemente, a recusar empréstimos oferecidos porbanqueiros ingleses. Afirma Couto (2004a, p. 248): “é quase unânime nahistoriografia e nos testemunhos: Francesco Matarazzo tinha mesmo umavisão empresarial privilegiada, forte capacida<strong>de</strong> gerencial e <strong>de</strong> organização,extrema <strong>de</strong>dicação ao trabalho”. Em relação ao período histórico, aduz que:Assim, não havia concorrência significativa e o país era um terrenoaberto e fértil para o crescimento. Era mesmo vez e hora dos gran<strong>de</strong>sempreen<strong>de</strong>dores, dos construtores <strong>de</strong> impérios. A ambiência favorecia amultiplicação <strong>de</strong> investimentos, a expansão multinegocial sem preocupaçãocom a concentração ou especialização. Diversida<strong>de</strong>, em vez <strong>de</strong> especialização.Multiplicida<strong>de</strong>, em vez <strong>de</strong> foco (COUTOa, 2004a, p. 248).Empreen<strong>de</strong>dor e empreen<strong>de</strong>dorismo, título <strong>de</strong> uma seção <strong>de</strong>sse escritoque antece<strong>de</strong> essa reconstrução – ainda que panorâmica – da trajetória <strong>de</strong>Francisco Matarazzo. Empreen<strong>de</strong>dor é, certamente, qualificativo correto para<strong>de</strong>finir Matarazzo. Em todas as referências acerca das características doempreen<strong>de</strong>dor e do processo <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo, veremos, no italiano,quase que um “tipo i<strong>de</strong>al” 5 , com conduta racional, planejador, arguto nosnegócios e nas relações interpessoais.4. BIOGRAFIA E SOCIEDADEEmbora este escrito não se <strong>de</strong>stine, exclusivamente, a um públicoacadêmico, torna-se difícil não usar do jargão e das regras <strong>de</strong> um textocientífico. Por isso, peço <strong>de</strong>sculpas ao leitor que, até aqui, avançou na leitura<strong>de</strong>stas consi<strong>de</strong>rações acerca da trajetória <strong>de</strong> Francisco Matarazzo.A intenção foi, aqui, <strong>de</strong> apresentar um rápido contexto da socieda<strong>de</strong>brasileira, mormente, nos autores da Geração <strong>de</strong> 1930. Autores que, cada uma seu modo, refletiram – em suas obras – as mudanças que se processam nasocieda<strong>de</strong> brasileira, na década <strong>de</strong> 1930. No limite, a década <strong>de</strong> 1930 po<strong>de</strong> serconsi<strong>de</strong>rada o momento <strong>de</strong> transição, da construção do Brasil Mo<strong>de</strong>rno,capitalista, <strong>de</strong> classes sociais, urbano e industrial.Francisco Matarazzo, ao <strong>de</strong>sembarcar neste país, encontrou-o nosúltimos respiros <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> escravocrata. A estrutura social – nunca é<strong>de</strong>mais relembrar – assentava-se na gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras com umamonocultura voltada para a exportação e com o trabalho escravo. Trabalhar, noBrasil, era condição daqueles consi<strong>de</strong>rados inferiores: os escravos. Corposfortes, torneados, bronzeados, eram sinais <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar,portanto, <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> e não <strong>de</strong> nobreza. O belo era, à época, uma pelealva, bochechas rosadas e corpo rotundo. Uma socieda<strong>de</strong> patriarcal –5 Tipo i<strong>de</strong>al, aqui, pensado no sentido weberiano. Cf. em: Weber, M. Ensaios <strong>de</strong> Sociologia. SãoPaulo: LTC, 2002.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 144


patrimonialista e gerontocrática – po<strong>de</strong>r quase ilimitado ao senhor, aofazen<strong>de</strong>iro, aos homens <strong>de</strong> escol. Aos negros, escravos ou libertos, e aoshomens pobres e livres: as margens da socieda<strong>de</strong>.Na mudança social oriunda da abolição e do emprego do trabalho livre eassalariado, as formas <strong>de</strong> sentir, pensar e agir começam a mudar. Quando abase econômica <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> sofre radical transformação, suasformações sociais, sua arte, sua cultura, suas i<strong>de</strong>ias, enfim, mudam também.São Paulo – o Estado e a cida<strong>de</strong> – congregam os elementos essenciaispara a constituição das forças produtivas capitalistas: mão <strong>de</strong> obra livre,tecnologia, capital, racionalida<strong>de</strong> econômica. Mudança profunda na estruturada socieda<strong>de</strong>. Entram em cena novos atores: fazen<strong>de</strong>iros do café e suaracionalida<strong>de</strong>, burgueses – comerciantes, industriais, financistas -, proletários eimigrantes, milhares <strong>de</strong> imigrantes. Esses vêm para “Fazer a América”, saem<strong>de</strong> uma Europa <strong>de</strong>nsamente populosa, fogem das crises, das guerras, dasdoenças. Encontram, contudo, um país que, ainda, não havia se libertado <strong>de</strong>sua face mais autoritária e cruel: a escravidão. Muitos imigrantes,especialmente italianos, serão tratados como “escravos brancos” pelosfazen<strong>de</strong>iros. A gran<strong>de</strong> parte não logrou o êxito que esperavam. Trabalharam aterra, mas não a compraram. Alguns constituíram pequenas proprieda<strong>de</strong>s.Outros proletarizaram-se e outros, a<strong>de</strong>mais, tornaram-se pequenoscomerciantes.Parcela ínfima, pequena mesmo, é que conseguiu fazer a América ou,mais especialmente, fazer o Brasil. Nessa categoria <strong>de</strong> vencedores, está oitaliano, castellabatense, Francisco Matarazzo. Saiu da Itália <strong>de</strong>ixando mãeviúva com numerosa prole. Cerca <strong>de</strong> 70 dias <strong>de</strong> travessia do Oceano Atlântico.Escolheu o Brasil por sugestão <strong>de</strong> um conterrâneo seu. Chegará com umpouco <strong>de</strong> dinheiro e com uma carga <strong>de</strong> banha <strong>de</strong> porco, que per<strong>de</strong>rá numnaufrágio na costa brasileira.Vai para Sorocaba, sem a banha, mas com <strong>de</strong>terminação. Trabalhoucomo tropeiro, comprava e vendia <strong>de</strong> tudo, hábil negociador, sabia cativar suaclientela com seu carisma e valor da palavra empenhada. Soube, comopoucos, compreen<strong>de</strong>r as relações pessoais entre os brasileiros. Seusconhecimentos trazidos <strong>de</strong> sua pátria serviram-lhe em seus negócios;negócios, nunca ócio. Trabalhou, trabalhou e trabalhou. Diferença dos outros?Sim, não só trabalhou como muitos fizeram, mas trabalhou na perspectiva <strong>de</strong>enriquecer e <strong>de</strong> nunca ter um patrão.Difícil eleger uma <strong>de</strong>ntre suas várias qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dor. Se,talvez, pudéssemos arriscar, escolheríamos três: inovador, planejador e senso<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>. Essas três características estão conjugadas em quase todasas duas ações: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a banha em lata até a construção <strong>de</strong> seu moinho nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, nessa linha, foi, para ele, a terra<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iras oportunida<strong>de</strong>s. Sorocaba foi, nesse sentido, um preâmbulo, umrascunho. Foi em São Paulo que se consagrou. Que virou mito. Aqui, conjugoua condição <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>, <strong>de</strong> empresário e <strong>de</strong> proletário número 1 <strong>de</strong> suasindústrias. Gostava <strong>de</strong> chegar ao escritório <strong>de</strong> suas empresas antes dosproletários, para que esses o vissem já trabalhando e, igualmente, ficava<strong>de</strong>pois que todos já haviam ido embora.A socieda<strong>de</strong> brasileira foi quem permitiu a Matarazzo chegar aon<strong>de</strong>chegou ou foi Matarazzo com sua inteligência empreen<strong>de</strong>dora que mudou aMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 145


socieda<strong>de</strong> brasileira? Ambos. O país sai <strong>de</strong> uma configuração socialconstrangedora ao empreen<strong>de</strong>dorismo (a escravidão); e havia, por isso, umaampla gama <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s para aqueles que quisessem realizar os seusnegócios. No entanto, muitos quiserem e poucos lograram tamanho sucessocomo Matarazzo. Seu gênio inventivo, inquieto, certamente foi o diferencialpara a construção do gran<strong>de</strong> império econômico que começou em Sorocaba,no lombo <strong>de</strong> mulas.Houve, sem dúvida, o encontro da biografia – da personalida<strong>de</strong>empreen<strong>de</strong>dora do indivíduo – com a socieda<strong>de</strong>, que, naquele contexto social,valorizou o êxito obtido pelo trabalho, mas que, outrossim, mitificou e envolveu<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia o ator social. Matarazzo, como sinalizou Martins (1973), transitoumuito bem entre os tempos históricos e suas personificaçõescon<strong>de</strong>, quandonecessário para se diferenciar <strong>de</strong> outros industriais italianos; empresário, aoapresentar o seu sucesso econômico e proletário, ao se colocar na condição <strong>de</strong>um trabalhador infatigável e objetivando obnubilar sua condição <strong>de</strong> burguês.Enfim, conhecer a trajetória <strong>de</strong>sse personagem é <strong>de</strong>veras importante,seja ao pesquisador da temática empreen<strong>de</strong>dorismo, seja aos que se <strong>de</strong>dicama estudar e conhecer a influência da cultura italiana no Brasil. A biografia <strong>de</strong>Francisco Matarazzo sempre será uma das pontes que ligará o Brasil à Itália.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 146


CAPÍTULO 7EMPREENDEDORISMO E O SISTEMA DEINCUBAÇÃO NO BRASIL E NA ITÁLIAIntroduçãoAlexandre Nabil GhobrilNelson Destro FragosoA Itália é um dos países mais importantes da Historia do Brasil.Pacievitch (2011) diz que os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasilem 1870, estimulados pelo governo brasileiro que precisava <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obrapara substituir os escravos. Os italianos chegaram primeiramente na região suldo Brasil e tinham como origem principalmente a região do Veneto. Muitos<strong>de</strong>sses imigrantes iniciais <strong>de</strong>dicaram-se à produção <strong>de</strong> vinhos.Em virtu<strong>de</strong> da expansão das fazendas <strong>de</strong> café em São Paulo, ositalianos passaram a migrar para essa região do país, on<strong>de</strong> hoje se encontra amaior colônia italiana do Brasil. A imigração prosseguiu até a década <strong>de</strong> 20,quando o controle <strong>de</strong> imigração passou a ser mais intenso.São muitas as fontes <strong>de</strong> influências <strong>de</strong>ste país na cultura brasileira. Nagastronomia po<strong>de</strong>-se citar a pizza, o macarrão e o panetone. No vocabulárionacional, diversas palavras italianas foram incorporadas como “tchau” e“polenta”. A forte presença do catolicismo também po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>stacada.No Brasil vivem hoje cerca <strong>de</strong> 25 milhões <strong>de</strong> italianos e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes,dos quais, 15 milhões no Estado <strong>de</strong> São Paulo. A Itália está em sexto lugarentre os parceiros comerciais do Brasil e está em décimo lugar entre os paísesque mais investem no Brasil.Os negócios entre os dois países continuam se multiplicando, atingindo5 bilhões <strong>de</strong> dólares no último ano. Destaque-se a crescente participação <strong>de</strong>negócios entre empresas <strong>de</strong> pequeno e médio porte, com crescimento <strong>de</strong> 20%neste mesmo período. Há gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos negociados entre ospaíses, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> produtos alimentícios até bens com maior grau <strong>de</strong> inovação etecnologia como equipamentos e remédios.1. O Empreen<strong>de</strong>dorismo na Itália e no BrasilSegundo Hisrich e Peters (2004), o tema empreen<strong>de</strong>dorismo tem<strong>de</strong>spertado cada vez mais interesse na comunida<strong>de</strong> acadêmica. Apesar disso,ainda não existe uma <strong>de</strong>finição concisa e aceita internacionalmente.Segundo Hashimoto (2006), o primeiro uso do termo empreen<strong>de</strong>dorismofoi apresentado por Richard Cantillon, em 1755, para i<strong>de</strong>ntificar o ato <strong>de</strong>comprar algo por um <strong>de</strong>terminado preço e vendê-lo em um regime <strong>de</strong>incerteza.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 147


Hisrich e Peters (2004) <strong>de</strong>finem empreen<strong>de</strong>dorismo como um processo<strong>de</strong> criar algo inovador com valor, <strong>de</strong>dicando o tempo e os esforços necessários,assumindo todos os tipos <strong>de</strong> riscos (financeiro, psíquico e social), recebendocomo recompensa a satisfação e in<strong>de</strong>pendência econômica e pessoal. De umaforma geral, está vinculado à compra e/ou <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projeto,repassando o mesmo e recebendo uma recompensa pela venda.1.1 Empreen<strong>de</strong>dorismo na ItáliaA Itália tinha sua base econômica no campo, na agricultura. Hoje setornou um país industrial, sendo classificada por entida<strong>de</strong>s internacionalmenterespeitadas como a sexta economia mundial. A força econômica <strong>de</strong>ste paíshoje está no processamento e na fabricação <strong>de</strong> bens e baseada principalmenteem pequenas e medias empresasOutra característica importante <strong>de</strong>sta economia é a informalida<strong>de</strong>,estimada em 27% do PIB, ocasionando uma perda expressiva para o Governoem termos <strong>de</strong> recolhimento <strong>de</strong> impostos.O Empreen<strong>de</strong>dorismo na Itália é caracterizado pelo intenso<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> distritos industriais. A especialização <strong>de</strong>stas empresas éconcentrada em indústrias <strong>de</strong> baixa e media tecnologia.Todavia, o investimento indireto na Itália ainda é baixo. Em 2005, o paístinha o menor percentual <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> investimentos estrangeiros <strong>de</strong>ntreos países <strong>de</strong>senvolvidos, fato motivado, <strong>de</strong>ntre outros aspectos, pelaburocracia excessiva. Em 2011, os fundos europeus <strong>de</strong> Private Equity eVenture Capital registraram apenas € 30 milhões em investimentos emempresas sementes na Itália. Em termos comparativos, a Espanha obteveinvestimentos <strong>de</strong> €183 milhões, a Alemanha € 500 milhões e França €1 bilhãoaproximadamente.Ciente da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incentivar o empreen<strong>de</strong>dorismo e reduzir osentraves para os empreen<strong>de</strong>dores, o governo italiano instituiu em 2006 o<strong>de</strong>creto-lei 223, <strong>de</strong> modo a aumentar a competitivida<strong>de</strong> das empresas nocampo <strong>de</strong> serviços. A lei aboliu taxas mínimas e fixas <strong>de</strong> serviços profissionaise criou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fazer publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes serviços.Outro dado relevante diz respeito à baixa escolarida<strong>de</strong> média dosempreen<strong>de</strong>dores italianos, que representam um terço dos trabalhadoresautônomos do país.Outra característica do empreen<strong>de</strong>dor italiano é que apenas 4,6% daspessoas entre 18 e 64 anos se <strong>de</strong>dicam a começar um novo empreendimentofocado nessa i<strong>de</strong>ia. Quanto ao gênero, os homens são muito mais ativos,constituindo a gran<strong>de</strong> maioria dos empreen<strong>de</strong>dores. Declaram estarprincipalmente preocupados com alcance <strong>de</strong> satisfação pessoal, <strong>de</strong>sta formaexplicasse a concentração <strong>de</strong> empresas start up no segmento <strong>de</strong> altatecnologia, pois o risco é menor e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ganhos mais seguros.Uma outra característica <strong>de</strong> âmbito social é o fato da população italianaestar em <strong>de</strong>clínio. Com a diminuição do número <strong>de</strong> jovens, a tendência é <strong>de</strong>redução também do volume <strong>de</strong> novos empreen<strong>de</strong>dores no país.1.2 Empreen<strong>de</strong>dorismo no BrasilMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 148


O Global Entrepreneurship Monitor é o maior estudo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte sobrea ativida<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora no mundo. Em 2008, o Brasil ocupou a décimaterceira colocação <strong>de</strong>ntre os países com maior TEA (Taxa <strong>de</strong>empreen<strong>de</strong>dorismo inicial), a proporção <strong>de</strong> pessoas na faixa etária entre 18 e 64 anosenvolvidas em ativida<strong>de</strong>s empreen<strong>de</strong>doras na condição <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> negóciosnascentes ou empreen<strong>de</strong>dores à frente <strong>de</strong> negócios com menos <strong>de</strong> 42 meses <strong>de</strong> existência.Na pesquisa <strong>de</strong> 2010, o Brasil ocupa o primeiro lugar em termos <strong>de</strong> TEAquando comparado com os 17 países membros do G20 que participaram dapesquisa. Nos países membros do BRIC o Brasil tem a população maisempreen<strong>de</strong>dora.. Isto indica uma característica e uma vocação inataempreen<strong>de</strong>dora do brasileiro.Um dos aspectos que fazem do Brasil um país empreen<strong>de</strong>dor é a fatiasignificativa <strong>de</strong> imigrantes e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes na sua população. Diversaspesquisas apontam que imigrantes ten<strong>de</strong>m a empreen<strong>de</strong>r em taxas maioresque indivíduos locais e que a cultura e o ambiente familiar favoráveisaumentam a propensão à empreen<strong>de</strong>r.O Brasil tem ainda uma característica marcante que é a <strong>de</strong> formarempreen<strong>de</strong>dores por oportunida<strong>de</strong> em número mais expressivo do queempreen<strong>de</strong>dores por necessida<strong>de</strong>. Isso ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003, tendo sidoacentuado nos últimos anos, crescendo <strong>de</strong> 1,4 por 1 em 2007 (1,4empreen<strong>de</strong>dores por oportunida<strong>de</strong> para cada empreen<strong>de</strong>dor por necessida<strong>de</strong>),para 2 por 1 em 2010. A pesquisa aponta que a estabilida<strong>de</strong> econômica dopaís tem contribuído para esse quadro. Quanto mais estável a economia, comgeração <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalhos, menos empreen<strong>de</strong>dores por necessida<strong>de</strong>surgem. Todavia, sob o aspecto da inovação, seja <strong>de</strong> produto ou <strong>de</strong> processo,o Brasil ainda <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar. A margem <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> lançamentos <strong>de</strong>novos produtos é uma das mais baixas <strong>de</strong>ntre os países pesquisados.No tocante à faixa etária dos empreen<strong>de</strong>dores, a pesquisa mostra umacrescente participação <strong>de</strong> jovens. Enquanto o porcentual <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>doresadultos tem diminuído ao longo do tempo, a participação <strong>de</strong> jovens entre 18 a25 anos tem aumentado. O Brasil, quando comparado a outros 42 paísespesquisados pelo GEM, é o terceiro com mais jovens envolvidos noempreen<strong>de</strong>dorismo.A pesquisa da GEM mostra também que a taxa <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>doresnascentes no Brasil gira em torno <strong>de</strong> 6%, a taxa <strong>de</strong> novos empreen<strong>de</strong>doresestá em torno <strong>de</strong> 10% e a taxa <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores em estágio inicial é <strong>de</strong> 15%aproximadamente.Quanto às características <strong>de</strong>stes empreen<strong>de</strong>dores, surpreen<strong>de</strong> o fato daforte presença feminina. As mulheres já representam 50% dos novosempreen<strong>de</strong>dores no Brasil, o que difere significativamente do mercado italiano,on<strong>de</strong> há predominância <strong>de</strong> homens no comando dos negócios.Outra diferença está relacionada principalmente às condições atuais daeconomia dos dois países. Na conjuntura atual, nota-se uma ampliação doempreen<strong>de</strong>dorismo por oportunida<strong>de</strong> no Brasil, enquanto na Itália isso tem sereduzido, em função da crise econômica que atinge toda a Europa e da falta <strong>de</strong>opções no mercado <strong>de</strong> trabalho formal daí <strong>de</strong>corrente.A comparação mostra também algumas características semelhantesentre empreen<strong>de</strong>dores dos dois países como, por exemplo, negócios comMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 149


aixa ênfase em tecnologia <strong>de</strong> ponta e atuando em mercados comconcorrência elevada.2. O Sistema <strong>de</strong> incubação na Itália e no BrasilDe acordo com Guimarães (2007), as incubadoras <strong>de</strong> empresasnasceram no mercado americano, oriundas da expansão <strong>de</strong> três diferentesmovimentos, o <strong>de</strong> condomínios <strong>de</strong> empresas, os programas <strong>de</strong>empreen<strong>de</strong>dorismo e o <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> novas empresas <strong>de</strong> basetecnológica.No final da década <strong>de</strong> 60 apareceu a primeira iniciativa nesse segmento.Uma família americana utilizou o espaço <strong>de</strong> uma indústria que falira anosanteriores e resolveu alugar para várias pequenas empresas que, numa forma<strong>de</strong> condomínio, pu<strong>de</strong>sse bancar as <strong>de</strong>spesas do espaço num mecanismocompartilhado. De acordo com Aranha et al (2002), este nome foi escolhidopois uma das primeiras empresas a participar <strong>de</strong>sta iniciativa foi um aviário.Guimarães (2007) comenta que, no início da década <strong>de</strong> 70, as maioresuniversida<strong>de</strong>s americanas iniciaram programas <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo e <strong>de</strong>geração <strong>de</strong> inovação. Com estes dois braços formados, alguns investidoresperceberam que estas iniciativas diminuiriam o risco <strong>de</strong> investimentos nestesnegócios, pois eram programas em <strong>de</strong>senvolvimento com acompanhamento epesquisa. A autora comenta ainda que as incubadoras foram usadas no mundotodo como estratégia <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional. A partir <strong>de</strong>uma iniciativa pioneira e inovadora que foi apoiada pela universida<strong>de</strong> e poragentes financiadores, logo passou a ter o apoio <strong>de</strong> governos pelos resultadossociais que proporcionavam.2.1 Incubação na ItáliaNa Itália, conforme Guimarães (2007), as incubadoras são percebidascomo instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para criação <strong>de</strong> novos negócios.Também é um agente promotor do empreen<strong>de</strong>dorismo que encoraja oindividuo a inovar e como conseqüência incrementa o surgimento <strong>de</strong> novospostos <strong>de</strong> trabalho. As incubadoras <strong>de</strong> negócios estão principalmenteconcentradas em áreas si<strong>de</strong>rúrgicas e em regiões mais necessitadas no sul doPaís.A política governamental tem sido <strong>de</strong> apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento eevolução do empreen<strong>de</strong>dorismo. A Agência Nacional Italiana para o<strong>de</strong>senvolvimento da economia e promoção do empreen<strong>de</strong>dorismo SviluppoItalia é responsável pela supervisão da maioria das quarenta e cincoincubadoras existentes. Estas estão também em sua maioria localizadas noscentros <strong>de</strong> inovação e negócios, que por sua vez estão vinculados a re<strong>de</strong>européia para promoção <strong>de</strong> incubação.Na Itália havia 45 incubadoras <strong>de</strong> empresas em 2001, conformeGuimarães (2007), sendo o quinto pais da União Européia, per<strong>de</strong>ndo paraAlemanha, França, Reino Unido e Áustria.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 150


2.2 Incubação no BrasilNo final da década <strong>de</strong> 80 no Brasil existiam apenas duas incubadoras,sendo a primeira inaugurada em 1987, conforme Imasato (2006). No ano <strong>de</strong>2000, a ANPROTEC (Associação Nacional <strong>de</strong> Entida<strong>de</strong>s Promotoras <strong>de</strong>Empreendimentos Inovadores), registrou a existência <strong>de</strong> 135 incubadoras emoperação, em diversas regiões do Brasil. Em 2004 este número chegava perto<strong>de</strong> 300 incubadoras.O fomento ao surgimento <strong>de</strong> novas empresas <strong>de</strong>ve-se principalmentepelo fato <strong>de</strong> que as pequenas empresas são responsáveis pela geração <strong>de</strong>45% dos empregos no país e por 20% do Produto Interno Bruto. Asincubadoras então se justificam pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas empresas seremacompanhadas na sua constituição e assim diminuindo o número <strong>de</strong> mortes,que chegam a próximos 55% <strong>de</strong> empresas novas nos primeiros três anos <strong>de</strong>vida, segundo SEBRAE (2004).Uma característica marcante e que permanece até hoje, é a vinculação<strong>de</strong> incubadoras com universida<strong>de</strong>s. Do total registrado em 2000, 60% tinhamligação com instituição universitária. Em 2007 estes números cresceramsubstancialmente, sendo registrada a existência <strong>de</strong> 340 incubadoras, em suamaioria <strong>de</strong> base tecnológica, ligada as áreas <strong>de</strong> TI, telecomunicação eeletroeletrônicos.O Ministério da Ciência e Tecnologia criou uma serie <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong>apoio no intuito <strong>de</strong> incentivar o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico <strong>de</strong> empresascomo suporte para a inovação e a competitivida<strong>de</strong>.No Brasil as incubadoras são divididas em três categorias principais:tradicional, <strong>de</strong> tecnologia e mistas. Porém outros tipos existem nacategorização <strong>de</strong> incubadoras possíveis <strong>de</strong> serem mantidas: Incubadoraagroindustrial, incubadora cultural, incubadora <strong>de</strong> artes, incubadora <strong>de</strong>cooperativa, incubadora setorial, incubadora social e incubadora virtual. Estaultima gera algumas controvérsias, pois não é caracterizada pelo tipo <strong>de</strong>negócio e sim pelo vínculo com a incubadora. Neste caso a empresa não temum espaço físico na incubadora se<strong>de</strong> e sim um vinculo virtual. Desta forma estaincubadora teria que ter uma <strong>de</strong>nominação mais precisa, exemplo: incubadoravirtual <strong>de</strong> base tecnológica ou incubadora virtual <strong>de</strong> serviços. Depen<strong>de</strong>ndo otipo <strong>de</strong> empresa que abriga e que fornece suporte. Cada categoria <strong>de</strong>ssas temsuas características e promovem inovação <strong>de</strong> maneiras distintas.Outro ponto a ser consi<strong>de</strong>rado neste campo é a distribuição <strong>de</strong>incubadoras no País: as regiões com maior número <strong>de</strong> incubadoras são Sul eSu<strong>de</strong>ste, muito a frente da terceira região atendida com essa iniciativa que é aregião nor<strong>de</strong>ste.Numa comparação da participação das incubadoras no <strong>de</strong>senvolvimentodo empreen<strong>de</strong>dorismo nos dois países, algumas situações ficam muito claras,como exemplo principal é a observação <strong>de</strong> uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio aomicro e pequeno empresário. A economia dos dois países se apoiam <strong>de</strong>maneira intensa na geração <strong>de</strong> impostos e postos <strong>de</strong> trabalhos gerados porestes segmentos. Desta forma fica evi<strong>de</strong>nte a necessida<strong>de</strong> dos órgãosgovernamentais olhar com muito carinho para esse universo.Outras comparações são possíveis, observando diferenças significativasnos dois países. Enquanto no Brasil 75% das incubadoras estão concentradasMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 151


nas regiões sul e su<strong>de</strong>ste, as mais ricas do país, na Itália as incubadoras ficamsituadas principalmente no sul, consi<strong>de</strong>rada região mais carente. Tambémpo<strong>de</strong>mos notar uma presença pouco significativa <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> inovação <strong>de</strong>ponta, as empresas <strong>de</strong>senvolvem pesquisa mais focadas em mercadotradicionais.O número <strong>de</strong> incubadoras existentes é pouco representativo nos doispaíses. Apesar das incubadoras italianas terem iniciado sua atuação há maistempo, nota-se um crescimento mais substancial <strong>de</strong>sta prática <strong>de</strong> apoio aempresas start-up no Brasil.Não foram encontrados registros <strong>de</strong> parcerias nesta área entre os doispaíses. Talvez alguma ação esporádica exista, mas que po<strong>de</strong>ria tornar-se algoa ser analisado e aperfeiçoado para aten<strong>de</strong>r a um número maior <strong>de</strong>empresários. Também, esse tipo <strong>de</strong> ação, po<strong>de</strong> vir a ser um campointeressante <strong>de</strong> parcerias entre empresas e seus centros <strong>de</strong> pesquisas comuniversida<strong>de</strong>s que tenham foco em inovação e empreen<strong>de</strong>dorismo.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 152


CAPÍTULO 8A INFLUÊNCIA DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRODIRETO ITALIANO NO BRASIL GLOBALIZADOINTRODUÇÃOÁlvaro Alves <strong>de</strong> Moura JrPaulo Rogério ScaranoAs empresas multinacionais estrangeiras estão no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu<strong>de</strong>scobrimento, tendo sido essas as principais responsáveis pelo processo <strong>de</strong>acumulação <strong>de</strong> capital por mais <strong>de</strong> três séculos e meio, condição que somentefoi revertida a partir do <strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong> cafeeira, que permitiu aopaís viabilizar um processo <strong>de</strong> acumulação oriundo dos próprios recursos.Apesar <strong>de</strong>ssa reversão, esse capital estrangeiro continuou exercendouma significativa influência sobre a socieda<strong>de</strong> brasileira, viabilizando, entreoutras coisas, boa parte dos investimentos que sustentaram o amplo processoe industrialização no país, principalmente durante os governos Kubitscheck eGeisel, período no qual importantes empresas italianas se estabeleceram noBrasil, contribuindo para o rápido e intenso crescimento econômico baseado naativida<strong>de</strong> manufatureira.Mas, é a partir da década <strong>de</strong> 90 que o Brasil passa a registrar ummovimento sem prece<strong>de</strong>ntes da entrada <strong>de</strong> IED (Investimento EstrangeiroDireto), fato que <strong>de</strong>corre da opção do país <strong>de</strong> se integrar <strong>de</strong> forma ainda maisefetiva à economia mundial, tanto no que tange aos fluxos financeiros, do qualcabe <strong>de</strong>stacar os IED, quanto dos comerciais, sendo que tal contexto estáassociado à adoção <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> medidas liberalizantes que inseriram opaís no terceiro estágio do processo <strong>de</strong> globalização 6 .Neste sentido, buscar-se-á, inicialmente, fazer uma breve discussãosobre o processo <strong>de</strong> globalização econômica, e a importância dos fluxos <strong>de</strong>IED sobre ele. Em seguida, discutir-se-á como ocorreu a maior inserção doBrasil na economia mundial, com <strong>de</strong>staque para os fluxos <strong>de</strong> IED. Por fim,verificar-se-á a importância das relações econômicas entre o Brasil e a Itália,<strong>de</strong>stacando a relevância das empresas italianas para o atual estágio <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento da economia brasileira.1. UMA BREVE AVALIAÇÃO DO ATUAL ESTÁGIO DA GLOBALIZAÇÃOECONÔMICAO <strong>de</strong>bate sobre a globalização econômica é consi<strong>de</strong>rado um tantoquanto controverso, seja no que tange ao conceito em si, seja no que concerne6 Essa classificação é feita pelo banco mundial, ao <strong>de</strong>screver que a primeira ondaocorreu entre 1870-1914, período conhecido por Belle Époque; a segunda onda entre os anos<strong>de</strong> 1945 e 1980; e, terceira onda a partir dos anos 80.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 153


à existência <strong>de</strong> um movimento realmente global. A<strong>de</strong>mais, sempre existe apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se incorrer em erros cronológicos quando se busca pontuar asua origem, uma vez que tal processo parece transpor o tempo <strong>de</strong> acordo comas condições e/ou os modos <strong>de</strong> produção vigentes ao longo da história dahumanida<strong>de</strong>.Apesar disso, a compreensão do sistema internacional tangencia algunsassuntos específicos, tais como comércio, finanças, <strong>de</strong>senvolvimento social eeconômico, política interna e externa etc., <strong>de</strong> tal modo que se faz necessárioassumir alguns dos principais referenciais que visam compreen<strong>de</strong>r essemovimento, bem como <strong>de</strong>screver como vem se processando o seu<strong>de</strong>senvolvimento.Apesar <strong>de</strong>ssas consi<strong>de</strong>rações, vale ressaltar que não há gran<strong>de</strong>sdivergências nas análises que tratam do crescimento dos fluxos econômicos.Também há uma relativa convergência quanto ao uso das novas tecnologias<strong>de</strong> informação, que tem permitido que as interações ocorram numa velocida<strong>de</strong>e numa magnitu<strong>de</strong> cada vez mais intensas, contribuindo para a redução dosespaços, e afetando os diversos aspectos das relações econômicasinternacionais.Consi<strong>de</strong>ra-se que o forte crescimento das relações econômicasinternacionais, sobretudo a partir da década <strong>de</strong> 80, se <strong>de</strong>u a partir da adoção<strong>de</strong> medidas liberalizantes no âmbito do comércio internacional, que seoperacionalizam por meio <strong>de</strong> três mecanismos/processos: a eliminação dascotas <strong>de</strong> importações; a redução e/ou unificação <strong>de</strong> tarifas <strong>de</strong> importações; e, oprocesso <strong>de</strong> integração dos mercados nacionais.Este tem sido um dos principais fenômenos que caracterizam a atualonda da globalização, que se concretizou a partir da década <strong>de</strong> 90, com aefetiva atuação da Organização Mundial do Comércio (OMC).A figura abaixo evi<strong>de</strong>ncia o intenso crescimento das relações comerciais,fato que sofreu um pequeno revés em 2009 em função da crisefinanceira que acometeu o mundo em 2008.Figura 1 – Exportações mundiais <strong>de</strong> mercadorias e serviços – emUS$ trilhões e em proporção do PIB mundial (%)Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 154


1830,016,1016199025,01426,51220,0em US$ trilhões10815,715,0em %610,042019801981198219831984198519861987198819893,48Exportações <strong>de</strong> Mercadorias e serviços199019911992199319941995199619971998199920002001Exp/PIB200220032004Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da WTO e IMF20052006200720082009A outra dimensão econômica da globalização, a financeira, é tida, pormuitos, como o seu elo central, bem como o principal <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> boaparte das ocorrências nas <strong>de</strong>mais esferas do sistema econômico internacional,inclusive na comercial.A globalização financeira po<strong>de</strong> ser observada a partir do aumento daliqui<strong>de</strong>z internacional, sobretudo a partir da década <strong>de</strong> 90, o que ocasionouuma expressiva ampliação nos investimentos em portfólio e os IED.A figura abaixo mostra o volume mundial <strong>de</strong> investimentos em portifólio,que passou <strong>de</strong> US$180 bilhões em 1990 para 2,8 trilhões em 2007, o querepresenta uma variação, no período avaliado, <strong>de</strong> 1.212%.Figura 2 - Investimento mundial em portifólio (carteiras) – em US$milhões5,00,03.000.0002.827.3242.500.0002.000.0001.500.0001.000.000500.000180.35401980 1985 1990 1995 2000 2005Fonte: UNCTADMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 155


Em concordância com Corazza (2005), consi<strong>de</strong>ra-se que o braçofinanceiro da globalização <strong>de</strong>correu <strong>de</strong> três fatores interligados: o elevado nível<strong>de</strong> acúmulo <strong>de</strong> riqueza monetária e financeira, que se expressam na forma <strong>de</strong>ativos com distintos graus <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z e po<strong>de</strong>m ser transacionados eminúmeras moedas; o <strong>de</strong>senvolvimento dos recursos tecnológicos, que permitemuma mobilida<strong>de</strong> extraordinária <strong>de</strong>sses ativos; e, o atual regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong>câmbio flutuante.Os fluxos <strong>de</strong> IED também apresentaram um significativo crescimento apartir da década <strong>de</strong> 90, compondo um dos principais braços do processo <strong>de</strong>globalização, fato que não <strong>de</strong>ve ser avaliado apenas em função dos aspectosquantitativos em si (os fluxos), mas também por conta das variantesqualitativas ocasionadas pela atuação das empresas multinacionais em outrospaíses.Figura 3 - Fluxo <strong>de</strong> Investimento Estrangeiro Direto (por países <strong>de</strong>origem) – em US$ milhões25002.099,97200015001.401,471000500154,0101970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006 2009Fonte: UNCTADDe acordo com Dicken (1998), a diferenciação entre essas<strong>de</strong>terminações quantitativas e qualitativas ocorrem da seguinte maneira: oprocesso <strong>de</strong> internacionalização, que caracteriza o processo quantitativo,representa uma extensão da ativida<strong>de</strong> econômica para além das fronteirasnacionais; enquanto a globalização se baseia numa concepção qualitativa, queenvolve não apenas a extensão geográfica da ativida<strong>de</strong> econômica, masMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 156


também, e principalmente, a integração operacional <strong>de</strong> tais ativida<strong>de</strong>s queestão cada vez mais dispersas internacionalmente 7 .A ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção globalizada trouxe à tona a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>compreen<strong>de</strong>r dois importantes aspectos ligados a esse processo: a maneiracomo essa é coor<strong>de</strong>nada e regulada; e, a sua configuração geográfica.De acordo com Dicken (2010), no que tange ao primeiro ponto, asca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produção dispostas pelas empresas multinacionais sãocaracterizadas pelo seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar e controlar as operações em mais<strong>de</strong> um país, <strong>de</strong>senvolvendo, para tanto, mecanismos cada vez maissofisticados <strong>de</strong> relações intra e inter-organizacionais, e moldando as condiçõesque são próprias da atual configuração do sistema econômico internacional.Quanto ao segundo ponto, o que se verifica, apesar da concentração do<strong>de</strong>stino dos fluxos <strong>de</strong> IED nos países <strong>de</strong>senvolvidos, é a existência <strong>de</strong> umesforço para criar mercados globais, no qual as empresas multinacionaistambém têm procurado atuar <strong>de</strong> maneira intensa em alguns países em<strong>de</strong>senvolvimento. Todavia, vale ressaltar que a <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong>sses recursosestá restrita a um número reduzido <strong>de</strong>sse grupo <strong>de</strong> países, dos quais se<strong>de</strong>stacam os Newly Industrialized Country (NICs) 8 .A figura abaixo mostra o fluxo <strong>de</strong> IED a partir da origem dos recursos.Na qual se observa que um grupo <strong>de</strong> 20 países <strong>de</strong>tém 88,3% do estoque totalregistrado em 2009. Cabe ressaltar que a Itália ocupa a 11ª posição nesteranking, ao totalizar um estoque <strong>de</strong> IED estabelecido em países estrangeiros<strong>de</strong> US$ 578,1 bilhões em 2009, o que representa uma participação <strong>de</strong> 3% domontante total.totalFigura 4 - Ranking estoque <strong>de</strong> IED (outward) – 2009 - em part.% no7 Apesar <strong>de</strong>ssa distinção, é importante realçar que os dois processos coexistem,compondo um mundo complexo, inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e volúvel, o que tem implicado num cotidianosocial cada vez mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sse conjunto <strong>de</strong> processos que operam em escala global.8 Essa é uma classificação socioeconômica que inclui os seguintes países: África doSul, Brasil, China, Filipinas, Índia, Malásia, México, Tailândia e Turquia.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 157


Estados Unidos22,7FrançaR eino Unido8,79,1Alemanha7,3HolandaHong KongSuíçaJapãoBélgicaEspanhaItáliaC anadá4,54,44,23,93,53,43,03,0SuéciaAustráliaFe<strong>de</strong>ração RussaChinaIlhas Virgens BritânicasDinamarcaCingapuraIrlanda1,91,81,31,21,21,11,11,0Fonte: UNCTAD0 5 10 15 20 25No que tange ao <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>sses recursos, observa-se que 72,9% doestoque <strong>de</strong> IED estavam estabelecidos, em 2009, em 20 países, dos quais seisnão são <strong>de</strong>senvolvidos. O Brasil e a Itália ocupam, respectivamente, a décimasegunda e décima terceira posição no ranking mundial <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong> IED,conforme mostra a figura 5.totalFigura 5 - Ranking estoque <strong>de</strong> IED (inward) – 2009 - em part.% noMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 158


Estados Unidos17,6FrançaReino Unido6,46,3Hong KongBélgica4,75,1AlemanhaEspanhaHolandaCanadáChinaSuíçaBrasilItáliaCingapuraAustráliaMéxicoSuéciaFe<strong>de</strong>ração RussaHungriaJapão4,03,83,43,02,72,62,32,21,91,81,71,71,41,41,1Fonte: UNCTAD0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20Uma vez feitas essas avaliações introdutórias, a seguinte seçãobuscará abordar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento vigente no Brasil a partir dadécada <strong>de</strong> 90, que <strong>de</strong> acordo com o que foi discutido inicialmente estáassociado à inserção do país à atual fase da globalização econômica, para queem seguida possa ser avaliada a importância dos fluxos <strong>de</strong> IED italiano para aeconomia brasileira.2. A INSERÇÃO DO BRASIL AO ATUAL ESTÁGIO DAGLOBALIZAÇÃO ECONÔMICAO processo <strong>de</strong> integração brasileira ao sistema econômico mundial foi,em diversos momentos da sua história, consi<strong>de</strong>rado adverso em função dascondições vigentes no sistema internacional. Contraditoriamente, tal conjunturafoi ainda mais evi<strong>de</strong>nte durante os períodos em que o país registrou as maiorestaxas <strong>de</strong> crescimento econômico.Durante os períodos colonial e pós-in<strong>de</strong>pendência, o país possuía umaintegração relativamente gran<strong>de</strong> à economia mundial, cujos patamares jamaisforam alcançados, uma vez que a economia nacional estava baseada emativida<strong>de</strong>s agroexportadoras 9 .A partir da década <strong>de</strong> 30, o país passa a reverter esta tendência, o querepresentou uma ruptura com o mo<strong>de</strong>lo até então vigente. Dá-se início a umperíodo marcado por surtos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento industrial (SUZIGAN, 2000),que respon<strong>de</strong>ram, em parte, aos problemas causados pelo interregno noperíodo entre Guerras e da Gran<strong>de</strong> Depressão que comprometeram ascondições dos mercados internacionais.Com o fim da II Guerra uma nova fase se inicia, e insere mais doisimportantes componentes às relações econômicas internacionais do Brasil. Um9 Ver Furtado (1989).Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 159


<strong>de</strong>les se refere às alterações na or<strong>de</strong>m mundial que seguiram a agenda <strong>de</strong>Bretton Woods; e, a divisão bipolar do sistema internacional a partir da GuerraFria.O mundo passa a assistir a uma rápida elevação das relações <strong>de</strong>comércio e dos fluxos <strong>de</strong> capital, que permitiram, inclusive aos paísesperiféricos, o acesso às novas tecnologias disseminadas pelas importações <strong>de</strong>máquinas e equipamentos e pelos investimentos diretos realizados pelasempresas multinacionais. É em meio a esse contexto que a política externabrasileira do segundo governo Vargas reforça a importância <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento nacional, para o qual as relações econômicas internacionaisseriam fundamentais.Porém, é somente a partir do governo Juscelino Kubitschek que o Brasilinicia uma etapa <strong>de</strong> intensa industrialização, a partir do Plano <strong>de</strong> Metas, quetrouxe à tona uma nova dinâmica econômica que não só acelerou o seucrescimento econômico, mas também contribuiu para a diversificação doparque industrial nacional.Para tanto, essa nova fase contou com uma maior inserçãointernacional, o que permitiu ampliar a entrada <strong>de</strong> capitais e <strong>de</strong> tecnologiasestrangeiras, sobretudo com o crescimento dos fluxos <strong>de</strong> IED, conforme mostraa figura abaixo.Figura 6 - Fluxo <strong>de</strong> IED no Brasil – 1951/1970 (em US$ milhões)2.500.0002.127.8202.000.0001.500.000956.3311.000.000500.00001951/1960 1961/1970Fonte: UNCTADCom o agravamento da instabilida<strong>de</strong> política dos anos 60, que culminouno regime militar a partir <strong>de</strong> 1964, o país passou a registrar uma reversão doquadro acima, com a paralisação da entrada <strong>de</strong> capitais estrangeiros no país,Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 160


cuja retomada passou a ocorrer após a estabilização econômica e olançamento dos Planos Nacionais <strong>de</strong> Desenvolvimento (PND) I e II 10 .Particularmente, o II PND chamava a atenção para o imperativo <strong>de</strong> seampliar as indústrias <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> produção, almejando, <strong>de</strong>ssa forma, alcançaruma infra-estrutura econômica necessária ao progresso do País.Efetivamente, tem-se como resultado a entrada <strong>de</strong> importantes aportes<strong>de</strong> financiamentos externos, com <strong>de</strong>staque para um maciço influxo <strong>de</strong> IED 11 ,conforme mostra a figura abaixo, que em conjunto com as empresas estataistornaram-se os principais protagonistas do processo <strong>de</strong> crescimento do País àépoca.Figura 7 - Fluxo <strong>de</strong> IED no Brasil – 1970/1989 (em US$ milhões)3.5003.0003.115,22.5002.407,82.0001.5001.180,71.0001.129,9500391,701970 1973 1976 1979 1982 1985 1988Fonte: UNCTADO segundo choque do petróleo e a crise financeira na América Latina,inclusive no Brasil em 1982, reverteram tal quadro e comprometeram adisponibilização <strong>de</strong> novos recursos externos para os países do então “terceiromundo”, fato que também é evi<strong>de</strong>nte em relação aos IED, conforme mostrou afigura acima.Dá-se início a um dos momentos mais críticos da economia brasileira,que marca o fim <strong>de</strong> um ciclo <strong>de</strong> quinze anos <strong>de</strong> crescimento econômico, einício <strong>de</strong> um período que ficou conhecido como a “década perdida”, queposteriormente se associa ao esgotamento do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico até então vigente, o PSI. 1210 No entanto, cabe lembrar que neste período, o mundo também assistiu a umareversão do ciclo <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> econômica, com o fim do esgotamento do sistema <strong>de</strong>Bretton Woods, e o primeiro choque do petróleo.11 Para maiores <strong>de</strong>talhes ver Nonnermberg (2003).12 Vale lembrar que é a partir da década <strong>de</strong> 80 que o país passa a viver um período <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>scontrole inflacionário, cuja estabilida<strong>de</strong> (dos preços) somente foi alcançada em 1994com a implementação do Plano Real.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 161


Neste ínterim, os fluxos <strong>de</strong> IED oscilaram bastante ao longo dos anos80, retraindo a participação do Brasil no fluxo mundial, fato que mais uma vezestava associado à crise da dívida, à retração do nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> econômica,às incertezas associadas aos diversos planos <strong>de</strong> estabilização adotados aolongo da década, e à instabilida<strong>de</strong> do quadro político interno.Com o alcance da estabilida<strong>de</strong> econômica e a reinserção do Brasil aosistema financeiro internacional 13 a partir da década <strong>de</strong> 90, o PSI foiefetivamente substituído por um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento baseado nainserção do país ao processo <strong>de</strong> globalização 14 . Entre outros resultados, o paíspassa a registrar uma significativa entrada <strong>de</strong> investimentos externos, inclusive<strong>de</strong> IED.Para Laplane et alli (2000), os principais fatores <strong>de</strong>terminantes para aatração <strong>de</strong>sses capitais para o Brasil, a partir da década <strong>de</strong> 1990, foram oacesso ao mercado interno brasileiro, consi<strong>de</strong>rado gran<strong>de</strong> e dinâmico; a<strong>de</strong>sregulamentação da economia nacional; a abertura comercial; e, asprivatizações.Além <strong>de</strong>sses fatores, Gonçalves (1999) também <strong>de</strong>staca a importânciada estabilida<strong>de</strong> econômica alcançada pelo país a partir do Plano Real, além dopotencial representado pela MERCOSUL.Em termos <strong>de</strong> resultados, especificamente no que se concerne aosfluxos <strong>de</strong> IED, o que se tem é um crescimento significativo da participação dasempresas estrangeiras no produto interno 15 , fato que contribuiu para aocorrência <strong>de</strong> importantes mudanças estruturais da economia nacional, a qualpassou a disseminar, entre outras coisas, os padrões tecnológicos vigentes nospaíses <strong>de</strong>senvolvidos, bem como permitiu a ampliação da produtivida<strong>de</strong> e dacompetitivida<strong>de</strong> em diversos segmentos 16 .Figura 8 - Fluxo <strong>de</strong> IED no Brasil – 1990/2009 (em US$ milhões)13 O marco do retorno do Brasil ao sistema financeiro foi com a assinatura do planoBrady. Essa fase conturbada do Brasil com a comunida<strong>de</strong> financeira internacional perdurou até1990, quando foi iniciada uma nova etapa inaugurada pelo então Ministro da Fazenda dogoverno Collor, Marcílio Marques Moreira e consubstanciada pelo Ministro Fernando HenriqueCardoso que <strong>de</strong>signou o economista Pedro Malan como negociador da dívida externabrasileira, buscando recuperar a respeitabilida<strong>de</strong> política brasileira no exterior.14 Processo que segue a perspectiva discutida inicialmente, que foi <strong>de</strong>nominadaterceira onda da globalização.15 Tal estimativa po<strong>de</strong> ser feita a partir da proporção entre o estoque <strong>de</strong> IED e oProduto Interno Bruto, que passou <strong>de</strong> 7,68% em 1980 para 26,19% em 2009. Ver.16 Segundo a UNCTAD, a participação média do Brasil no fluxo global <strong>de</strong> IED nos anos70 foi <strong>de</strong> 5%, enquanto que entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2009 tal proporção caiu para 2,1%.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 162


500004500045.058,2400003500032.779,230000250002000015000100005000988,82.149,901990 1993 1996 1999 2002 2005 2008Fonte: UNCTADCom relação aos países <strong>de</strong> origem <strong>de</strong>sses recursos, o último censo docapital estrangeiro, elaborado pelo Banco Central do Brasil, mostra que apenas10 países <strong>de</strong>tinham cerca <strong>de</strong> 80% do estoque total <strong>de</strong> IED, sendo que apenasos Estados Unidos, a Holanda, a Espanha, o México e a França respon<strong>de</strong>mquase 60% do estoque <strong>de</strong> investimentos diretos estabelecidos no país. A Itáliapossuía, à época, 2,57% do estoque total, o que representa um capital <strong>de</strong>US$4,2 bilhões, conforme mostra tabela abaixo.Tabela 1 - Estoque <strong>de</strong> IED por país <strong>de</strong> origem do capital – 2005Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 163


País Origem dos Recursos em US$ bilhões part. %Estados Unidos 27,097 16,64Países Baixos 27,012 16,59Espanha 17,589 10,80México 15,051 9,24França 12,238 7,52Alemanha 7,251 4,45Canadá 6,690 4,11Ilhas Cayman 6,149 3,78Ilhas Virgens (GB) 4,811 2,96Itália 4,181 2,57Reino Unido 3,491 2,14Japão 3,261 2,00Suíça 2,844 1,75Luxemburgo 2,399 1,47Portugal 2,237 1,37Uruguai 1,890 1,16Panamá 1,343 0,82Suécia 0,802 0,49Dinamarca 0,792 0,49Barbados 0,736 0,45Total 162.807.274 100Fonte: Censo do Capital Estrangeiro - BCBQuanto aos setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, o Censo <strong>de</strong> 2005 indica que 3,62% dosestoques estavam ligados às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agricultura, pecuária e extraçãomineral; 33,02% à indústria; e, 63,15% ao setor <strong>de</strong> serviços.Individualmente, as ativida<strong>de</strong>s que se <strong>de</strong>stacam no setor <strong>de</strong> serviçossão: correio e telecomunicações; serviços prestados a empresas;intermediação financeira; comércio atacadista; e, eletricida<strong>de</strong>, gás e águaquente. Essas ativida<strong>de</strong>s compunham uma participação <strong>de</strong> 49,2% no estoquetotal.No segmento industrial, as principais ativida<strong>de</strong>s são: produtos químicos;fabricação e montagem <strong>de</strong> veículos automotores; alimentos e bebidas; materialeletrônico e equipamentos <strong>de</strong> comunicação; e, máquinas e equipamentos, quejuntos totalizaram 24% do estoque total <strong>de</strong> capital estrangeiro no ano <strong>de</strong> 2005.Na tabela abaixo é possível analisar individualmente os setores apreciadospelo Censo do capital estrangeiro.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 164


Tabela 2 - Estoque <strong>de</strong> IED - Distribuição por Ativida<strong>de</strong> EconômicaPrincipal (em US$ mil e part.%)Ativida<strong>de</strong> Econômica (CNAE) em US$ mil part. % Ativida<strong>de</strong> Econômica (CNAE) em US$ mil part. %Correio e telecomunicações 32.834.304,3 20,2 Fabr. <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> metal 710.610,1 0,4Serviços prestados a empresas 15.674.959,3 9,6 Agricult., pecuária e servs. relacs. 686.285,0 0,4Intermediação financeira 12.901.515,5 7,9 Edição, impressão e repr. <strong>de</strong> gravações 561.373,0 0,3Fabr. <strong>de</strong> produtos químicos 12.127.612,0 7,4 Fabr. <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira 520.941,7 0,3Comércio p/atac. e intermed. do comércio 11.395.193,4 7,0 Aluguel <strong>de</strong> veícs., máqs. equips. e objetos 442.809,5 0,3Fabr. mont. veícs. automs., rebs. e carrocerias11.241.309,9 6,9 Alojamento e alimentação 429.837,8 0,3Eletricida<strong>de</strong>, gás e água quente 7.358.503,9 4,5 Fabr. <strong>de</strong> produtos do fumo 421.484,3 0,3Fabr. <strong>de</strong> produtos aliment. e bebidas 6.866.564,7 4,2 Fabr. equips. méds., ótics., automação, relógs. 392.293,4 0,2Comércio varej. e repar. <strong>de</strong> objetos 5.834.136,0 3,6 Extração <strong>de</strong> minerais não-metálicos 362.396,9 0,2Fabr. mat. eletrôn. e equips. <strong>de</strong> comunic. 4.516.601,6 2,8 Comércio e rep. veícs., com. combustíveis 360.359,5 0,2Fabr. máquinas e equipamentos 4.331.270,9 2,7 Captação, tratamento e distr. <strong>de</strong> água 312.591,2 0,2Ativs. aux., transp. e agências <strong>de</strong> viagem 3.276.624,9 2,0 Transporte terrestre 303.600,8 0,2Extração <strong>de</strong> petróleo e servs. relacs. 3.145.738,5 1,9 Serviços pessoais 235.928,1 0,1Fabr. artigos <strong>de</strong> borracha e plástico 2.354.691,7 1,4 Fabr. móveis e indústrias diversas 230.501,7 0,1Fabr. celul., papel e produtos <strong>de</strong> papel 2.275.289,7 1,4 Fabr. máquinas p/escrit. e equips. inform. 175.147,1 0,1Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos 2.156.832,0 1,3 Silvicult., expl. florestal e servs. relacs. 169.778,9 0,1Ativs. recreat., culturais e <strong>de</strong>sportivas 2.110.434,3 1,3 Saú<strong>de</strong> e serviços sociais 130.193,3 0,1Ativs. aux. da interm. financeira 1.726.328,9 1,1 Conf. <strong>de</strong> arts. vestuário e acessórios 125.193,8 0,1Ativida<strong>de</strong>s imobiliárias 1.676.066,3 1,0 Transporte aquaviário 119.750,2 0,1Metalurgia básica 1.611.868,1 1,0 Limpeza urbana, esgoto e ativs. conexas 118.345,7 0,1Ativs. <strong>de</strong> informática e conexas 1.585.924,3 1,0 Prep. <strong>de</strong> couros, fabr. artefs. e calçados 116.232,6 0,1Extração <strong>de</strong> minerais metálicos 1.504.686,3 0,9 Educação 106.541,4 0,1Construção 1.394.299,2 0,9 Reciclagem 50.725,6 0,0Seguros e previdência privada 1.377.016,6 0,8 Ativida<strong>de</strong>s associativas 45.566,4 0,0Fabr. outros equips. <strong>de</strong> transporte 1.124.691,2 0,7 Fabr. coque, petról.,combs. nucls.,álcool 33.046,9 0,0Pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento 1.062.742,2 0,7 Pesca, aquicultura e servs. relacs. 21.781,4 0,0Fabr. produtos minerais não-metálicos 1.034.051,6 0,6 Transporte aéreo 4.898,4 0,0Fabr. <strong>de</strong> produtos têxteis 784.719,2 0,5 TOTAL 162.807.274,1 100,0Fonte: Censo do Capital Estrangeiro - BCBEm contrapartida, a entrada <strong>de</strong> tais recursos tem contribuído para aelevação do envio <strong>de</strong> rendas associadas aos IED, bem como <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong><strong>de</strong>spesas que indiretamente também po<strong>de</strong>m estar relacionadas às empresasestrangeiras, com <strong>de</strong>staque para as que realizam o pagamento <strong>de</strong> royalties elicenças, cuja relação está, em gran<strong>de</strong> medida, associada à transferência <strong>de</strong>tecnologia por parte <strong>de</strong>ssas companhias 17 .Figura 9 - Renda <strong>de</strong> IED (<strong>de</strong>spesas) e <strong>de</strong>spesas com royalties elicenças17 O fluxo <strong>de</strong> IED é consi<strong>de</strong>rado um dos principais mecanismos <strong>de</strong> transferênciatecnológica entre países. Porém, existem outras formas tais como os contratos <strong>de</strong> licença etransferência <strong>de</strong> know how entre organizações que não têm qualquer tipo <strong>de</strong> vínculo.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 165


350003000025000200001500010000500001990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010Fonte: BCBRendas <strong>de</strong> IED (<strong>de</strong>spesas)Pagamento <strong>de</strong> royalties e licençasAs <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> renda <strong>de</strong> investimento direto (lucros e divi<strong>de</strong>ndos, lucrosreinvestidos no Brasil e juros <strong>de</strong> empréstimo intercompanhia), totalizaram em2010 US$ 26,6 bilhões, o que representa um crescimento <strong>de</strong> quase 1.300% dovolume <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas pagas em comparação ao ano <strong>de</strong> 1990.Já as <strong>de</strong>spesas com royalties e licenças totalizaram, em 2010, US$ 2,85bilhões, o que representou um crescimento <strong>de</strong> quase 3.000% em relação às<strong>de</strong>spesas realizadas com essa conta em 1990.Tais dados corroboram a ocorrência <strong>de</strong> uma nova fase que passa a seefetivar no Brasil, a partir da década <strong>de</strong> 90, para a qual os capitais relacionadosaos IED guardam uma forte correlação.Na seção a seguir, serão avaliadas, especificamente, as relaçõeseconômicas entre a Itália e o Brasil, a partir do acolhimento <strong>de</strong> empresasmultinacionais italianas.3. RELAÇÕES BRASIL E ITÁLIA: UMA ANÁLISE A PARTIR DOINFLUXO DE IED ITALIANOParticipando ativamente da onda da economia global, a Itália tambémregistrou um forte crescimento nas suas relações comerciais com o resto domundo, bem como ampliou significativamente as remessas <strong>de</strong> capitais paraoutros países a partir do início da década <strong>de</strong> 90.Particularmente, os afluxos <strong>de</strong> IED italianos apresentaram uma taxa <strong>de</strong>crescimento média, entre 1990 e 2009, <strong>de</strong> 38,5% ao ano, perfazendo ummontante acumulando neste período <strong>de</strong> US$ 422,129 bilhões. Ocomportamento <strong>de</strong>sses fluxos po<strong>de</strong> ser avaliado na figura abaixo.Figura 10. Fluxo italiano <strong>de</strong> IED remetidoMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 166


6,0100.00090.0005,080.0004,070.00060.0003,050.00040.0002,030.0001,020.00010.0000,0019701972197419761978198019821984198619881990199219941996199820002002200420062008Fonte: UNCTADpart. %em US$ milhõesQuanto à participação dos capitais italianos, verifica-se que o mesmoapresentou uma média <strong>de</strong> 2,6% em relação ao fluxo total <strong>de</strong> IED, entre 1990 e2009, o que lhes permitiu compor 3% do estoque total <strong>de</strong> IED em 2009,conforme mostrou a figura 3.De acordo com as estatísticas internacionais <strong>de</strong> IED, a Itália tem umaparticipação que po<strong>de</strong> ser classificada “média-baixa” em relação ao fluxomundial <strong>de</strong> IED. Porém, vale lembrar que tal avaliação não leva emconsi<strong>de</strong>ração inúmeros investimentos que são realizados por empresasitalianas que possuem se<strong>de</strong> em outros países, tais como na Holanda, emLuxemburgo e no Reino Unido.Com relação aos IED italianos no Brasil, o que se po<strong>de</strong> verificar, <strong>de</strong>acordo com o último Censo do Capital Estrangeiro realizado pelo BancoCentral do Brasil em 2005, é que a Itália possuía, nesta data, um estoque <strong>de</strong>capital <strong>de</strong> US$ 4,2 bilhões, proporcionando-lhe a décima posição no rankinggeral, e a quarta entre os países da Europa.Apesar da parcela <strong>de</strong> investimentos italianos no Brasil ser consi<strong>de</strong>rada,quando comparada a outros países, relativamente mo<strong>de</strong>sta, a mesma não<strong>de</strong>ve ser avaliada apenas a partir <strong>de</strong>ssa perspectiva, uma vez que suaparticipação tem sido vital para o <strong>de</strong>senvolvimento dos principais segmentos daeconomia brasileira.Em termos <strong>de</strong> impacto sobre a economia nacional, vale ressaltar queuma boa parcela das ativida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong>sempenhadas pelas empresasitalianas no Brasil tem contribuído para ampliar as exportações brasileiras,cabendo <strong>de</strong>stacar, como se verificará mais a frente, o setor automotivo.A<strong>de</strong>mais, diversas outras empresas italianas têm atuado em segmentosconsi<strong>de</strong>rados estratégicos para o país, com <strong>de</strong>staque para aquelas que fazemparte dos setores <strong>de</strong> geração e distribuição <strong>de</strong> energia elétrica e telefonia.Analisando os fluxos acumulados <strong>de</strong> IED oriundos da Itália entre os anos<strong>de</strong> 2001 e 2009, cujo montante acumulado foi <strong>de</strong> US$ 2,9 bilhões, o que sepercebe é a presença <strong>de</strong>sses capitais em diversos setores, que estãovinculados: à agropecuária; ao setor <strong>de</strong> serviços, inclusive <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública;Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 167


às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comércio (varejista e atacadista); à indústria <strong>de</strong> transformação;entre outros como mostra a tabela abaixo.Tabela 3 - IED italiano no BrasilSetor/Ativida<strong>de</strong> em US$ milhões part.%Autoindústria 684,34 23,55Ativida<strong>de</strong>s ligadas à constr.civil e empr.imob. 448,28 15,43Energia Elétrica 355,10 12,22Serviços (diversos) 318,24 10,95Si<strong>de</strong>rurgia e metalurgia 231,06 7,95Comércio (varejo e atacado) 207,47 7,14Bens <strong>de</strong> Capital 172,73 5,94Fios e cabos 116,60 4,01Alimentos (diversos) 67,03 2,31Química e petroquímica 62,95 2,17Fabr. Prod. Diversos 58,53 2,01Plásticos borrachas 54,04 1,86Têxtil e calçados 37,40 1,29Telecomunicações 35,85 1,23Álcool 35,46 1,22Gás 14,53 0,50Extração Mineral 13,51 0,46Eletroeletrônicos 4,25 0,15Papel e celulose 1,51 0,05Total 2.905,60Fonte: BCB100,00Individualmente, o setor automobilístico 18 - que inclui as montadoras eos fabricantes <strong>de</strong> componentes e autopeças – é o principal segmentoacolhedor <strong>de</strong> IED italiano, respon<strong>de</strong>ndo por cerca <strong>de</strong> um quarto do fluxo total,para o período analisado. Neste ínterim, vale <strong>de</strong>stacar a Fiat, há 50 anos noBrasil, e a IVECO, que se estabeleceu em 1997, produzindo caminhões eônibus.A<strong>de</strong>mais, vale ressaltar que a atuação da Fiat foi e tem sido responsávelpela entrada <strong>de</strong> importantes empresas produtoras <strong>de</strong> autopeças no país, com<strong>de</strong>staque para: a Magneti Marelli, a CNH, a Teksid, a Comau, entre outras.O setor industrial vinculado à produção si<strong>de</strong>rúrgica e metalúrgicatambém figura entre os principais setores acolhedores <strong>de</strong> IED italiano no Brasil.Um dos <strong>de</strong>staques <strong>de</strong>sse setor é a Maccaferri, que inaugurou sua primeiraunida<strong>de</strong> no Brasil em 1974, e vem intensificando sua atuação no mercadobrasileiro, investindo em inovações tecnológicas que têm contribuído,sobremaneira, para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> engenharia geotécnica, hidráulica eproteção ambiental.Os capitais italianos também se fazem presentes nas ativida<strong>de</strong>s ligadasà geração e distribuição <strong>de</strong> energia elétrica. Para o mesmo período analisado,18 Vale lembrar que o setor automobilístico é consi<strong>de</strong>rado uma das principais ativida<strong>de</strong>seconômicas, em função do seu efeito multiplicador.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 168


verifica-se que cerca <strong>de</strong> 12% do fluxo <strong>de</strong> IED italiano no Brasil foram<strong>de</strong>stinados a este segmento. A ENEL, principal empresa <strong>de</strong> energia da Itália,controla a ENDESA e a COELCE, cujo faturamento as coloca entre as maioresempresas no Brasil, conforme mostra a tabela 4.O setor <strong>de</strong> Telecomunicações também recebeu importantes aportes <strong>de</strong>capitais originários da Itália, a partir da atuação da subsidiária da Telecom ItaliaMobile, a TIM, que hoje <strong>de</strong>tém quase um quarto do segmento <strong>de</strong> telefoniamóvel no Brasil, além <strong>de</strong> ter sido a segunda maior empresa italiana em volumevendas em 2009, conforme mostra a tabela 4.A indústria química e petroquímica também conta com uma fortepresença <strong>de</strong> empresas italianas, com <strong>de</strong>staque para a M&G Polímeros, aPetronas Lubrificantes e a Sipcam Isagro, que também figuram entre asmaiores empresas do país, conforme mostra a mesma tabela abaixo.Os capitais italianos também estão presentes nos mais variadossegmentos relacionados às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> serviços, com <strong>de</strong>staque para asativida<strong>de</strong>s auxiliares aos transportes terrestres; hotelaria; assessoria econsultoria empresarial; segurida<strong>de</strong> etc. Destaca-se, por sua importânciaeconômica e relação histórica com o Brasil, a Generali Brasil Seguros, que atuano país <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1925.As diversas ativida<strong>de</strong>s ligadas à construção civil, aos empreendimentosimobiliários e aos serviços vinculados à ativida<strong>de</strong> imobiliária, igualmentemerecem proeminência, haja vista que em conjunto respon<strong>de</strong>ram por mais <strong>de</strong>15% do fluxo total <strong>de</strong> IED no período analisado.Outro setor que tem recebido importantes aportes <strong>de</strong> IED é o <strong>de</strong>comércio, tanto atacadista quanto varejista, principalmente <strong>de</strong>: produtosalimentícios; artigos <strong>de</strong> uso pessoal ou doméstico; máquinas e equipamentospara uso industrial; ma<strong>de</strong>ira e material para construção, ferragens eferramentas; artigos <strong>de</strong> óptica etc.Vale <strong>de</strong>stacar, ainda, a contribuição das empresas <strong>de</strong> capital italianopara a balança comercial brasileira, a partir <strong>de</strong> suas exportações.Consi<strong>de</strong>rando apenas as empresas constantes da publicação Melhores eMaiores 19 <strong>de</strong> 2010, referente ao ano <strong>de</strong> 2009, verifica-se que apenas asempresas FIAT, CNH, M&G, Magneti Mareli, Teksid e M&G Fibras foramresponsáveis, em conjunto, por um volume <strong>de</strong> vendas para o exterior <strong>de</strong>US$1,52 bilhão, conforme mostra a tabela abaixo.Tabela 4. Maiores empresas italianas no Brasil (em vendas)19 Revista Exame – Melhores e Maiores – 2010.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 169


EmpresasSetorVendas(em US$milhões)Exportação(em US$Milhões)Exportação(part. %vendas)Fiat Automóveis S/A Autoindústria 15.537,10 973,5 6,3Tim Celular S/A Telecomunicações 11.382,80 - -Ampla Energia e Serviços S/A Energia 2.487,30 - -Case New Holland Latin América Ltda Autoindústria 2.449,10 331,1 13,5Pirelli Pneus Ltda. Autoindústria 1.826,80 - -Companhia Energética do Ceará (COELCE) Energia 1.747,20 - -Magneti Marelli Sistemas Automotivos Ind. e Com. Ltda. Autoindústria 742,5 - -M&G Polímeros Brasil S/A Química e Petroquímica 661 77,6 11,7Magneti Marelli Cofap Cia. Fabricadora <strong>de</strong> Peças Autoindústria 535,7 89,1 16,6Teksid do Brasil Ltda. Si<strong>de</strong>rurgia e Metalurgia 462,8 43,9 9,5CGTF Central Geradora Termeletrica Fortaleza S.A. Energia 388,9 - -Petronas Lubrificantes Brasil S/A Química e Petroquímica 384,2 - -Comau do Brasil Indústria e Comércio Ltda. Bens <strong>de</strong> Capital 382,7 0 0Cien * Companhia <strong>de</strong> Interconexão Energética (En<strong>de</strong>sa Cien) Energia 191,4 - -Monte Tabor Centro Ítalo Brasileiro <strong>de</strong> Promoção Sanitária (Hospital São Raphael) Serviços 184,7 - -Centrais Elétricas Cachoeira Dourada S/A (En<strong>de</strong>sa Cachoeira) Energia 184,5 - -M&G Fibras Brasil S/A Têxteis 174,5 4,5 2,6Sipcam Isagro Brasil S.A. Química e Petroquímica 128,6 - -Fonte: Revista Exame – Melhores e MaioresPor fim, cabe ressaltar que várias outras empresas <strong>de</strong> capital italianomerecem <strong>de</strong>staque na presente análise, que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do seu porte,estão colaborando para a atual conjuntura da economia brasileira, sejacontribuindo para a expansão do produto interno, seja transferindo tecnologiasque são fundamentais para a melhoria da competitivida<strong>de</strong> brasileira. Todavia,tal espaço não permite tal contemplação, <strong>de</strong> tal modo que muitas <strong>de</strong>ssasempresas não tiveram a <strong>de</strong>vida avaliação que o presente tema requer.CONSIDERAÇÕES FINAISComo se observou, o Brasil se inseriu, a partir da década <strong>de</strong> 90, <strong>de</strong>forma efetiva ao processo <strong>de</strong> globalização econômica e, reproduzindo um dosprincipais eventos do atual estágio do sistema econômico internacional,viabilizou um amplo processo <strong>de</strong> abertura comercial e financeira que, entreoutras coisas, tornou o país um dos maiores receptores <strong>de</strong> InvestimentoEstrangeiro Direto.Os fluxos <strong>de</strong> IED são um dos principais responsáveis pelas recentesmudanças estruturais da economia brasileira, atuando tanto nos segmentosindustriais – que se encontravam extremamente <strong>de</strong>satualizadostecnologicamente – quanto nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> serviço, incluindo os chamadosserviços <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública – que a partir <strong>de</strong> um amplo processo <strong>de</strong>privatização transferiu diversas empresas públicas para o setor privadonacional e estrangeiro.A Itália, igualmente compôs tal movimento global, o que lhe permitiu nãoapenas receber fluxos <strong>de</strong> IED, mas também exportar empresas italianas para oresto do mundo.Assim sendo, o Brasil se tornou um dos <strong>de</strong>stinos <strong>de</strong>sse capital, apesarda presença do IED italiano no país ainda ser consi<strong>de</strong>rada relativamentemo<strong>de</strong>sta. Não obstante tal posição, a avaliação empreendida ao longo <strong>de</strong>stecapítulo procurou mostrar que em termos absolutos a importância <strong>de</strong>ssescapitais <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia, haja vista que boa parte dasempresas italianas estabelecidas no país atua em importantes segmentos daeconomia brasileira.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 170


Além disso, evidência a existência <strong>de</strong> um amplo espaço para ocrescimento <strong>de</strong>ssas relações econômicas entre os dois países, sobretudoporque as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios existentes no Brasil estão em pleno<strong>de</strong>senvolvimento, em função do momento pujante da economia brasileira, quecertamente <strong>de</strong>mandará a abertura <strong>de</strong> novos negócios, bem como levará àampliação daqueles já existentes.Por fim, vale realçar que os capitais italianos po<strong>de</strong>rão encontrar no Brasilalgumas outras vantagens que estão associadas: ao mercado interno; aosdiversos programas <strong>de</strong> incentivos e benefícios governamentais oferecidos pelaUnião e pelos estados brasileiros; à existência <strong>de</strong> abundantes fontes <strong>de</strong>matérias-primas; à estabilida<strong>de</strong> político-institucional; às boas relaçõeseconômicas e políticas entre os dois países; e, à proximida<strong>de</strong> cultural, fato quecom certeza tem um gran<strong>de</strong> peso quando avaliados os possíveis riscosenvolvendo o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> um IED.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 171


CAPÍTULO 9CONSIDERAÇÕES SOBRE A COOPERAÇÃOBRASIL-ITÁLIAJoaquim C. RacyINTRODUÇÃOEsta breve apresentação tem por objetivo arrolar alguns elementosfundamentais para uma avaliação mais <strong>de</strong>tida sobre o complexo histórico dacooperação entre Brasil e Itália. Nesse sentido, é preciso consi<strong>de</strong>rar antes <strong>de</strong>qualquer análise que uma avaliação objetiva da cooperação entre paísesremete à figura da cooperação internacional institucionalizada, isto é, acooperação técnica internacional, que teria início no Brasil na segunda meta<strong>de</strong>dos anos 60 do século passado. No que se refere especificamente àcooperação com a Itália, o processo se iniciaria formalmente na década <strong>de</strong> 70,muito embora relações intensas com o país nesse campo venham se<strong>de</strong>senvolvendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX, ainda que por outras vias e muitas vezesconturbadas, mas que, teoricamente, <strong>de</strong>veriam influenciar sobremaneira arelação <strong>de</strong> cooperação contemporânea entre esses dois países.Outra questão que merece <strong>de</strong>staque na avaliação da cooperação entrepaíses diz respeito ao fato <strong>de</strong> que esse campo das relações externas tem,principalmente no caso brasileiro, importância crescente para o processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento, mesmo que relativo a aspectos específicos da realida<strong>de</strong>, e,nessa medida, na orientação das políticas externas num sistema internacionalsubmetido a um processo <strong>de</strong> globalização. Dessa maneira, procurar enten<strong>de</strong>r acooperação Brasil-Itália significa compreen<strong>de</strong>r o papel que as parcerias entrepaíses exercem sobre as realida<strong>de</strong>s nacionais, mas, também, sobre osprocessos <strong>de</strong> integração regionais a que estes se encontram submetidos. Istosignifica, portanto, compreen<strong>de</strong>r a estratégia <strong>de</strong> inserção internacional dospaíses e as possibilida<strong>de</strong>s apresentadas pelos blocos regionais.Naturalmente, dado o reduzido espaço para um <strong>de</strong>senvolvimento maisabrangente <strong>de</strong>sta apresentação, a exploração das questões colocadas seencontra limitada e o texto procura somente indicar as questões que parecemmerecer mais urgente reflexão.1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL INSTITUCIONALIZADAA criação da Organização das Nações Unidas (ONU) ao fim da II Gran<strong>de</strong>Guerra tinha como um dos principais propósitos a cooperação entre países e,para tanto, inclusive, se <strong>de</strong>senvolveu todo um aparato institucional no sentido<strong>de</strong> proporcionar uma maior interação entre nações ricas e pobres com oMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 172


objetivo da transferência <strong>de</strong> recursos para <strong>de</strong>senvolvimento. Dispõe sobre aquestão o capítulo IX, Artigo 55, da Carta das Nações Unidas 20 .É fundamental ressaltar, como se po<strong>de</strong> observar no texto da Carta, quea preocupação com a estabilida<strong>de</strong> e a segurança, figurando como os principaismotivos para a criação da O.N.U., incorporava uma nova visão dos problemasinternacionais, apontando como causa ou motivo para a insegurança e ainstabilida<strong>de</strong>, em boa medida, os <strong>de</strong>sequilíbrios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento entre asnações. É importante anotar, também, que a assimetria entre países após a IIGran<strong>de</strong> Guerra passava mesmo a motivar duas diferentes concepções <strong>de</strong>socieda<strong>de</strong>, caracterizando um novo período <strong>de</strong> guerra com característicascompletamente distintas das anteriores.Mas o importante é que, mais do que por uma questão <strong>de</strong> fato, o direitointernacional passou a ter novo status, ampliando-se o escopo da ação nessaárea <strong>de</strong> atuação. Com isso, evi<strong>de</strong>ntemente, se quer dizer que a partir da IIGran<strong>de</strong> Guerra começou a se <strong>de</strong>senvolver uma concepção ética das relaçõesinternacionais que, ainda que não hegemônica, revelava uma nítida percepçãoou consciência dos problemas relativos à assimetria nos relacionamentos entreos países componentes do sistema internacional. Essa, inclusive, foi a tônicaque engendrou a figura da cooperação internacional na Carta das NaçõesUnidas, em seus artigos 55 e 56.Contudo, segundo Cachapuz <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros (1993), o que, <strong>de</strong> fato,ensejou a institucionalização da cooperação técnica foi o processo <strong>de</strong><strong>de</strong>scolonização, que dando corpo à idéia <strong>de</strong> Terceiro Mundo, permitiu ao grupo<strong>de</strong> países que teoricamente o compunham se exprimirem mais enfaticamenteem relação à sua importância para a estabilida<strong>de</strong> do sistema internacional.Assim, a cooperação técnica se <strong>de</strong>senvolveu <strong>de</strong> forma a incorporarrelações bilaterais e relações multilaterais, encontrando-se estas últimas nomarco das organizações internacionais, que se <strong>de</strong>senvolveram em profusãotanto no âmbito da O.N.U., quanto fora <strong>de</strong>le. A participação da ONU nesseprocesso, portanto, assume importância crucial e, nesse sentido, já em suafundação se constituiu o Conselho Econômico e Social – ECOSOC.Além disso, como primeiras iniciativas reais por parte da ONU no sentidoda institucionalização da cooperação técnica têm-se a criação da ComissãoEconômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), em 1948, e, naseqüência, a constituição do “Programa Ordinário <strong>de</strong> Assistência Técnica”, nomesmo ano, resultante <strong>de</strong> uma resolução que permitia que o Secretário Geralefetuasse operações técnicas com base no orçamento da Organização. Po<strong>de</strong>seafirmar que o Brasil passaria imediatamente a ser parte interessada nesseprocesso.Em 1949, o “Programa Básico” seria ampliado, sendo criado o“Programa Ampliado <strong>de</strong> Assistência Técnica” e o ECOSOC instituiria o Bureau<strong>de</strong> Assistência Técnica que, tendo aumentada a <strong>de</strong>manda por seus serviços,motivaria a criação <strong>de</strong> um Fundo Especial que viabilizaria o financiamento dosinvestimentos necessários à operacionalização dos projetos da Organização.Com o surgimento, em 1960, da Associação Internacional doDesenvolvimento (AID) em 1960, visando à liberação <strong>de</strong> empréstimos em20 Ver MAROTTA RANGEL, Vicente. Direito e Relações Internacionais. 2.ª edição. SãoPaulo: Revista dos Tribunais, 1981, p. 29.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 173


condições vantajosas para os países em <strong>de</strong>senvolvimento, a discussão sobre o<strong>de</strong>senvolvimento já assumia novos contornos e a Assembléia Geral da ONU,em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1961, aprovaria a resolução “Comércio Internacional: principalinstrumento do <strong>de</strong>senvolvimento econômico”, que viria a gerar a inclusão doAcordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e da Conferência das NaçõesUnidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) em seu sistema.Em 1966 foram fundidos o Programa Ampliado <strong>de</strong> Assistência Técnica eo Fundo Especial no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(PNUD), este último criado em novembro <strong>de</strong> 1965, dotando a Organização <strong>de</strong>instrumento mais efetivo para a realização da cooperação técnica.Em 1967, a ONU criou a Organização das Nações Unidas para oDesenvolvimento Industrial (UNIDO), visando à cooperação para o<strong>de</strong>senvolvimento da base industrial dos países.Ao longo <strong>de</strong>sse período, também, organismos constituintes da ONU taiscomo Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação(FAO), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização das NaçõesUnidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), OrganizaçãoMundial da Saú<strong>de</strong> (OMS), por sua vez, adotaram medidas no sentido <strong>de</strong> seenvolverem mais intensamente com a cooperação técnica. Assim, o sistema <strong>de</strong>cooperação técnica internacional da ONU se tornou por <strong>de</strong>mais complexo ecomo resultado, por proposta do Conselho <strong>de</strong> Administração do PNUD, em1972, o ECOSOC aprovou uma reforma que ampliou o esse Conselho,compondo-o com representantes <strong>de</strong> Estados em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong>Estados <strong>de</strong>senvolvidos, o que afetaria diretamente o Brasil.A importância <strong>de</strong>ssa reforma residiu na programação da cooperaçãoque, até então organizada por projetos, passaria a ser organizada por país, apartir da instalação <strong>de</strong> representantes-resi<strong>de</strong>ntes nos países participantes dosistema.Contudo, conforme Cachapuz <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, 95% dos recursos do PNUDadvêm dos orçamentos <strong>de</strong> assistência dos países que compõem aOrganização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e,nesse sentido, as <strong>de</strong>cisões quanto à cooperação no PNUD sofrem influênciaspolíticas importantes.O que é certo é que com o prenúncio do colapso da or<strong>de</strong>m estabelecidano pós-guerra, o conceito <strong>de</strong> cooperação passaria a ser objeto <strong>de</strong>reformulação, alcançando o significado <strong>de</strong> operação conjunta entre países ouentre os diversos sujeitos do direito internacional.2. A COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL DO BRASILAinda que conservando a condição básica <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> doação erecepção <strong>de</strong> conhecimento, a cooperação internacional incorpora atualmente anoção <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong>. Da mesma forma, a concepção <strong>de</strong> conhecimentopassou por um processo <strong>de</strong> ampliação no campo da cooperação internacional,esten<strong>de</strong>ndo-se às áreas da ciência e tecnologia. Na realida<strong>de</strong>, parte-se dahipótese <strong>de</strong> que nenhuma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cooperação po<strong>de</strong> ser situada numquadro on<strong>de</strong> existem fornecedores ou recebedores exclusivos, pois oconhecimento <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado o fruto <strong>de</strong> uma operação <strong>de</strong> construçãoem parceria.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 174


Na cooperação bilateral os principais organismos envolvidos são asagências “nacionais” <strong>de</strong> cooperação, enquanto órgãos especializados dosministérios <strong>de</strong> relações exteriores no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> operação,e os governos ou suas representações diplomáticas.O Brasil começou a organizar suas ações <strong>de</strong> cooperação técnicacriando um órgão para cooperação técnica recebida, <strong>de</strong>ntro do Ministério dasRelações Exteriores, <strong>de</strong>nominado CNAT – Comissão Nacional <strong>de</strong> AssistênciaTécnica.Em virtu<strong>de</strong> das mudanças ocorridas na política internacional e nosistema <strong>de</strong> cooperação técnica, o país reorganizou seu próprio sistema <strong>de</strong>cooperação, criando em 1967 a SUBIN – Subsecretaria <strong>de</strong> CooperaçãoEconômica e Técnica Internacional, vinculada ao Ministério do Planejamento eCoor<strong>de</strong>nação Geral. No entanto, a formulação da política <strong>de</strong> cooperaçãopassaria a caber, a partir <strong>de</strong> 1969, à Divisão <strong>de</strong> Cooperação Técnica doMinistério das Relações Exteriores.Ao mesmo tempo, o Brasil conta com uma agência <strong>de</strong>cooperação, a Agência <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Cooperação – ABC, órgão responsávelpela operação da cooperação técnica, pertencente à Fundação Cabo Frio e,portanto, somente indiretamente ligado ao Ministério das Relações Exteriores.Estando estruturada em três setores: Cooperação TécnicaRecebida Bilateral; Cooperação Técnica Recebida Multilateral; e CooperaçãoTécnica entre Países em Desenvolvimento, a ABC consi<strong>de</strong>ra a cooperaçãotécnica como “um instrumento específico pelo qual países e/ou organismosinternacionais transferem conhecimentos e técnicas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um processoplanejado <strong>de</strong> mudanças, associado às priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sócioeconômicoe articulado com a política externa do País” 21 .Assim, po<strong>de</strong>-se imaginar que a cooperação técnica assume umpapel fundamental na mobilização <strong>de</strong> recursos para a absorção <strong>de</strong> tecnologiase ascensão do país na escala do <strong>de</strong>senvolvimento.Segundo Plonski (1993), algumas das principais características dacooperação técnica internacional no Brasil referem-se a: <strong>de</strong>senvolvimento dainfra-estrutura humana; geração <strong>de</strong> um fluxo <strong>de</strong> conhecimentos <strong>de</strong> forma aaumentar o estoque preexistente; capacitação efetiva dos agentesrecipiendários; carreamento <strong>de</strong> recursos financeiros para <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong>sse processo.Quanto à cooperação bilateral, as ativida<strong>de</strong>s mais intensas, segundo oautor, estariam se <strong>de</strong>senvolvendo ao longo do tempo com os seguintes países:Japão, Alemanha, França, Canadá, Grã-Bretanha. Atualmente se percebe umatendência <strong>de</strong> crescimento expressivo das relações <strong>de</strong> cooperação com Itália eEspanha.3. A COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL ENTRE BRASIL EITÁLIACriada pelo Acordo Básico <strong>de</strong> Cooperação Técnica <strong>de</strong> 1972,complementado pelo Acordo-Quadro <strong>de</strong> Cooperação Econômica, Industrial,21 WARWAR, Z. et alli. O papel da cooperação técnica internacional no <strong>de</strong>senvolvimentobrasileiro. In: ROGRAMA DE GESTÃO DA COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL. SãoPaulo: IEA/USP – MRE/PNUD, 1993. mimeo. p. 4.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 175


Científica-Tecnológica, Técnica e Cultural <strong>de</strong> 1989, e pelo Convênio Básico <strong>de</strong>1971, substituído pelo Novo Convênio <strong>de</strong> 1989 25 , a cooperação da Itália nãotem atingido maior expressão até recentemente, estando sempre marcada pornegociações que protelavam sua efetiva realização.As sucessivas crises econômicas, os formalismos e certa<strong>de</strong>sorganização agiriam como elementos impeditivos do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maior relevo na área. Po<strong>de</strong>-se tomar como exemplo disso o casorecente, <strong>de</strong> 2010, da assinatura <strong>de</strong> instrumento <strong>de</strong> parceria estratégica nasáreas militar e espacial, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> significado, que po<strong>de</strong> vir a ser prejudicadaou protelada por conta da <strong>de</strong>cisão brasileira relativa ao caso Battisti.Assim, essa cooperação em seu período inicial efetivo (<strong>de</strong> 1989até o primeiro governo FHC), revelando sua relevância e possibilida<strong>de</strong>s para oBrasil, além <strong>de</strong> crescente, esteve centrada em sua maior parte na área <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>, seguida pelas áreas <strong>de</strong> Assistência Social e <strong>de</strong> Meio Ambiente,conforme se observa na tabela abaixo.COOPERAÇÃO BILATERAL RECEBIDA PELO BRASILProjetos em execuçãoITÁLIARegiões % 1989 1994 1995 1996Norte 15Nor<strong>de</strong>ste 27 41Centro Oeste 20 ND* 8Su<strong>de</strong>ste 40 36 100SulNacional 13Áreas/Temas % 1989 1994 1995 1996Planejamento 7Indústria 20Desenv. Regional 20Saú<strong>de</strong> 27 ND* 33,3 50Agricultura 7Desenv. Urbano 7Meio Ambiente 13 33,3Assist. Social 33,3 50Total 1989 1994 1995 1996Total <strong>de</strong> Projetos ND* 38 3+39 2+56Valor da Cooperação ND* ND* ND* ND*Obsv.:39 por ONGs 56 por ONGsPromessa:US$ 4 miFonte: Relatórios <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s (1988/96) ABC* ND = não disponívelA cooperação por parte da Itália, no entanto, teve início motivada, emgran<strong>de</strong> medida, pelo interesse em se criarem as condições para o<strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> capital italiano para o Brasil. Nessa medida, ela vemacontecendo em sua maior parte na modalida<strong>de</strong> interinstitucional (entreinstituições privadas, com participação <strong>de</strong> ONGs).25 Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s ABC/CTRE - 1988.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 176


Não é por acaso que, ainda conforme a tabela apresentada, os projetos<strong>de</strong>senvolvidos tiveram inicialmente maior concentração na região Su<strong>de</strong>ste. Aparticipação da região Nor<strong>de</strong>ste apresentaria crescimento significativo noperíodo imediatamente posterior, o que po<strong>de</strong>ria significar a <strong>de</strong>cisão por umacooperação mais centralizada, isto é, com maior envolvimento do EstadoItaliano e voltada para o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social do Brasil.Não que isso não tenha ocorrido, mas com a assinatura <strong>de</strong> Convênio-Quadro <strong>de</strong> Cooperação Econômica, Industrial e para o Desenvolvimento(Econômico) em 1998, o processo <strong>de</strong> cooperação entre esses países manteriaas mesmas características anteriores: <strong>de</strong>scentralizado e voltado paraativida<strong>de</strong>s eminentemente econômicas mesmo que em áreas <strong>de</strong> maior alcancecomo Meio Ambiente.Somente em 2010 se observam uma intensificação <strong>de</strong>ssa cooperaçãocom o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos mais sensíveis como o caso citado dasáreas militar e espacial e da construção <strong>de</strong> navios.Isto, contudo, fez mudar significativamente o papel da Itália nacooperação recebida bilateral do Brasil. Assim, <strong>de</strong> uma posição <strong>de</strong> cooperadorsem expressão, a Itália passa a ocupar agora o terceiro lugar atrás somente <strong>de</strong>Japão e Alemanha, os dois principais tradicionais cooperadores do Brasil, e afrente da França, que tradicionalmente ocupava tal posição.Mas essa posição se refere aos valores envolvidos, uma vez que, emtermos <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projetos, a Itália ainda se encontra atrás daAlemanha, Japão, França e do próprio Canadá. Enquanto a Itália conta com 30projetos em execução, aqueles países têm 70, 68, 34 e 196 projetos emexecução no país, respectivamente.Confirmando essa situação, os dados da Agência <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong>Cooperação – ABC, dão conta <strong>de</strong> que os projetos encontram-se centrados nasáreas Social/Educação e <strong>de</strong> Meio Ambiente, e se concentram no Nor<strong>de</strong>ste,alcançando o Su<strong>de</strong>ste a terceira posição em termos regionais, o que secoaduna perfeitamente com a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>senvolvida pela Itáliajunto ao Brasil.É interessante notar, frente a esse quadro, que as relações negociais <strong>de</strong>comércio entre os países revelam que nos 20 últimos anos o Brasil saiu <strong>de</strong>uma posição superavitária para uma posição <strong>de</strong>ficitária em relação à Itália.Ainda que tal comércio, seguindo a tendência geral do comércio exteriorbrasileiro, tenha crescido substantivamente ao longo do período, representasomente um pouco mais <strong>de</strong> 1,5% do montante <strong>de</strong> comércio <strong>de</strong>ste país.Acresce a isso o fato <strong>de</strong> que esse comércio apresentou mudançasqualitativas, tendo o Brasil passado <strong>de</strong> uma condição <strong>de</strong> exportador porexcelência <strong>de</strong> produtos manufaturados no início dos anos 90 do séculoanterior, para um exportador <strong>de</strong> fundamentalmente <strong>de</strong> produtos básicos a partir<strong>de</strong> meados dos anos 2000. Colocam-se como principais produtos <strong>de</strong>exportação nos dois últimos anos Café não Torrado e Pasta Química <strong>de</strong>Ma<strong>de</strong>ira e como importados Partes e Acessórios para Tratores e Automóveis ePartes e Acessórios <strong>de</strong> Carrocerias para Veículos.Todo esse quadro revela a importância da cooperação italiana napolítica <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>senvolvida pelo Brasil e, nesse sentido, no próprioprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nacional. Embora a cooperação recebida peloBrasil tenha tido sua importância diminuída nos anos recentes e até por isso, aMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 177


participação italiana nessa realida<strong>de</strong> assume papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque po<strong>de</strong>ndo seampliar, bastando para isso que os tradicionais obstáculos a isso, típicos dahistória das relações entre esses dois países, sejam superados por umrelacionamento mais próximo, racional e equilibrado.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE COOPERAÇÃO E RELAÇÕESBRASIL-ITÁLIAA <strong>de</strong>speito da cooperação institucionalizada, a cooperação entre Itália eBrasil já é tradicional uma vez que vem se constituindo historicamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong>,principalmente, a partir da década <strong>de</strong> 70 do século XIX. Cheia <strong>de</strong> altos ebaixos, e mesmo problemática, essa cooperação se iniciaria, portanto, com omaciço processo <strong>de</strong> imigração vivido pelo Brasil.À época, o Brasil tentava consolidar a transformação <strong>de</strong> sua economia,como resultado da crise a que se submeteu após sua in<strong>de</strong>pendência,promovendo a implantação da economia cafeeira que, <strong>de</strong>mandante intensiva<strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. Como essa <strong>de</strong>manda só se encontrava disponívelinternamente pelo trabalho escravo e o Brasil sofria forte pressão,particularmente por parte do Império vigente – a Inglaterra, pela abolição, orecurso utilizado seria o da mão-<strong>de</strong>-obra livre imigrante oriunda <strong>de</strong> países emsituação <strong>de</strong> crise, sendo esse o caso da Itália.Dada a tradição escravocrata em que nasceu a economia cafeeira,muitos dos representantes <strong>de</strong>ssa nova ativida<strong>de</strong> econômica reivindicavam umamão-<strong>de</strong>-obra experiente na lavoura organizada e, nesse sentido, o trabalhadoreuropeu se apresentava com vantagens reveladas, mas também impunhamcondições <strong>de</strong> trabalho para esse trabalhador, semelhantes às do trabalhoescravo.Começavam aí os primeiros problemas no relacionamento entre Brasil eItália. Mas, nessa medida, po<strong>de</strong>-se dizer que se inicia a cooperação com ascaracterísticas contemporâneas <strong>de</strong> formalização. Denunciado pelos imigrantese, mesmo, refutado por segmentos importantes <strong>de</strong> cafeicultores ocomportamento acima citado, o governo italiano se veria obrigado no início doséculo XX a <strong>de</strong>senvolver uma política emigratória, no que seria acompanhadopelo governo brasileiro no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir uma política imigratória. É assimque, tendo continuida<strong>de</strong> a imigração pelo Brasil, o país constituiu uma dasmaiores colônias <strong>de</strong> italianos fora da Itália.Isto po<strong>de</strong>ria ter dado o início a um processo aprofundado e amplo <strong>de</strong>relacionamento entre os dois países. Contudo, como países “novos” e emcontextos bastante diferenciados, suas histórias trilhariam caminhos diversos.Suas necessida<strong>de</strong>s internas representadas, por exemplo, pela proclamação daRepública e pelo movimento <strong>de</strong> 1930 no Brasil e a ascensão do Fascismo naItália, que po<strong>de</strong>riam vir a colocar os países nos mesmos campos, mas que porrazões específicas os colocariam exatamente opostos no segundo gran<strong>de</strong>conflito mundial, os manteriam em situação <strong>de</strong> afastamento durante longotempo.Assim é que no pós-guerra, ainda por razões pertinentes às suasespecificida<strong>de</strong>s históricas e geográficas, esses países, comprometidos com osprocessos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, com todas as suas gran<strong>de</strong>s oscilações no casobrasileiro, e <strong>de</strong> recuperação, no caso italiano, se mantiveram afastados até aMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 178


estabilização econômica brasileira e a conclusão do processo <strong>de</strong> integraçãoeuropeu com a <strong>de</strong>cisiva participação da Itália e sua ascensão à condição <strong>de</strong>componente do G-7.A partir, portanto, da década <strong>de</strong> 90 do século passado é que seretomariam <strong>de</strong> forma mais efetiva as relações entre o Brasil e a Itália e, nessaperspectiva, começaria a se <strong>de</strong>senvolver a cooperação institucionalizada entreambos.Como se observou anteriormente, essa cooperação tem apresentadoresultados singelos, mas nem por isso sem importância. Sua tendência écrescer e a história das relações entre Brasil e Itália só po<strong>de</strong> concorrer para osucesso <strong>de</strong> uma empreitada nesse sentido. Superando eventuais problemasgerados pontualmente por necessida<strong>de</strong>s políticas internas <strong>de</strong>sses países ouidiossincrasias <strong>de</strong> política externa, conforme os sinais emitidos pelo novogoverno brasileiro, essa tendência se verá confirmada. Cabe, portanto, aosgovernos <strong>de</strong>sses países, sem veleida<strong>de</strong>s e com racionalida<strong>de</strong> e parcimôniadarem cabo <strong>de</strong>sse processo cujas possibilida<strong>de</strong>s são praticamente infinitas.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 179


CAPÍTULO 10O papel da Câmara Ítalo-<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio <strong>de</strong>São Paulo nas relações internacionais Itália-BrasilFrancesco PaternòAs relações diplomáticas e políticas bilaterais entre o Brasil e a Itáliapossuem raízes já bem longínquas. Na verda<strong>de</strong>, remontam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o período daproclamação do Reino da Itália, quando as condições socioeconômicas <strong>de</strong>sub<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> várias regiões italianas incitaram <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares<strong>de</strong> pessoas a saírem do país em busca <strong>de</strong> fortuna além do oceano, e o Brasiltinha se tornando uma meta possível, graças aos acordos com o GovernoBrasileiro que precisava <strong>de</strong> uma nova mão-<strong>de</strong>-obra para substituir aquela dosescravos.Nas cida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento das indústrias tinha favorecidouma classe <strong>de</strong> empresários que, iniciando geralmente <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s artesanais,<strong>de</strong>monstraram <strong>de</strong>senvoltura e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização, a indiscutívelhabilida<strong>de</strong> dos imigrantes italianos teve a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emergir e se afirmar.E assim, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, foi constituída a Câmara Ítalo-<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio, Indústria e Agricultura (ITALCAM) que, há mais <strong>de</strong> umséculo, contribui para o <strong>de</strong>senvolvimento das relações bilaterais entre os doispaíses. Nasceu da iniciativa <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> banqueiros, comerciantes eindustriais italianos após uma sessão preparatória realizada na se<strong>de</strong> daAssociação Comercial em março <strong>de</strong> 1902, na qual foi nomeada uma comissãoorganizadora composta pelos representantes <strong>de</strong> algumas empresas italianas.A ITALCAM surgiu com a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> oitenta e três empresários e, em 16<strong>de</strong> maio do mesmo ano elegeu-se o primeiro Conselho Diretivo, o Presi<strong>de</strong>nte,Sr. Giovanni Briccola e, como Presi<strong>de</strong>nte honorário, o Real Cônsul Geral daItália. A primeira se<strong>de</strong> foi no edifício da Rua do Comércio, n. 25, hoje antigocentro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.Em 17 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1903, obteve o reconhecimento do Governo do Brasilcomo Entida<strong>de</strong> Jurídica e sucessivamente aquele oficial do Governo Italiano.Sua constituição aten<strong>de</strong>u a uma carência profundamente sentida pelacoletivida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>senvolvimento industrial realmente estava no início e ocomércio <strong>de</strong> importação da Itália em plena ativida<strong>de</strong>. Havia, portanto, anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um organismo que fosse capaz <strong>de</strong> tutelar os interessescomerciais italianos.O <strong>de</strong>senvolvimento da indústria fez o consumo e o comércio <strong>de</strong> muitosprodutos <strong>de</strong> origem italiana crescer e, portanto, a função da Câmara tambémmudou: <strong>de</strong> órgão associativo dos importadores locais transformou-se numaassessoria <strong>de</strong> colaboração para fins político-econômicos do Governo Italiano.Em seguida, participou da elaboração dos Tratados <strong>de</strong> Comércio entre oBrasil e a Itália, assim como, das diversas ações realizadas em proteção dosMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 180


colonos, da propaganda para a promoção do café brasileiro na Itália e daparticipação às Exposições <strong>de</strong> 1906, em Milão, e <strong>de</strong> 1911, em Turim.Em 1994, com a abertura das fronteiras do comércio internacional, ointercâmbio Brasil-Itália aumentou significativamente. A ITALCAM tambémpassava pelo seu processo <strong>de</strong> transformação: em abril do mesmo ano foi eleitocomo Presi<strong>de</strong>nte, Dr. Edoardo Pollastri, estimado empresário italiano que,graças aos seus méritos, foi reeleito. Hoje é uma figura <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nacomunida<strong>de</strong> ítalo-brasileira ao <strong>de</strong>sempenhar o papel <strong>de</strong> promotor dasativida<strong>de</strong>s da Câmara e da integração bilateral. Além disso, também éConselheiro Diretivo da Assocamerestero (Associação das Câmaras Italianasno Mundo) e Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Área das Câmaras <strong>de</strong> Comércio Italianas doMercosul.Com reconhecida eficiência e prestígio a ITALCAM, em 2011, completa109 anos em pleno <strong>de</strong>senvolvimento. Atualmente conta com quase 900associados, e é a única Câmara <strong>de</strong> Comércio Italiana no Exterior (CCIE) commais <strong>de</strong> 70 Delegados na área <strong>de</strong> sua jurisdição. Dentro <strong>de</strong> sua estruturaatuam “Desks” <strong>de</strong> Milão, <strong>de</strong> Turim, das Regiões do Veneto e da Emilia-Romagna, além da ENIT – Agência Nacional do Turismo Italiano.Por isso, exerce uma função <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> como incentivadorada intensificação do comércio bilateral. Seu papel característico, assim como,seu enraizamento se manifestam, no Brasil, graças aos seus associados e, naItália, mediante a sua história. Tudo isso permite à Câmara ter uma alma dupla,única entre as instituições no Brasil.A Câmara realiza uma ativida<strong>de</strong> que contempla um extenso raio <strong>de</strong>ações: missões, feiras, intermediações <strong>de</strong> negócios, promoção do Ma<strong>de</strong> in Italye da Itália em geral, e todas aquelas ativida<strong>de</strong>s que tradicionalmente fazemparte do programa <strong>de</strong> trabalho das CCIE, todas com o propósito <strong>de</strong> dar maisvisibilida<strong>de</strong> às empresas italianas no exterior e fornecer a elas um suportea<strong>de</strong>quado para que possam atuar em um ambiente competitivo cominstrumentos e conhecimentos a<strong>de</strong>quados.As ativida<strong>de</strong>s que uma Câmara po<strong>de</strong>, ou melhor, <strong>de</strong>ve com a graduaçãonecessária, ser capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver, se traduzem – transferindo-as para arealida<strong>de</strong> quotidiana – naquelas que são suas funções específicas. Suaenunciação serve, ao mesmo tempo, para <strong>de</strong>finir suas conotações comoinstituição prestadora <strong>de</strong> serviços. Em outras palavras, quaisquer que sejam asativida<strong>de</strong>s que realiza (das mais simples às mais articuladas, das maisrepetitivas às mais frequentes), a CCIE funciona como “fornecedora” ou como“intermediadora” <strong>de</strong> serviços. Isso também explica a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca dostermos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento que a <strong>de</strong>scrição das “ativida<strong>de</strong>s” seja evocativa às“funções” e, que ambas fluam no conceito <strong>de</strong> “serviços”.Referindo-se, consequentemente, aos conteúdos das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> umaCCIE, elas po<strong>de</strong>m ser agrupadas conforme três modalida<strong>de</strong>s diferentes, àsquais correspon<strong>de</strong>m outras tantas “capacida<strong>de</strong>s”: <strong>de</strong> “resposta”, <strong>de</strong> “iniciativa” e<strong>de</strong> “proposta”.A primeira, evi<strong>de</strong>ntemente, diz respeito à “<strong>de</strong>manda” <strong>de</strong> serviços ebaseia-se na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r às expectativas <strong>de</strong> quem,espontaneamente, procura a Câmara.A segunda refere-se às iniciativas que uma CCIE po<strong>de</strong> assumir sem queseus serviços sejam solicitados, criando, <strong>de</strong>ssa forma, os pressupostos dosMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 181


quais a “<strong>de</strong>manda” surge (entre as tantas, por exemplo, na difusão das“oportunida<strong>de</strong>s comerciais”).Enfim, a terceira está relacionada à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se impor como ponto<strong>de</strong> referência nos assuntos da “business community” e das instâncias públicas(ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lobbying), mas também como “centro” elaborador e difusor <strong>de</strong>análises, projetos e propostas, capaz <strong>de</strong> contribuir para o <strong>de</strong>bate permanentesobre os assuntos da economia e dos intercâmbios.No atual cenário econômico, aqueles que possuem mais relevância epontos <strong>de</strong> contato com a ativida<strong>de</strong> das CCIE e das empresas são, sem dúvida,a Representação Diplomática, o Ministério para as Ativida<strong>de</strong>s Produtivas e asInstituições Promocionais Italianas.Ciente da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter que crescer e diversificar ainda mais aspróprias áreas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, cumprindo, portanto, todas as funções específicas<strong>de</strong> uma CCIE, aquela <strong>de</strong> São Paulo, consequentemente, preparou umprograma ambicioso, cheio <strong>de</strong> iniciativas e novos projetos voltados a inovar asmetodologias <strong>de</strong> trabalho e a ocupar um espaço cada vez mais relevante nocontexto econômico, político, cultural e social no qual atua. Tais projetosten<strong>de</strong>m a consi<strong>de</strong>rar a informação cultural como elemento propedêutico àsrelações econômicas, comerciais e industriais.Nos anos passados, a ITALCAM realizou projetos que <strong>de</strong>terminaram oestudo <strong>de</strong> setores mo<strong>de</strong>rnos e o aprofundamento <strong>de</strong> novos conhecimentos. Um<strong>de</strong>les, realizado em 2005, foi o “Integratec”, iniciativa focalizada no encontroentre empresas e empresários com o intuito <strong>de</strong> facilitar a integração dosnegócios entre a Itália e o Brasil e <strong>de</strong> colocar em contato os B.I.C. (BusinessInnovation Center) italianos com as “Incubadoras” brasileiras.Outro projeto foi o “Carbontra<strong>de</strong>”, cuja missão era <strong>de</strong>senvolver uma fullimmersion sobre as temáticas do mercado <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> carbono a nívelinstitucional e comercial.Já a ação “Portos Italianos” tinha o objetivo <strong>de</strong> realizar um estudo sobreo intercâmbio comercial entre as áreas da América do Sul e do Leste daEuropa, mediante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s promocionais a favor dosportos italianos.Algumas das ativida<strong>de</strong>s promovidas pela ITALCAM, como aquela daDieta Mediterrânea, realizada anualmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002, tiveram e até hoje têmcomo finalida<strong>de</strong> a promoção <strong>de</strong> produtos agro-alimentares italianos, assimcomo, <strong>de</strong> sua cultura gastronômica no Brasil, por meio da apresentação doshábitos culinários e do estilo <strong>de</strong> vida italiano.Também vale <strong>de</strong>stacar o projeto relativo ao “Cinema”, com a realização<strong>de</strong> vários eventos para favorecer o intercâmbio cultural e comercial no setorcinematográfico entre Brasil e Itália, graças a ações que incentivam futurascoproduções e negócios a serem realizados em ambos os países.Com o plano “Uma Âncora Italiana no Brasil”, a Câmara tem a intenção<strong>de</strong> facilitar a internacionalização <strong>de</strong> PMEs italianas colocando à disposição umDesk que tenha domiciliação, recursos, pesquisas preliminares <strong>de</strong> mercadopara avaliar as possibilida<strong>de</strong>s reais <strong>de</strong> introdução <strong>de</strong> produtos ou serviços <strong>de</strong>empresas italianas no Brasil, antes <strong>de</strong> enfrentar a burocracia e os custos dacriação <strong>de</strong> uma própria sucursal ou filial no exterior. O objetivo é propor à PMEitaliana know-how, segurança e praticida<strong>de</strong>, oferecendo a colaboração e opatrimônio <strong>de</strong> conhecimentos da ITALCAM. Na prática, “incubando” a empresaMomento Itália/Brasil 2011-2012 Página 182


italiana até quando a mesma tenha conhecimentos suficientes para <strong>de</strong>cidir sequer começar com os próprios meios.O projeto <strong>de</strong> re<strong>de</strong> “Franchising in America Latina”, realizado em 2010,nasceu da dinamicida<strong>de</strong> do setor em forte crescimento em todos os países docontinente Sulamericano e, das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção das re<strong>de</strong>s italianas,que também <strong>de</strong>spertou o interesse da Assofranchising da Itália. O objetivo foi<strong>de</strong>senvolver relações com associações nacionais e promover contatos para aconclusão <strong>de</strong> acordos com empresas italianas para começar a atuar comsucesso no mercado latino-americano.Também se realizou uma ação ligada ao setor agroalimentar, comatenção especial “à conservação, ao packaging e ao marketing <strong>de</strong> produtosalimentícios”. Dada a excelência italiana no setor, tal iniciativa, tambémrealizada em re<strong>de</strong>, promoveu produtos italianos, especialmente em relação aosegmento da embalagem, extremamente importante para a proteção econservação, o transporte e a difusão dos produtos mediante um <strong>de</strong>sign capaz<strong>de</strong> atrair a atenção do consumidor. A finalida<strong>de</strong> era colocar em contatoprodutores e possíveis buyer para incentivar a troca <strong>de</strong> tecnologia e know-howentre Itália e a América Latina, consi<strong>de</strong>rando que o alto padrão qualitativoitaliano e a experiência maturada nesse campo aten<strong>de</strong>m eficazmente àscrescentes exigências do mercado.Gran<strong>de</strong> atenção também é dada aos “serviços comerciais” que incluemas ativida<strong>de</strong>s tradicionais <strong>de</strong> assistência aos interessados: missões da Itália epara a Itália, participação em feiras italianas e brasileiras e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio<strong>de</strong> natureza variada aos empresários. O principal escopo é incentivar as PMEsitalianas a consi<strong>de</strong>rar o Brasil como <strong>de</strong>stino privilegiado para ainternacionalização.O projeto “Conheça a Itália sem sair <strong>de</strong> São Paulo”, que se realizará <strong>de</strong>Outubro <strong>de</strong> 2011 até Junho <strong>de</strong> 2012, inclui a elaboração <strong>de</strong> roteiros turísticosna cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Tais itinerários enfatizarão a presença italiana na arte,na arquitetura e na gastronomia. Essa ativida<strong>de</strong> divulga a cultura italiana pormeio do estímulo ao turismo na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.O setor ambiental também é tema <strong>de</strong> profundo interesse da ITALCAM.Graças ao projeto “Desenvolvimento Sustentável Bilateral”, se <strong>de</strong>seja favorecera difusão <strong>de</strong> uma cultura <strong>de</strong> Green Economy, isto é, <strong>de</strong> baixa intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>carbono e altamente eficiente do ponto <strong>de</strong> vista do uso <strong>de</strong> recursos naturais.Do mesmo modo, “a orientação ao trabalho para os jovens” foi abordadapela Câmara que realizou uma ação voltada ao <strong>de</strong>senvolvimento doconhecimento dos instrumentos a favor <strong>de</strong> jovens em busca do primeiroemprego.Portanto, a ITALCAM atua em muitas áreas, abrangendo problemáticase setores que passam por questões relativas ao meio ambiente, à tecnologia eà esfera cultural. Não por acaso, a CCIE <strong>de</strong> São Paulo consta entre as maisantigas do mundo e, do alto <strong>de</strong> seus 109 anos <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>seja continuarestimulando as relações bilaterais e representando um exemplo da combinação<strong>de</strong> tradição com mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 183


CAPÍTULO 11Câmara Ítalo - <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio,Indústria e Agricultura <strong>de</strong> São PauloIntroduçãoNelson Destro FragosoAdiliana dos Santos PeresA câmara é uma associação sem fins lucrativos e está presente no Brasilem oito estados, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, MatoGrosso do Sul, Brasília, Goiás e Tocantins, chegando ao um total <strong>de</strong> setenta ecinco <strong>de</strong>legações em todo território nacional.Esta instituição é composta <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> novecentos sócios, que sãocompostos <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> pequeno, médio e gran<strong>de</strong> porte, atuantes em todasas áreas da economia, também há uma parcela <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> pessoasfísicas.As pequenas e médias empresas da Itália assim como no Brasilencontram diversas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> entrada no mercado internacional, custos,riscos, conhecimento <strong>de</strong> mercado, e muitas variáveis são causadoras <strong>de</strong>stasdificulda<strong>de</strong>s.Dentro <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>, que não é algo novo no mercado mundial, senotou necessário a existência <strong>de</strong> uma instituição que ajudasse estas empresasem seu <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> negócios. Neste contexto ocorreu a fundação daCâmara Ítalo-<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio e Indústria em 1902 por iniciativa <strong>de</strong> umgrupo <strong>de</strong> banqueiros, comerciantes e industriais italianos, que perceberam anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um estreitamento das relações comerciais entre as empresasbrasileiras e italianas.Hoje esta câmara é consi<strong>de</strong>rada uma das <strong>de</strong>z mais importantes nocenário mundial e oferece a seus associados uma assessoria <strong>de</strong> negócios,visando proporcionar aos empresários italianos o apoio necessário para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s no Brasil, também proporcionando aosempresários brasileiros oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios com a Itália.1. MissãoA Câmara Ítalo <strong>Brasileira</strong> tem como finalida<strong>de</strong> cooperar para o<strong>de</strong>senvolvimento das relações econômicas e culturais entre Brasil e Itália. Parao alcance <strong>de</strong>ssa missão, se faz necessário o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> diversasativida<strong>de</strong>s, em três gran<strong>de</strong>s eixos <strong>de</strong> atuação: Área comercial, cultural e <strong>de</strong>consultoria:a) Área Comercial – Atua promovendo eventos, seminários, missõescomerciais, feiras, e propagandas que <strong>de</strong>stacam os interesses comerciais daindústria, do artesanato e da agricultura.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 184


) Área Cultural – Promove ações que ajudam na difusão e tutela <strong>de</strong>produtos italianos, promove a cultura e os valores italianos, a criativida<strong>de</strong>.Promovendo também publicação <strong>de</strong> revistas e boletins periódicos informativos,palestras e eventos.c) Área <strong>de</strong> consultoria – Proporciona serviços <strong>de</strong> consultoria (legal,estratégica, fiscal, etc), sobre todas as normas que regem a relação entre osdois países, à disposição dos associados.A Câmara também po<strong>de</strong> executar tarefas que lhes são solicitadas pelasautorida<strong>de</strong>s diplomáticas italianas, e para que isso possa acontecer permitindoo <strong>de</strong>senvolvimento da comunida<strong>de</strong> italiana no Brasil colabora com entida<strong>de</strong>sitalianas no Brasil.1.1 Serviços oferecidos pela Câmara1.1.1 Assessoria <strong>de</strong> negóciosQuando necessário os interessados solicitam à câmara e esta possibilitao acesso <strong>de</strong> seus sócios a informações sobre leis e normas comerciais,industriais e agrícolas, dados econômicos, financeiros, lista <strong>de</strong> associações <strong>de</strong>categoria, entida<strong>de</strong>s e operadores econômicos, divulgam oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>negócios nos dois países, calendário das principais feiras brasileiras e italianas,guias catálogos, revistas e publicações diversas binacionais, o data-bank <strong>de</strong>empresas <strong>de</strong> importação e exportação e faz uma analise da viabilida<strong>de</strong>econômico-comercial dos negócios bilaterais.1.1.2 Assessoria jurídicaA Câmara possui uma assessoria jurídica para aten<strong>de</strong>r seus associadosquanto às normativas que regulamentam o intercambio entre os dois países,possuindo também uma relação <strong>de</strong> advogados e escritórios especializados queoperam tanto no Brasil como na Itália.1.1.3 Assessoria em MarketingPor meio intermédio do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> marketing, os associados dacâmara tem acesso a informações e po<strong>de</strong>m divulgar suas empresas, serviçose/ou produtos. Para isso há diversas publicações e meios <strong>de</strong> divulgação.Dentre essas publicações é possível citar a Revista Affari que é umarevista <strong>de</strong> negócios da Câmara, com edição trimestral e redação bilíngue, édirigida aos associados e as principais instituições dos dois países; <strong>de</strong>sta formaatingem uma gran<strong>de</strong> parcela <strong>de</strong> interessados em negócios bilaterais. Outrapublicação que cabe mencionar é o Anuário, este é um catálogo <strong>de</strong> consultapara quem têm interesse em realizar negócios bilaterais, nele há lista completados associados e um panorama geral da economia italiana e brasileira.A empresa associada tem direito a três inserções na Revista Affari emformato - Boletim <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>, também tem sua ficha técnica publicada nosite da Câmara, e tem a publicação no boletim on-line <strong>de</strong> apresentação doDesk/Empresa a todo mailing da Câmara.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 185


Também há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso a informações pelo site daCâmara, por boletins diversos, entre eles o boletim <strong>de</strong> apresentação dos novosassociados, que como o nome já diz, tem o intuito <strong>de</strong> indicar quando novosassociados entram para a Câmara e assim apresentá-los para a comunida<strong>de</strong> jápresente. O mailing é outra ferramenta muito utilizada pelos associados paraaproximação com futuros parceiros <strong>de</strong> negócios.A Câmara também proporciona eventos e serviços especiais para osassociados. Entre esses eventos cabe citar, missões comerciais e feiras,seminários e conferencias, intercâmbio entre representantes dos doisgovernos, das instituições e empresários e apoio e divulgação <strong>de</strong> eventosartísticos e culturais dos dois países.Entre os serviços especiais oferecidos pela Câmara, o apoio aempresários dos dois países com informações <strong>de</strong>talhadas e o apoio eassistência a programas <strong>de</strong> investimentos são muito procurados. Também há aparceria com 102 Câmaras <strong>de</strong> comercio na Itália e setenta Câmaras italianasespalhadas por países no mundo todo. Po<strong>de</strong>mos citar ainda o meeting entreempresários para o intercâmbio comercial e a cessão e aquisição <strong>de</strong> tecnologiaentre os países.Pesquisas <strong>de</strong> mercado, consultorias estratégicas, técnicas,administrativas e <strong>de</strong> investimentos, mais difusão <strong>de</strong> ofertas <strong>de</strong> bens e serviçose colaboração com tradução e intérpretes, são outros serviços oferecidos pelaCâmara aos seus associados.Seguem algumas publicações disponibilizadas aos associados:a) Guias <strong>de</strong> Investimentos – Guia aos investimentosestrangeiros na ItáliaO Guia <strong>de</strong> Investimentos é realizado em parceria com escritórios <strong>de</strong>advocacia associados à Câmara <strong>de</strong> Comércio, Indústria e Agricoltura e estáacessível no link <strong>de</strong>dicado no site ITALCAM.Guia aos Investimentos Estrangeiros na Itália - 2010Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 186


Guia aos Investimentos Estrangeiros na Itália - 2009b) Manual <strong>de</strong> incentivos fiscais estaduais no Brasil do setoreambientalEste manual é um facilitador para o associado italiano conseguirenten<strong>de</strong>r os procedimentos fiscais no Brasil e assim conseguir usufruir asbenesses oferecidas e também para evitar transtornos em caso <strong>de</strong> algumprocedimento ina<strong>de</strong>quado comercialmente falando.1.1.4 Serviços <strong>de</strong> infra-estruturaA Câmara oferece alguns serviços <strong>de</strong> infra-estrutura para seusassociados conduzirem seus negócios com maior praticida<strong>de</strong>. São diversosserviços como um espaço na se<strong>de</strong> da Câmara, com telefone, arquivo e central<strong>de</strong> fotocopias, material <strong>de</strong> escritório, computador, impressora, acesso a internete en<strong>de</strong>reço com domínio da Câmara.Além <strong>de</strong>ssa estrutura <strong>de</strong> escritório completa, fornece um Assistente parasuporte e orientação geral. Disponibiliza ainda um auditório com infra-estruturacompleta para reuniões, palestras e coquetéis, com capacida<strong>de</strong> para 80pessoas e equipamentos completos <strong>de</strong> multimídia. Também oferece umahospedagem e traslado para um representante <strong>de</strong> empresa italiana e quatrodias em hotel quatro estrelas. Complementando esses serviços, hápossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conseguir ingressos para visitas nas principais feiras, comvínculo ao setor <strong>de</strong> atuação da empresa.A Câmara é composta por diversos comitês, segue uma lista <strong>de</strong>les, quepo<strong>de</strong>m ser compostos por membros associados que tenham capacida<strong>de</strong>técnica profissional <strong>de</strong> atuar nestas áreas:Comitê Jurídico: po<strong>de</strong>rão a<strong>de</strong>rir todos os associados que exercem aprofissão <strong>de</strong> advogado e/ou escritórios <strong>de</strong> advocacia, como pessoa jurídica.Comitê Logístico: po<strong>de</strong>rão a<strong>de</strong>rir todos os associados interessados nasativida<strong>de</strong>s econômicas ligados a esse setor.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 187


Comitê do Meio Ambiente: po<strong>de</strong>rão a<strong>de</strong>rir pessoas físicas e jurídicasinteressadas neste aspecto da vida social e empresarial.Comitê <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico: po<strong>de</strong>rão se associarpessoas físicas e jurídicas interessadas no <strong>de</strong>senvolvimento econômico emgeral e, especialmente, nas ativida<strong>de</strong>s da Tecnologia <strong>de</strong> Informação (TI) e daárea <strong>de</strong> Agronegócios.A a<strong>de</strong>são aos comitês é facultativa e po<strong>de</strong>ndo se associar em mais <strong>de</strong>um Comitê, conforme interesse e disponibilida<strong>de</strong> dos sócios.1.1.5 Câmara JuniorA Câmara Ítalo-<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio e Indústria possui em suaestrutura a Câmara Junior que busca abrir oportunida<strong>de</strong>s profissionais parauniversitários, jovens empresários e futuros empreen<strong>de</strong>dores. Suas ações sãobasicamente no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver aperfeiçoamento cultural e profissional.Uma <strong>de</strong> suas características mais importantes é o fortalecimento dasrelações entre os estudantes/profissionais brasileiros e italianos, com arealização <strong>de</strong> palestras, seminários e eventos.A Câmara Júnior também tem como objetivo divulgar cursos <strong>de</strong>formação que são fruto <strong>de</strong> acordos entre a Câmara Ítalo-<strong>Brasileira</strong>,Universida<strong>de</strong>s Italianas e <strong>Brasileira</strong>s e os Ministérios Italianos.1.1.6 Centro Formativo da Câmara Ítalo-<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> ComércioEm São Paulo, o centro formativo é um setor chave para qualificaçãoprofissional <strong>de</strong> pessoal e <strong>de</strong> empresas num momento chave na relação <strong>de</strong>stesdois países. Por meio <strong>de</strong>ste centro a Câmara disponibiliza um conjunto <strong>de</strong>serviços <strong>de</strong> assistência com intuito <strong>de</strong> ajudar no crescimento e nacompetitivida<strong>de</strong>, ajudando a dirimir problemas ligados a gestão <strong>de</strong> negócios.Um dos objetivos do centro é <strong>de</strong>scobrir oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mercado etornar conhecidos procedimentos <strong>de</strong> gestão, fornecendo, para isso, suporte eserviços <strong>de</strong> tradução e intérprete e um banco <strong>de</strong> talentos.1.2 Câmara <strong>de</strong> Arbitragem EmpresarialA SP ARBITRAL é uma Associação Civil sem fins econômicos, dotada<strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> jurídica própria e tem como associadas além da CâmaraÍtalo-<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Comércio, Indústria e Agricultura <strong>de</strong> São Paulo, as seguintesentida<strong>de</strong>s: Associação dos Peritos Judiciais do Estado <strong>de</strong> São Paulo, aFe<strong>de</strong>ração dos Contabilistas do Estado <strong>de</strong> São Paulo e o Instituto Brasileiro <strong>de</strong>Avaliações e Perícias <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Paulo.A Câmara <strong>de</strong> Arbitragem Empresarial <strong>de</strong> São Paulo é um órgão arbitralinstitucional e sua principal função é administrar e monitorar procedimentos <strong>de</strong>medição e arbitragem <strong>de</strong> questões empresariais.A Câmara <strong>de</strong> Comercio Ítalo - <strong>Brasileira</strong> é um dos órgãos responsáveisem manter viva a ligação familiar entre esses dois países. Incentivando osnegócios entre estes países a Câmara incentiva uma aliança seria e respeitosae um <strong>de</strong>senvolvimento com equilíbrio e parceria.Momento Itália/Brasil 2011-2012 Página 188


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