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Turma da Biblioteca - MultiRio

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<strong>Turma</strong><strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong>


Eduardo PaesPrefeito do Rio de JaneiroClaudia CostinSecretária Municipal de Educação – SMECleide RamosPresidente <strong>da</strong> Empresa Municipal deMultimeios – <strong>MultiRio</strong>Maria Tereza Lopes TeixeiraChefe de GabineteRicardo PetraccaDiretor de Mídia e EducaçãoSergio Murta RibeiroDiretor de Administração e Finanças


<strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong>..................................................................Série televisiva: textos complementares<strong>MultiRio</strong> - Empresa Municipal de Multimeios Lt<strong>da</strong>.Largo dos Leões, 15 • Humaitá • Rio de Janeiro/RJ • Brasil • CEP 22260-210Tel.: (21) 2976-9432 • Fax: (21) 2535-4424www.multirio.rj.gov.br • ouvidoria.multirio@rio.rj.gov.br


ApresentaçãoO fascículo de textos relativos à série <strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> é o terceiro de um conjunto depublicações referentes às produções televisivas <strong>da</strong> <strong>MultiRio</strong> volta<strong>da</strong>s ao atendimento dealunos e professores em sala de aula.A série, dirigi<strong>da</strong> às turmas do 3º ao 5º anos, é composta de dez programas que narram asaventuras <strong>da</strong>s irmãs Geysa, de 11 anos, e Jéssica, de 7, na companhia dos amigos Maiquel,de 8, e Emerson, de 10, tendo como cenário a biblioteca <strong>da</strong> escola em que estu<strong>da</strong>m.Os textos ora apresentados fun<strong>da</strong>mentam e orientam a aprendizagem <strong>da</strong> Língua Portuguesapara que o aluno amplie sua capaci<strong>da</strong>de de expressão oral, de leitura e de produção detextos. Na publicação, encontram-se, ain<strong>da</strong>, sugestões de ativi<strong>da</strong>des que, certamente, contribuirãopara tornar ca<strong>da</strong> aula mais dinâmica e enriquecedora.Os conteúdos de apoio oferecidos no fascículo <strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> possibilitam ao professororientar seus alunos a refletirem sobre os textos que leem, escrevem, falam ou ouveme, a partir <strong>da</strong>í, ressignificarem seu aprendizado.Claudia CostinSecretária Municipal de Educação – SME


PrefácioA série <strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong>, segundo a professora e consultora Adriana Guedes, “não trazconteúdos prontos e acabados para uma simples complementação <strong>da</strong>s aulas de LínguaPortuguesa, mas demonstra, por meio dos personagens e de suas diferentes histórias devi<strong>da</strong>, como a língua atua a partir <strong>da</strong>s experiências individuais”.O enfoque textual, semântico e discursivo proposto no argumento <strong>da</strong> série diz respeito auma abor<strong>da</strong>gem do Português volta<strong>da</strong> para a produção de textos coerentes e coesos e paraquestões que envolvem a dimensão social <strong>da</strong> linguagem.Nesse contexto, <strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> descreve o que acontece quando quatro alunos,de diferentes séries, encontram um baú misterioso na biblioteca <strong>da</strong> escola. Dentro dele,cartas, poemas e fotos atiçam a curiosi<strong>da</strong>de dos personagens sobre o dono do baú e suahistória. Sempre que voltam à biblioteca, descobrem novi<strong>da</strong>des no baú que dão origem aespeculações, deduções, questionamentos e ao interesse de aprender mais e mais sobrea Língua Portuguesa.A série <strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> torna-se, assim, um instrumento importante para que o professorestimule seus alunos a desenvolverem e a aperfeiçoarem, com autonomia, o uso <strong>da</strong>língua ao longo do Ensino Fun<strong>da</strong>mental. Para isso, trabalha:• Práticas de orali<strong>da</strong>de e de letramento, de forma integra<strong>da</strong>, levando o aluno a identificar asrelações de dependência, independência e interdependência entre orali<strong>da</strong>de e escrita;• Leituras de textos de diferentes tipos e gêneros e com diferentes funções; elaboração detextos de diferentes tipos e gêneros para diferentes interlocutores, em diferentes situaçõese condições de produção;• Apropriação e variação vocabular por meio <strong>da</strong> descoberta de aspectos <strong>da</strong> formação depalavras, de figuras de linguagem, dos estrangeirismos, <strong>da</strong> construção de sentidos a partirde recursos gráficos, <strong>da</strong>s repetições estilísticas, entre outros itens que aju<strong>da</strong>m a ampliaro repertório léxico;• Diferentes gêneros textuais e tipos de textos, como anúncios publicitários, cartas pessoais,notícias, poemas, contos, histórias em quadrinhos, narrativas de viagem, receitas,verbetes de enciclopédias, letras de músicas, artigos opinativos, entre outros;• Apreensão do tema e <strong>da</strong> estrutura global do texto; levantamento de hipóteses; relaçõesde causa e consequência, de temporali<strong>da</strong>de e de espaciali<strong>da</strong>de; síntese; generalização;relações entre forma e conteúdo;


• Objetivos específicos <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de escrever ligados à função <strong>da</strong> escrita, ao gênerodo texto, às metas <strong>da</strong> produção, aos interlocutores almejados, à utilização de recursoslinguísticos e discursivos, que confiram coesão, uni<strong>da</strong>de, coerência, clareza e concisãoao material produzido;• Sinais de pontuação e sua importância na construção do texto e no seu entendimento.Também é proposta uma reflexão sobre os usos <strong>da</strong> língua portuguesa, suas intenções esua funcionali<strong>da</strong>de;• Pronúncia correta; tonici<strong>da</strong>de; regras de acentuação gráfica; classificação <strong>da</strong>s palavras deacordo com a sílaba tônica; construção individual e coletiva do conhecimento gramatical,a partir <strong>da</strong> observação, em textos reais, de determinados fenômenos <strong>da</strong> Gramática;• Ortografia, com o emprego de r ou rr, j ou g, s ou z, x ou ch, levando o aluno a descobriro uso <strong>da</strong> escrita com as palavras corretas como forma de comunicação, de interlocuçãoe de imprimir uma função social a essa escrita. Incentivo à utilização do dicionário paratirar dúvi<strong>da</strong>s;• Passado, presente e futuro. Pensar o tempo na escrita, suas variações; ressignificar osaspectos gramaticais <strong>da</strong>s flexões verbais em uma dimensão mais reflexiva, associa<strong>da</strong> àconstrução do pensamento dos alunos e à prática <strong>da</strong> escrita. Pensar o tempo verbal comofun<strong>da</strong>mentação do texto, construção <strong>da</strong> frase e base de sua significação;•Literatura infantil: contos de fa<strong>da</strong>s, mitologias, histórias de cavaleiros de capa e espa<strong>da</strong>,marinheiros e náufragos, detetives mirins; a narrativa e a poesia que se dividem, fun<strong>da</strong>mentalmente,entre o bem e o mal. Os recursos para se fazer uma boa leitura; entrevistascom escritores sobre a importância <strong>da</strong> criação na infância;• Pesquisa em bibliotecas, jornais, revistas e na internet, com objetivi<strong>da</strong>de e segurança;como organizar a pesquisa; uma orientação inicial dos sumários, dos ícones do computadore dos registros que devem ser feitos e somados às conclusões dos trabalhos.Cleide RamosPresidente <strong>da</strong> <strong>MultiRio</strong>


SumárioO baú misterioso............................................. 9Apropriação e variação vocabularBons amigos.................................................... 13Tipologia textual / criação textualChara<strong>da</strong>............................................................ 17Coerência e coesão textualGrafias.............................................................. 21Criação textualDúvi<strong>da</strong>s............................................................ 25PontuaçãoBarulhinho bom............................................... 33AcentuaçãoSopa de letrinhas............................................ 39OrtografiaPassado, presente e futuro............................. 45Tempo verbalLer para viver.................................................. 49Literatura infantil<strong>Biblioteca</strong>ndo................................................... 55<strong>Biblioteca</strong>, pesquisa, texto informativo


O baú misteriosoApropriação e variação vocabularAlberto Jacob FilhoO baú misterioso | Apropriação e variação vocabularUm texto literário ou uma consulta ao dicionáriosão maneiras váli<strong>da</strong>s de li<strong>da</strong>r com alíngua – que tem numerosas formas de serusa<strong>da</strong>. Neste capítulo, vamos promover umestudo <strong>da</strong> linguagem do texto por meio <strong>da</strong>exploração de aspectos como: as especifici<strong>da</strong>desdo uso <strong>da</strong> língua ou <strong>da</strong> varie<strong>da</strong>delinguística, de acordo com o gênero e comos interlocutores envolvidos; os sentidos decertos vocábulos; as expressões e as construções<strong>da</strong> língua; as ambigui<strong>da</strong>des; as figurasde linguagem; os aspectos <strong>da</strong> formação depalavras; os valores semânticos dos diminutivos;o uso enfático de palavras e expressões;os estrangeirismos; o resultado semântico-estilísticode certas técnicas narrativas; aconstrução de sentidos a partir de recursosgráficos; as repetições estilísticas; os recursosexpressivos do texto; as marcas de pessoali<strong>da</strong>dee de impessoali<strong>da</strong>de do discurso.Conceitos-chaveVocabulárioÉ o conjunto de palavras que conhecemos,somos capazes de compreender e utilizar naformação de frases.LéxicoPoderia ser definido como o acervo de palavrasde um determinado idioma que aspessoas têm à sua disposição para expres-


O baú misterioso | Apropriação e variação vocabularsar-se, oralmente ou por escrito. O léxicode um idioma é composto de palavras quepodem ser agrupa<strong>da</strong>s em classes, conformeprescreve a Gramática desse idioma. Há tiposde vocábulos que existem em praticamentetodos os idiomas, como os substantivos, osadjetivos e os verbos. Uma parte do léxico doidioma pode ser encontra<strong>da</strong> em dicionáriosde diversos tamanhos. Quanto maior, maioro conjunto de palavras e definições quepoderão ser contempla<strong>da</strong>s com um espaçonaquela obra.MorfologiaEm Linguística, morfologia é o estudo <strong>da</strong>estrutura, <strong>da</strong> formação e <strong>da</strong> classificação<strong>da</strong>s palavras. Sua peculiari<strong>da</strong>de é estu<strong>da</strong>ras palavras olhando-as isola<strong>da</strong>mentee não como componentes de uma frase oude um período.A morfologia está agrupa<strong>da</strong> em dezclasses, denomina<strong>da</strong>s classes de palavrasou classes gramaticais. São elas:substantivo, artigo, adjetivo, numeral,pronome, verbo, advérbio, preposição,conjunção e interjeição.Metas educacionaisÉ preciso prever a necessi<strong>da</strong>de de intervençõesespecíficas que ajudem os alunos adesenvolver melhor e mais rapi<strong>da</strong>mente ascapaci<strong>da</strong>des e as habili<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s naleitura e na escrita. A parte mais importantedessas intervenções deve ser volta<strong>da</strong> a facilitaro acesso à compreensão global de todosos tipos de texto. O estudo do vocabulárioinclui-se aí, como parcela fun<strong>da</strong>mental noprocesso de apropriação, de compreensão ede produção <strong>da</strong> língua materna. Para tal tarefa,seguem-se estas intenções:• desenvolver o hábito e as habili<strong>da</strong>des deconsulta a dicionários;• desenvolver as habili<strong>da</strong>des de reconhecera estrutura <strong>da</strong> palavra e de identificar osprocessos de formação de palavras, a fimde aperfeiçoar a produção e a recepção detextos orais e escritos;• desenvolver a habili<strong>da</strong>de de determinar,com precisão, o significado <strong>da</strong>s palavras,identificando, entre elas, semelhanças(pela forma – homônimos, homógrafos,polissemia; ou pela proximi<strong>da</strong>de semântica– palavras que pertencem ao mesmocampo semântico); diferenças (matizes designificação nas séries sinonímicas; variaçõesregionais ou sociais; sentido próprioou figurado; eufemismo); ou oposição (antônimos),a fim de aperfeiçoar a produção ea recepção de textos orais e escritos;• levar o aluno ao conhecimento <strong>da</strong>s fontesdo léxico português.Para usar em sala de aula1) Brincar de dicionário. O professor ou umdos alunos abre o dicionário, procura umapalavra bem difícil ou pouco usa<strong>da</strong> e verificase alguém <strong>da</strong> turma a conhece. Anota seusignificado e pede que todos escrevam emum pe<strong>da</strong>ço de papel um significado que elesimaginam para a tal palavra. O professor ouo aluno que a escolheu mistura todos os papeizinhos,inclusive o correto, e lê para a turma.Todos, então, têm que votar no significadoque julgam ser o do dicionário. Quemacertar ganha ponto.2) Fazer um glossário de gírias e expressõesverbais utiliza<strong>da</strong>s pelos alunos. Depois,todos trocam entre si.Alberto Jacob Filho10


Reprodução3) Ler os textos abaixo e contar o que entenderam.Quem acertar ganha ponto.“Rio de Janeiro, 23 de novembro de 1940.Para minha D. queri<strong>da</strong>. Escrevo com minhapena preferi<strong>da</strong> e sobre o couro <strong>da</strong> cadeira.O barulhinho monótono <strong>da</strong> chuva é músicadiária que o carioca ouve, mas hoje a tempestademe preocupa.” (...)“A cabeça doeu-me o dia inteiro. E o meumalandrinho que não me escreve um na<strong>da</strong>?Tenho uma fezinha que o correio, amanhã,vae-me trazer uma carta cheia de amôr e sau<strong>da</strong>de.Enquanto isso, fico eu e a chuva nestelocal mal-assombrado.”Leitura de apoioMania de Explicação,de Adriana Falcão.Editora Salamandra.“Solidão é uma ilhacom sau<strong>da</strong>de de barco.”A frase, rechea<strong>da</strong>de poesia, é uma <strong>da</strong>smuitas que Adrianaesculpiu com sensibili<strong>da</strong>denesse livro, quejá se tornou um clássico <strong>da</strong> literatura para ascrianças de to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des. O que quer dizer“ain<strong>da</strong>”? E “apesar”? E “sau<strong>da</strong>de”? E “antes”?Só conhece a resposta quem tem Mania deExplicação, uma espécie de dicionário poético<strong>da</strong>s coisas inexplicáveis. Aqui, aprendemos,por exemplo, que “sucesso é quandovocê faz o que sabe fazer, só que todo omundo percebe”.ReproduçãoReproduçãoPequeno Dicionáriode Palavras ao Vento,de Adriana Falcão. EditoraPlaneta do Brasil.A autora sempre recolheupalavras queo vento lhe trazia. Namorouto<strong>da</strong>s, brigoucom algumas, brincoucom outras, prendeuas.Nesse pequeno dicionário,ela solta to<strong>da</strong>s as palavras direto para aalma do leitor.O Livro <strong>da</strong>s Palavras,de Ricardo Azevedo.Editora do Brasil.As lembranças iame vinham desencontra<strong>da</strong>sfeito on<strong>da</strong>sdo mar. As palavrasdo livro de histórias.A espantosa diferençaentre a palavra “árvore”e uma árvore planta<strong>da</strong> no chão. O meninoque usa o próprio corpo para conversar.O homem que queria aprender a fazer partos.O doido varrido. O velho caído na curva<strong>da</strong> estra<strong>da</strong>. O amor do casal apaixonado.Os dois velhinhos que descansam no caminho<strong>da</strong> missa. O casal, cheio de filhos e de esperança,que queria mu<strong>da</strong>r o mundo. A complica<strong>da</strong>discussão do motorista com os guar<strong>da</strong>sde trânsito e, agora, para piorar, aqueleestranho personagem afobado e gentil, quesimplesmente não falava coisa com coisa.O baú misterioso | Apropriação e variação vocabular11


Bons amigosTipologia textual / criação textualAlberto Jacob FilhoBons amigos | Tipologia textual / criação textualCom o trabalho de leitura e produção de textoscentrado nos gêneros, tanto o ato de lerquanto o de escrever são dessacralizadose democratizados: todos os alunos devemaprender sobre todos os tipos de textos.É possível até que um aluno, ao se apropriardos procedimentos que envolvem a produção<strong>da</strong> crônica, não apresente tanta habili<strong>da</strong>dequanto outro, mas ele poderá, por exemplo,compreender, interpretar e produzir textos publicitáriosmuito criativos ou ser um ótimo argumentador,em debates ou em textos escritos.É importante que o aluno se identifique com asua forma de comunicação em língua materna.13Conceitos-chaveTipos textuaisReferem-se à estrutura composicional dotexto. Hoje, admitem-se cinco tipos textuais:descrição, narração, dissertação, exposiçãoe injunção. Os textos injuntivos sãoaqueles que indicam procedimentos a seremrealizados. Neles, as frases, geralmente,estão no modo imperativo. Bons exemplosdesse tipo de texto são as receitas e osmanuais de instrução.13


Bons amigos | Tipologia textual / criação textualGêneros textuaisSão as diferentes formas de expressão textual.Nos estudos <strong>da</strong> Literatura, temos, porexemplo, poesia, crônica, conto, prosa, etc.Os gêneros textuais englobam esses e todosos outros textos produzidos por usuáriosde uma língua. Assim, ao lado <strong>da</strong> crônica edo conto, vamos também identificar a cartapessoal, a conversa telefônica, o e-maile tantos outros gêneros que circulam emnossa socie<strong>da</strong>de. Pia<strong>da</strong>s, anúncios, poemas,romances, cartas de leitor, notícias, biografias...São as situações que definem qual ogênero a utilizar.Em nosso dia a dia, nos deparamoscom tantas situações que, às vezes, ficamosem dúvi<strong>da</strong> de como resolvê-las.Aqui, algumas dicas:• Saber chegar a um endereçodesconhecido.Consultar o guia de ruas <strong>da</strong> nossaci<strong>da</strong>de ou perguntar a alguém queconhece o trajeto.• Escolher um filme para assistir nocinema.Pesquisar no jornal ou pedir opinião aum amigo.• Conversar com parentes que estãolonge.Telefonar, man<strong>da</strong>r carta ou e-mail.• Criar um clima de descontração comamigos.Contar pia<strong>da</strong>s, conversar.critos produzidos por falantes de uma línguaem um determinado momento histórico.Os gêneros textuais, portanto, estão diretamenteligados às práticas sociais. Algunsexemplos: carta, bilhete, aula, conferência,e-mail, artigo, entrevista, discurso, etc. Assim,um tipo textual pode aparecer em qualquergênero textual, <strong>da</strong> mesma forma queum único gênero pode conter mais de umtipo textual. Ou seja, uma carta pode terpassagens narrativas, descritivas, injuntivase assim por diante.Metas educacionaisO ensino <strong>da</strong> leitura e a produção de textos,pela perspectiva dos gêneros, apontam queos resultados são mais satisfatórios quandoo aluno entra em contato, desde cedo, comuma grande diversi<strong>da</strong>de textual e pretendemalcançar os seguintes objetivos:• gerar situações de pesquisa em jornais, revistas,livros ou internet, ressaltando a varie<strong>da</strong>dede fontes e de textos encontrados,para que o aluno reconheça suas diferenças,bem como sua origem;• estimular a capaci<strong>da</strong>de criativa e suas váriasformas de apresentação;• incentivar, a partir do conhecimento dosgêneros, as diversas formas de expressão<strong>da</strong> língua.Para usar em sala de aula1) Jogo de gênerosTodos vão escrever sobre um mesmo tema,mas de diferentes maneiras. O tema é Vi<strong>da</strong>saudável. Pode ser em forma de música, depoema, de reportagem, de conto, de vídeo,de propagan<strong>da</strong> ou qualquer outra.14É muito importante não confundir tipo textualcom gênero textual. Os tipos aparecem emnúmero limitado; já os gêneros são praticamenteinfinitos, por serem textos orais e es-2) Jogo dos bons amigosCa<strong>da</strong> um deve escrever os nomes de seusmelhores amigos, suas i<strong>da</strong>des, suas quali<strong>da</strong>dese algumas curiosi<strong>da</strong>des. Depois, todostrocarão entre si o que escreveram.


3) Conto de fa<strong>da</strong>sApós assistir a <strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong>, os alunospodem criar um conto de fa<strong>da</strong>s, a partir <strong>da</strong>série. Sugestões: a biblioteca se transformariaem um castelo, os livros, em guardiões dobaú, e nossos bons amigos (Jéssica, Geysa,Maiquel e Emerson), em heróis. Emerson, emvez de uma cadeira de ro<strong>da</strong>s, poderia estarmontando um belo cavalo! No final, ca<strong>da</strong> umlê seu texto em voz alta.Leitura de apoioReproduçãoFelpo Filva, de Eva Furnari. Editora Moderna.Esta é a história do Felpo, um coelho poetaum pouco neurótico.Um dia, ele recebeua carta de umafã que discor<strong>da</strong>va dosseus poemas, a Charlô.Felpo ficou muito indignado,e isso deuinício a uma correspondênciaentre os dois.O livro conta essa história de maneira diverti<strong>da</strong>,usando os mais variados gêneros detexto: poema, fábula, carta, manual, receitae até autobiografia, permitindo, assim, queo leitor entre em contato com as diversasfunções <strong>da</strong> escrita.Bons amigos | Tipologia textual / criação textual1515


Chara<strong>da</strong>Coerência e coesão textualAlberto Jacob FilhoChara<strong>da</strong> | Coerência e coesão textualConquistar habili<strong>da</strong>des de leitura e de escritaé um processo gradual. A proposta é levaro aluno a desenvolver, aos poucos, seu potencial,por meio de exercícios como: antecipaçõesa partir do conhecimento prévio queele possui sobre o tema, o autor ou o título;apreensão do tema e <strong>da</strong> estrutura global dotexto; levantamento de hipóteses, captandoo que não está explícito e, com base nacoerência interna do texto, prevendo o queestá por vir; estabelecimento de relações decausa e consequência, de temporali<strong>da</strong>de ede espaciali<strong>da</strong>de; comparação; transferênciade uma situação para outra; síntese;generalização; proposição de relações entreforma e conteúdo.Conceitos-chaveCoesãoÉ o uso de ferramentas que permitem mantera linha de raciocínio, unindo as diferentespartes do texto.CoerênciaA presença <strong>da</strong> coerência é a maior prova deque se conseguiu a uni<strong>da</strong>de textual. Se auni<strong>da</strong>de textual estiver comprometi<strong>da</strong> comfalhas de conexão, a coerência tambémserá prejudica<strong>da</strong>.17


Chara<strong>da</strong> | Coerência e coesão textualMetas educacionaisEscrever é comunicar-se, é interagir. Comunica-se,interage quem tem o que dizer, aquem dizer e um objetivo que pretende alcançarpor meio <strong>da</strong> interlocução. Sendo assim,as metas educacionais de produção detexto são:• despertar o interesse dos alunos em usar aescrita como uma forma de comunicação ede interlocução;• desenvolver nos alunos as habili<strong>da</strong>des douso adequado <strong>da</strong> escrita, como forma decomunicação e de interlocução;• utilizar recursos discursivos e linguísticosque deem ao texto, de acordo com seu gêneroe seus objetivos, organização, uni<strong>da</strong>de,informativi<strong>da</strong>de, coerência, coesão, clarezae concisão.O que escrever, para que e para quemO processo de produção de texto é, namaior parte <strong>da</strong>s vezes, individual, porquefun<strong>da</strong>mentalmente individual é oato de escrever, mas pode-se tambémpropor, em aula, a construção de umtexto em conjunto, que leva os alunosa explicitar os processos de produção<strong>da</strong> escrita; a confrontar diferentes alternativaspara a expressão linguística depensamentos, ideias e sentimentos; e aselecionar as alternativas melhores ou asmais adequa<strong>da</strong>s.Para usar em sala de aula1) Juramento profissionalCa<strong>da</strong> aluno deve narrar o que quer ser quandocrescer e como vai contribuir para o mundoe a socie<strong>da</strong>de com isso.2) Chara<strong>da</strong>Construir uma chara<strong>da</strong> sobre seus antepassados:avôs, avós, bisavôs, bisavós. No final,trocar o texto com os colegas <strong>da</strong> turma.3) Juramento de HipócratesO Juramento de Hipócrates (abaixo) é o principaljuramento dos médicos. A proposta éa de que os alunos tentem reescrevê-lo emuma linguagem mais atual. Devem pesquisarna internet e no dicionário as palavras quenão souberem e, ao término, ler seu textopara a turma.Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio,Higeia e Panaceia, e tomo por testemunhastodos os deuses e to<strong>da</strong>s as deusas, cumprir,segundo meu poder e minha razão, a promessaque se segue: estimar, tanto quanto ameus pais, aquele que me ensinou esta arte;fazer vi<strong>da</strong> comum e, se necessário for, comele partilhar meus bens; ter seus filhos pormeus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte,se eles tiverem necessi<strong>da</strong>de de aprendê-la,sem remuneração e nem compromisso escrito;fazer participar dos preceitos, <strong>da</strong>s liçõese de todo o resto do ensino, meus filhos, osde meu mestre e os discípulos inscritos segundoos regulamentos <strong>da</strong> profissão, porém,só a estes.Aplicarei os regimes para o bem do doentesegundo o meu poder e entendimento,nunca para causar <strong>da</strong>no ou mal a alguém. Aninguém <strong>da</strong>rei por comprazer, nem remédiomortal nem um conselho que induza a per<strong>da</strong>.Do mesmo modo não <strong>da</strong>rei a nenhumamulher uma substância abortiva. Conservareiimacula<strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong> e minha arte. Nãopraticarei a talha, mesmo sobre um calculosoconfirmado; deixarei essa operação aospráticos que disso cui<strong>da</strong>m. Em to<strong>da</strong> a casa,aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-melonge de todo o <strong>da</strong>no voluntárioe de to<strong>da</strong> a sedução sobretudo longe dosprazeres do amor, com as mulheres ou comos homens livres ou escravizados.Àquilo que no exercício ou fora do exercício<strong>da</strong> profissão e no convívio <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, eutiver visto ou ouvido, que não seja preciso18


Reproduçãodivulgar, eu conservarei inteiramente secreto.Se eu cumprir este juramento com fideli<strong>da</strong>de,que me seja <strong>da</strong>do gozar felizmente <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>e <strong>da</strong> minha profissão, honrado para sempreentre os homens; se eu dele me afastar ouinfringir, o contrário aconteça.Leitura de apoioSua Alteza a Divinha,de Angela Lago. EditoraRHJ.O texto é um conto folclóricoque despertacom humor a curiosi<strong>da</strong>dee a reflexão. Osrecursos tecnológicos e a criativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>silustrações se entrelaçam com a transitorie<strong>da</strong>dedo texto, valorizando e contextualizandoos personagens no desenrolar<strong>da</strong> história.ReproduçãoReproduçãoMarieta Julieta Raimun<strong>da</strong><strong>da</strong> Selva Amazônica<strong>da</strong> Silva e Sousa,de Mariana Massarani.Editora Manati.Onde começa nosso mundo?Onde começa o mundodos outros? Onde terminaa reali<strong>da</strong>de? Ondecomeça a imaginação? Você já teve vontadede entrar escondido na cabeça de alguém? Aautora conseguiu o impossível e ain<strong>da</strong> registroutudo o que se passa no mundo de umapessoa importantíssima – Marieta.Leo, o Todo Poderoso CapitãoAstronauta de Leox,a Ci<strong>da</strong>de Espacial, de MarianaMassarani. EditoraManati.A autora registra tudo oque se passa no mundo dodivertido Leo.Chara<strong>da</strong> | Coerência e coesão textual19


GrafiasCriação textualAlberto Jacob FilhoGrafias | Criação textualA prática de uso <strong>da</strong> escrita diferencia-se dostradicionais exercícios de re<strong>da</strong>ção escolar,ativi<strong>da</strong>de em que o aluno escreve sobre umtema proposto. Os objetivos específicos <strong>da</strong>criação de textos estão relacionados à função<strong>da</strong> escrita, ao gênero do texto, aos objetivos<strong>da</strong> produção e aos interlocutores pretendidos.A intenção é utilizar recursos discursivose linguísticos que deem ao texto, de acordocom seu gênero e seus objetivos, organização,uni<strong>da</strong>de, informativi<strong>da</strong>de, coerência, coesão,clareza, concisão, como já dissemos nocapítulo anterior.Concatenar as ideias também é importante.Isso requer capaci<strong>da</strong>de de refletir (selecionar,ordenar e associar impressões a partir <strong>da</strong> observação)em uma estrutura de pensamento,em um texto adequado a um contexto de comunicação.Sem isso, não há como escrevercom eficácia. No entanto, tal capaci<strong>da</strong>de nãoé inata; ela se dá por meio de um processode aprendizagem e de prática.Conceitos-chaveMemóriaRecorremos aqui ao livro Guilherme AugustoAraújo Fernandes (1995), de Mem Fox, parailustrar o que o filósofo alemão Walter21


Grafias | Criação textual22Benjamin nos ensina no ensaio Sobre oConceito de História e que confirma tãoprofun<strong>da</strong>mente a concepção do tempo emnossa memória:Um resumo <strong>da</strong> históriaGuilherme Augusto Araújo Fernandes eAntônia Maria Diniz Cordeiro, identificadospelo nome (ca<strong>da</strong> um tinha quatronomes) representam, na construçãodesta história, um encontro entre opassado e o presente, eternizados pelaforça encantadora dos objetos, pelascoisas, pela materialização <strong>da</strong> memória.Guilherme – o menino – investiga, numasilo de velhos, a palavra “memória” esua significação. A partir <strong>da</strong>s referênciasque descobre pelo discurso dos outrosvelhos do asilo, ele junta os objetos(alegorias <strong>da</strong> memória) numa cesta quesua experiência permite: conchas, marionete,me<strong>da</strong>lha, bola de futebol, ovoain<strong>da</strong> quente, ca<strong>da</strong> qual despertandoum sentido. E, assim, Dona Antônia – avelha – reconstrói, a partir de suas (outras)experiências, a memória perdi<strong>da</strong>,ruínas que, fantasmagoricamente, reaparecemno tempo.É na força do presente de Guilherme Augustoque Dona Antônia revê seu passado oculto,agora achado. É a intensi<strong>da</strong>de dessa revelaçãoque, para Walter Benjamin, vive a históriacomo um tempo a ser reinaugurado em ca<strong>da</strong>momento que se fizer explodir.Metas educacionais• criar oportuni<strong>da</strong>des para que os alunosdescubram a expressão escrita como formade comunicação e de interlocução;• desenvolver nos alunos as habili<strong>da</strong>desde uso adequado <strong>da</strong> escrita como formade comunicação;• elaborar textos de acordo com suas condiçõesde produção: função <strong>da</strong> escrita, gênerodo texto, objetivos <strong>da</strong> produção dotexto, interlocutores pretendidos;• utilizar recursos discursivos e linguísticosque deem ao texto, a partir de seu gêneroe de seus objetivos: organização, uni<strong>da</strong>de,informativi<strong>da</strong>de, coerência, coesão,clareza, concisão;• utilizar recursos gráficos que orientemadequa<strong>da</strong>mente a leitura e interpretaçãodo interlocutor.Para usar em sala de aula1) Exercício de memóriaExplorar as memórias dos própriospersonagens de <strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong>. Porexemplo, lembrar flashes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> difícil deGeysa, as angústias do cadeirante Emerson, apreocupação de Jéssica com o futuro... Enfim,partir <strong>da</strong> riqueza desses personagens tãodiferentes, mas que fazem parte de um grupo,e mostrar como a escrita, quando nasce deuma experiência e de um conhecimento, sepotencializa e enriquece.2) PesquisaProcurar na biblioteca, com a aju<strong>da</strong> doprofessor, livros de diferentes características:autobiográficos, biográficos e de memória.Ler um pequeno trecho de ca<strong>da</strong> um e tentaridentificar as diferenças entre esses gênerosliterários. Escrever as conclusões.3) Pensar em alguémPensar em uma pessoa que admirem muito.O que dizer sobre ela? O que é importantepara eternizá-la em um registro? Pensamentoorganizado, escrever, fazendo uma pequenabiografia <strong>da</strong> pessoa.4) Livro de memóriasMuitas vezes, no dia a dia, anotamos emagen<strong>da</strong> ou diário o que temos a fazer ou,simplesmente, pensamentos que nos ocorrem.Que tal traduzir tudo isso em um belís-


Roger Rössingsimo texto de memórias? Os alunos devemdizer como se sentem diante <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, de suasatitudes incompreendi<strong>da</strong>s, de sua rotina. Vãorefletir e escrever sobre seus medos ou sobresuas conquistas, como preferirem. Ao final,poderão ler para a turma, se quiserem.Leitura de apoioDo mesmo modo que Mem Fox, Manoel deBarros, em Memórias Inventa<strong>da</strong>s, nos inspiraa pensar melhor sobre o sentido <strong>da</strong> memória.No livro, ele a redimensiona, fazendo-nos suporque relembrar é também inventar:havia vizinho. Em vez de peraltagem eu faziasolidão. Brincava de fingir que pedra eralagarto. Que lata era navio. Que sabugo eraum serzinho mal resolvido e igual a um filhotede gafanhoto. Cresci brincando no chão,entre formigas. De uma infância livre e semcomparamentos. Eu tinha mais comunhãocom as coisas do que comparação. Porque sea gente fala a partir de ser criança, a gentefaz comunhão: de um orvalho e sua aranha,de uma tarde e suas garças, de um pássaroe sua árvore. Então eu trago <strong>da</strong>s minhas raízescrianceiras a visão comungante e oblíqua<strong>da</strong>s coisas. Eu sei dizer sem pudor que oescuro me ilumina. É um paradoxo que aju<strong>da</strong>a poesia e que eu falo sem pudor. Eu tenhoque essa visão oblíqua vem de eu ter sidocriança em algum lugar perdido onde haviatransfusão <strong>da</strong> natureza e comunhão com ela.Era o menino e os bichinhos. Era o meninoe o sol. O menino e o rio. Era o meninoe as árvores.Grafias | Criação textualEu tenho um ermo enorme dentro do olho.Por motivo do ermo não fui um menino peralta.Agora tenho sau<strong>da</strong>de do que não fui.Acho que o que faço agora é o que não pudefazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem.Quando era criança eu deveria pularmuro do vizinho para catar goiaba. Mas nãoNarrador e autor, identificados nadescrição de uma vi<strong>da</strong> que poderia tersido, mas não foi, assumem a traquinagemcom as palavras (e os gênerosliterários!) e a construção de uma linguagem(também inventa<strong>da</strong>) destituí<strong>da</strong>de regras e de sintaxe formal echeia de neologismos: “comparamentos”,“crianceiras”. Manoel de Barrosimprime em sua obra a valorização deobjetos, de animais, de homens humildese de espaços desligados <strong>da</strong>produção capitalista – lagartixas, formigas,parafusos, latas, sabugo, gafanhoto– e dedica grande consideraçãoa tudo isso, mesmo (e principalmente)ao que se veja em estado de ruína. Assim,o autor nos leva a pensar que amemória é a ruína de sua própria biografia,uma biografia que se resume atentar achar restos de si mesmo.23


Grafias | Criação textualLeia, também, Autorretrato Falado, domesmo autor:Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelasentorta<strong>da</strong>s.Meu pai teve uma ven<strong>da</strong> no Beco <strong>da</strong> Marinha,onde nasci.Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichosdo chão, aves, pessoas humildes, árvorese rios.Aprecio viver em lugares decadentes porgosto de estar entre pedras e lagartos.Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicálosme sinto meio desonrado e fujo para oPantanal onde sou abençoado a garças.Me procurei a vi<strong>da</strong> inteira e não me achei— pelo que fui salvo.Não estou na sarjeta porque herdei uma fazen<strong>da</strong>de gado.Os bois me recriam.Agora eu sou tão ocaso!Estou na categoria de sofrer do moral porquesó faço coisas inúteis.No meu morrer tem uma dor de árvore.24


Dúvi<strong>da</strong>sPontuaçãoDúvi<strong>da</strong>s | PontuaçãoAlberto Jacob FilhoPontuar é fun<strong>da</strong>mental. Um texto corretamentepontuado não dá margem a ambigui<strong>da</strong>dese a confusões. Neste capítulo, vamos fazeruma reflexão sobre os usos <strong>da</strong> língua, suasintenções e sua funcionali<strong>da</strong>de, principalmenteao cui<strong>da</strong>rmos do discurso para o outro.Quando nos comunicamos, selecionamos ecombinamos as palavras para formar frases.Na língua fala<strong>da</strong>, simultaneamente ao processode criar as frases, incorporamos recursospróprios <strong>da</strong> língua oral, como pausas, entonações,altura de voz, interrupções bruscas,sons inarticulados (ruídos) e silêncios. Essesrecursos, dependendo de como são empregados,podem contribuir tanto para a estruturação<strong>da</strong> frase em si como para tornar maiseficiente e expressivo o ato <strong>da</strong> comunicação.Na língua escrita, certos recursos <strong>da</strong> línguaoral – principalmente as pausas e entonações– são apresentados, embora de forma imperfeita,pelos sinais de pontuação.Conceitos-chavePontoIndica o término de uma frase declarativa deum período simples ou composto.Ex.: Desejo-lhe uma feliz viagem.25


Dúvi<strong>da</strong>s | PontuaçãoA casa, quase sempre fecha<strong>da</strong>, parecia abandona<strong>da</strong>,no entanto tudo no seu interior eraconservado com primor.O ponto é também usado em quase to<strong>da</strong>s asabreviaturas.Ex.: fev. = fevereiro;hab. = habitante;rod. = rodovia.Dois pontosSão empregados para:a) uma enumeração.Ex.: (...) Rubião recordou a sua entra<strong>da</strong> noescritório do Camacho, o modo porque falou:e <strong>da</strong>í tornou atrás, ao próprio ato.Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino,o carro, os cavalos, o grito, o salto quedeu, levado de um ímpeto irresistível...26O ponto que é empregado para encerrarum texto escrito recebe o nome deponto final.Ponto e vírgulaAssinala uma pausa maior do que a <strong>da</strong> vírgula,praticamente uma pausa intermediáriaentre o ponto e a vírgula. É utilizado para:a) separar orações coordena<strong>da</strong>s que tenhamum certo sentido ou aquelas que já apresentamseparação por vírgula.Ex.: Criança, foi uma garota sapeca; moça,era inteligente e alegre; agora, mulher madura,tornou-se uma doidivanas.b) separar vários itens de uma enumeração.Ex.: Art. 206. O ensino será ministrado combase nos seguintes princípios:I - igual<strong>da</strong>de de condições para o acesso epermanência na escola;II - liber<strong>da</strong>de de aprender, ensinar, pesquisare divulgar o pensamento, a arte e o saber;III - pluralismo de ideias e de concepções, ecoexistência de instituições públicas e priva<strong>da</strong>sde ensino;IV - gratui<strong>da</strong>de do ensino em estabelecimentosoficiais.(Constituição <strong>da</strong> República Federativa do Brasil)(Machado de Assis, Quincas Borba)b) uma citação.Ex.: Visto que ela na<strong>da</strong> declarasse, o maridoin<strong>da</strong>gou:– Afinal, o que houve?c) um esclarecimento.Ex.: Joana conseguira enfim realizar seudesejo maior: seduzir Pedro. Não porqueo amasse, mas para magoar Lucila.Observe, abaixo, que os dois pontos sãotambém usados na introdução de exemplos,notas ou observações.Parônimos são vocábulos diferentes na significaçãoe parecidos na forma.Henrique Bernardelli


Ex.: ratificar/retificar, censo/senso, descriminar/discriminar,etc.Nota:A preposição “per”, considera<strong>da</strong> arcaica, somenteé usa<strong>da</strong> na frase “de per si” (= ca<strong>da</strong>um por sua vez, isola<strong>da</strong>mente).Observação:Na linguagem coloquial, pode-se aplicar ograu diminutivo a alguns advérbios: cedinho,longinho, melhorzinho, pouquinho, etc.Atenção!A invocação em correspondência (socialou comercial) pode ser segui<strong>da</strong> de doispontos ou de vírgula.Ex.: Queri<strong>da</strong> amiga:Prezados senhores,Ponto de interrogaçãoIndica uma pergunta direta, ain<strong>da</strong> que estanão exija resposta:Ex.: O criado pediu licença para entrar:– O senhor não precisa de mim?– Não, obrigado. A que horas janta-se?– Às cinco, se o senhor não der outra ordem.– Bem.– O senhor sai a passeio depois do jantar?De carro ou a cavalo?– Não.(José de Alencar, Senhora)Ponto de exclamaçãoMarca o fim de qualquer enunciado comentonação exclamativa, que normalmenteexprime admiração, surpresa, assombro,indignação, etc.Ex.: – Viva o meu príncipe! Sim, senhor...Eis aqui um comedouro muito compreensívele muito repousante, Jacinto!– Então janta, homem!(Eça de Queirós, A Ci<strong>da</strong>de e as Serras)Atenção!O ponto de exclamação é tambémusado com interjeições e locuçõesinterjetivas:Ex.: Oh!Valha-me Deus!VírgulaUma breve pausa que é utiliza<strong>da</strong> para:a) separar os elementos mencionadosnuma relação.Ex.: A nossa empresa está contratando engenheiros,economistas, analistas de sistemase secretárias.O apartamento tem três quartos, sala devisitas, sala de jantar, área de serviço edois banheiros.Mesmo que o e venha repetido antes de ca<strong>da</strong>um dos elementos <strong>da</strong> enumeração, a vírguladeve ser emprega<strong>da</strong>.Ex.: Rodrigo estava nervoso. An<strong>da</strong>va peloscantos, e gesticulava, e falava em voz alta, eria, e roía as unhas.b) isolar o vocativo.Ex.: Cristina, desligue já esse telefone!Por favor, Ricardo, venha até o meugabinete.c) isolar o aposto.Ex.: Dona Sílvia, aquela mexeriqueira doquarto an<strong>da</strong>r, ficou presa no elevador.Rafael, o gênio <strong>da</strong> pintura italiana, nasceuem Urbino.Dúvi<strong>da</strong>s | Pontuação27


Dúvi<strong>da</strong>s | Pontuaçãod) isolar palavras e expressões explicativas(“a saber”, “por exemplo”, “isto é”, “oumelhor”, “aliás”, “além disso”, etc.).Ex.: Gastamos R$ 5.000,00 na reforma doapartamento, isto é, tudo o que tínhamoseconomizado durante anos.Eles viajaram para a América do Norte, aliás,para o Canadá.e) isolar o adjunto adverbial antecipado.Ex.: Lá no sertão, as noites são escuras eperigosas.Ontem à noite, fomos todos jantar fora.f) isolar elementos repetidos.Ex.: O palácio, o palácio está destruído.Estão todos cansados, cansados de <strong>da</strong>r dó!g) isolar, nas <strong>da</strong>tas, o nome do lugar.Ex.: São Paulo, 22 de maio de 1995.Roma, 13 de dezembro de 1995.h) isolar os adjuntos adverbiais.Ex.: A multidão foi, aos poucos, avançandopara o palácio.Os candi<strong>da</strong>tos serão atendidos, <strong>da</strong>s sete àsonze, pelo próprio gerente.i) isolar as orações coordena<strong>da</strong>s, exceto asintroduzi<strong>da</strong>s pela conjunção “e”.Ex.: Ele já enganou várias pessoas, logo nãoé digno de confiança.Você pode usar o meu carro, mas tome muitocui<strong>da</strong>do ao dirigir.Não compareci ao trabalho ontem, pois estavadoente.j) indicar a elipse de um elemento <strong>da</strong> oração.Ex.: Foi um grande escân<strong>da</strong>lo. Às vezes gritava;outras, estrebuchava como um animal.Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela sesuicidou, a irmã, que foi um acidente.Ilustração: GEA / <strong>MultiRio</strong>k) separar o paralelismo de provérbios.Ex.: Ladrão de tostão, ladrão de milhão.Ouvir cantar o galo, sem saber onde.l) suceder a sau<strong>da</strong>ção em correspondência(social e comercial).Ex.: Com muito amor,Respeitosamente,m) isolar as orações adjetivas explicativas.Ex.: Marina, que é uma criatura maldosa,“puxou o tapete” de Juliana lá no trabalho.Vi<strong>da</strong>s Secas, que é um romance contemporâneo,foi escrito por Graciliano Ramos.28n) isolar orações intercala<strong>da</strong>s.Ex.: Não lhe posso garantir na<strong>da</strong>, respondisecamente.O filme, disse ele, é fantástico.


Um pouco mais sobre vírgulasPode ser uma pausa... ou não.Ex.: Não, espere. / Não espere.Pode sumir com seu dinheiro.Ex.: 23,4 / 2,34.Pode ser autoritária.Ex.: Aceito, obrigado. / Aceito obrigado.Pode criar heróis.Ex.: Isso só, ele resolve. / Isso só ele resolve.E vilões.Ex.: Esse, juiz, é corrupto. / Esse juizé corrupto.Ela pode ser a solução.Ex.: Vamos perder, na<strong>da</strong> foi resolvido. / Vamosperder na<strong>da</strong>, foi resolvido.A vírgula mu<strong>da</strong> uma opinião.Ex.: Não queremos saber. / Não, queremossaber.Ou seja, uma vírgula mu<strong>da</strong> tudo!A vírgula fatalA czarina russa Maria Feodorovna certavez salvou a vi<strong>da</strong> de um homem, apenasmu<strong>da</strong>ndo a vírgula de sua sentençade lugar. Muito inteligente, ela, quenão concor<strong>da</strong>va com a decisão de seumarido, Alexandre III, usou o artifício aseguir.O czar enviou o prisioneiro para a prisãoe morte no calabouço <strong>da</strong> Sibéria.No fim <strong>da</strong> ordem de prisão, vinha escrito:“Perdão impossível, enviar paraSibéria”. Maria ordenou que redigissemnova ordem e, fingindo ler o documentooriginal, mudou uma vírgula,transformando a ordem em: “Perdão,impossível enviar para Sibéria”. O prisioneirofoi libertado.AspasSão usa<strong>da</strong>s para indicar:a) citação de alguém.Ex.: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamomostra um início firme. Ain<strong>da</strong> naedição, os 25 anos do MST e o bloqueiode 2 bilhões de dólares do Opportunityno exterior.”(Carta Capital on-line, 30/01/09)b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias.Ex.: Na<strong>da</strong> pode com a propagan<strong>da</strong> de“outdoor”.ReticênciasIndicam supressão de um trecho, interrupçãoou dão ideia de continui<strong>da</strong>de ao que se estavafalando.Ex.: (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa,O bem que neste mundo mais invejo?O brando ninho aonde o nosso beijoSerá mais puro e doce que uma asa? (...)(Florbela Espanca, poema A Nossa Casa)E então, veio um sentimento de alegria,paz, felici<strong>da</strong>de...Eu gostei <strong>da</strong> nova casa, mas do quintal...ParêntesesSão usados quando se quer explicar melhoralgo que foi dito ou para fazer simplesindicações.Ex.: Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depoissaiu (o e aparece repetido e, por isso,usam-se vírgulas).Metas educacionais• compreender as relações entre o sistemafonológico e o sistema ortográfico <strong>da</strong> línguaportuguesa;• identificar o uso adequado dos recursos <strong>da</strong>língua escrita para registrar a acentuação e apontuação corretas <strong>da</strong> língua portuguesa epara representar aspectos prosódicos <strong>da</strong> fala.Dúvi<strong>da</strong>s | Pontuação29


Dúvi<strong>da</strong>s | PontuaçãoPara usar em sala de aulaCena do especial Maria Clara Machado, <strong>da</strong> <strong>MultiRio</strong>Pluft, o Fantasminha, texto de Maria ClaraMachado criado em 1955, inaugura uma linguagemteatralmente elabora<strong>da</strong> para crianças.Com ela, podemos exercitar, de formabem diverti<strong>da</strong> e interessante, a pontuação <strong>da</strong>nossa língua e verificar como essa pontuaçãoé importante para uma comunicação eficienteentre as pessoas. Abaixo, um trecho dessapeça, que os alunos lerão, em voz alta, comseus amigos. Ca<strong>da</strong> um deve interpretar umpersonagem e caprichar na pontuação. Valeexagerar mesmo!MARIBEL - Socorro! Socorro! Socorro! João!Julião! Sebastião! Meus amigos...Me salvem!(Sempre choramingando, Maribel, com muitomedo, procura conhecer o sótão, olhandoamedronta<strong>da</strong> para todos os lados; Pluft,que estava à espreita, aproxima-se devagarzinhoe muito receoso)PLUFT - Oh!(A menina, ao ver Pluft, desmaia)MÃE - (Chegando) Ora, Pluft, quem mandouvocê aparecer?... Assustou a menina...PLUFT - (Agarrando-se à saia <strong>da</strong> mãe)E agora?MÃE - (Coloca a menina na cadeira) Agoratemos que esperar que ela volte do desmaio.Coitadinha! (Saindo) Vou procurar algum remédiopara desmaio de gente. Fica aí tomandoconta dela.PLUFT - (Segurando a mãe) Eu?!MÃE - (Voltando-se) Você, sim.PLUFT - Mas eu tenho medo de gente, mamãe.MÃE - Você tem medo dela?PLUFT - Dela... Muito não. Mas dele, tenhosim!...MÃE - (De dentro) Ele não volta tão cedo. Aci<strong>da</strong>de é muito longe.(Pluft fica na dúvi<strong>da</strong>, vendo se segue a mãeou não. Por fim, na ponta dos pés, trata deobservar a menina com curiosi<strong>da</strong>de e medo.Um momento a menina se mexe, e Pluft saicorrendo, quase sem fôlego, voltando depoispara tornar a observá-la. Pega nos cabelos<strong>da</strong> menina e sente prazer)PLUFT - Gente é engraçado!... (Continuaa observá-la até que a menina torna amexer) Mamãe!MÃE - (De dentro) Que é, Pluft?PLUFT - Você está aí?MÃE - Estou.PLUFT - (Aliviado) Ah!... (A menina torna amexer-se) Mamãe, quem sabe a gente pegaisso aí e joga lá na noite e depois fechamosbem a porta e botamos o baú de tio Gerúndio,com tio Gerúndio e tudo dentro, bem emfrente <strong>da</strong> porta para o marinheiro não voltar,e ficamos aqui, nós sozinhos, só fantasmase gente não...MÃE - (De dentro) Pluft, quem te ensinou aser ruim assim? Foi o tio Gerúndio?PLUFT - (Sempre olhando a menina em atitudede defesa) Não é ruin<strong>da</strong>de não, mamãe...É medo!MÃE - (De dentro) Se seu pai fosse vivo! Quefantasma corajoso ele era. (Aparecendo sóde rosto e tornando a desaparecer) Vocêquer mesmo jogar esta menina fora pela janela,Pluft?PLUFT - Acho que não quero, não. Mas elapodia bem ir logo embora. (Rodeia a menina,muito aflito) Você não acha, mamãe? (Pluftlevanta a cabeça <strong>da</strong> menina) Ooooooooh!30


MÃE - (De dentro) O que é, Pluft?PLUFT - (Radiante) Mas gente é uma gracinha,mamãe...MÃE - (De dentro) Nem sempre, meu filho,nem sempre...(Pluft se aproxima e cutuca a menina. Estatorna a se mexer um pouco... Pluft se assustamenos. Maribel torna a ver Pluft, se assusta,mas se levanta e fita Pluft, espanta<strong>da</strong>.Os dois ficam, um em frente do outro, guar<strong>da</strong>ndocerta distância, em atitude de mútuacontemplação. Silenciosos, com a respiraçãopresa, ficam assim por algum tempo)MARIBEL - (Tensa) Como é que você se chama?PLUFT - (Tenso) Pluft. E você?MARIBEL - Eu sou Maribel.PLUFT - Você é gente, não é?MARIBEL - Sou. E você?PLUFT - Eu sou fantasma.MARIBEL - Fantasma, mesmo?PLUFT - É. Fantasma mesmo. Mamãe tambémé fantasma.MARIBEL - (Relaxando) Engraçado, de vocêeu não tenho medo!...PLUFT - (Idem) Nem eu de você.Engraçado...MÃE - (De dentro) Pluft!PLUFT - É minha mãe. Com licença. Que é,mamãe?MÃE - (De dentro) Com quem é que vocêestá falando?PLUFT - Com Maribel.MÃE - Com quem?PLUFT - (Gabando-se) Ora, mamãe, com gente...(Aproximando-se mais <strong>da</strong> menina com arde velha amizade) Com Maribel.MÃE - Ah! Então ela já acordou?MARIBEL - Mas sua mãe também é fantasma?PLUFT - Claro, ora! (Ofendido) Você queriaque ela fosse peixe?1) A partir <strong>da</strong> leitura feita do texto teatralde Maria Clara Machado, os alunos devemrefletir sobre como a pontuação é importantepara a leitura e, em segui<strong>da</strong>, registrarsuas reflexões.2) Ao ler o texto abaixo, os alunos devem trocara pontuação <strong>da</strong>s falas e observar que mu<strong>da</strong>nçasocorrem. O sentido mudou? Os alunosvão responder e registrar suas observações.MÃE: Ah! Então ela já acordou?MARIBEL: Mas sua mãe também éfantasma?PLUFT: Claro, ora! Você queria que ela fossepeixe?3) Experimente pedir aos alunos que leiamtexto já meio apagado pelo tempo, fazendoas confusões evidentes sobre a suapontuação, gerando dificul<strong>da</strong>des de compreensão<strong>da</strong> mensagem. As ambigui<strong>da</strong>desnesses casos são ótimas para ilustrar aimportância <strong>da</strong> pontuação.Leitura de apoioPara reforçar a importância do tema, vale apena ler o texto abaixo:Como surgiram os principais sinais depontuação?Foi um alívio. Até o século IV os textoseram escritos sem pontuação. “Tinham queser interpretados”, conta o linguista FlávioDi Giorgi, <strong>da</strong> Pontifícia Universi<strong>da</strong>de Católicade São Paulo. Não era fácil. No Oráculode Delfos (século VII a.C.), um dos lugares<strong>da</strong> Antigui<strong>da</strong>de em que se faziam profeciasconsidera<strong>da</strong>s divinas, ain<strong>da</strong> está escrito (emgrego): “Ides voltarás não morrerás na guerra”.Quem lê entende que irá para a guerra evoltará a salvo. Era o contrário. Na ver<strong>da</strong>de,queria dizer, se as vírgulas existissem: “Ides,Dúvi<strong>da</strong>s | Pontuação31


Dúvi<strong>da</strong>s | Pontuaçãovoltarás não (o não vem depois do verbo),morrerás na guerra”. Ou seja, vais morrer.Os primeiros sinais de pontuação surgiramno início do Império Bizantino (330 a 1453).Mas sua função era diferente <strong>da</strong>s atuais. Oque hoje é o ponto final servia para separaruma palavra <strong>da</strong> outra. Os espaços brancosentre palavras só apareceram no séculoVII, na Europa. Foi quando o ponto passoua finalizar a frase. (...) Os gráficos italianostambém inventaram a vírgula e o ponto e vírgulano século XV (...). Os dois pontos surgiramno século XVI. O mais tardio foi a aspa,que surgiu no século XVII. Tudo foi ficandomais claro com o aumento <strong>da</strong> importância<strong>da</strong> escrita.(Revista Superinteressante, São Paulo, Abril.Ano 11, n° 6, junho de 1997.)Woman Reading, de RenoirAin<strong>da</strong> sobre pontuaçãoUm homem rico, sentindo-se morrer,pediu papel e pena, e escreveu assim:“Deixo os meus bens à minha irmã nãoa meu sobrinho jamais será paga a contado alfaiate na<strong>da</strong> aos pobres”. Nãoteve tempo de pontuar – e morreu. Aquem ele deixava a fortuna que tinha?Eram quatro os concorrentes.Chegou o sobrinho e fez estas pontuaçõesnuma cópia do bilhete: “Deixo osmeus bens à minha irmã? Não! A meusobrinho. Jamais será paga a conta doalfaiate! Na<strong>da</strong> aos pobres!”.A irmã do morto chegou, em segui<strong>da</strong>,com outra cópia do escrito, e pontuouadeste modo: “Deixo os meus bensà minha irmã. Não a meu sobrinho!Jamais será paga a conta do alfaiate!Na<strong>da</strong> aos pobres!”.Surgiu o alfaiate, que, pedindo a cópiado original, fez estas pontuações: “Deixoos meus bens à minha irmã? Não!A meu sobrinho? Jamais! Será paga aconta do alfaiate. Na<strong>da</strong> aos pobres!”.O juiz estu<strong>da</strong>va o caso, quando chegaramos pobres <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Um deles, maissabido, tomando outra cópia, pontuouaassim: “Deixo os meus bens à minhairmã? Não! A meu sobrinho? Jamais!Será paga a conta do alfaiate? Na<strong>da</strong>!Aos pobres”.32


Barulhinho bomAcentuaçãoAlberto Jacob FilhoBarulhinho bom | AcentuaçãoNo episódio 6 <strong>da</strong> série televisiva <strong>Turma</strong> <strong>da</strong><strong>Biblioteca</strong>, Jéssica, Geysa, Maiquel e Emersonse veem às voltas com a pronúncia correta <strong>da</strong>spalavras: é o mote para o estudo <strong>da</strong> acentuaçãográfica. Vamos mostrar, neste capítulo,a classificação <strong>da</strong>s palavras, de acordo com aposição <strong>da</strong> sílaba tônica (oxítonas, paroxítonase proparoxítonas), e o emprego adequadodos acentos. Dessa forma, o aluno podeconstruir o conhecimento gramatical, partindo<strong>da</strong> observação, em textos reais, <strong>da</strong> regulari<strong>da</strong>dede certos fenômenos gramaticais,ou do confronto de certa regulari<strong>da</strong>de comoutra, até chegar à inferência de leis e princípiosque regem a língua, particularmente alíngua escrita.Para pronunciar corretamente as palavras,precisamos estar atentos àpresença – e também à ausência!– dos acentos gráficos. É para issoque servem, na prática, as regras deacentuação: elas informam ao leitorcomo devem ser pronuncia<strong>da</strong>s aspalavras escritas.Conceitos-chaveAcentuação tônicaInvestiga a intensi<strong>da</strong>de com que pronunciamosas sílabas de ca<strong>da</strong> palavra. Aquelas so-33


Barulhinho bom | Acentuaçãobre as quais recai a maior intensi<strong>da</strong>de sãochama<strong>da</strong>s de tônicas; as demais, de átonas.De acordo com a posição <strong>da</strong> sílaba tônica, osvocábulos <strong>da</strong> língua portuguesa são classificadosem:OxítonosSua sílaba tônica é a última.Ex.: coração, procurar, pior, ruim, sabiá,também.ParoxítonosSua sílaba tônica é a penúltima.Ex.: álbum, estra<strong>da</strong>, desse, posso, retrato,sabia.ProparoxítonosSua sílaba tônica é a antepenúltima.Ex.: amássemos, Antártica, lágrima, úmido,xícara.Observação:Para os monossílabos, a classificaçãoé diferente: tônicos são aqueles pronunciadosintensamente; e átonos sãoos pronunciados fracamente. Quandoisolado, todo monossílabo se tornatônico. Por isso, para diferenciar ostônicos dos átonos e vice-versa, é necessáriopronunciá-los numa sequênciade palavras.Observe os monossílabos tônicos destacadosno trecho <strong>da</strong> música Retratoem Branco e Preto, de Chico Buarquede Holan<strong>da</strong>:Sei que não vai <strong>da</strong>r em na<strong>da</strong>,Seus segredos sei de cor.Agora, nos mesmos versos, destacamosos monossílabos átonos:Sei que não vai <strong>da</strong>r em na<strong>da</strong>,Seus segredos sei de cor.Acentuação gráficaNa língua portuguesa, são utilizados os seguintesacentos:Acento agudo (´)Colocado sobre as letras a, i, u e na sequênciaem, indica que essas letras representamas vogais <strong>da</strong>s sílabas tônicas.Ex.: Amapá, saí<strong>da</strong>, fúnebre, porém.Colocado sobre as letras e e o, indica que representamas vogais tônicas com timbre aberto.Ex.: médico, herói.Acento grave (`)Indica as diversas possibili<strong>da</strong>des de crase <strong>da</strong>preposição a com artigos e pronomes.Ex.: à, às, àquele, àquela, àquilo.Acento circunflexo (^)Indica que as letras e e o representam vogaistônicas com timbre fechado. Esse acento surgesobre a letra que representa a vogal tônica,normalmente diante de m, n ou nh.Ex.: mês, pêssego, compôs, câmara.Til (~)Considerado um acento fonético, é utilizadopara anasalar as vogais a e o.Ex.: órfã, mãozinha, corações, põe.Também indica a vogal tônica em casos emque a acentuação gráfica é obrigatória.Ex.: rã, maçã.Regras fun<strong>da</strong>mentaisProparoxítonasSão graficamente acentua<strong>da</strong>s.Ex.: árvore, álibi, lâmpa<strong>da</strong>, pêssego, quiséssemos,África.ParoxítonasSão acentua<strong>da</strong>s as palavras paroxítonas queapresentam as seguintes terminações:i(s), us34


Ex.: vírus, bônus, júri, lápis, tênis.um, unsEx.: fórum, álbum, álbuns, médium.rEx.: caráter, mártir, revólver.xEx.: tórax, ônix, látex.nEx.: hífen, pólen, abdômen.lEx.: fácil, amável, indelével.o(s)Ex.: dominó, paletós, vovô, vovó.em, ensEx.: armazém, vintém, armazéns, vinténs.Essa regra aplica-se também aos seguintescasos:a) monossílabos tônicos terminados em a, e,o (seguidos ou não de s)Ex.: pá, pé, pó, pás, pés, pós, lê, vê, dê, hás, crês.b) formas verbais termina<strong>da</strong>s em a, e, o tônicossegui<strong>da</strong>s de lo, la, los, lasEx.: amá-lo, dizê-lo, repô-la, pô-lo.Barulhinho bom | AcentuaçãoSonia Romanoffditongos (crescentes e decrescentes)Ex.: Itália, Áustria, memória, cárie, róseo,Ásia, fáceis, férteis, imóveis, fósseis, jérsei.ão(s)Ex.: órgão, órgãos, sótão, sótãos.ã(s)Ex.: órfã, órfãs, ímã, ímãs.psEx.: bíceps, fórceps.OxítonasSão acentua<strong>da</strong>s as palavras oxítonas queapresentam as seguintes terminações:a(s)Ex.: maracujá, ananás.e(s)Ex.: café, cafés, você.Kulikov Writer E.N.Chirikov 1904Regras especiaisOs ditongos de pronúncia aberta eu, ei, oirecebem acento agudo na vogal nas palavrasoxítonas.Ex.: céu, chapéu, anéis, coronéis, herói, anzóis,caracóis.Coloca-se acento nas vogais i e u que formamhiato com a vogal anterior.Ex.: sa-í-<strong>da</strong>, sa-ís-te, sa-ú-de, ba-la-ús-tre, saí-mos,ba-ú, ra-í-zes, ju-í-zes, Lu-ís, sa-í, pa-ís,He-lo-í-sa.Não se acentuam i e u que formam hiatoquando seguidos, na mesma sílaba, de l, m,n, r ou z.Ex.: Ra-ul, ru-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir-des, ju-iz.Não se acentuam as letras i e u dos hiatos seestiverem segui<strong>da</strong>s do dígrafo nh.Ex.: ra-i-nha, ven-to-i-nha.Não se acentuam as letras i e u dos hiatos sevierem precedi<strong>da</strong>s de vogal idêntica.Ex.: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba.Atenção!As palavras proparoxítonas receberãoacento, já que a regra de acentuação<strong>da</strong>s proparoxítonas prevalece sobre ados hiatos.Ex.: fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo.35


Barulhinho bom | AcentuaçãoOs verbos ter e vir levam acento circunflexona terceira pessoa do plural do presentedo indicativo.Ex.: ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm.Os verbos derivados de ter e vir levam acentoagudo na terceira pessoa do singular eacento circunflexo na terceira pessoa do pluraldo presente do indicativo.Ex.: ele retém / eles retêmele intervém / eles intervêm(site Brasilescola)O que aconteceria com a Terra se a Luanão existisse?Jon Sullivan36Metas educacionais• compreender as relações entre o sistemafonológico e o sistema ortográfico <strong>da</strong> línguaportuguesa.• identificar o uso adequado dos recursos <strong>da</strong>língua escrita para registrar a acentuação ea pontuação corretas <strong>da</strong> língua portuguesae para representar aspectos prosódicos<strong>da</strong> fala.Para usar em sala de aula1) Telefone sem fioEssa brincadeira pode ser diverti<strong>da</strong> e beminstrutiva para as aulas de Língua Portuguesa.A turma se divide em dois grupos:o verde e o amarelo. O professor, em vozbaixa, diz uma palavra no ouvido de umaluno do grupo verde. Esse aluno passapara um colega, e assim por diante até oúltimo integrante do grupo. O professor,então, sorteia um aluno (pode ser pelonúmero <strong>da</strong> chama<strong>da</strong>) e pergunta qual foia palavra transmiti<strong>da</strong>; depois, se ela temou não acento; e, se tiver acento, qual éa regra que justifica essa acentuação. Seacertar to<strong>da</strong>s as etapas, o grupo ganhaponto. Em segui<strong>da</strong>, a brincadeira é repeti<strong>da</strong>no grupo amarelo.Para a segun<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de, leia o texto ao lado:É difícil ter certeza de to<strong>da</strong>s as consequências.Os cientistas sabem que se a Lua nãoexistisse os dias teriam um pouco menos de24 horas. Isso porque a Lua causa um efeitode marés, puxando a água dos oceanos,e assim produz um lentíssimo freamento narotação do planeta. A ausência <strong>da</strong> Lua e <strong>da</strong>smarés poderia alterar também outros fenômenose até o modo de vi<strong>da</strong> de alguns seresdo planeta, mas não se pode prever exatamenteque mu<strong>da</strong>nças aconteceriam. Aospoucos a Lua e a Terra estão se afastando eos pesquisadores acreditam que, em 30 bilhõesde anos, a Terra perderá seu satélite.Nesse tempo, outros fenômenos importantesdevem ocorrer no Universo e, talvez, o nossoplaneta fique bem diferente do que é hoje.(Revista Recreio nº 322. Editora Abril.)2) Classificação pela acentuaçãoDepois <strong>da</strong> leitura, os alunos devem retirar dotexto to<strong>da</strong>s as palavras acentua<strong>da</strong>s, classificá-lasem oxítonas, paroxítonas e proparoxítonase justificar suas acentuações.3) O acento faz a diferençaPeça aos alunos que retirem o acento <strong>da</strong> palavra“marés” e registrem o que observam.Leitura de apoioNovamente, o que precisamos enfatizar é apassagem correta <strong>da</strong> comunicação oral para a


Reprodução: Alice in Wonderland, de Peter Newellcomunicação escrita. Há numerosas ativi<strong>da</strong>desde transposição <strong>da</strong> orali<strong>da</strong>de para a escrita, etalvez a melhor de to<strong>da</strong>s seja a música, comrimas e refrões. Ao cantar, percebemos a tonici<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s palavras e conseguimos identificarsua classificação em oxítonas, paroxítonas eproparoxítonas. Os poemas também gerambons exercícios de acentuação gráfica.Um exemplo de música que trabalha com aspossibili<strong>da</strong>des fonéticas <strong>da</strong>s palavras é Canção<strong>da</strong> Falsa Tartaruga, grava<strong>da</strong> por AdrianaCalcanhoto. A música é de Cid Campos sobrea tradução que Augusto de Campos fez <strong>da</strong>canção de mesmo nome, conti<strong>da</strong> no livro Aliceno País <strong>da</strong>s Maravilhas, de Lewis Carroll:Canção <strong>da</strong> Falsa Tartaruga(trecho)Que bela Sopa, de osso ou aveia,A ferver na panela cheia!Quem não diz: — Ave! Quem não diz: — Eia!Quem não diz: — Opa! Que bela Sopa!Sopa <strong>da</strong>s sopas, que bela Sopa!Que be_la So__opa!So__pa, só__o So__paQue bela Sopa!Que bela Sopa! Quem não se baba,Quem não a papa! Quem não a gaba!Barulhinho bom | Acentuação37


Sopa de letrinhasOrtografiaAlberto Jacob FilhoSopa de letrinhas | OrtografiaNa série televisiva <strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong>, amisteriosa amiga do baú estimula os personagensa utilizar o dicionário. É uma boa dicapara o professor reforçar conceitos ortográficose incentivar a produção de textos.Neste capítulo, vamos enfocar o empregodo r e rr, do j ou g, do s ou z, do x e ch,procurando despertar o interesse do alunoem descobrir e usar a escrita, fun<strong>da</strong>mentalmente,com as grafias corretas, como umaforma de comunicação eficiente, de interlocuçãoe de imprimir uma função socialimportante à escrita.“Ortografia” deriva <strong>da</strong>s palavras gregasortho, que significa “correto”, egraphos, que quer dizer “escrita”,ou seja, ortografia é a forma corretade escrever as palavras. Apesar deoficialmente sanciona<strong>da</strong>, a ortografianão é mais do que uma tentativade transcrever os sons de uma determina<strong>da</strong>língua em símbolos escritos.Essa transcrição, sempre por aproximação,raramente é perfeita e isentade incoerências.39


Sopa de letrinhas | OrtografiaConceitos-chaveAlgumas regras ortográficasEmprego do ha) Quando a etimologia ou a tradição escritado nosso idioma assim determina.Ex.: homem, higiene, honra, hoje, herói.b) No final de algumas interjeições.Ex.: oh!, ah!.c) Nos vocábulos compostos em que o segundoelemento com h se une por hífenao primeiro.Ex.: super-homem, pré-história.d) Quando faz parte dos dígrafos ch, lh, nh.Ex.: passarinho, palha, chuva.O h é uma letra que se mantém emalgumas palavras em decorrência <strong>da</strong>etimologia ou <strong>da</strong> tradição escrita donosso idioma.Emprego do sa) Nos sufixos ês, esa e isa, usados na formaçãode palavras que indicam nacionali<strong>da</strong>de,profissão, estado social, títulos honoríficos.Ex.: chinês, chinesa, burguês, burguesa, poetisa.b) Nos sufixos oso e osa (quando significam“cheio de”), usados na formaçãode adjetivos.Ex.: delicioso, gelatinosa.c) Depois de ditongos.Ex.: coisa, maisena, Neusa.d) Nas formas dos verbos pôr e querer e seusderivados.Ex.: puser, repusesse, quis, quisemos.e) Nas palavras deriva<strong>da</strong>s de uma primitivagrafa<strong>da</strong> com s.Ex.: análise - analisar - analisado.pesquisa - pesquisar - pesquisado.Emprego do za) Nos sufixos ez e eza, usados para formarsubstantivos abstratos derivados deadjetivos.Ex.: rigidez (rígido), riqueza (rico).b) Nas palavras deriva<strong>da</strong>s de uma primitivagrafa<strong>da</strong> com z.Ex.: cruz - cruzeiro - cruza<strong>da</strong> - deslize - deslizar- deslizante.Emprego dos sufixos ar e izarNos verbos derivados de palavras cujo radicalcontém s; caso contrário, emprega-se izar.Ex.: análise - analisar.eterno - eternizar.Emprego <strong>da</strong>s letras e e ia) Algumas formas dos verbos terminadosem oar e uar grafam-se com e.Ex.: perdoem (perdoar), continue (continuar).b) Algumas formas dos verbos terminadosem air, oer e uir grafam-se com i.Ex.: atrai (atrair), dói (doer), possui(possuir).Emprego do x e chA letra x é usa<strong>da</strong>:a) Depois de ditongo.Ex.: caixa, peixe, trouxa.b) Depois de sílaba inicial en.Ex.: enxurra<strong>da</strong>, enxaqueca.Exceções: encher, encharcar, enchumaçar eseus derivados.c) Depois de me inicial.Ex.: mexer, mexilhão.Exceção: mecha e seus derivados.d) Palavras de origem indígena e africana.Ex.: xavante, xangô.Emprego do ga) Nas terminações ágio, égio, ígio, ógio, úgio.Ex.: prestígio, refúgio.40


) Nas terminações agem, igem, ugem.Ex.: garagem, ferrugem.Emprego do jEm palavras de origem indígena e africana.Ex.: pajé, canjica, jirau.Emprego de s, c, ç, sc, ssVerbos grafados com ced originam substantivose adjetivos grafados com cess.ceder - cessão.conceder - concessão.retroceder - retrocesso.Exceção: exceder - exceção.Verbos grafados com nd originam substantivose adjetivos grafados com ns.ascender - ascensão.expandir - expansão.pretender - pretensão.Verbos grafados com ter originam substantivosgrafados com tenção.deter - detenção.conter - contenção.Equívocos comuns entre crianças do 3ºao 5º anos do Ensino Fun<strong>da</strong>mentalJogol ou jogô em vez de jogou.Naviu em vez de navio.Barriu em vez de barril.Ao fazer uma análise linguística <strong>da</strong>s relaçõesentre sons e letras na língua portuguesa,Miriam Lemle, em seu Guia Teóricodo Alfabetizador, sugere três tipos de correspondênciasexistentes:a) Ca<strong>da</strong> letra é representa<strong>da</strong> por um som eca<strong>da</strong> som é representado por uma letra.b) Ca<strong>da</strong> letra é representa<strong>da</strong> por um som, deacordo com a posição (sacola, casa, massa)e um mesmo som é representado pordiferentes letras, de acordo com a posição(zebra, casa).Segundo Lemle, as formas de correspondênciasdetermina<strong>da</strong>s pela posiçãosão regulares, portanto, passíveis deserem aprendi<strong>da</strong>s por meio de uma regrae sistematicamente ensina<strong>da</strong>s.c) A representação de um único som pode se<strong>da</strong>r por diferentes letras em uma mesmaposição (raça/massa, seco/cebola).Metas educacionais• facilitar a tarefa do aluno leitor-escritor de reconheceras palavras em sua forma correta;• incentivar os alunos a perceber a importânciado dicionário para resolver dificul<strong>da</strong>desortográficas;• sugerir ativi<strong>da</strong>des que ampliem o conhecimentoortográfico dos alunos em sua vi<strong>da</strong>escolar e cotidiana;• incentivar a produção textual dos alunos,de modo que a ortografia não seja um empecilhopara o seu desenvolvimento.Para usar em sala de aulaAntônio Gonçalves <strong>da</strong> Silva, conhecido comoPatativa do Assaré, nasceu a 5 de março de1909 na Serra de Santana, pequena proprie<strong>da</strong>derural do município de Assaré, no Suldo Ceará. Filho de pequenos proprietáriosrurais, Patativa inspirou músicos <strong>da</strong> velhae <strong>da</strong> nova geração e rendeu livros, biografias,estudos em universi<strong>da</strong>des estrangeirase peças de teatro. Também pudera. Ninguémsoube tão bem cantar em verso e prosa oscontrastes do sertão nordestino e a belezade sua natureza.Sopa de letrinhas | Ortografia41


Sopa de letrinhas | OrtografiaLeia este fragmento do poema Linguagemdos Óio, de Patativa do Assaré:Quem repara o corpo humanoE com coi<strong>da</strong>do nalisa,Vê que o Autô SoberanoLhe deu tudo o que precisa,Os orgo que a gente temTudo serve munto bem,Mas ninguém pode negáQue o Auto <strong>da</strong> CriaçãoFez com maior prefeiçãoOs orgo visioná.(...)Os óios consigo temIncomparave segredo,Tem o oiá querendo bemE o oiá sentindo medo,A pessoa apaixona<strong>da</strong>Não precisa dizê na<strong>da</strong>,Não precisa utilizáA língua que tem na bôca,O oiá de uma cabocaDiz quando qué namorá1) Troca de grafiaAlgumas palavras do poema foram escritasdo mesmo jeito que grupos de pessoas emnosso país falam. Os alunos devem reescreveressas palavras utilizando a grafia própria<strong>da</strong> língua padrão escrita.2) Escrever como se falaProponha que seus alunos escrevam umtexto de, no máximo, dez linhas exatamentedo jeito que você fala. Em segui<strong>da</strong>, devemobservar se houve enganos ortográficos.Depois, ler o texto de um colega. E concluir:por que a ortografia (escrita correta)<strong>da</strong> língua é importante?3) Um jeito próprio de falarQuinzinho foi visitar seu compadre, Zeca, levandouma cesta de laranjas para ele. ComoZeca não estava em casa, Quinzinho deixouo presente com a emprega<strong>da</strong> junto com oseguinte bilhete:Ô Cumpadi! Tô com sor<strong>da</strong>de di leváuma prosa com vosmicê. Trôxe inté essasfrutas do meu pomar. Vorto aquiamanhã, pra sabê si vosmicê gostôdu presente.QuinzinhoOs alunos devem pesquisar com o professorpor que a fala do Quinzinho é registra<strong>da</strong> dessaforma e comentar na turma.Leitura de apoioA utilização <strong>da</strong>s palavras cruza<strong>da</strong>s como ferramentadidática procura criar oportuni<strong>da</strong>desonde o desafio e a curiosi<strong>da</strong>de são favorecidos,facilitando o trabalho de construçãodo conhecimento. Funciona como um apoiodidático eficaz que inventa situações vivas evaria<strong>da</strong>s a partir dos jogos, desenvolvendoas probabili<strong>da</strong>des do ensino <strong>da</strong> ortografia.A chave está na instalação dos diagramas.Ilustração: GEA / <strong>MultiRio</strong>42


Esquematizados como “espaços fechados deescrita”, não há como preenchê-los escrevendoincorretamente. Esta perspectiva está circun<strong>da</strong><strong>da</strong>nos cruzamentos e na quanti<strong>da</strong>de dequadrinhos reservados para ca<strong>da</strong> palavra.(Amelia Hamze)A utilização <strong>da</strong> cruzadinha poderia favorecerum momento lúdico e bastante criativo. Háduas possibili<strong>da</strong>des: os alunos preenchemuma cruzadinha pronta e, nesse caso, precisamresolver questões relativas a dúvi<strong>da</strong>sortográficas, ou criam uma cruzadinha, construindoenunciados relativos às suas dúvi<strong>da</strong>sKallernasobre a professoramisteriosa do programa<strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong>.As palavrasprecisam fazer partedo contexto para <strong>da</strong>rsentido. Sugestõesde palavras: misteriosa,cozinheira, neurologista,assombração,cadeado, fechadura, profissão, enfermeira,história, arrumação... De alguma forma, ca<strong>da</strong>uma dessas palavras vai corresponder a umaregra ortográfica.Sopa de letrinhas | Ortografia43


Passado, presente e futuroTempo verbalAlberto Jacob FilhoPassado, presente e futuro | Tempo verbalNeste capítulo, vamos falar sobre o tempona escrita e suas variações; ressignificar osaspectos gramaticais dessas flexões verbaisem uma dimensão mais reflexiva, associa<strong>da</strong>à construção do pensamento dos alunos e àprática <strong>da</strong> escrita. Devemos chamar a atençãodos alunos para mu<strong>da</strong>nças de uma letraem uma palavra, como, por exemplo, “aconteceram- acontecerão”. Nesses casos, mu<strong>da</strong>não só a grafia <strong>da</strong>s palavras, como tambémo seu sentido e a sua funcionali<strong>da</strong>de.Pensar o tempo verbal como fun<strong>da</strong>mentaçãodo texto, construção frasal e base <strong>da</strong>significação textual.Conceitos-chaveModoÉ a forma como o verbo é apresentado.• Indicativo: certeza (ele conjuga).• Subjuntivo: possibili<strong>da</strong>de ou incerteza (elequer que eu conjugue).• Imperativo: ordem e pedido (conjuga tu!).TempoÉ usado para indicar quando ocorreu a açãoà qual o verbo se refere.45


Passado, presente e futuro | Tempo verbal• Presente: o fato no momento em que sefala (ele conjuga).• Pretérito imperfeito: um passado inacabado(eu conjugava).• Pretérito perfeito: exprime fatos concluídosantes do momento <strong>da</strong> fala (eu conjuguei).• Pretérito mais-que-perfeito: um fato passadoem relação a outro (ele conjugara).• Futuro do presente: um fato que vai acontecerno futuro (eu conjugarei).• Futuro do pretérito: um futuro que ocorreno passado (ele conjugaria); algo que poderiater acontecido.PessoaÉ a quem se refere o verbo. Eu e nós pertencemà primeira; tu e vós, à segun<strong>da</strong>; eele/ela, eles/elas, à terceira.• Eu: eu consigo.• Tu: tu consegues.Pretérito imperfeitoExpressa o passado inacabado, um processoanterior ao momento em que se fala, ou ain<strong>da</strong>um fato habitual, diário. Por isso, chamaseesse tempo verbal de pretérito imperfeito,pois não se refere a um conceito situado perfeitamenteem um contexto de passado.Emprega-se o pretérito imperfeito do indicativopara assinalar:a) Um fato passado contínuo, permanente ouhabitual, ou casual.Ex.: Eles vendiam sempre fiado.Uma noite, eu me lembro… ela dormiaNuma rede encosta<strong>da</strong> molemente(Castro Alves, Adormeci<strong>da</strong>)Ela vendia flores.Glória usava no peito um broche com um me<strong>da</strong>lhãode duas faces.(Rachel de Queiroz, As Três Marias)• Ele/Ela: ele consegue.• Nós: nós conseguimos.• Vós: vós conseguis.• Eles/Elas: eles conseguem.NúmeroIndica a quanti<strong>da</strong>de de pessoas.• Singular: uma pessoa (eu estou).• Plural: mais de uma pessoa (eles estão).Tempos verbaisModo indicativoExpressa certeza apresentando o fato de umamaneira real, certa, positiva.PresenteExpressa o fato no momento em que se fala.Ex.: O aluno lê um poema.Posso afirmar que meus valores mu<strong>da</strong>ram.Um aluno dorme.b) Um fato passado, mas de incerta localizaçãono tempo.Ex.: Era uma vez…c) Um fato simultâneo em relação a outrono passado, indicando a simultanei<strong>da</strong>dede ambos.Ex.: Eu lia quando ela chegou.Nessa mesma noite, leu-lhe o artigo em queadvertia o partido <strong>da</strong> conveniência de nãoceder às perfídias do poder.(Machado de Assis, Quincas Borba)Pretérito perfeitoIndica um fato já ocorrido, concluído. Por issoo nome pretérito perfeito, por se referir a umfato situado perfeitamente no passado.Ex.: Trocaram beijos ao luar tranquilo.(Augusto Gil, Luar de Janeiro)Andei longe terras,Lidei cruas guerras,46


Vaguei pelas serras,Dos vis Aimorés.(Gonçalves Dias, Juca-Pirama)Posso afirmar que meus valores mu<strong>da</strong>ram.Apanhou o rifle, saiu ao meio <strong>da</strong> trilha edetonou.(Coelho Neto, Banzo)Na forma composta, é usado para indicaruma ação que se prolonga até ao momentopresente, através de locução verbal, na qualse usa o particípio.Perfil de Fernando Pessoa, de Karl-Eckhard Cariuswww.ke-carius.deMorava no arraial de São Gonçalo <strong>da</strong> Ponte,cuja ponte o rio levara, deixando dela somenteos pilares de alvenaria.(Gustavo Barroso, O Sertão e o Mundo)Te dou meu coração, quisera <strong>da</strong>r o mundo.Pretérito mais-que-perfeito compostoEx.: Quando eu cheguei, ela já tinha saído.Tinha chovido muito naquela noite.Futuro do presente compostoUm tempo que só existe na forma composta.Assinala um fato posterior ao tempo atual,mas anterior a um outro futuro.Ex.: Até meus bisnetos nascerem, eu tereime aposentado.Futuro do presenteAssinala uma ação que ocorrerá no futuro relativamenteao momento em que se fala.Ex.: Se eleito, lutarei pelos menores carentes.(…) era Vadinho, herói indiscutível, jamaisoutro virá tão íntimo <strong>da</strong>s estrelas, dos <strong>da</strong>dose <strong>da</strong>s prostitutas…(Jorge Amado, Dona Flor e Seus Dois Maridos)Passado, presente e futuro | Tempo verbalEx.: Tenho estu<strong>da</strong>do to<strong>da</strong>s as noites.Eu, que tenho sofrido a angústia <strong>da</strong>s pequenascoisas ridículas,Eu verifico que não tenho par nisto tudo nestemundo.(Fernando Pessoa, Poema em Linha Reta)Pretérito mais-que-perfeitoÉ utilizado para assinalar um fato passadoem relação a outro também no passado (opassado do passado). O pretérito mais-queperfeitoaparece nas formas simples e composta,sendo que a primeira costuma surgirem discursos mais formais, e a segun<strong>da</strong>, nafala coloquial.Pretérito mais-que-perfeito simplesEx.: Ele comprou o apartamento com o dinheirodo carro que vendera.(Machado de Assis, Relíquias de Casa)Retrato de Jorge Amado, de Gilberto Gomeswww.gilbertogomes.com.br47


Passado, presente e futuro | Tempo verbalA qual escolherei, se, neste estado,Eu não sei distinguir esta <strong>da</strong>quela?(Alvarenga Peixoto, Joninha e Nice)Futuro do pretérito / CondicionalEmprega-se o futuro do pretérito paraassinalar:a) Um fato futuro em relação a outro nopassado.Ex.: Se eu morresse amanhã, viria ao menosFechar meus olhos minha triste irmã;Minha mãe de sau<strong>da</strong>des morreria.(Álvares Azevedo, Se Eu Morresse Amanhã)b) Uma ironia ou um pedido de cortesia.Ex.: Daria para fazer silêncio!Poderia fazer o favor de sair!?Metas educacionais• desenvolver habili<strong>da</strong>des de leitura de textosverbais, não verbais e de linguagem mistacomo forma de compreensão <strong>da</strong> varie<strong>da</strong>devocabular e temporal na produção de umtexto, seja ele oral ou escrito;• compreender as formas verbais e sua flexãoe empregá-las corretamente;• ampliar o conhecimento dos alunos sobretempos verbais, partindo sempre de umareflexão textual;• levar o aluno a aplicar seus conhecimentosde forma lúdica em jogos, conversas ou ativi<strong>da</strong>desque exijam reflexão e funcionali<strong>da</strong>de.Para usar em sala de aula1) CartaO aluno deve imaginar que recebeu uma cartade um amigo que foi morar, ain<strong>da</strong> criança,na Inglaterra. Esse amigo an<strong>da</strong> esquecido <strong>da</strong>escrita dos tempos verbais <strong>da</strong> língua portuguesae faz algumas confusões. A ativi<strong>da</strong>deé reescrever a carta, utilizando corretamenteo tempo verbal.Ontem, aqui na Inglaterra, muitos pássaroschega para passar o verão na ci<strong>da</strong>de. Elesvoar em círculos sobre as árvores <strong>da</strong> praçae as crianças que brincar nos escorregadorese balanços grita de alegria. Se um dia vocêvisitar esta ci<strong>da</strong>de, eu mostrar to<strong>da</strong> a suabeleza, sua natureza. Você ficar encanta<strong>da</strong>.Quando você vem?Aguar<strong>da</strong>r ansioso,James.2) Construção de textosOs alunos vão ler o diálogo abaixo, entre asamigas Luana e Cecília e, depois, construirdois textos, ambos no futuro. Em um deles,imaginando que Luana chegou a tempo deassistir ao filme. No outro, como foi a noitede Luana, que, por causa de contratempos,chegou tarde demais para entrar no cinema.3) PesquisaPesquisar na biblioteca <strong>da</strong> escola algum livrosobre biografia ou autobiografia. Selecionarum trecho interessante e circular os verbosencontrados. Responder em que tempos verbaiseles estão: presente, passado ou futuro?Que relação o aluno faria entre o tempoverbal predominante e o tipo de texto que oautor produziu? Registrar suas conclusões.Ilustração: GEA / <strong>MultiRio</strong>48


Ler para viverLiteratura infantilAlberto Jacob FilhoLer para viver | Literatura infantilA literatura infantil não é uma construção delivros que se destinam apenas às crianças,mas <strong>da</strong>queles que ouvimos e lemos antesde nos tornarmos adultos e que retornarãoà nossa memória sempre que convocadospelo desejo de viajar ou pela sensibili<strong>da</strong>dedo leitor que seremos. As grandes aventurashabitam o enredo infantil: contos de fa<strong>da</strong>s,<strong>da</strong> carochinha, mitologias, histórias de cavaleirosde capa e espa<strong>da</strong>, marinheiros, náufragose detetives mirins.49A narrativa e a poesia apresentam tambémum mundo que se divide, fun<strong>da</strong>mentalmente,entre o bem e o mal. No Brasil, MonteiroLobato (1882-1948) inaugura um espaço emque as aventuras começam a buscar nossasraízes culturais, evidenciar uma natureza originale personagens independentes de seucriador. Hoje, a literatura infantil tem apresentadograndes escritores e ilustradores quecompõem aventuras reveladoras, muitas vezes,<strong>da</strong> dor e do desamparo que é a consciênciade crescer. O objetivo, neste capítulo,é oferecer caminhos de leituras encantadorase recursos importantes para se fazer umaboa leitura.Na interação <strong>da</strong> criança com a obra literáriaestá a riqueza dos aspectos formativosnela apresentados de maneirafantástica, lúdica e simbólica. A intensificaçãodessa interação, por meio deprocedimentos pe<strong>da</strong>gógicos adequados,leva a criança a uma maior compreensãodo texto e a uma compreensãomais abrangente do contexto. Uma obraliterária é aquela que mostra a reali<strong>da</strong>de,de forma nova e criativa, deixandoespaços para que o leitor descubra oque está nas entrelinhas do texto.49


Ler para viver | Literatura infantilVamos ver, abaixo, um pouco <strong>da</strong> história <strong>da</strong>literatura infantil brasileira.Bonecos criados pela GEA / <strong>MultiRio</strong> / Foto: Alberto Jacob FilhoMonteiro Lobato e aliteratura infantil, ummarco históricoHercília Maria Fernandes, em trabalho apresentadona Universi<strong>da</strong>de Federal do RioGrande do Norte, afirma que coube a MonteiroLobato a tarefa de instaurar o “divisorde águas” que separa o Brasil de ontem e oBrasil de hoje. Ao fazer a herança do passadovigorar sobre o seu tempo, Lobato alcança “ocaminho criador de que a literatura infantilestava necessitando”. Rompe, pela raiz, comas convenções estereotipa<strong>da</strong>s e abre as portaspara as novas ideias e as novas formasque o século passado exigia. O autor estreiano gênero infantil em 1921, com a obra AMenina do Narizinho Arrebitado, que abrecaminhos para uma série de publicações delivros infantis, todos com ampla aceitação dopúblico infantojuvenil, em torno <strong>da</strong> turma doSítio do Pica-Pau Amarelo.Com certo tempo e enriquecimento do fabulosomundo lobatiano, o Maravilhoso passaa compor normalmente o Real e, em lugar dese tornar inverossímil, se “des-realizando”, oprocesso acaba sendo o contrário, isto é, “oinventado passa a ter foros de reali<strong>da</strong>de”.Lobato, rompendo com os modelos extraídos<strong>da</strong> Europa, enfatizava a necessi<strong>da</strong>de de secriar uma literatura infantil nacional em queas crianças pudessem “morar”. Em suas palavras:“Ando com ideias de entrar por essecaminho: livros para crianças. De escreverpara marmanjos já enjoei. Bichos sem graça.Mas para as crianças um livro é todo ummundo. Lembro-me de como vivi dentro doRobinson Crusoé, de Laemmert. Ain<strong>da</strong> acaboescrevendo livros onde as crianças possammorar. Não ler e jogar fora, sim morar,como morei no Robinson e n’Os Filhos doCapitão Grant”.E Lobato fez muitas crianças morarem emseus livros, a partir dos anos 1920. Sua obraresiste às mu<strong>da</strong>nças do tempo, alcançandoa quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> eterni<strong>da</strong>de. Desde 1926, oescritor teve seus livros traduzidos em váriospaíses, entre eles: Alemanha, Argentina,Espanha, França, Síria; o que comprova queLobato conseguiu unir ingredientes que permitirama eterni<strong>da</strong>de de sua criação. A fórmulaé composta a partir <strong>da</strong> fusão <strong>da</strong> essênciahumana e universal com a sua busca pelonacional, o que possibilita a passagem desuas obras para além-fronteiras do país e fazcom que milhares de crianças habitem o fantásticomundo do Sítio do Pica-Pau Amarelo.A repercussão chega aos dias atuais, já quea turminha do Sítio voltou a morar na tela <strong>da</strong>televisão brasileira no início do século XXI.A obra lobatiana na área infantil é vasta,engloba livros originais, a<strong>da</strong>ptaçõese traduções. Nas publicações originais,destacam-se, além de A Menina do NarizinhoArrebitado, O Saci (1921); Fábulase O Marquês de Rabicó (1922);A Caça<strong>da</strong> <strong>da</strong> Onça (1924); A Cara deCoruja, Aventuras do Príncipe, Noivadode Narizinho e O Circo de Cavalinho(1927); A Pena do Papagaio e O Póde Pirlimpimpim (1930); As Reinaçõesde Narizinho (1931); Viagem ao Céu(1932); As Caça<strong>da</strong>s de Pedrinho e Emíliano País <strong>da</strong> Gramática (1933); Geografiade Dona Benta (1935); Memóriasde Emília (1936); O Poço do Visconde(1937); O Pica-Pau Amarelo (1939) e AChave do Tamanho (1942).As obras de Lobato, constituí<strong>da</strong>s por narrativasaventurescas, desenrolam fatos fasci-50


Reproduçãonantes, personagens e celebri<strong>da</strong>des que seoriginaram <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong>de lobatiana e na memóriados tempos, seja através <strong>da</strong> história,<strong>da</strong> tradição oral, <strong>da</strong>s len<strong>da</strong>s e/ou dos mitos.Essa mistura de imaginário, conhecimentose heranças histórico-culturais <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>deexpressa a originali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> obra de MonteiroLobato, que busca redescobrir reali<strong>da</strong>des estáticas,cristaliza<strong>da</strong>s pela memória cultural, e<strong>da</strong>r-lhes nova vi<strong>da</strong>, em meio às reinações dopessoal que vive no Sítio.Cecília Meireles e os livrosde formaçãoCecília Meireles (1901-1964), após a estreiana literatura com a obra Espectros (1919),dedica-se intensamente à educação, desenvolvendo,além <strong>da</strong> docência e <strong>da</strong> militânciapolítica em jornais brasileiros, uma ação pe<strong>da</strong>gógicanão formal com a criança brasileira,por meio <strong>da</strong> literatura infantil.Em 1924, Cecília publica Criança Meu Amor,obra de abertura <strong>da</strong> poetisa dentro do gêneroinfantil. Em 1937, em parceria com omédico Josué de Castro, lança A Festa <strong>da</strong>s51Letras, obra poética cujos textos obedecem àsequência de um abecedário e desenvolvemas temáticas Alimentação e Saúde. Ain<strong>da</strong> emfins <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1930, sai o livro Rute eAlberto Resolveram Ser Turistas (1939), quetrabalha, a partir de situações narra<strong>da</strong>s, o conhecimentohistórico e geográfico por meio<strong>da</strong>s aventuras <strong>da</strong>s crianças-personagens naci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro. Em 1949, a autorapublica Rui: Pequena História de uma GrandeVi<strong>da</strong>; e, em 1964, a sua grande obra poéticadentro do gênero infantil: Ou Isto ou Aquilo.Conforme a opinião de vários estudiosos <strong>da</strong>poetisa-educadora, Cecília Meireles, conjuntamentecom Monteiro Lobato e Vinícius deMoraes, foi responsável pela renovação <strong>da</strong>literatura infantil brasileira, <strong>da</strong>ndo maior ênfaseaos sentimentos <strong>da</strong> criança, ao imaginárioe à beleza poética propriamente dita. To<strong>da</strong>via,seus primeiros livros trazem bastantevivos os ideais do tradicionalismo literário,que permeou sua produção artística dentrodo gênero infantil, destacando-se algumascaracterísticas:• idealismo: apresentação romântica <strong>da</strong> criançae <strong>da</strong>quilo que lhe é pertinente – família,escola, socie<strong>da</strong>de;• moralismo e maniqueísmo dogmático: ênfasena moral, no valor <strong>da</strong> educação intelectual,<strong>da</strong> linguística e no desenvolvimentoemotivo <strong>da</strong> criança, porém pela perspectivaadulta que manipula as ações do leitor;• universalismo e tradicionalismo: na valorização<strong>da</strong> linguagem erudita, na exposiçãodos temas e nos conteúdos; através <strong>da</strong>quiloque é comum ao homem e permanecehistoricamente; e na utilização <strong>da</strong>s fontesorais e do folclore;• literarie<strong>da</strong>de e imaginação: valorização <strong>da</strong>beleza poética, do sonho, dos devaneiosinfantis, <strong>da</strong>s facul<strong>da</strong>des intuitivas.Algumas dessas características permaneceramimutáveis no conjunto <strong>da</strong> obra de CecíliaMeireles, como, por exemplo, os aspectosformativos, instrutivos e de entretenimentointrínsecos aos livros infantis <strong>da</strong> autora. Mesmona obra Ou Isto ou Aquilo, em que a natu-Ler para viver | Literatura infantil51


Ler para viver | Literatura infantilreza estética se evidencia acima <strong>da</strong>s intencionali<strong>da</strong>despe<strong>da</strong>gógicas e <strong>da</strong>s funcionali<strong>da</strong>dessociais, há a evidência do caráter moralizantede uma educadora que busca ofertar ensinamentosúteis à formação <strong>da</strong> criança.Entretanto, é com Cecília Meireles e Viníciusde Moraes que a literatura infantil brasileiraabre portas para o paradigma estético, anunciandoa importância do lúdico para a vivênciae formação <strong>da</strong> criança. Em Cecília, o paradigmautilitarista, moral-cívico, rompe-se coma obra Ou Isto ou Aquilo e, em Vinícius deMoraes, com a publicação de A Arca de Noé(1970). Nessa obra, o escritor explora o jogosonoro, a perspectiva infantil assumi<strong>da</strong> pelavoz poética, o humor e aproveita recursos típicos<strong>da</strong> poesia popular como a quadra, a redondilhae a rima nos versos pares, além <strong>da</strong>temática animal, um dos assuntos de maiorempatia entre as crianças.O poder <strong>da</strong> ilustraçãoA ilustradora Graça Lima, em palestra proferi<strong>da</strong>no seminário Prazer em Ler de Promoção<strong>da</strong> Leitura – Nos Caminhos <strong>da</strong> Literatura, emSão Paulo (agosto de 2008), afirmou:“A obra de um ilustrador é uma arte, porque,assim como os pintores, os escultores,os músicos ou qualquer outro tipo de artista,ele tem a mesma necessi<strong>da</strong>de de fazer compreensíveisseus sonhos e, por meio de suacapaci<strong>da</strong>de profissional, interpretar o mundoem que vive <strong>da</strong>ndo sua visão imaginativa ereal à socie<strong>da</strong>de.” (In: Nos Caminhos <strong>da</strong> Literatura.São Paulo: Peirópolis, 2008, p. 41.)A ilustração no livro infantil é assuntosério, tanto que, em 2008, foramlançados no Brasil dois livros dedicadosao tema: O Que é a Quali<strong>da</strong>de emIlustração no Livro Infantil e Juvenil:com a Palavra, o Ilustrador, organizadopor Ie<strong>da</strong> de Oliveira, e Pelos JardinsBoboli, do professor e ilustrador Ruide Oliveira.ReproduçãoMetas educacionais• oferecer caminhos de leituras encantadoras,que são recursos importantes para sefazer uma boa leitura;• apresentar a ilustração como fonte importantede leitura de uma linguagem não verbal;• apresentar autores importantes para a formação<strong>da</strong> literatura infantil brasileira;• apresentar autores e ilustradores contemporâneosimportantes para a literatura infantilbrasileira.Para usar em sala de aulaMonteiro Lobato foi o primeiro escritor brasileiroa pensar e a escrever histórias paracrianças no Brasil. Seus personagens maisconhecidos habitam o famoso universo doSítio do Pica-Pau Amarelo. Os alunos podempesquisar, em grupo, a biografia desse autor,suas obras, sua importância para o Brasil e onome de seus personagens mais marcantes.Depois, o grupo apresenta para a turma oque achou mais interessante. Os alunos podemescolher, na biblioteca <strong>da</strong> escola, umlivro de Monteiro Lobato e começar a ler. Certamente,não vão conseguir parar!Neste capítulo, aprendemos que a ilustraçãoé um texto não verbaltambém importantepara a construção deuma história. MaurícioVeneza, um ilustrador<strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de, já fezcapas de livros e ilustraçõesinfantojuvenismuito interessantes,como a capa do livroao lado.A partir <strong>da</strong> ilustração mostra<strong>da</strong>, os alunospodem criar uma história que combine comessa capa e com os personagens que aparecem.Uma outra ativi<strong>da</strong>de é ler o poema abaixo,de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), importante poeta e cronista mineiro, e52


criar uma ilustração bem significativa para ahistória que ele conta em versos, dedicadosao amigo Abgar Renault.As ilustrações podem formar um excelentemural na sala de aula!InfânciaMeu pai montava a cavalo, ia para ocampo.Minha mãe ficava senta<strong>da</strong> cosendo.Meu irmão pequeno dormia.Eu sozinho menino entre mangueiraslia a história de Robinson Crusoé,compri<strong>da</strong> história que não acaba mais.No meio-dia branco de luz uma voz queaprendeua ninar nos longes <strong>da</strong> senzala – nunca seesqueceuchamava para o café.Café preto que nem a preta velhacafé gostosocafé bom.Minha mãe ficava senta<strong>da</strong> cosendoolhando para mim:– Psiu... Não acorde o menino.Para o berço onde pousou um mosquito.E <strong>da</strong>va um suspiro... que fundo!Lá longe meu pai campeavano mato sem fim <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>.E eu não sabia que minha históriaera mais bonita que a de Robinson Crusoé.Leitura de apoioA literatura é a chave para o encantamentocom a linguagem. Ler e dizer são os grandesdesafios de uma língua. E esta língua podeser li<strong>da</strong>, fala<strong>da</strong> e escrita de diversas formas:a literatura infantil brasileira tem feito bonitocom essa história. Pesquise com os alunosos livros de autores e ilustradores contemporâneos,como Ângela Lago, Maurício Veneza,Roger de Mello, Mariana Massarani, AdrianaFalcão, Ricardo Azevedo e Eva Furnari. Algunsjá foram citados aqui, mas todos têmmuitos títulos.Ler para viver | Literatura infantil5353


<strong>Biblioteca</strong>ndo<strong>Biblioteca</strong>, pesquisa, texto informativoAlberto Jacob Filho<strong>Biblioteca</strong>ndo | <strong>Biblioteca</strong>, pesquisa, texto informativoO tema é Pesquisa: desenvolver ativi<strong>da</strong>desde investigação que estimulem e ensinem osalunos a pesquisar adequa<strong>da</strong>mente em umabiblioteca, em rede, pelo computador. Paraum bom resultado, a pesquisa deve ser feitacom curiosi<strong>da</strong>de, objetivi<strong>da</strong>de e segurança.Vamos apresentar os caminhos importantespara essa ativi<strong>da</strong>de, bem como a orientaçãoinicial dos sumários, dos ícones do computadore dos registros que devem ser feitos esomados às suas conclusões.A pesquisa pode ser um grande instrumentona construção do conhecimento do aluno,por isso, sempre que possível, o professordeve sugerir algum tema para pesquisa relacionadocom o conteúdo, a fim de contribuirna construção <strong>da</strong> aprendizagem.Aprofun<strong>da</strong>ndo o conceitoA era digital*(Silvana Gontijo)Uma abor<strong>da</strong>gem pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong>s mídias digitaisdeve estar comprometi<strong>da</strong> com o desenvolvimentode competências específicas,para uma interação autônoma com a multiplici<strong>da</strong>dede informações ofereci<strong>da</strong> pelastecnologias de informação e comunicação.Para navegar sem se perder, é preciso saberaonde se quer chegar; é preciso estabelecerobjetivos, perguntas, critérios de busca;é preciso, sobretudo, apropriar-se <strong>da</strong> informaçãode modo significativo, convertendo-aem conhecimento.55


<strong>Biblioteca</strong>ndo | <strong>Biblioteca</strong>, pesquisa, texto informativoProjetos de pesquisa, com temas, objetivose metodologia bem definidos devemser propostos. A busca dirigi<strong>da</strong> na internetvai proporcionar aos alunos a oportuni<strong>da</strong>dede conhecer ferramentas e metodologiasde busca, comparar conteúdo e formato dediferentes sites e descobrir como localizaras informações de que necessita para resolvero seu problema. Será ain<strong>da</strong> mais rica aoportuni<strong>da</strong>de se o trabalho for desenvolvidoem pares ou grupos. Todo o processo deveser acompanhado e orientado pelo professor,desde o planejamento até a apresentaçãodos resultados finais, quando a turmadeve compartilhar problemas, escolhas e soluçõesencontra<strong>da</strong>s durante o percurso.Depois de pesquisar e discutir as característicasde diferentes sites, portais ou blogs <strong>da</strong>internet, os alunos devem ser incentivados adesenvolver suas próprias propostas para osuporte. Divididos em equipes de trabalho,eles podem ser desafiados a criar um site,definindo tema, formato, público-alvo, estiloe recursos de linguagem. Nesse caso, é importantelembrar o que foi observado duranteo projeto de pesquisa a respeito <strong>da</strong>s característicasespecíficas do suporte internet:por exemplo, como explorar bem as possibili<strong>da</strong>desdo hipertexto, <strong>da</strong> não lineari<strong>da</strong>dee <strong>da</strong> multiplici<strong>da</strong>de de linguagens? Quais asdiferenças de proposta e de uso de recursosde linguagem – imagens, sons, fotos, textos– entre sites jornalísticos, sites de entretenimento,blogs (espécie de diário on-line)e outros? Ao desenvolver um CD-ROM ouum site sobre música, por exemplo, o grupodeve discutir sobre a utilização conjunta desom, imagem e texto, sempre com o objetivode informar com objetivi<strong>da</strong>de, prestar oserviço proposto e comunicar com eficáciasuas ideias e opiniões. Se a escola dispuserde uma estrutura tecnológica que permitao desenvolvimento dos produtos, é hora deconcretizar o que foi planejado. Mas, se issonão for possível, o simples exercício de criaro formato e discutir as possibili<strong>da</strong>des dessemeio é suficiente para incentivar uma relaçãomais consciente com o meio.Alguns cui<strong>da</strong>dos importantes a tomarA imensa quanti<strong>da</strong>de de informações disponívela todos que acessam a internetpode levar a um uso superficial do meio.Muitos usuários cedem facilmente à tentaçãode apropriar-se do material encontradonos sites e reproduzi-lo em trabalhos escolaresou mesmo em projetos profissionais.Trata-se de uma questão ética que deveser trata<strong>da</strong> com muita serie<strong>da</strong>de na escola,orientando-se os alunos desde cedo a usaro que encontram na rede de modo responsável.O professor deve incentivar seus alunosa relacionar-se com a rede como umaferramenta de aprendizagem e pesquisa,tal como são os livros, os vídeos e outrasfontes de informação, cujos conteúdos devemservir para ca<strong>da</strong> usuário apenas comoponto de parti<strong>da</strong> para o desenvolvimentode produções originais, inéditas e criativas.Apropriar-se <strong>da</strong> autoria de qualquerprodução intelectual é crime.Outra questão importantíssima com a qual aescola precisa se comprometer é a que trata<strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de ética sobre a circulaçãode informações na rede. O respeito aooutro, em todos os sentidos, deve pautar,sempre, a produção, a troca e a divulgaçãode informações na internet. Em nenhum momentoa escola deve incentivar ou toleraro uso <strong>da</strong> rede para veicular informações eopiniões que não partam de uma postura derespeito à privaci<strong>da</strong>de, às opiniões, aos credose às opções de outras pessoas ou grupos.A cultura do convívio respeitoso comas diferenças também deve estar em pautaquando o assunto é internet. No mundo inteiro,estão em discussão as regras éticaspara um uso responsável <strong>da</strong> internet, e aescola deve acompanhar essa discussão,atenta e comprometi<strong>da</strong>mente.56


Aproveitar as experiênciasprofun<strong>da</strong>mente e sem pressaPodemos discutir como planejar as ativi<strong>da</strong>desde comunicação em função de diversosfatores. Vimos o quanto de complexi<strong>da</strong>dehá nesse processo e o quanto é importanteprogramar bem sua entra<strong>da</strong> em sala de aula,para que se possa explorar todo o seu potencialeducativo. Sob essa perspectiva, devemser planeja<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des criativas e deapropriação técnica e expressiva dos meios,de modo que se possam escalonar os níveisde dificul<strong>da</strong>de e de desafio, a fim de que osalunos não queimem etapas movidos pela ansie<strong>da</strong>dede experimentar tudo. É fun<strong>da</strong>mentalque eles possam vivenciar, com profundi<strong>da</strong>de,as possibili<strong>da</strong>des de desenvolverem seupotencial de autoexpressão e criativi<strong>da</strong>de, eque, assim, se tire o máximo do que ca<strong>da</strong>recurso pode oferecer.Pesquisar aplicações pe<strong>da</strong>gógicasOs manuais de usuários de computadores,DVDs ou câmeras não trazem instruções sobreos usos pe<strong>da</strong>gógicos dessas tecnologias.Escola não é lugar de se mexer comas tecnologias de comunicação só porqueelas são modernas e piscam luzescolori<strong>da</strong>s – assim corremos o riscode educar como antigamente, mesmocom recursos novos e caros. Escola élugar onde se usam critérios pe<strong>da</strong>gógicospara fazer escolhas. E onde sesabe utilizar as tecnologias a serviço<strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de ensino, com a mesmasegurança com que também se sabequando não utilizá-las em nome <strong>da</strong>mesma quali<strong>da</strong>de de ensino.Aliás, elas não foram projeta<strong>da</strong>s para utilizaçãoem sala de aula – talvez, se fossem,tivessem formatos e preços bem diferentes. Éo professor que terá de escrever esse “manual”:sendo inquieto e curioso, experimentandoe descobrindo, na prática, quais as possibili<strong>da</strong>dese as restrições de ca<strong>da</strong> tecnologia,especificamente com relação ao seu trabalhoe aos seus alunos.É preciso ter um olhar investigativo sobre aexperimentação, teorizar um pouco sobre oque se observa e se faz e, finalmente, sistematizarconclusões. Não basta entrar com ovídeo ou com a fotografia em sala de aula; épapel do professor criar a metodologia paraque os alunos produzam e apren<strong>da</strong>m pormeio dos instrumentos. O modelo de trabalho<strong>da</strong> pesquisa docente é o melhor caminho deentra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s tecnologias nas escolas, criandoproteções pe<strong>da</strong>gógicas contra consumismos,modismos e outros “ismos” deslumbrados.Os alunos podem fazer uma enormediferençaMais que incluir as tecnologias na escola, éimportante incluir os alunos e a escola nomundo <strong>da</strong> tecnologia. Muitas vezes, porém,são os alunos os melhores agentes para promoveressa inclusão. São espertos, rápidose, em geral, sabem muito mais que seus paise professores sobre programas, botões efios. Então, por que não lhes <strong>da</strong>r um lugar dehonra no processo? As crianças e os jovenspodem ser envolvidos em ativi<strong>da</strong>des, podemliderá-las, podem assumir algumas responsabili<strong>da</strong>desrealmente diferenciais. Na rádioescolar, no laboratório de informática, no estúdiode foto ou de vídeo, eles podem estarno comando, na operação, na instalação dosequipamentos, podem ensinar os menoresou os professores. A partir <strong>da</strong>í, virão muitomais benefícios e aprendizagens em jogo doque simplesmente técnica e tecnologia.<strong>Biblioteca</strong>ndo | <strong>Biblioteca</strong>, pesquisa, texto informativoTecnologia combina com organizaçãoSeja com muitos ou poucos recursos, o queimporta mesmo é saber usá-los e colocá-los aserviço <strong>da</strong> melhor quali<strong>da</strong>de do que se ensinana escola. Seja o pouco, seja o muito que setem, deve ser cui<strong>da</strong>do, mantido e disponibili-57


<strong>Biblioteca</strong>ndo | <strong>Biblioteca</strong>, pesquisa, texto informativozado para todos. Então, estamos falando deorganização de acessos, de arquivo de material,de controle e de regras para o uso, deagen<strong>da</strong>s de disponibili<strong>da</strong>de, etc. Para que astecnologias entrem na escola, sejam absorvi<strong>da</strong>spela prática escolar e passem a integrara sua cultura pe<strong>da</strong>gógica, é necessário o respaldode uma gestão de recursos, para queesses mesmos recursos não sejam subutilizadosou desperdiçados, mas sim convertidosem conquistas pe<strong>da</strong>gógicas para a escola ebenefícios educativos para os alunos.Metas educacionais• incentivar o aluno a observar, investigar eregistrar as diferentes técnicas e os usos <strong>da</strong>voz, do som e <strong>da</strong> imagem no cotidiano;• compreender o processo básico de captação,de registro e de manipulação criativade som, <strong>da</strong> imagem fotográfica em movimento,etc.;• entender a lógica de colocação de fios, deconexões, de transmissão de sinais e deinformação entre os equipamentos;• em sua vi<strong>da</strong> particular, utilizar de formamais autônoma e desembaraça<strong>da</strong> os própriosaparelhos de som, DVD, câmera fotográfica,computador e demais recursos queestiverem ao seu alcance;• estu<strong>da</strong>r o meio de comunicação (o rádio, aTV, a internet, etc.), sua presença e importânciano mundo atual;• planejar ativi<strong>da</strong>des em que os alunos possamrealizar produções como programas derádio e de TV, cinema, jornal impresso, exposiçõesfotográficas, entre outras.Para usar em sala de aula1) Um trabalho de pesquisaa) entender a lógica de disposição dos livrosem uma biblioteca: por assunto, por temas,por i<strong>da</strong>des, por áreas de interesse;b) ao pesquisar em livros, entender o sumário;localizar o assunto no livro;c) localizar informações em jornais, citandoadequa<strong>da</strong>mente o título do jornal pesquisado,e a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> notícia, indicando o queaconteceu, como, quando e onde;d) escolhendo sites “confiáveis”, buscar nainternet referências aos autores recorridos ecitados, etc.2) Sobre a série <strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong>Sugerir uma pesquisa sobre a identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>professora que alimenta o baú de novi<strong>da</strong>des.Quem sabe ela não pode ser uma escritora?E, se for, como é o seu trabalho? O que elajá produziu?3) Múltiplos meiosCa<strong>da</strong> grupo escolhe um dos temas abaixo edeverá pesquisá-lo nos mais diversos meios:enciclopédias, internet, jornais, revistas, dicionáriose outros, podendo, inclusive, entrevistarpessoas que dominem o assunto. To<strong>da</strong>s asdescobertas serão registra<strong>da</strong>s com capricho eapresenta<strong>da</strong>s para a turma, com as referênciasdo autor, do lugar onde as informações foramencontra<strong>da</strong>s, além de ser acrescenta<strong>da</strong> umabibliografia sobre o assunto.Temas:• Criança não trabalha.• Consumo na dose certa.• Violência na televisão: por que e para quê?• Grandes descobertas <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.• Homens e mulheres importantes na históriado Brasil.• Somos todos diferentes.www.flash-screen.com58


Com os resultados e trabalhos desenvolvidospara os temas <strong>da</strong> questão anterior, os alunosmontarão um mural bem grande e colorido emsua escola, ou em sua sala, para que todos possamcompartilhar as informações encontra<strong>da</strong>s.É importante lembrar que to<strong>da</strong> pesquisae to<strong>da</strong> informação precisa teruma funcionali<strong>da</strong>de, ou seja, precisaser divulga<strong>da</strong> e refleti<strong>da</strong> com o grupo.Faça uma visita a sua biblioteca preferi<strong>da</strong>e escolha um livro bem legal.Mãos à obra!Leitura de apoioEscola e tecnologia precisam se conectar*(Eduardo Monteiro)Tratar dos temas <strong>da</strong> comunicação em sala deaula vai exigir que você se aproxime de algumasquestões técnicas e se aproprie dos procedimentose do manejo dos instrumentosem questão. Assim, você poderá decidir comcompetência e autonomia a melhor forma deutilizar esses recursos em seu trabalho. Portanto,é preciso romper com medos e inseguranças,superando dificul<strong>da</strong>des, porque aquinão se podem ter ilusões: para se trabalharbem com a comunicação em sala de aula épreciso colocar a “mão na massa”, aprendero que não se sabe e disponibilizar alguns recursosno espaço escolar. A perspectiva aquinão é transformar crianças em teóricos <strong>da</strong>comunicação – isso não tem sentido – massim contribuir na formação de ci<strong>da</strong>dãos competentese capazes em suas possibili<strong>da</strong>desde criativi<strong>da</strong>de, expressão e intervenção pelodiálogo na socie<strong>da</strong>de em que vivem.Temos aqui alguns problemas, de fato. Deuma forma geral, ain<strong>da</strong> não é fácil paraas escolas terem o acesso aos recursos decomunicação – os mais simples, às vezes.Mesmo que muitas escolas e professores játenham computadores e os conhecimentosa eles associados, um trabalho mais consistentecom a comunicação na escola, inclusivenuma perspectiva curricular, poderá levarprofessores e estu<strong>da</strong>ntes a explorarem outrosrecursos de comunicação e linguagem,como câmeras fotográficas e de vídeo e gravadoresde som.A presença dos computadores de uma formamais massiva nas escolas também podefacilitar essa aproximação, uma vez que osmodelos atuais agregam recursos multimídia,permitindo diversas possibili<strong>da</strong>des fáceisno processamento de som e imagem.Sem muita complicação, ca<strong>da</strong> vez mais oscomputadores estão conectados com periféricoscomo scanners, câmeras e microfones,que permitem ao usuário curioso e criativouma série de possibili<strong>da</strong>des e abrem muitasperspectivas para um trabalho pe<strong>da</strong>gógicoinovador. Mas é preciso não se enrolar comos fios.Fica, assim, defini<strong>da</strong> uma linha de trabalho eestudo a ser prioriza<strong>da</strong> pelo professor e pelasescolas, de modo que se possa promovero acesso a esses recursos, que se apren<strong>da</strong>a li<strong>da</strong>r com eles e que seja possível, a partirdisso, conhecer as suas possibili<strong>da</strong>des no trabalhoescolar e aplicá-las com competência.O jornal na escola*(Silvana Gontijo)O jornalismo é uma prática de investigação<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, que tem por objetivo a divulgaçãocrítica e responsável de informações,ideias, opiniões. Se sua escola pretende desenvolverum ambiente de estímulo ao plenoexercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, ativi<strong>da</strong>des que viabilizemessa prática de pesquisa investigativae crítica sobre a reali<strong>da</strong>de precisam estarpresentes no planejamento pe<strong>da</strong>gógico. Semdúvi<strong>da</strong>, o professor deve estimular o contatodos seus alunos com jornais e revistas, telejornais,radiojornais, webjornais. Trazendopara a sala de aula o debate sobre o noticiáriodiário, destacando temas diretamenterelacionados aos campos de interesse de suaturma, você contribuirá para a formação de<strong>Biblioteca</strong>ndo | <strong>Biblioteca</strong>, pesquisa, texto informativo59


<strong>Biblioteca</strong>ndo | <strong>Biblioteca</strong>, pesquisa, texto informativoci<strong>da</strong>dãos mais informados. Produzir jornaisna escola é, sem dúvi<strong>da</strong>, um passo saudávelnessa direção, além de ser um excelenterecurso para atrair o interesse dos alunos.Para desenvolver projetos dessa natureza,você pode a<strong>da</strong>ptar as orientações de outrasfichas presentes nesta cartilha.Nessa ficha, vamos priorizar sugestões volta<strong>da</strong>spara a questão <strong>da</strong> investigação crítica<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, que está na base <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>dejornalística. Investigar pressupõe observarem profundi<strong>da</strong>de, indo além <strong>da</strong>s aparências;questionar informações recebi<strong>da</strong>s, entendendoque não há um só modo de se apresentareme de se entenderem os fatos; e, finalmente,saber buscar informação com autonomia.Partindo dessas premissas, qualquer projetode pesquisa pode tornar-se um instrumentode investigação crítica <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, contantoque os alunos sejam estimulados a ir além<strong>da</strong> mera reprodução de <strong>da</strong>dos encontradosem livros ou sites, propondo ideias de modooriginal, que realmente expressem seu modode ser, de sentir e de pensar.Uma boa alternativa para estimular os alunosa produzir de modo original é incentivara consulta a fontes próprias para comporseus trabalhos. Digamos que a pesquisa sejasobre alimentação saudável. Em vez de (só)pesquisar em livros, revistas e sites sobre otema, eles devem ser motivados a procurarprofissionais de sua comuni<strong>da</strong>de (médicos,nutricionistas) que possam esclarecer dúvi<strong>da</strong>se fun<strong>da</strong>mentar o estudo. Aqui, professor,atenção: para que se estabeleça, efetivamente,uma relação investigativa com o tema estu<strong>da</strong>do,é preciso orientar, passo a passo,o planejamento de suas etapas: a definiçãodos profissionais adequados, a preparação<strong>da</strong> pauta para a entrevista, o tratamento ea articulação dos <strong>da</strong>dos levantados. O diferencialdo trabalho estará justamente nocompromisso com a credibili<strong>da</strong>de e com aprofundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s informações produzi<strong>da</strong>s.Nesse sentido, o resultado será tanto melhorquanto maior for o cui<strong>da</strong>do no planejamentoprévio do trabalho, na definição de objetivos,na escolha <strong>da</strong> metodologia, na eleição<strong>da</strong>s priori<strong>da</strong>des e no cumprimento <strong>da</strong>sresponsabili<strong>da</strong>des.O jornal é uma excelente forma de conexãocom a reali<strong>da</strong>de cotidiana, seja num contextomais próximo, seja em locais mais distantes.Especialmente no Ensino Médio, os grandestemas do dia a dia podem ser trazidos para aaula a partir <strong>da</strong> pesquisa nas notícias de jornal:política, eleições, meio ambiente, guerras,terrorismo, economia, questões sociais,cultura, entre outros temas, podem renderboas discussões nas mãos do professor. E,pela internet, jornais de outras ci<strong>da</strong>des e paísespodem ser acessados em tempo real.(*) Textos retirados de Por Dentro dos Meios,curso a distância de formação de professoresem Midiaeducação. Aula 6 de Ensino Fun<strong>da</strong>mental,publica<strong>da</strong> em 4 de outubro de 2009no site planetapontocom.60


Sugestão de livrosinfantojuvenisA Caligrafia de Dona Sofia, de André Neves.Editora Paulinas.A Cama Que Não Lava o Pé, de Fátima Miguez.Editora DCL.Amores de Artistas, de Sônia Rosa. EditoraPaulinas.Aparício, de Sônia Rosa. Editora DCL.A Princesa Tiana e o Sapo Gazé, de MárcioVassallo. Editora Brinque-Book.As Mais Belas Histórias <strong>da</strong>s Mil e Uma Noites,de Arnica Esterl. Editora Cosac Naify.Circo Universal, de Raimundo Carvalho e IvanLuís B. Mota. Editora Dimensão.Clave de Lua, de Leo Cunha. Editora Paulinas.Cocô de Passarinho, de Eva Furnari. EditoraCompanhia <strong>da</strong>s Letrinhas.Coleção Arte e Raízes (7 livros), de NereideSchilaro Santa Rosa. Editora Moderna.Coleção MiniPingos (8 livros), de Mary e EliardoFrança. Mary e Eliardo França Editora.Coleção Monteiro Lobato. Editora Globo.Coleção Reencontro Infantil - Clássicos <strong>da</strong>Infância. Editora Scipione.Com o Coração na Mão, de Fátima Miguez.Editora DCL.Crianças na Escuridão, de Júlio Emílio Braz.Editora Moderna.Diário de Classe, de Bartolomeu Campos deQueirós. Editora Moderna.Divinas Aventuras – Histórias <strong>da</strong> Mitologia Grega, deHeloisa Prieto. Editora Companhia <strong>da</strong>s Letrinhas.Dom Quixote de La Mancha, de Miguel deCervantes. Tradução e a<strong>da</strong>ptação de FerreiraGullar. Editora Revan.Em Boca Fecha<strong>da</strong> Não Entra Mosca, de FátimaMiguez. Editora DCL.Exercícios de Ser Criança, de Manoel de Barros.Editora Salamandra.Felpo Filva, de Eva Furnari. Editora Moderna.Guilherme Augusto Araújo Fernandes, de MemFox. Editora Brinque-Book.João por um Fio, de Roger Mello. Editora Cia.<strong>da</strong>s Letras.Lolo Barnabé, de Eva Furnari. Editora Moderna.Luna Clara e Apolo Onze, de Adriana Falcão.Editora Salamandra.Memórias Inventa<strong>da</strong>s (3 volumes): A Infância,A Segun<strong>da</strong> Infância, A Terceira Infância, deManoel de Barros. Editora Planeta.Meninos do Mangue, de Roger Mello. EditoraCia. <strong>da</strong>s Letras.Mo<strong>da</strong> – Uma História para Crianças, de KatiaCanton. Editora Cosac Naify.Moleques de Rua – As Aventuras de João Pão,um Menor Abandonado, de Roberto Freire.Editora Moderna.Nenhum Peixe Aonde Ir, de Marie-FrancineHébert. Edições SM.O Casamento entre o Céu e a Terra: Contos dosPovos Indígenas do Brasil, de Leonardo Boff.Editora Salamandra.O Colecionador de Pedras, de Prisca Agustoni.Editora Paulinas.O Empinador de Estrela, de Lourenço Diaféria.Editora Moderna.O Macacão Espantado, de Léo Cunha. EditoraSalamandra.O Menino Que Brincava de Ser, de GeorginaMartins. Editora DCL.O Nascimento de Zeus e Outros Mitos Gregos,de Adriane Duarte. Editora Cosac Naify.O Príncipe sem Sonhos, de Márcio Vassallo.Editora Brinque-Book.Os 100 Melhores Contos de Crime e Mistério<strong>da</strong> Literatura Universal. Org. Flavio Moreira <strong>da</strong>Costa. Ediouro.Pai sem Terno e Gravata, de Cristina Agostinho.Editora Moderna.Perto dos Olhos, Perto do Coração, de FátimaMiguez. Editora DCL.vPonte para Terabítia, de Katherine Paterson.Editora Salamandra.61


Ri Melhor Quem Ri Primeiro, de José PauloPaes. Editora Cia. <strong>da</strong>s Letras.Série Carol e o Homem do Terno Branco (5 livros), deCarlos Heitor Cony e Anna Lee. Editora Salamandra.Terra Vermelha, Rio Amarelo – Uma História <strong>da</strong>Revolução Cultural, de Ange Zhang. Edições SM.Todo Cui<strong>da</strong>do É Pouco!, de Roger Mello. EditoraCia. <strong>da</strong>s Letras.Um Garoto Chamado Rorbeto, de GabrielO Pensador. Editora Cosac Naify.Valentina, de Márcio Vassallo. Editora Global.23 Histórias de um Viajante, de Marina Colasanti.Editora Global.62


BibliografiaALVES, Ie<strong>da</strong> Maria. Neologismo – CriaçãoLexical. 7ª ed. São Paulo: Ática, 2002.AZEREDO, José Carlos de. Fun<strong>da</strong>mentos deGramática do Português. 1ª ed. Rio de Janeiro: JorgeZahar, 2000.____. Gramática Houaiss <strong>da</strong> Língua Portuguesa.2ª ed. São Paulo: Publifolha, 2008.BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico –O que É e Como Se Faz. 39ª ed. São Paulo:Loyola, 2005.BARBOSA, Maria Apareci<strong>da</strong>. Léxico, Produção eCriativi<strong>da</strong>de. São Paulo: Plêiade, 1996.BOSI, Alfredo. Dialética <strong>da</strong> Colonização. SãoPaulo: Companhia <strong>da</strong>s Letras, 1996.____. Literatura e Resistência. São Paulo:Companhia<strong>da</strong>s Letras, 2008.CANDIDO, Antonio. A Educação pela Noite eOutros Ensaios. São Paulo: Ed. Ática, 2000.____. Formação <strong>da</strong> Literatura Brasileira (MomentosDecisivos). 1º e 2º volumes. Belo Horizonte;Rio de Janeiro: Editora Itatiaia Limita<strong>da</strong>, 1993.____. Vários Escritos. 3ª ed. versão amplia<strong>da</strong>.São Paulo: Duas Ci<strong>da</strong>des, 1995.CARVALHO, Nelly de. O que É Neologismo. SãoPaulo: Contexto, 1987.CHARTIER, Roger. A Aventura do Livro: doLeitor ao Navegador. São Paulo: Unesp, 1999.FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e CoerênciaTextuais. São Paulo: Ática, 2006.KOCH, Ingedore. A Coesão Textual. São Paulo:Contexto, 2000.____. A Inter-ação pela Linguagem. São Paulo:Contexto, 1999.____. Desven<strong>da</strong>ndo os Segredos do Texto. SãoPaulo: Cortez, 2002.____. Linguística Aplica<strong>da</strong> ao Português:Morfologia. São Paulo: Cortez, 2002.____. O Texto e a Construção dos Sentidos. SãoPaulo: Contexto, 2000.____. Texto e Coerência. 6ª ed. São Paulo:Cortez, 1999.LAJOLO, Marisa. Como e Por Que Ler o RomanceBrasileiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.MACHADO, Ana Maria. Como e Por Que Ler osClássicos Universais Desde Cedo. Rio de Janeiro:Objetiva, 2002.MARIA, Luzia de. O Clube do Livro: Ser Leitor– Que Diferença Faz?. São Paulo: Globo, 2009.MIGUEZ, Fátima. Nas Arte-manhas do ImaginárioInfantil: o Lugar <strong>da</strong> Literatura na Sala deAula. Rio de Janeiro: Zeus, 2000.MORICONI, Ítalo. Como e Por Que Ler a PoesiaBrasileira do Século XX. Rio de Janeiro:Objetiva, 2002.PORTELLA, Eduardo (org.). Reflexões sobre osCaminhos do Livro. São Paulo: Unesco/ Moderna,2003.ROCHA, Fátima Cristina Dias (org.). LiteraturaBrasileira em Foco. Rio de Janeiro: Eduerj,2003.SCHWARZ, Roberto. Que Horas São? – Ensaios.São Paulo: Companhia <strong>da</strong>s Letras, 1997.SANTIAGO, Silviano. Vale Quanto Pesa: Ensaiossobre Questões Político-culturais. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1982.ZILBERMAN, Regina. Como e Por Que Ler a LiteraturaInfantil Brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.63


Referências de siteswww.canalkids.com.brwww.disney.com.brwww.doutores<strong>da</strong>alegria.org.brwww.germinaliteratura.com.br/suzana_vargas.htmwww.greenpeace.org.brwww.historia<strong>da</strong>arte.com.br/artecriancas.htmlwww.itaucultural.org.brwww.kidlink.orgwww.kidsplanet.orgwww.mingaudigital.com.brwww.monica.com.brwww.nextweb.com.br/castelowww.palavracanta<strong>da</strong>.com.brwww.planetapontocom.org.brwww.portal<strong>da</strong>familia.orgwww.recicloteca.org.brwww.snoopy.comwww.terra.com.br/kids/harrypotterwww.uol.com.br/ecokids64


Conselho EditorialDenise <strong>da</strong>s Chagas LeiteMarília Scofano de Souza AguiarNorma BragaConsultoriaAdriana Guedes, professora de LínguaPortuguesa e doutora em LiteraturaGerência do Projeto <strong>Turma</strong> <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong>Teresa PedrosoRe<strong>da</strong>çãoBete NogueiraEdição de TextoRegina ProtasioRevisãoJorge Eduardo MachadoPesquisa de ImagensCarolina BessaFábio AranhaJoanna Miran<strong>da</strong>Gerência de Artes GráficasAna Cristina LemosIlustração de capaAlessandra BrumCarlos BenignoProjeto GráficoAloysio NevesEditoraçãoRodrigo PereiraProdução GráficaVivian RibeiroImpressão:Ediouro Gráfica e Editora Lt<strong>da</strong>.Tiragem:5.600Dezembro 2010


<strong>MultiRio</strong> - Empresa Municipal de Multimeios Lt<strong>da</strong>.Largo dos Leões, 15 • Humaitá • Rio de Janeiro/RJ • Brasil • CEP 22260-210Tel.: (21) 2976-9432 • Fax: (21) 2535-4424www.multirio.rj.gov.br • ouvidoria.multirio@rio.rj.gov.br

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