Edição 1802 - Adjori/SC

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04 São Miguel do Oeste/SC 30 de janeiro de 2013 CidadesFolha do OesteVítimas de tragédia gaúcha sãosepultadas no extremo oesteDor e tristeza marcaram despedida das quatro jovens de São Miguel do Oeste, Guaraciaba,Belmonte e Maravilha mortas durante incêndio numa boate de Santa MariaFotos Folha do Oestedade. A vinda da Cruz Peregrina e dosícones era esperada para às 19h30,porém na cidade vizinha de Descanso,que seria a única da Diocese deChapecó a fazer a celebração. “Foiaberta uma exceção e a peregrinaçãochegou até São Miguel do Oeste, emsinal de acolhimento à jovens vítimasda tragédia”, explicou o vigário daParóquia São Miguel Arcanjo, LucianoGattermann. Após uma brevecelebração, o corpo da estudante foitransladado para a cidade gaúcha deCaxias do Sul, onde foi cremado às09h de terça-feira, dia 29. Um ônibus,lotado por familiares e amigos seguiupara acompanhar a cremação.Em Guaraciaba, foi sepultado,na segunda-feira, o corpo de ThaísZimmermann Darif. Ela era colegado curso de Medicina Veterinária edividia o apartamento com Isabella nacidade gaúcha. Além de estudarem, asamigas também foram juntas à festado último sábado, onde morreram. Nofinal tarde de domingo, foi do pai dela,o dentista Rogério Salla Darif a missãode comunicar ao bancário GilbertoFiorini, pai de Isabella: “as notíciasnão são boas nem pra mim e nem prati”, pouco antes do reconhecimento noGinásio Municipal de Santa Maria.Desde que chegou, de manhã, ocaixão permaneceu lacrado, em virtudedas queimaduras no corpo de Thaís.Às 15h houve missa fúnebre e, emseguida, o sepultamento no cemitériomunicipal.Entre as vítimas do incêndio, que éconsiderado um dos mais trágicos domundo, também está a mestranda emBioquímica Toxicológica da UFSM,Bruna Karoline Occai, de Belmonte.Formada em Biomedicina, elajá havia apresentado a dissertação eestava a um artigo de receber o títulode mestre. “Bruna estava terminandoum mestrado, se preparando para umdoutorado na área da saúde. Ela tinhatoda uma vida de sonhos pela frente”,lamentou o tio, deputado federal PedroUczai.Asfixiada pela fumaça tóxica emitidaa partir da combustão da espumaacústica que revestia as paredes e oteto da Boate Kiss, Bruna teve o so-nho de cursar doutorado no Canadáinterrompido. O corpo dela foi veladoe sepultado em Belmonte no final datarde de segunda-feira.Além delas, a região também teveoutra perda. Marina de Jesus Nunes,de 20 anos, morava em Santa Mariahá dois anos, onde se preparava paraprestar o vestibular e realizar seugrande sonho de cursar Medicina. Ocorpo foi velado no salão paroquial daIgreja Matriz e sepultado no CemitérioMunicipal de Maravilha.Foto Diário de Santa Maria/DivulgaçãoInúmeras pessoas prestaram condolências aos familiares e amigos de Isabella FioriniO silêncio que anda pelas ruas deSanta Maria ecoa em quatro cidadesdo extremo oeste catarinense. O desesperoque afligiu as famílias das estudantesIsabella Fiorini, de 19 anos,em São Miguel do Oeste, de ThaísZimmermann Darif, de 19 anos, emGuaraciaba, de Bruna Karoline Occai,de 24 anos, em Belmonte e deMarina de Jesus Nunes, de 20 anos,em Maravilha, deu lugar à dor e à comoçãonesta segunda-feira, dia 28.No dia, posterior àquele que jamaisserá esquecido por quem perdeuseus filhos, irmãos, netos, sobrinhos,amigos, familiares, conhecidos eaté mesmo por quem simplesmenteacompanhou as notícias que abalaramCruz Peregrina chegou a São Miguel do Oesteem sinal de acolhimento às vítimas da tragédiao mundo todo, centenas de pessoas sereuniram para prestar solidariedadeaos familiares e amigos que se despediamdas quatro estudantes mortas natragédia ocorrida domingo de madrugadana Boate Kiss, em Santa Maria,no Rio Grande do Sul, onde residiame estudavam.Em São Miguel do Oeste, a maiorcidade do extremo oeste na fronteiracom a Argentina, desde a metade damanhã, foi velado o corpo de IsabellaFiorini. A moça que nasceu e cresceuna cidade tinha se mudado paraFlorianópolis em 2011 para estudare buscar a realização de um sonho:cursar a faculdade de Medicina Veterinária,segundo relatou o primoFernando Fiorini Ribas,com quem ela morouum ano na capital doEstado.A migueloestina alcançoua primeira etapadessa meta na metadedo ano passado, quandopassou no vestibular daUFSM (UniversidadeFederal de Santa Maria).“Ela estava muitofeliz, conhecendo ocurso e começando acarreira que sempre sonhou.A Isabella adoravaanimais desde muitopequena”, contou.O corpo de Isabellafoi velado até o finalda tarde de segunda--feira, quando a CruzPeregrina e os ícones daJornada Mundial da Juventudechegaram à ci-Na madrugada de domingo voluntários tentavam auxiliarno resgate das vítimasEstudante de Descanso testemunha tragédiaArtur Ceolin, de 20 anos, estudante do curso de Relações Internacionaisna UFSM e de Administração na Unifra (Centro UniversitárioFranciscano) de Santa Maria estava na Boate Kiss.O jovem, natural de Descanso, disse que não viu a hora em que o fogocomeçou. “Uns três minutos após o início do incêndio escutei os gritos eprocurei a saída. Foi bem no começo e consegui sair logo”.A mãe dele contou que ele perdeu um amigo na tragédia. Artur tambémjá teria feito exames médicos e, segundo estes, está bem de saúde,apesar de consternado pela situação.Prefeitos decretam luto oficial por três diasO prefeito em exercício, de São Miguel do Oeste, WilsonTrevisan, decretou na manhã desta segunda-feira,luto oficial por três dias. O decreto municipal considerao falecimento de 233 pessoas, especialmente a morte damigueloestina Isabella Fiorini e demais jovens da regiãodo extremo oeste de Santa Catarina. “Estamos consternadoscom o que aconteceu na cidade gaúcha. Sentimosmuito pelas famílias e estamos prestando nossa solidariedadea todos”, afirmou o prefeito Trevisan.Os prefeitos de Guaraciaba, Roque Meneghini, e deBelmonte, Mauri Scaranti, estão em Brasília onde aconteceum encontro nacional de prefeitos com a presidenteda República Dilma Rousseff. Nos dois municípios adecisão ficou a cargo dos vice-prefeitos. Eles tambémassinaram decreto de luto oficial por três dias.

Folha do Oeste CidadesSão Miguel do Oeste/SC - 30 de janeiro de 2013 05Horas de angústia sucedidaspela dor da perdaFamiliares tentavam localizar jovens desde a manhã de domingo.No final da tarde, foram chamados para reconhecer os corposHá poucos dias o irmão Fernandoe os pais Elisete e Gilbertovisitaram Isabella Fiorini, de19 anos, na cidade gaúcha. Nosábado, conversaram por telefone.A jovem, que não gostavamuito de sair contou, então, queà noite sairia com amigos para afesta de recepção dos calourosdo curso de Medicina Veterinária.De madrugada, o irmão maisnovo, navegava na internet emcasa, em São Miguel do Oeste,quando viu as primeiras informaçõesdo trágico acontecidonuma boate da cidade em quea irmã estava. Imediatamente,Fernando chamou os pais. Começavamali as intermináveishoras de busca por notícias dairmã, que não atendia ao telefonecelular e nem ao telefone decasa.Angustiado, o pai acompanhadode familiares se dirigiuao Estado vizinho às 07h da manhãde domingo. Enquanto isso,a mãe, o irmão, tios e primostentavam localizar Isabella noshospitais. “Foi terrível. Tinhamuita especulação. As informaçõeschegavam com rapidez,mas incompletas”, cita o primoFernando Fiorini Ribas. Segundoele, Gilberto chegou a SantaMaria às 14h de domingo. “Porum momento houve um raio deesperança. Encontraram a jaquetae o celular dela e uma meninaparecida num hospital, masnão era ela”, diz entristecido.Em estado de choque o paide Isabella foi o único a poderentrar para reconhecer o corpoda filha. Acompanhado de umpolicial, ele entrou no GinásioMunicipal em que estavam asvítimas. Desolado ele descreveuque havia corpos por todosos lados, até em cima de caixas,como num “confinário de guerra”.Nesta manhã, quando oscorpos chegaram ao extremooeste, embora já sabedores datriste constatação, os familiaresse deram por conta que era necessáriojuntar forças e encarar arealidade. As lágrimas tomaramo espaço da preocupação. O pai,consternado, parecia começara entender a situação. A mãe,inconsolável, ainda tentou porinúmeras vezes ressuscitar afilha. Inconformada, ainda nãoconseguia acreditar que ela tivessemorrido.As amigas, que sentiram napele a dor da perda de um entequerido pela primeira vez, nãoconseguiam falar e choravampor Isabella. Dela se lembrarão,principalmente do sorriso, dasimpatia, da bondade e da dedicaçãoaos estudos, conformedisse Marina Dilly. Para OrlandoTeixeira da Rosa, amigo dafamília há anos, a morte da jovemé um fato sem explicação,já que era admirada por todos.“Hoje é um dia dolorido, masprecisamos passar pelo processode aceitação”, comentava oprimo de Isabella.Para ele, a jovem sempreserá a menina por quem tinhaum carinho especial, por quemse sentia responsável, que eraapaixonada por música pop, especialmentepela cantora MileyCyrus e que teve a missão de setornar um anjo muito cedo. “Dafamília, quando pequena elaera a única que tinha o cabelocacheado como o da minhamãe. Por isso, ela deu umacamiseta pra ela e disse: nãoé só a tia Diva, os anjinhostambém têm. Ela não esperouir para o outro lado, semprefoi para nós um anjo”, disseemocionado Fernando FioriniRibas.Fotos DivulgaçãoIsabella adorava animais e estudava para ser veterináriaTHAÍS ZIMMERMANN DARIFO dentista RogérioSalla Darif,pai da estudanteThaís ZimmermannDarif, de 19anos, de Guaraciaba,também foi aomunicípio gaúchoem busca de informaçõesda filha.No final da tarde dedomingo, ele teveque noticiar à esposa,a também dentista Denise Amaral Zimmermann Darif e àoutra filha menor, que Thaís constava na relação de vítimasdo incêndio na Boate Kiss. A estudante do curso de MedicinaVeterinária da UFSM teve o corpo queimado e foi sepultadaem Guaraciaba.BRUNA CAROLINE OCCAIFormada emBiomedicina pelaUnoesc de SãoMiguel do Oeste,a estudante BrunaKaroline Occai, de24 anos, natural deBelmonte, moravaem Santa Maria hácerca de um ano.Coincidentementeela morreu intoxicadapela fumaça.Bruna foi reconhecidapor um primo e pelo tio, o deputado federal Pedro Uczai.No sábado, ela conversou com a mãe e comentou sobre a festaque aconteceria à noite. A mãe incentivou a filha a se divertir edepois disso não conseguiu mais contato com ela.A estudante que estava perto de concluir o Mestrado e sonhavaem fazer doutorado numa universidade do Canadá era filha deuma funcionária pública e de um produtor rural. Ela também tinhauma irmã, Karine Occai. Em 2005, Bruna foi escolhida a rainhado município para representar Belmonte até o ano seguinteem eventos regionais. Em sua página, na rede social Facebook, otio Pedro Uczai fez referência ao sonho da sobrinha e pediu “queDeus possa nos confortar, como também às famílias de todos queperderam suas vidas desta forma tão dolorosa”.MARINA DE JESUS NUNESA estudante deMaravilha, Marinade Jesus Nunes, de20 anos, sonhavaem cursar Medicina.Ela morava noestado vizinho hádois anos onde faziacurso pré-vestibular.Ela tinha um irmãoe era filha de ummédico veterinárioCarlos e da professoraLeandra, que foram até Santa Maria no domingo para tentarlocalizar a filha. O corpo dela chegou ao amanhecer de segunda--feira e em virtude das queimaduras, o caixão foi mantido fechadoaté o sepultamento, enquanto os pais recebiam os pêsames defamiliares e amigos, entremeio às lágrimas.A TRAGÉDIA REPETIDACom destaque para os casos das gestões desastrosas, queacabam de ser repudiadas nas urnas, em geral os prefeitos eleitosestão tendo grande dificuldade financeira, neste início deseus governos.Mesmo nas prefeituras que foram bem administradas, foidifícil fechar as contas no último ano, honrando os pagamentos,inclusive do décimo terceiro salário dos servidores.Os prefeitos que assumiram ou reassumiram, ao invés decomeçarem imediatamente a cumprir os compromissos assumidosna campanha eleitoral, encontram-se na contingênciade cortar gastos, reduzir cargos de confiança, alongar o cronogramade pagamento dos fornecedores, etc...É uma tragédia que vem se repetindo na cena política nacionalao longo das últimas décadas. A causa principal é a divisãodos impostos que todos nós pagamos. Do total de todosos tributos arrecadados no país, 63% (sim, quase dois terços!)vão para os cofres de Brasília. E apenas 13% constituem ascombalidas finanças municipais.Como o Prefeito é o agente que está mais próximo do povoe dos problemas, não tem condições de resolver as demandasbásicas da população, a menos que conte com generosos recursosfederais, cuja liberação sempre esbarra no tamanho daburocracia de Brasília.A presidenta Dilma Roussef tem procurado desatar essesnós da burrocracia nacional (eu disse mesmo burrocracia),mas o próprio PAC – Programa de Aceleração do Crescimento- vem encontrando dificuldade em transformar a decisãogovernamental em obra efetivamente realizada.Entram no rol das dificuldades da execução dos programase das obras, além da sobrevivência do papelório e carimbório,o tempo consumido na elaboração dos projetos arquitetônicose de engenharia; nas brechas judiciais da complicada lei de licitações;na obtenção do licenciamento ambiental; na morosatramitação dos processos em Brasília, até que o dinheiro sejaefetivamente liberado.Estados Unidos, China, Alemanha e Inglaterra não sãopotências por acaso. Lideram o mundo porque têm gestõesaltamente descentralizadas, que consagram ao poder localcompetências que, no Brasil, concentram-se secularmente nogoverno central.É a descentralização administrativa e a autonomia municipale regional que explicam a maior parte do sucesso daquelespaíses.O Brasil enfrenta gargalos graves de infraestrutura rodoviária,ferroviária, portuária, aquaviária e aeroportuária,justamente as atividades que se concentram na competênciafederal.A presidenta Dilma lançou, na segunda metade do anopassado, um programa de participação público-privada paraenvolver o Governo e os empresários na execução de um ambiciosoprojeto de investimentos em infraestrutura. Começou,também, a privatizar aeroportos. Mas, a concentração de Brasíliaimpede que essas ações tenham a velocidade almejadapor ela e por todos nós.A BR-280, que atravessa longitudinalmente o nosso Estado,de Leste ao Oeste, levou sessenta anos para ter seus 800quilômetros pavimentados. Contrariamente a essa velocidadede cágado, no nosso Governo consumimos apenas oito anospara asfaltar mais de mil quilômetros de rodovias. É um claroexemplo que estabelece a comparação entre a velocidade deobras federais e estaduais.Descentralização já, para que a tragédia não continue serepetindo!

Folha do Oeste CidadesSão Miguel do Oeste/<strong>SC</strong> - 30 de janeiro de 2013 05Horas de angústia sucedidaspela dor da perdaFamiliares tentavam localizar jovens desde a manhã de domingo.No final da tarde, foram chamados para reconhecer os corposHá poucos dias o irmão Fernandoe os pais Elisete e Gilbertovisitaram Isabella Fiorini, de19 anos, na cidade gaúcha. Nosábado, conversaram por telefone.A jovem, que não gostavamuito de sair contou, então, queà noite sairia com amigos para afesta de recepção dos calourosdo curso de Medicina Veterinária.De madrugada, o irmão maisnovo, navegava na internet emcasa, em São Miguel do Oeste,quando viu as primeiras informaçõesdo trágico acontecidonuma boate da cidade em quea irmã estava. Imediatamente,Fernando chamou os pais. Começavamali as intermináveishoras de busca por notícias dairmã, que não atendia ao telefonecelular e nem ao telefone decasa.Angustiado, o pai acompanhadode familiares se dirigiuao Estado vizinho às 07h da manhãde domingo. Enquanto isso,a mãe, o irmão, tios e primostentavam localizar Isabella noshospitais. “Foi terrível. Tinhamuita especulação. As informaçõeschegavam com rapidez,mas incompletas”, cita o primoFernando Fiorini Ribas. Segundoele, Gilberto chegou a SantaMaria às 14h de domingo. “Porum momento houve um raio deesperança. Encontraram a jaquetae o celular dela e uma meninaparecida num hospital, masnão era ela”, diz entristecido.Em estado de choque o paide Isabella foi o único a poderentrar para reconhecer o corpoda filha. Acompanhado de umpolicial, ele entrou no GinásioMunicipal em que estavam asvítimas. Desolado ele descreveuque havia corpos por todosos lados, até em cima de caixas,como num “confinário de guerra”.Nesta manhã, quando oscorpos chegaram ao extremooeste, embora já sabedores datriste constatação, os familiaresse deram por conta que era necessáriojuntar forças e encarar arealidade. As lágrimas tomaramo espaço da preocupação. O pai,consternado, parecia começara entender a situação. A mãe,inconsolável, ainda tentou porinúmeras vezes ressuscitar afilha. Inconformada, ainda nãoconseguia acreditar que ela tivessemorrido.As amigas, que sentiram napele a dor da perda de um entequerido pela primeira vez, nãoconseguiam falar e choravampor Isabella. Dela se lembrarão,principalmente do sorriso, dasimpatia, da bondade e da dedicaçãoaos estudos, conformedisse Marina Dilly. Para OrlandoTeixeira da Rosa, amigo dafamília há anos, a morte da jovemé um fato sem explicação,já que era admirada por todos.“Hoje é um dia dolorido, masprecisamos passar pelo processode aceitação”, comentava oprimo de Isabella.Para ele, a jovem sempreserá a menina por quem tinhaum carinho especial, por quemse sentia responsável, que eraapaixonada por música pop, especialmentepela cantora MileyCyrus e que teve a missão de setornar um anjo muito cedo. “Dafamília, quando pequena elaera a única que tinha o cabelocacheado como o da minhamãe. Por isso, ela deu umacamiseta pra ela e disse: nãoé só a tia Diva, os anjinhostambém têm. Ela não esperouir para o outro lado, semprefoi para nós um anjo”, disseemocionado Fernando FioriniRibas.Fotos DivulgaçãoIsabella adorava animais e estudava para ser veterináriaTHAÍS ZIMMERMANN DARIFO dentista RogérioSalla Darif,pai da estudanteThaís ZimmermannDarif, de 19anos, de Guaraciaba,também foi aomunicípio gaúchoem busca de informaçõesda filha.No final da tarde dedomingo, ele teveque noticiar à esposa,a também dentista Denise Amaral Zimmermann Darif e àoutra filha menor, que Thaís constava na relação de vítimasdo incêndio na Boate Kiss. A estudante do curso de MedicinaVeterinária da UFSM teve o corpo queimado e foi sepultadaem Guaraciaba.BRUNA CAROLINE OCCAIFormada emBiomedicina pelaUnoesc de SãoMiguel do Oeste,a estudante BrunaKaroline Occai, de24 anos, natural deBelmonte, moravaem Santa Maria hácerca de um ano.Coincidentementeela morreu intoxicadapela fumaça.Bruna foi reconhecidapor um primo e pelo tio, o deputado federal Pedro Uczai.No sábado, ela conversou com a mãe e comentou sobre a festaque aconteceria à noite. A mãe incentivou a filha a se divertir edepois disso não conseguiu mais contato com ela.A estudante que estava perto de concluir o Mestrado e sonhavaem fazer doutorado numa universidade do Canadá era filha deuma funcionária pública e de um produtor rural. Ela também tinhauma irmã, Karine Occai. Em 2005, Bruna foi escolhida a rainhado município para representar Belmonte até o ano seguinteem eventos regionais. Em sua página, na rede social Facebook, otio Pedro Uczai fez referência ao sonho da sobrinha e pediu “queDeus possa nos confortar, como também às famílias de todos queperderam suas vidas desta forma tão dolorosa”.MARINA DE JESUS NUNESA estudante deMaravilha, Marinade Jesus Nunes, de20 anos, sonhavaem cursar Medicina.Ela morava noestado vizinho hádois anos onde faziacurso pré-vestibular.Ela tinha um irmãoe era filha de ummédico veterinárioCarlos e da professoraLeandra, que foram até Santa Maria no domingo para tentarlocalizar a filha. O corpo dela chegou ao amanhecer de segunda--feira e em virtude das queimaduras, o caixão foi mantido fechadoaté o sepultamento, enquanto os pais recebiam os pêsames defamiliares e amigos, entremeio às lágrimas.A TRAGÉDIA REPETIDACom destaque para os casos das gestões desastrosas, queacabam de ser repudiadas nas urnas, em geral os prefeitos eleitosestão tendo grande dificuldade financeira, neste início deseus governos.Mesmo nas prefeituras que foram bem administradas, foidifícil fechar as contas no último ano, honrando os pagamentos,inclusive do décimo terceiro salário dos servidores.Os prefeitos que assumiram ou reassumiram, ao invés decomeçarem imediatamente a cumprir os compromissos assumidosna campanha eleitoral, encontram-se na contingênciade cortar gastos, reduzir cargos de confiança, alongar o cronogramade pagamento dos fornecedores, etc...É uma tragédia que vem se repetindo na cena política nacionalao longo das últimas décadas. A causa principal é a divisãodos impostos que todos nós pagamos. Do total de todosos tributos arrecadados no país, 63% (sim, quase dois terços!)vão para os cofres de Brasília. E apenas 13% constituem ascombalidas finanças municipais.Como o Prefeito é o agente que está mais próximo do povoe dos problemas, não tem condições de resolver as demandasbásicas da população, a menos que conte com generosos recursosfederais, cuja liberação sempre esbarra no tamanho daburocracia de Brasília.A presidenta Dilma Roussef tem procurado desatar essesnós da burrocracia nacional (eu disse mesmo burrocracia),mas o próprio PAC – Programa de Aceleração do Crescimento- vem encontrando dificuldade em transformar a decisãogovernamental em obra efetivamente realizada.Entram no rol das dificuldades da execução dos programase das obras, além da sobrevivência do papelório e carimbório,o tempo consumido na elaboração dos projetos arquitetônicose de engenharia; nas brechas judiciais da complicada lei de licitações;na obtenção do licenciamento ambiental; na morosatramitação dos processos em Brasília, até que o dinheiro sejaefetivamente liberado.Estados Unidos, China, Alemanha e Inglaterra não sãopotências por acaso. Lideram o mundo porque têm gestõesaltamente descentralizadas, que consagram ao poder localcompetências que, no Brasil, concentram-se secularmente nogoverno central.É a descentralização administrativa e a autonomia municipale regional que explicam a maior parte do sucesso daquelespaíses.O Brasil enfrenta gargalos graves de infraestrutura rodoviária,ferroviária, portuária, aquaviária e aeroportuária,justamente as atividades que se concentram na competênciafederal.A presidenta Dilma lançou, na segunda metade do anopassado, um programa de participação público-privada paraenvolver o Governo e os empresários na execução de um ambiciosoprojeto de investimentos em infraestrutura. Começou,também, a privatizar aeroportos. Mas, a concentração de Brasíliaimpede que essas ações tenham a velocidade almejadapor ela e por todos nós.A BR-280, que atravessa longitudinalmente o nosso Estado,de Leste ao Oeste, levou sessenta anos para ter seus 800quilômetros pavimentados. Contrariamente a essa velocidadede cágado, no nosso Governo consumimos apenas oito anospara asfaltar mais de mil quilômetros de rodovias. É um claroexemplo que estabelece a comparação entre a velocidade deobras federais e estaduais.Descentralização já, para que a tragédia não continue serepetindo!

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