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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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ADORNOà consonância que substitui, a consonância virtual asseguraao mesmo tempo que se permanece <strong>de</strong>ntro do círculo estabelecido.Em testes realizados com o objetivo <strong>de</strong> apurar aaceitação das músicas <strong>de</strong> sucesso, <strong>de</strong>parou-se com pessoasque perguntam como se <strong>de</strong>vem comportar quando uma <strong>de</strong>terminadapassagem lhes agrada e <strong>de</strong>sagrada ao mesmo tempo.Po<strong>de</strong>-se presumir que, ao fazerem tal pergunta, dão testemunho<strong>de</strong> uma experiência que é comum também àquelesque não falam <strong>de</strong>la. As reações em face dos atrativos isoladossão ambivalentes. Uma passagem que agrada aos sentidoscausa fastio tão logo se nota que ela se <strong>de</strong>stina apenas aenganar o consumidor. A frau<strong>de</strong> consiste aqui em proporcionarconstantemente a mesma coisa. Até mesmo o maisimbecil fã das músicas <strong>de</strong> sucesso há <strong>de</strong> ter por vezes osentimento <strong>de</strong> uma criança gulosa que entra numa confeitaria.Se os atrativos se esvaem e ten<strong>de</strong>m a transformar-se nooposto — a curta duração dos sucessos musicais pertenceao mesmo tipo <strong>de</strong> experiência —, a i<strong>de</strong>ologia cultural, quecaracteriza a ativida<strong>de</strong> musical superior, acarreta como conseqüênciaque também a música inferior seja ouvida comconsciência intranqüila. Ninguém acredita inteiramente noprazer dirigido. No entanto, mesmo aqui a audição permaneceregressiva, na medida em que aceita este estado <strong>de</strong> coisas,a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> toda <strong>de</strong>sconfiança e <strong>de</strong> toda a ambivalênciapossíveis. A transferência dos afetos para o valor <strong>de</strong> trocatraz como conseqüência que, em música, já não se faz nenhumaexigência. Os substitutos atingem tão bem o seu objetivoporque os próprios <strong>de</strong>sejos e anseios aos quais se ajustamjá foram substituídos. Entretanto, os ouvidos que somentetêm capacida<strong>de</strong> para ouvir, naquilo que lhes é proporcionado,o que se lhes exige, e que registram o atrativosensorial abstrato, ao invés <strong>de</strong> levarem os momentos <strong>de</strong> encantamentoà síntese, constituem ouvidos <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>:mesmo no fenômeno "isolado", escapar-lhes-ão traços <strong>de</strong>cisivos,isto é, precisamente aqueles que permitem ao fenômenotranscen<strong>de</strong>r o seu próprio isolamento. Existe efetivamente— 95 —

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